sábado, dezembro 22, 2012

O fim do mundo Maia - RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA


Se você estiver lendo esta página, é um sinal de que o mundo não acabou no dia 21 de dezembro. Mas a profecia (Marco) Maia do Juízo Final foi levada a sério pelo Congresso. Nossos representantes da Câmara e do Senado decidiram antecipar o fim dos tempos... de trabalho. Entraram em greve branca e bateram o pezinho, recusando-se a votar qualquer coisa, até mesmo o Orçamento de 2013. Reconheceram que existe um juízo final – do Supremo e da Constituição. Já é um bom presságio.

Não resistiu a uma noite e um dia aquela pantomima toda – de arcas gigantes para a resistência ao STF e calhamaços de 463 páginas com questões essenciais, proteladas e esquecidas ao longo de 12 anos. Alguém deve ter avisado aos congressistas que ainda não é fevereiro, mês de Carnaval e desfiles alegóricos. Tiraram as máscaras. É dezembro, é Natal.

Hora de parar tudo porque faz muito calor, e a preguiça remunerada dos deputados e senadores é mais sagrada que os royalties do petróleo ou os coleguinhas condenados no mensalão. Hora de aproveitar o 14º e 15º salários pagos por nós e usufruir todas as ajudas extras que tornam o Congresso brasileiro um dos mais caros do mundo.

Eu queria decretar recesso de colunas políticas. Sério. Queria aliviar a pressão e apostar na tolerância. Queria escrever uma carta ao Papai Noel, com pedido de educação para todos, pois isso sim é urgente. É inaceitável que quase metade dos adultos brasileiros, de 25 anos ou mais, não tenha concluído o ensino fundamental, como acaba de revelar o IBGE. Educação é o primeiro passo para a cidadania plena e o voto consciente.

Queria também desejar a você, leitor, e a sua família 3.060 votos de paz e felicidade – mas os 3.060 vetos atravessaram minhas boas intenções. O ridículo da situação me obriga a pedir ao Papai Noel no ano que vem um Congresso mais ativo e menos guloso. Um Legislativo que não se desmoralize publicamente.

Os números traduzem a irresponsabilidade infantil do Senado. A gráfica imprimiu 416.700 páginas para compor cédulas que acabaram todas no lixo. Gráfica e marcenaria trabalharam em regime de plantão para construir cenário e o enredo da escola de samba que parou no meio da avenida. As dez urnas estavam enfileiradas, como testemunhas toscas da loucura parlamentar. E nós, como sempre, pagamos toda a encenação.

Pedimos então ao Papai Noel que o Congresso não rasgue contratos estabelecidos – porque fica feio. Que não se apresse a votar apenas para inchar os gastos públicos, abrir vagas sem concurso, aumentar seus próprios salários e reduzir para três dias semanais o expediente em Brasília. Que entenda que quem cassa os direitos políticos de congressistas não é o Supremo Tribunal Federal, mas a conduta equivocada e criminosa de cada deputado ou senador. Uma sociedade que se bateu pela Ficha Limpa rejeita condenados como seus representantes.

Torço para que esteja certa a autora do livro 2012, las profecias del fin del mundo, a jornalista mexicana Laura Castellanos. Ela entrevistou antropólogos e historiadores. O apocalipse em 21 de dezembro não foi, segundo ela, previsto pelos maias. A visão do fim do mundo com a chancela de uma civilização antiga acabou se tornando muito popular. Uma peça de marketing com um benefício concreto: rever valores. Segundo o livro de Castellanos, as profecias maias não se concentram em catástrofes. Elas preveem “o despertar da consciência e o renascimento de uma nova humanidade, mais equitativa”.

Queria acreditar. Talvez, no íntimo, acredite. Nada como olhar a perspectiva do fim como um recomeço. Tenho lido artigos de colegas que, com a chegada da velhice, se tornaram arautos do apocalipse. O pessimismo e a desesperança incomodam. Tenho medo de que os jovens se contaminem. Alguns desistem de ter filhos, porque sonhavam com um mundo melhor. Mas a violência, os massacres, a ignorância, a fome, as guerras, os genocídios – tudo isso sempre existiu. Não é invenção de agora.

Também me irrita a mania de alguns velhos – jornalistas ou não – de achar que o mundo acabará quando eles morrerem. É muito egocentrismo. É fácil achar que o baile é ruim só porque somos barrados nele, por extinção de prazo de validade. Se hoje chegamos aos 90 anos, temos não só o direito, mas a obrigação de sonhar. Pelos filhos, netos e bisnetos.

Como os parlamentares também têm família, sugiro um retiro espiritual ou moral para expurgar os pecados e pensar nas lições do ano que termina. Em 2013, já temos uma notícia boa e uma notícia ruim. José Sarney sai de cena. Renan Calheiros entra em cena. O Senado troca seis por meia dúzia.

Reclame, mas não seja chato. Melhor ser um indignado otimista do que um resignado deprimido. Já escrevi isso aqui antes. Vale repetir antes que o mundo acabe.

A traição do Instagram - CORA RÓNAI

O GLOBO - 22/12


Mesmo tendo retornado aos termos de serviço anteriores, rede agiu de má-fé ao pretender vender fotos 



A semana foi do Instagram, que teve a péssima idéia de mudar o seu TOS (Terms of Service, termos de uso) dando a entender que passaria a ter o direito de usar as fotos dos usuários, receber dinheiro por elas e nào repassar nada aos autores. Óbvio que essas condições não agradaram a ninguém - e a reação nas redes sociais foi de absoluta indignação. Eis o que dizia o parágrafo que revoltou os usuários:

"Para nos ajudar a oferecer conteúdo interessante pago, patrocinado ou promoções, você concorda que empresas ou outras entidades podem nos pagar para exibir o seu nome, imagem, fotos (juntamente com todos os metadados associados), e/ou ações que você faz em relação ao conteúdo pago, patrocinado ou promoções, sem qualquer compensação para você" (Tradução da Globo.com)

A grita foi geral. A revista "Wired" chegou a publicar um post ensinando aos leitores como baixar suas fotos e liquidar a conta no serviço. Milhares de usuários caíram fora, outros fecharam suas contas para o público, milhões postaram imagens e/ou textos de protesto. No final da tarde de terça, Kevin Systrom, um dos fundadores do Instagram, veio a público dizer que o texto fora "mal interpretado"

Sua presença era mesmo necessária. Desde que o Instagram foi adquirido pelo Facebook, há grande desconfiança a seu respeito. Mas o que ele disse não chegou a tranqüilizar ninguém. O caso é que não havia "má interpretação" do texto - apenas não havia outra leitura possível. Ali estava claramente escrito que o Instagram podia receber dinheiro pelas fotos dos usuários sem remunerar os autores. Ponto.

Quando um texto está só mal redigido, e dá origem a más interpretações, há sempre um número razoável de interpretações diferentes. Neste caso, todos - de publicações especializadas a advogados de direitos autorais, passando por usuários das mais diferentes formações e nacionalidades - interpretaram o texto da mesma forma.

A respeitadíssima revista "National Geographic" (@NatGeo), que conta com 650 mil seguidores e que não tem por hábito agir intempestivamente, postou um quadrado preto, no qual se lê: "@Nat- Geo está suspendendo novos posts no Instagram. Estamos muito preocupados com a orientação dos termos de uso propostos e, se ela permanecer inalterada, poderemos fechar a nossa conta" Escrevo às 4h28 de sexta-feira e até agora este post continua lá - embora Kevin Systrom tenha se manifestado mais uma vez, agora mudando o tom, pedindo desculpas, voltando o TOS ao que era antes e dizendo que o novo texto estava "mal redigido"

A "National Geographic" tem toda a razão em estar com as barbas de molho; no lugar dela, eu estaria também. Suas fotos valem ouro. Ao contrário do que escreveu Systrom, o texto não estava mal redigido; estava claro até demais. É o máximo da ingenuidade imaginar que ele foi produzido por uma pessoa bem intencionada mas confusa; os advogados que redigem essas coisas passam por excelentes universidades e sabem muito bem o que estão propondo. A verdade é que o Instagram agiu de má-fé. Queria se tornar uma nova Gorbis ou Getty Images às custas do trabalho dos usuários, e esperava que ninguém desse por isso, numa das manobras mais safadas que já vi na internet.

Não vou apagar a minha conta. Gosto do Instagram e gosto de ver as fotos dos meus amigos. Mas perdi a confiança e aquela sensação de que o Instagram era, de certa forma, "meu" Já passei pelo trauma de perder o Fotolog, o que me faz pensar duas vezes antes de apagar a conta, mas que me ensinou também que a vida continua. Baixei o novo Flickr, que está muito bom, e começo a olhar a concorrência do Instagram. Nenhum motivo real para isso, apenas um coração partido.

O nome do pai - SÉRGIO TELLES


O Estado de S.Paulo - 22/12


Quando eu era menino em Fortaleza, a reação das pessoas ao nome de meu pai me deixava encafifado. Anajarino. Ninguém tinha esse nome, nenhum pai de meus amigos ou colegas. Cada vez que por algum motivo eu tinha de dizê-lo, ficava nervoso, na expectativa das inevitáveis perguntas e gozações, era um incômodo ter de explicar seu significado.

E a explicação era bastante simples. Meus avós haviam saído do Ceará para cuidar de um pequeno negócio no interior do Pará, na cidade de Anajás, centro da região hidrográfica de Marajó, onde passaram a morar. Anajarino, portanto, refere-se a alguém proveniente de Anajás, tal como Amazonino indica o mesmo em relação ao Amazonas. Ambos são antropônimos, variantes de amazonense e anajaense. Anajás, por sua vez, designa o povo indígena que habitara a Ilha de Marajó.

De modo geral, o conhecimento do significado do nome esvaziava sua estranheza, eliminava sua ressonância bizarra e o revestia de um certo prosaísmo.

Para mim mesmo, essas explicações eram desnecessárias. Era como se meu pai preenchesse de tal forma seu nome que eu o tomava como uma imagem sua e não como a palavra que eu passei a entender que os demais achavam esquisita, uma série de letras, um agrupamento de sílabas, um vocábulo do léxico, que, como todos os outros, tem uma origem e uma significação. Esses elementos, que passei a convocar no interesse daqueles a quem eu tinha de ensinar a origem do nome, no fundo pouco me interessavam, tornados insignificantes pela presença concreta de meu pai.

Com sua morte e o correr dos anos, aos poucos sua pessoa se desprendeu do nome, deixando-o esvaziado, o que me permitiu finalmente enxergá-lo como tal e atentar para sua etimologia. Levando-a em conta, pareceu-me provável que outros homens nascidos naquele lugar o usassem, sem que me preocupasse em averiguar a veracidade de tal hipótese.

Essa antiga história veio à tona recentemente de forma inesperada. Estava procurando algo no Google - instrumento cuja amplitude e acurácia não cessam de me espantar - quando me ocorreu colocá-lo à prova, pesquisando minha hipótese sobre os homônimos de meu pai. Comprovei então, mais uma vez, o incrível poder do buscador e quão correta estava minha suposição, pois encontrei vários outros Anajarinos.

Essa descoberta teve um efeito curioso. Senti como se perdesse meu pai de novo numa segunda morte, pois ela como que banalizava seu nome, fazendo com que ele deixasse de ser seu emblema privado e restrito, seu inusitado galardão, sua marca registrada, por mais embaraçosa que me tivesse parecido durante um certo período. Passada essa primeira impressão, vi que a exclusividade do nome de meu pai, que o Google anulava de forma definitiva ao mostrar que muitos outros o compartilhavam, não colocava em risco o que realmente importava - sua posição única e especial, que, afinal, não residia em seu nome, mas no fato em si de ser meu pai, traço indelével em mim mesmo, no qual ele de certa forma sobrevivia e que jamais perderia seu significado e importância fundamentais.

Lembrando aquela época, quando tinha uns 10 anos e o nome do meu pai me constrangia, pensei que se então alguém me dissesse que anos depois eu estaria calmamente dizendo para todos, como estou fazendo agora, em alto e bom som, que era Anajarino o seu nome, isso me pareceria inacreditável, impossível, algo que jamais poderia acontecer, a não ser pela intervenção de forças que rompessem com a ordem natural das coisas, alguma mágica ou um milagre, pois naquela ocasião eu acreditava que tais coisas acontecessem.

Talvez tenha pensado tudo isso porque nesta época de Natal ficamos nostálgicos e saudosos do tempo em que acreditávamos em milagres, acontecimentos extraordinários como o nascimento de um messias cuja importância passa despercebida aos circunstantes, mas é detectada por reis de lugares distantes que, guiados por uma estrela, chegam para lhe render homenagens.

É frequente que a crença em magníficos milagres própria da infância desapareça com ela. A partir de um determinado momento, somos forçados a nos contentar com milagres bem mais modestos, embora não menos espantosos. Milagres advindos não da emergência do sobrenatural na realidade humana, mas decorrentes dos próprios movimentos da vida, que, em sua perseverante luta contra a destruição e a morte e com seus ininterruptos processos de transformação, tomam rumos e desdobramentos imprevisíveis, impondo mudanças e criando o novo.

Movimentos e transformações como, por exemplo, os que me distanciam hoje daquele menino que tanto se afligia em dizer que o pai se chamava Anajarino.

Gangnam Style e o apocalipse - CLÁUDIA LAITANO

ZERO HORA - 22/12


Quando 2012 for apenas uma página metaforicamente amarelada na Wikipédia, dois eventos globais serão associados ao ano que está terminando: o sucesso do clipe da música Gangnam Style e a suposição de que o mundo poderia acabar no dia 21 de dezembro. Excluindo-se a compreensível percepção de que ouvir Gangnam Style sem parar durante boa parte do ano já foi a própria antessala do apocalipse, é possível identificar pelo menos dois elementos em comum entre a dancinha do cantor coreano Psy e a suposta profecia maia.

Para começar, ambos fizeram rir. Um artista que contasse apenas com o próprio talento musical talvez tivesse um pouco mais de dificuldade para alcançar, em apenas cinco meses, a estratosférica cifra de 1 bilhão de visualizações no YouTube (a marca, inédita, foi atingida ontem). Mas Psy conquistou a atenção do mundo não porque é o novo Michael Jackson, mas porque milhões de internautas de todas as idades acharam engraçado compartilhar o vídeo em que um sujeito gordinho monta um cavalo imaginário enquanto canta em um idioma incompreensível.

Também do fim do mundo versão 2012 pode-se dizer, com alguma tranquilidade, que, ao contrário de anúncios anteriores do apocalipse iminente, este ninguém levou a sério. Nenhuma seita perdida nos confins do Planalto Central, nenhuma tribo obscura nos recônditos do México, nem mesmo aqueles malucos urbanos sempre tão dispostos a adotar a última crença pret-à-porter disponível no mercado: ninguém apareceu para reivindicar contrição e abrigos antimeteoros.

(O máximo que os descendentes da civilização maia reivindicaram foi o direito de promover o turismo usando como chamariz uma interpretação estapafúrdia de um calendário, o que parece ter sido suficiente para levar milhões de turistas do apocalipse para a região do sudeste mexicano.) O fim do mundo como o conhecemos em 2012 foi, acima de tudo, uma inesgotável fonte de piadas – muito mais do que de metáforas.

O segundo elemento em comum entre os coreanos e os maias é ainda mais decisivo para entendermos a época em que vivemos: trata-se do visível descompasso entre o tamanho original desses dois assuntos e a dimensão que acabaram tomando. Como se o vídeo do seu cachorro correndo atrás do rabo ou o do seu gato se espreguiçando no sofá fosse parar não apenas no Jornal Nacional, mas no cinema, no rádio e nos computadores pessoais de milhões de pessoas ao redor do planeta.

Se o número de fãs que genuinamente curte Gangnam Style é muito menor do que aquela cifra de 1 bilhão de visualizações no YouTube sugere, boa parte deste fenômeno é baseada numa multidão que não existe no mundo real – como aqueles investimentos sem lastro que causaram a crise de 2008. Da mesma forma que a possibilidade do fim do mundo, onipresente na mídia nos últimos dias, nunca realmente existiu, a não ser como blague coletiva explorada até a última gota de nada na nadésima potência.

As melhores e as piores ideias já produzidas pelo homem contemplavam a utopia de uma humanidade guiada em bloco por um mesmo ideal coletivo. Religião, ideologia ou mesmo o medo de que o planeta se transforme em um pastel flutuante no espaço ainda não chegaram perto de produzir qualquer tipo de unanimidade global. Mas a internet pode estar mudando isso. O que temos aprendido nesses primeiros anos de rede mundial é que, quanto menos se pretende dizer, maior é a chance de que o mundo inteiro esteja disposto a parar para ouvir.

PRESENTE DE NATAL - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 22/12

Lançada em 11 de dezembro, a biografia de Reynaldo Gianecchini - "Giane: Vida, Arte e Luta", de Guilherme Fiuza, do selo Primeira Pessoa (Sextante), já vendeu 25 mil exemplares. A expectativa é de que os 40 mil livros distribuídos esgotem antes do Natal. Uma segunda tiragem de 15 mil está sendo programada até o fim do ano.

FOI MAL

O procurador-geral Roberto Gurgel continua sofrendo críticas no STF (Supremo Tribunal Federal) de ministros que acham que ele tentou burlar o plenário da corte ao fazer pedido de prisão dos réus do mensalão nas férias. "Advogados apresentam habeas corpus no recesso para que sejam apreciados por ministros mais liberais. E nunca se disse que é ilegítimo porque eles representam clientes. Mas o Ministério Público atua em nome da sociedade. É fiscal da lei. Eticamente, agir da mesma forma não é elogiável", diz um dos mais antigos magistrados da corte.

O ÚLTIMO PERU

Quem tentou fazer compras para a ceia de Natal no supermercado Santa Luzia, nos Jardins, anteontem, enfrentou confusão. Seguranças tentavam organizar a entrada das pessoas. E policiais ajudavam no trânsito na alameda Lorena, em frente ao mercado, que ficou travado com a fila de carros para entrar no estacionamento.

JACKIE O.

Na cerimônia de posse do marido, no dia 1º, Ana Estela Haddad vai usar uma criação do estilista Jorge Kaufmann: um vestido em xantungue, acinturado e na altura do joelho, inspirado em Dior. É um clássico romântico estilo anos 50.

JACKIE O. 2

A primeira-dama conta com a ajuda da consultora Marisa Carrião para definir os looks que tem usado publicamente desde as eleições. "Ana Estela é professora da USP, com várias ocupações, e não tem muito tempo", diz. "Não é vaidosa, mas se preocupa porque quer estar correta em cada ocasião."

GOLPE GLOBAL

Homens com jeans, camisetas e tênis de grife, apresentando-se como deficientes auditivos, vão de mesa em mesa nas cafeterias do aeroporto de Guarulhos e deixam um papel pedindo de R$ 2 a R$ 5 para comprar aparelhos auditivos de R$ 3.000. São logo retirados pelos seguranças. Trata-se de um golpe aplicado em todo o mundo, especialmente em pontos turísticos.

EXPLOSÃO ARTÍSTICA

Depois de mostrar suas obras no CCBB em Brasília, o chinês Cai Guo-Qiang expõe em São Paulo, em abril, e no Rio, em junho. Em "Da Vincis do Povo" ele traz ao Brasil telas feitas de pólvora queimada, no estilo pirotécnico que mostrou na abertura da Olimpíada de Pequim.

CARNAVAL ELETRÔNICO

O DJ Tiësto, eleito o segundo melhor do mundo pela "DJ MAG", virá ao Brasil. Toca em 1º de fevereiro no Espaço das Américas, em SP.

COLOMBINA

Claudia Leitte será atração do baile de Carnaval da "Vogue". A festa acontecerá em 24 de janeiro, no hotel Unique. Sabrina Sato será a mestre de cerimônias.

CHEFE DOS CHEFS

O chef italiano Luca Gozzani, 37, assumiu a coordenação das cozinhas do grupo Fasano, depois de seis anos no hotel carioca da grife. Para o jantar de Ano-Novo, ele fará um prato com cotecchino, linguiça que na Itália é sinal de sorte.

APRENDIDO NA ESCOLA

A Escola SP, de Isabella Prata, fez mostra de trabalhos realizados por seus alunos. O fotógrafo Marcos Issa e a hostess Maria Eugenia Suconic foram convidados para o evento nos Jardins, com desfile e exposição de arte.

GABRIEL, O CANTADOR

A produtora musical Nicole Balestro assistiu a show do rapper Gabriel O Pensador e da cantora Fernanda Abreu, em festa promovida pela Intel na semana passada, em SP.

CURTO-CIRCUITO

O Dalva e Dito realiza hoje sua última galinhada do ano. A banda Del Rey, que toca músicas de Roberto Carlos, se apresentará.

Ernesto Bonato comanda oficina de desenho hoje, às 11h30. A atividade integra a exposição de fotos "Mundo Cão", com curadoria de Cristina Guerra, na Biblioteca Mário de Andrade.

Mantega, bem vestido e feliz - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 22/12


O homem feliz não tinha camisa, segundo uma velha fábula. Se um camponês pode ser feliz sem camisa, não há por que estranhar a alegria do bem vestido ministro da Fazenda, Guido Mantega, no fim de mais um ano de baixo crescimento econômico, inflação elevada, investimento em queda e muitos tropeços na política econômica. Num psicodélico café da manhã com jornalistas, em Brasília, ele se declarou realizado com as "transformações difíceis e profundas" realizadas em 2012. Mais que isso, classificou como um quase milagre o conjunto de façanhas econômicas dos últimos anos.

Quanto a isso, pelo menos, ele está certo. A economia brasileira cresceu 2,7% em 2011 e a expansão deste ano deve ficar em torno de 1%, segundo a maior parte das estimativas. O desempenho nestes dois anos é um evento quase sobrenatural, quando comparado com o dinamismo exibido por outras economias emergentes da América Latina e da Ásia. Dificilmente um governo formado por pessoas sem atributos extraordinários conseguiria exibir resultado semelhante. Mas não só o Brasil, segundo o ministro, teve em 2012 um crescimento inferior ao desejado.

O mundo desacelerou, disse ele, destacando como exemplo o caso da China. Pura verdade. A economia chinesa deve fechar o ano com um crescimento de uns 7,5%, enquanto outros países em desenvolvimento devem ter ficado na faixa de 4% a 6% ou pouco mais, embora também sujeitos aos impactos da crise global.

Outros arroubos de autocongratulação poderiam causar inveja ao homem sem camisa, deixando-o, talvez, menos feliz. Errou, segundo Mantega, quem acusou o governo de apenas estimular o consumo. Sem o incentivo aos consumidores, argumentou o ministro, os empresários dificilmente investiriam. Mas o investimento diminuiu, como ele mesmo reconheceu. Não se abateu, no entanto: no próximo ano o valor investido crescerá e chegará mais perto de 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Em outras palavras: voltará ao nível medíocre de antes da queda.

Mas o ministro mostrou-se imbatível. As vendas do comércio varejista cresceram 8% em um ano, como indicou há poucos dias o IBGE. "Qual país tem 8% de crescimento? Nem a China", respondeu ele mesmo. De novo a China entrou na comparação, mas um detalhe foi esquecido: o desempenho da indústria chinesa, uma das mais dinâmicas e competitivas do mundo, com presença cada vez maior em todos os mercados, incluídos o brasileiro e o latino-americano.

Além de esmigalhar a China com suas comparações, o ministro se alongou na descrição das grandes reformas promovidas pelo governo. Chamou a atenção para o corte dos juros promovido pelo governo, como se a política de juros baixos, num país administrado com algum bom senso, fosse independente das condições dos preços, da situação fiscal e também da evolução das contas externas. A mesma observação vale para o câmbio. Não é possível determinar, ao mesmo tempo, a taxa nominal e a taxa real de câmbio. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, parece ter lembrado essa verdade simples, há poucos dias. A inflação, disse ele, pode levar embora os ganhos econômicos obtidos com o câmbio.

O ministro celebrou, enfim, iniciativas por ele descritas como grandes reformas na área dos impostos. Não há, no entanto, nenhuma reforma consolidada até agora. A maior parte dos incentivos a setores da indústria é temporária. Alguns desses incentivos serão prorrogados no começo do ano. A desoneração da folha de pagamentos é um trabalho incompleto. Por enquanto, a carga foi transferida da folha para o faturamento, numa solução muito discutível.

A única mudança de caráter mais permanente está no projeto de alteração da alíquota interestadual do ICMS. Pode ser um avanço, mas seu alcance dependerá de algumas condições. Os governos estaduais serão proibidos de conceder novos incentivos típicos da guerra fiscal ou ainda terão o direito, pelo menos em algumas regiões, de usar esse instrumento? Falta, além disso, criar mecanismos seguros e permanentes de desoneração dos investimentos e das exportações. Por enquanto, há remendos.

Aonde irá o PT? - SERGIO FAUSTO


O Estado de S.Paulo - 22/12


Nenhum outro partido tem raízes populares comparáveis às do PT. Não há outro líder político brasileiro com a história de Lula. Essas duas credenciais, no entanto, têm sido utilizadas para negar, encobrir e/ou justificar práticas flagrantemente contrárias ao próprio ideário republicano de que o partido e seu líder maior se diziam os mais legítimos defensores. Não se trata de práticas episódicas, mas de ações sistemáticas pelas quais instituições e recursos públicos são postos a serviço dos interesses do PT e de seus membros.

É uma tragédia política, porque todo país civilizado precisa de uma esquerda verdadeiramente republicana e democrática. E o PT, que poderia representá-la, afasta-se cada vez mais dessa possibilidade. O partido adquire semelhanças crescentes com o velho PRI mexicano - pela interpenetração de partido, Estado e sindicatos - e com o peronismo argentino - pelas mesmas razões, acrescidas da mística criada em torno de seu líder maior.

A possibilidade histórica de o PT representar uma esquerda democrática e republicana se perdeu - resta saber se definitivamente - em meio à sua transformação num partido pragmático e organizado. O velho PT sectário, fechado dentro da esquerda, e consumido por uma vida interna tão vibrante quanto entrópica, cedeu lugar a uma organização partidária orientada para acumular recursos financeiros, ganhar eleições e governar com amplas alianças.

A experiência em governos estaduais e municipais de grandes cidades tornou o partido mais realista e moderado. O acesso a fundos e empregos públicos em cargos de confiança substituiu, em boa medida, para uma parte importante da militância, os estímulos morais que a crença ingênua num difuso ideal socialista oferecia ao petismo original. O horizonte político-teórico convergiu para o projeto de colocar o "Lula lá". Toda discussão sobre socialismo e democracia, ética e política foi posta à margem.

Quando o PT chegou ao governo federal, abriram-se portas ainda mais largas para fortalecer a máquina partidária, organizações e movimentos ligados ao partido. Além disso, criaram-se perspectivas de ascensão social sem precedentes para quadros e militantes partidários. Por meios formalmente legais (nomeação para cargos de confiança, transferência de parte da contribuição obrigatória às centrais sindicais, etc.) ou inteiramente ilícitos, o governo Lula atuou com desenvoltura, em todas as frentes, para contemplar o conjunto dos apetites. O presidente foi pródigo, pelo menos na complacência com o malfeito. Como houve maior redução da desigualdade e da pobreza em seu governo, qualquer crítica passou a ser "udenismo golpista".

O paradoxo desse processo é que a incorporação do PT ao governo e às elites políticas - um elemento indispensável e positivo da democratização do País -, ao invés de fortalecer, enfraqueceu as instituições e a ética republicanas. Um conservador cínico diria que esse foi o custo inevitável para domesticar o partido. Para quem não é uma coisa nem outra, cabe fazer duas perguntas: era realmente inevitável? E, mais importante, devemo-nos conformar com esse custo, mesmo sabendo que ele se pode perpetuar e crescer?

Há exemplos históricos recorrentes de que a ascensão de novos grupos sociais à elite política vem acompanhada de aumento da corrupção. Esta frequentemente ganha caráter sistemático quando a democratização da elite se faz pela entrada de partidos de massa e corporações sindicais. Dessa perspectiva, a Europa é a exceção no mundo ocidental. Nos Estados Unidos, essa foi a regra, em particular nas grandes cidades industriais do norte, como Nova York e Chicago. Na América Latina também, salvo no Chile e no Uruguai.

Essa constatação, porém, não isenta os atores políticos de responsabilidade. No caso do PT, sobressaem dois movimentos concomitantes ao longo de sua história: de um lado, seus líderes e sua militância, com honrosas exceções, jamais assumiram como patrimônio coletivo da democracia brasileira a construção institucional feita a partir da Constituição de 1988 (valeram-se dessas instituições, isso sim, seletiva e instrumentalmente, como é notório na relação esquizofrênica do partido com o Ministério Público e a imprensa); de outro, curvaram-se à lógica da conquista e manutenção do poder quando esta se chocou com princípios éticos em episódios cruciais da trajetória do partido.

Nunca será demais lembrar de Paulo de Tarso Venceslau, militante histórico da esquerda e então secretário de Finanças de São José dos Campos, que em 1995 levou ao conhecimento de Lula denúncias sobre um esquema de corrupção orquestrado por Roberto Teixeira, empresário-compadre do líder maior do partido, em prefeituras do PT. Para apurar as denúncias criou-se uma comissão que recomendou punição a Teixeira. Nada foi feito. Três anos depois, Venceslau seria expulso do partido. Dos membros daquela comissão, o único a se insurgir foi Hélio Bicudo. E se outros tivessem tido a sua coragem? E se Lula tivesse dado o exemplo, cortando na própria carne? A verdade é que não dá para se esconder atrás da história e da sociologia para justificar tudo isso que está aí.

Coragem cívica anda em falta. Não se espere isso dos apparatchiks da máquina petista. O que mais constrange é o silêncio dos intelectuais próximos ao partido. Uma exceção é Eugênio Bucci. Leia-se e releia-se o seu O inferno astral da estrela branca" (29/11, A2). Diz ele que o PT "precisa arcar com a responsabilidade de fortalecer a democracia que ajudou a conquistar". O difícil é que isso implica enfrentar a herança de Lula e José Dirceu, sem os quais, para o bem e para o mal, o PT não seria o que é hoje.

Uma coisa é certa: o PT não mudará enquanto estiver no Planalto. Caberá aos eleitores fazê-lo descer novamente à planície. Pois só a derrota ensina.

Capitulação lingüística - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 22/12


SÃO PAULO - A decisão do governo federal de adiar para 2016 a obrigatoriedade do uso da nova ortografia nos faz pensar sobre a utilidade do malfadado acordo de 2008.

Em teoria, todos no Brasil deveriam, a partir de 1º de janeiro, adotar as novas regras. Grande parte das repartições públicas, veículos de comunicação e editoras já o fez, mas, como Portugal e outros países lusófonos relutam em acatar as mudanças, o governo optou pelo adiamento.

Essa reforma nunca me convenceu. O bônus alegado é mínimo e os prejuízos são palpáveis. Nunca foram meia dúzia de consoantes mudas e uns poucos acentos e hifens que dificultaram a intercompreensão, por via escrita, de falantes dos dois lados do Atlântico. Se existem barreiras, elas estão nas diferenças léxicas e nas particularidades semânticas de cada dialeto, que, felizmente, encontram-se fora do alcance de burocratas e reformadores de plantão.

À medida que crescem os indícios de que os portugueses jamais seguirão as novas regras -lá houve sábia reação popular contra o projeto-, fica claro que entramos numa fria. Só quem ganhou foram os editores mais ágeis, que já tinham prontos dicionários, gramáticas e material didático em acordo com a nova ortografia.

O pior é que recuar agora que a reforma já foi em larga medida implantada não reduziria os danos. Boa parte dos que aprenderam pelas normas antigas permanecerá até o fim de seus dias num frustrante limbo ortográfico, no qual se misturam desordenadamente regras de diferentes safras. E o fato de palavras aparecerem sob várias roupagens, sem uma forma muito fixa, dificulta o aprendizado da nova geração, que depende bastante da memória visual.

Na verdade, a própria ideia de legislar sobre o idioma é um contrassenso. Como todo sistema que depende de um acordo tácito entre milhões de falantes, a língua é um fenômeno complexo demais para beneficiar-se de regulação de cima para baixo.

Constitucionalidade plena - WALTER CENEVIVA

FOLHA DE SP - 22/12


Como pode continuar votando leis aquele que a própria lei teve por delinquente? E condenado?


A Constituição de 1988 foi vista, inicialmente, por uma parte da doutrina, como filiada à leitura estrita do texto. Leitura apta a afastar variáveis decorrentes do regime ditatorial então afastado. Escrita com olhos para o passado, defendia os cuidados de sua elaboração.

Passaram-se anos. Quase 25, em ininterrupta linha democrática. A leitura constitucional abriu caminho para princípios e fundamentos que a haviam norteado. Também foi possível destacar o quanto eram impróprias as regras impostas pelos atos institucionais, ao sabor da conveniência do poder antes dominante. Em 1988, aprofundou-se a compreensão da Carta Magna e do Ato das Disposições Transitórias. Assim foi, pela força estrutural do interesse coletivo, pelo destaque principiológico voltado para a aplicação subordinada aos interesses coletivos, presentes e futuros, acolhidos pela maioria.

É bem verdade, porém, que o preceito da legalidade desde então foi desrespeitado reiteradamente pelo poder público. Basta um exemplo: é conhecida a ofensa à obrigação estatal de honrar seus débitos, e em dia. O dever foi substituído, sem maior cerimônia, por retardamentos de anos e anos. Foi insistente a protelação, vinda do Poder Executivo, aceita pelo Legislativo e não resistida pelo Judiciário, para impor o calote.

A Constituição, enquanto texto aprovado pelos constituintes, representantes do povo, foi desrespeitada e mutilada. Deveria ser composta, nas alterações e emendas da redação final, pela expressão clara dos princípios essenciais, nela enunciados. Mas não foi assim. A Carta Magna se transformou em uma colcha de retalhos. Confundiu-se a aplicação do direito. Houve enfraquecimento dos preceitos da lei para todos, pelos quais o rumo constitucional não poderia ser decorrente apenas da política, no pior sentido do termo, e de interesses grupais preponderantes na cachoeira em que se afogou a maioria do Congresso.

No campo oposto, a constitucionalidade plena foi defendida pelo Judiciário no caso do mensalão. Para tanto evocou base jurídica, objetivos essenciais, princípios de aplicação nacional e internacional. Ficou claro, porém, que esses aspectos foram esquecidos quando se tratou do cumprimento das leis pelo Legislativo e pela administração. Desaguou na constante reformulação de seus termos, em que a razoabilidade passou longe dos textos aprovados, sacrificado o tratamento igualitário de todos, cidadãos e poder constituído, ante o Estado.

Como se há de ver a Constituição aplicada? Um pormenor basta para a resposta direta: é incompatível com a igualdade de todos perante a lei que condenados a longas penas por crimes graves continuem redigindo leis, com os privilégios decorrentes, pelos quais todos nós pagamos. É ofensa inaceitável. Contraria o princípio essencial dos valores dignos, entre os quais o da moralidade da gestão pública, prevista no art. 37 da Carta Magna. Como pode votar leis aquele que a própria lei teve por delinquente? E condenado?

No casuísmo da política, não atingiremos a constitucionalidade plena para todos. No julgamento final do mensalão pelo STF (Supremo Tribunal Federal), foi suprida a omissão do Legislativo para chegar ao direito aplicável, na busca do fazer Justiça. É o exemplo que fica para a história.

Avante - SONIA RACY


O ESTADÃO - 22/12

A Unesco escolheu o Brasil pa­ra realizar projeto inédito de reforma curricular do ensino médio. O piloto será implanta­do em três Etecs de São Paulo. Objetivo: fazer com que os alu­nos saiam da escola com uma postura mais ativa e crítica em : relação à sociedade.
A proposta da Unesco é dedicar 25% da carga horária à pesquisa : sobre temas contemporâneos - dentro e fora de sala de aula.

Movimentação

A cerimônia de transmissão de cargo de Kassab para Fernando Haddad, no dia 1° de janeiro,pode ser bem menos estrela­da do que o PT gostaria. Moti­vo? José Police Neto marcou a posse dos vereadores na Câmara Municipal e, em seguida, a votação da mesa diretora apenas uma hora antes.

Movimentação 2

A bancada petista está indignada porque não conseguirá prestigiar Haddad. Gomo nos últimos anos o ato na Câmara acontecia pela manhã, os petistas desconfiam que a mano­bra é para esvaziar a coroação do pupilo de Lula.

Bico...

Paulo Vieira tem dito a interlocutores que está muito chateado com as conversas do ex-senador Gilberto Miranda que se tornaram públicas.

...aberto

E reitera: está mesmo disposto a prestar depoimento sobre : o esquema de compra de pare­ceres técnicos fraudulentos.

Ovelha negra?

Crise do escritório de advocacia Demarest. Um sócio, da área trabalhista, foi expulso essa semana com direito a ter seu e-mail bloqueado.Quase dez pessoas decidiram acompanhá-lo.

Al Mare

Para aumentar a oferta de hos­pedagem durante os jogos da Copa de 2014, o governo quer atrair luxuosos transatlânti­cos para o litoral das cidades- sede e transformá-los em ho­téis flutuantes.

A proposta só não foi muito bem recebida pelas operadoras de turismo
Motivo? Julho é inverno no Brasil, época em |que os navios preferem navegar pela Europa.

Amigos ?

Fernando Meirelles recebeu, no começo do mês, a visita de Marina Silva na O2. Assunto? Bate papo e novos partidos.
"Faz tempo que queríamos nos ver. Ela falou sobre como acha que deveriam funcionar os parti­dos e me pareceu brilhante. Fi­nalmente temos uma ideia de gestão pública que leva em consi­deração que estamos no século 21", contou o cineasta à coluna.

Cara nova

Será Otávio Marques da Costa o editor do novo livro de Chico Buarqüe. O publisher assume as linhas do esperado romance de Chico depois da saída de Maria Emilia Bender da Cia das Le­tras, que o editava desde que lan­çou sua primeira obra.

Erro de protocolo

E Chico foi colocado ao lado de FHC no encerramento da Osesp, semana passada. Cumprimenta­ram-se cordialmente, mas não con­versaram. Chico levou a tiracolo Thais Gulin para conferir a apre­sentação em sua homenagem.

Armas

Chama atenção que, no site da Associação Nacional da Indús­tria de Armas e Munições, há dis­ponível um... gibi infantil. A pu­blicação, Turma Legal, foi lança­da há cerca de um ano. E apresen­ta formas de prevenção para aci­dentes domésticos, envolvendo crianças, em casa onde há armas.

O dia do Basta, com D de Dilma - JORGE BASTOS MORENO - Nhenhenhém

O GLOBO - 22/12



Nunca se esqueçam desta data: 20/12/2012.

Se esquecerem, não se preocupem. Ela não entrará para a História do país. Mas deveria.

Não pelo dia em si, mas pelo que ocorreu dentro dele: a tolerância da presidente Dilma com a desarticulação política do seu governo chegou ao limite zero. O seu humor também. Os que estiveram com ela na quarta saíram com a certeza de que alguma coisa vai mudar em 2013.

Dilma, na expressão de um de seus ministros, estava "azeda" com o Orçamento não votado; com o apagão; e com o mensalão, que não tem nada a ver com ela, entrando para atrapalhar o seu governo, numa briga infecunda entre o presidente do STF e o da Câmara e pela perspectiva sombria do comando do novo Congresso.

É possível, por isso, que Dilma acabe se dobrando aos fatos e faça, no mínimo, dois remanejamentos: Mercadante para a articulação política e Graça Foster para Minas e Energia.

Os russos
Quando vi, no discurso da Dilma em Moscou, os ministros da comitiva bocejando e cochichando, não tive dúvidas: foi o Seroquel Retard, o antidepressivo capaz de fazer até o Serra dormir.

Errei. É que, às 2h da madrugada, depois de ler o discurso escrito pelo quarteto fantástico - Mercadante, Patriota, Pimentel e Garcia -, a presidente ligou para o quarto de cada um:

- Não há o menor risco de eu ler essa droga. Reescrevam, se quiserem voltar comigo para o Brasil.

Nosso Guia
Todo mundo estranhou a escalada de ataques do presidente da Câmara, Marco Maia, contra o Supremo, logo no apagar das luzes do seu mandato.

É que Maia, há duas semanas, teve uma reunião de duas horas com Lula, no Instituto Lula.

Companheiro
Quem anda frequentando, e muito, o escritório de Lula em São Paulo é o banqueiro Roberto Setubal, do Itaú.

Do chamado andar de cima, Setubal é hoje o empresário mais ligado ao ex-presidente.

O impagável 1
O ministro Aldo Rebelo é conhecido no meio jornalístico como o maior avaro de informação do país. Tanto que, em algumas redações, nos quadros de aviso advertem que a empresa não ressarce o repórter de notas fiscais de almoços e jantares com Aldo, porque jornal não investe a fundo perdido.

Mas este crédulo resolveu fazer tocaia num despacho da Dilma com o ministro. Na saída, implorei que me contasse a conversa.

Para minha surpresa, Aldo consentiu, mas com a seguinte condição:

- Desde que seja off total, meu camarada!

O impagável 2
E prosseguiu o ministro dos Esportes:

- A presidenta Dilma e eu conversamos muito sobre...

Aldo foi interrompido pelo celular e ficou 40 minutos conversando com sua assessoria.

Enquanto isso, minha cabeça fervia: de quem será que falaram muito? E pensei muitos nomes, de Lula a Lula.

Quando o ministro desligou o telefone, a minha ansiedade já tinha deflagrado uma severa crise de síndrome de pânico, com muita náusea e falta de ar.

Eu não conseguia balbuciar uma única palavra. Era preciso recuperar a conversa desde o início.

Mas nem foi preciso. Organizado e disciplinado como sempre, Aldo retomou a conversa exatamente no mesmo ponto:

- Como eu estava te dizendo, a presidente e eu falamos muito do Floriano Peixoto.

Esse é o Aldo Rebelo.

Gafes
Apresentada, em evento, ao "governador" do Rio, a estonteante, delirante e belíssima Constança Costes, radicada em Paris, cumprimentou-o em francês.

Mas não era o titular. Era o vice Pezão.

Por onde passava a Deusa, "um feixe de luz" a seguia, como acontece com as grandes celebridades.

De repente, um admirador se apresenta:

- Muito prazer. Eu me chamo Sérgio Cabral.

A princesa abriu um sorriso enorme e saudou:

- Meu conterrâneo!

E Serjão, meio encabulado:

- O seu conterrâneo é o filho. Eu sou o pai.

No que completou a Magaly, olhando para mim:

- Meu filho vai ao exterior buscar divisas. Mas é difícil colocar isso na cabeça de um certo alguém.

Cantei: "Esse cara sou eu".

Próximo round - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 22/12


Em conversa telefônica nesta semana, Marco Maia (PT-RS) consultou Luís Inácio Adams sobre a possibilidade de a Advocacia-Geral da União representar a Câmara dos Deputados na defesa dos mandatos de parlamentares condenados no mensalão. A iniciativa é mais um capítulo no embate entre o Legislativo e o Supremo Tribunal Federal, que decidiu pela perda imediata dos mandatos. A AGU só deve responder ao pedido, que deveria ser oficializado ontem, no início de 2013.

Maratona...
José Dirceu recebeu visita de Rui Falcão após Joaquim Barbosa negar a petição que pedia prisão imediata dos condenados. O presidente do PT, que estava no Instituto Lula horas antes, levou abraço do ex-presidente e disse que estavam aliviados com a decisão.

... mensaleira
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) e José Genoino telefonaram para Dirceu. Da casa do ex-ministro, Falcão seguiu para a do ex-presidente do PT, que também recebeu a visita do ministro Aloizio Mercadante (Educação).

Em família
Assim que soube da decisão, a ex-mulher de Dirceu Angela Saragoça lembrou a ele que sua mãe, que faleceu anteontem, havia opinado, quando soube da petição do procurador-geral da República, Roberto Gurgel: "O Zé não vai preso".

Nas ondas... 
Em e-mail apreendido durante a busca da Operação Porto Seguro, Paulo Vieira pede ajuda urgente a Rosemary Noronha para resolver uma autorização de instalação de uma rádio FM em Capão Bonito (São Paulo): "Veja o que você pode fazer por mim, minha amiga".

... do rádio
Em outro, datado de setembro de 2010, ele reforça o pedido a Gilberto Miranda ao informar que seu processo está na Anatel. E emenda: "Uma das diretoras da Anatel é a doutora Emilia, ex-assessora do presidente Sarney no Senado".

Boletim médico
Preocupada, Dilma Rousseff encarregou Marco Aurélio Garcia (Relações Internacionais) de acompanhar o estado de saúde de Hugo Chávez neste fim de ano. A presidente quer informações diárias sobre o presidente da Venezuela, que se trata de um câncer.

Ensaio geral
Fernando Haddad convocou os 26 secretários para a primeira reunião na próxima quinta-feira, logo após o prefeito eleito de São Paulo retornar da viagem natalina pelo litoral baiano. Devem discutir as primeiras medidas de governo.

Jejum 
Geraldo Alckmin ofereceu R$ 2 milhões em emendas aos deputados estaduais para 2013, mesmo valor deste ano. Os parlamentares pediram R$ 4 milhões, sem sucesso. Roque Barbiere (PTB) propôs que a cota fosse de 75% do que têm os deputados federais (R$ 5 milhões). A ideia também não vingou.

Figurino
Nem a proximidade do Natal inibiu Eduardo Campos (PSB-PE), potencial presidenciável em 2014, a viajar para Boa Vista (RR) na quinta-feira para uma homenagem. "Falei para não vir com seu melhor terno, pois iríamos destroçá-lo de medalhas", disse o governador Anchieta Filho ao entregar duas comendas ao colega.

Visitas à Folha 
Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, visitou ontem a Folha.

Leandro Daiello, diretor-geral da Polícia Federal, e Roberto Troncon, superintendente da PF em São Paulo, visitaram ontem a Folha, a convite do jornal, onde foram recebidos em almoço. Estavam acompanhados dos delegados Humberto Prisco Neto, chefe da Divisão de Comunicação da PF, e Patricia Zucca, chefe do setor de Comunicação da PF em São Paulo.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"Joaquim Barbosa espancou as espúrias pretensões de Roberto Gurgel: o equilíbrio da decisão engrandece a presidência da corte."
DO ADVOGADO LUIZ PACHECO, que defende José Genoino no mensalão, sobre a decisão do ministro indeferindo as prisões imediatas dos condenados.

contraponto


Modelo exportação

Conhecida por conceder poucas entrevistas, Dilma Rousseff se encantou com jornalistas russos no começo de dezembro. Durante entrevista a uma agência de notícias, a presidente foi presenteada com um lenço e um aparato para fazer chá. Agradecida, Dilma brincou:

-Agora, todo mundo que me entrevistar eu quero dois presentes. Só você que me deu presente!

Dilma fala também dos palácios desenhados por Oscar Niemeyer e oferece um tour ao jornalista russo. Em seguida, finaliza:

-O senhor é muito simpático, muito russo.

Cenas deprimentes e hilárias - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 22/12


As assessorias do Planalto e do governo de Minas Gerais travaram ontem, no Mineirão, a guerra das placas. O governo mineiro fez uma placa de inauguração apenas com os nomes do governador Antonio Anastasia e do senador Aécio Neves. A turma da Presidência bateu pé. Uma nova placa foi feita com os nomes de Anastasia, da presidente Dilma e do prefeito Márcio Lacerda. Sem Aécio.

Governo Dilma recua
A oposição já estava ameaçando recorrer ao STF, caso o Planalto optasse por votar o Orçamento 2013 na Comissão Representativa do Congresso. O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), estava confiante: "Vamos votar, inclusive com aumento para o Judiciário" O relator do Orçamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), justificava: "Não podemos paralisar os investimentos públicos por três meses. Não podemos engessar o PAC e as estatais" Mas muitos aliados esperneavam. Por fim, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) informou aos líderes que o Planalto tinha feito a opção de deixar a votação do Orçamento para fevereiro.

"Aprovar o Orçamento na Comissão Representativa do Congresso é um acinte. Era uma pernada que se pretendia dar na liturgia do Parlamento"
Bruno Araújo Líder do PSDB (PE) na Câmara dos Deputados
Promessa e suspense
A base governista está calma. Os líderes aliados garantiram que, nos dias 26 e 27 de dezembro, os ministérios liberam as emendas parlamentares. Nesta semana, só foram liberados recursos destinados a obras e programas do PAC.

Luta interna
O presidente da CCJ da Câmara, Ricardo Berzoini (PT-SP), está apoiando o nome de Alessandro Molon (PT-RJ) para sucedê-lo no comando da Comissão. Mas a tendência "Construindo Um novo Brasil, do líder José Guimarães (PT-CE), está apostando no deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que perdeu a disputa interna pela vice da Casa.

Diz que diz que
A despeito das negativas oficiais, o que se diz na bancada do PR é que Valdemar Costa Neto (SP), condenado pelo STF no processo do mensalão, está apoiando a candidatura de Anthony Garotinho (RJ) para líder do partido na Câmara.

Gesto de solidariedade
O grupo de independentes da CPI do Cachoeira, formado pelos senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) e pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), levou o relator derrotado, Odair Cunha (PT-MG), para jantar na noite de terça-feira. No encontro, conversaram sobre a criação de "uma frente suprapartidária que respeite os valores republicanos"

Harmonia dos Poderes
Os petistas não foram os únicos que festejaram a decisão do presidente do STF, Joaquim Barbosa, de não decretar a prisão dós condenados no mensalão. O líder do PMDB, Henrique Alves (RN), comentou: "Seria o fim do mundo"

Correndo atrás
A CNI concluiu a pesquisa Competitividade Brasil 2012. Ela revela que o Brasil, em relação a 13 países com nível de desenvolvimento semelhante, possui a infraestrutura portuária e de transporte aéreo menos competitiva.

O PDT decidiu que, se o governo insistisse em votar o Orçamento 2013 na Comissão Representativa, ele iria apoiar a ação da oposição no STF.


Pleno emprego - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 22/12


Como um dos principais objetivos da Política Econômica é garantir postos de trabalho para a população ativa, o nível de desemprego de apenas 4,9%, divulgado ontem pelo IBGE, poderia ser celebrado como grande feito do governo Dilma - não fosse o desequilíbrio do resto da economia.

Desde 2002, quando começou a divulgação dos resultados da Pesquisa Mensal de Emprego, é o segundo nível mais baixo já registrado. É verdade que o mercado de trabalho sempre opera mais aquecido em novembro e dezembro. É temporada de contratações temporárias destinadas a atender às necessidades de aumento da produção e maior movimento do comércio antes das festas de fim de ano. É também período de semeadura no Centro-Sul, que ocupa mais mão de obra no campo. Mesmo descontados os fatores sazonais, os números são positivos. Apontam para desemprego equivalente de 5,3%.

No entanto, é preciso ver o todo. O pleno emprego está sendo obtido com aumento do consumo muito acima da elevação da atividade econômica. Afinal, é o segundo ano seguido de avanço decepcionante do PIB, agravado por um salto da inflação que deverá beirar os 6%.

Entre as principais causas da perda de competitividade da indústria está o enorme custo Brasil: excessiva carga tributária, juros na lua, infraestrutura precária e muito cara, Justiça ineficiente, altas tarifas de energia elétrica e de comunicações... enfim, essas coisas já exaustivamente comentadas.

O problema imediato é que o mercado de trabalho fortemente aquecido tende a aumentar ainda mais os custos e a agravar a perda de competitividade do setor produtivo - como na quinta-feira advertiu o Banco Central no Relatório de Inflação.

O governo Dilma reconhece a existência do desequilíbrio. Mas entende que é fruto da mudança estrutural da economia e, portanto, temporário. Explica, em parte, como resultado da derrubada dos juros que, num primeiro momento, achatou o retorno financeiro das empresas que vinham dependendo mais das aplicações de caixa do que do resultado operacional. E aponta, também, o fator câmbio, que aumentou os custos financeiros das empresas endividadas em moeda estrangeira e os custos dos produtores dependentes de fornecimento externo de matérias-primas, peças e componentes.

Mas esse diagnóstico é só parte da história. O desequilíbrio tem causas mais profundas e tende a persistir por mais tempo do que sugerem as autoridades.

O setor produtivo não vem dando conta do aumento do consumo pelos fatores acima indicados e também pela falta de investimento. A equipe econômica do governo mostrou preocupação com o problema. Começou a derrubar os custos da produção e a recuperar a infraestrutura. Mas, por enquanto, o já anunciado é pouco, sobretudo se for levada em conta a demora dos resultados.

O Banco Central já deu indicações suficientes de que, a esta altura, o pleno emprego trabalha contra o controle da inflação. Não está sendo compensado por aumento da produtividade. Se é assim num ritmo de PIB abaixo de 1%, tenderá a ser ainda mais inflacionário caso se confirme a expectativa do governo de que, em 2013, a atividade econômica crescerá 4,0%.

Ueba! Alugo-me para o Natal! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 22/12


Existem dois tipos de piada: as que começam com o Sarney e as que terminam com o Sarney!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Acabou o Fim do Mundo! A Dilma vetou o Fim do Mundo!

Diz que o Fim do Mundo foi adiado porque contratou o advogado do Cachoeira e conseguiu um habeas corpus! O Fim do Mundo seria o final do ano dos sonhos da Sônia Abrão! Já imaginou ela entrevistando todos os defuntos do fim do mundo? AO VIVO! Rarará!

E olha o anúncio no Facebook: "Alugo-me para o Natal e o Ano Novo! Beijo na boca à meia-noite! Tiro foto fazendo coração com as mãos! Digo que te amo e que nunca vou te abandonar". E pula sete ondas juntinho?!

E sabe o que o Marcos Valério pediu pro Papai Noel? Um megafone! Medo! Esse Marcos Valério tá parecendo franco-atirador de filme americano. Sabe aqueles que ficam em cima de prédio atirando em todo o mundo?! E adorei a charge do Marco Aurélio com os três reis magos: "Belchior, quem veio no lugar do Baltazar?". "O BARBOSA!" Rarará! Coitado de Cristo!

E o Kibeloco fez uma nova versão do "Esse Cara Sou Eu": "Sabe aquele cara que não larga o osso?/Que é dono do Maranhão desde que era moço?/Lembrou regalias em três dias de presidente/E pra terminar essa rima empregou mais um parente/ Esse bigode sou eu". O Brasil tem obsessão pelo Sarney! Existem dois tipos de piada: as que começam com o Sarney e as que terminam com o Sarney!

E eu disse que tinha medo dos maias vivos: Marco Maia e Cesar Maia. E Agripino Maia. E pastor Maiafaia. Por isso a gente maia eles!

E atenção! Acabo de receber o cartão de Natal do Mantega: "Feliz Natal ou Próspero Ano Novo. Os dois não dá". E o cartão de Natal do Kassab: "Feliz Natal e Próspero IPTU". E como todo ano eu mando uma cartão de Natal pro Bolsonaro: "Meus votos são para que você nunca mais tenha votos". Rarará! E sabe como o Papai Noel dá risada em Brasilia? HÔ HÔ HÔUBAMOS MUITO! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é Lúdico! Olha o cartaz da padaria da minha rua: "Neste Natal, deixe o seu peru nas nossas mãos! Faça já a sua reserva". Deixo, mas quero conhecer antes! Daria para a gente conhecer o dono ou a dona das mãos? Rarará!

E um amigo já ganhou o presente de Natal: um despertador do Bradesco. Todo dia cedo a gerente liga gritando: "Sua conta estourou! Sua conta estourou!". Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Tempos de justiça e corrupção - MARCO AURÉLIO NOGUEIRA


O Estado de S.Paulo - 22/12


Exceção feita às eleições municipais, cuja importância foi enorme, o ano político de 2012 termina sob o signo da corrupção e da busca de justiça e de equilíbrio entre os Poderes da República.

De Carlos Cachoeira a Rosemary Noronha, passando pelo julgamento do mensalão e chegando às denúncias de Marcos Valério, tivemos um eixo. Uma nova fase pareceu despontar na vida nacional. O protagonismo e o prestígio de que o Supremo Tribunal Federal passou a desfrutar emergem como fato novo, que ainda terá de ser bem compreendido, até para se ver em que medida implica o rebaixamento dos outros Poderes.

O fio que liga os crimes - de uma forma ou de outra associados a formação de quadrilha, tráfico de influência, corrupção ativa e peculato - é o mesmo que une negócios e política, ou seja, que mostra a invasão da política pelo mercado e pelo dinheiro. Seu ponto de partida, no Brasil recente, desponta na votação da emenda da reeleição de FHC e nas privatizações dos anos 90 e encorpa com o caso Waldomiro Diniz (março de 2004), assessor da Casa Civil da Presidência flagrado recebendo propina. Passa pelo mensalão, pelas denúncias de compra de dossiês falsos contra políticos, pelas relações de Cachoeira com políticos de vários partidos e culmina no caso Rose. Fica dramaticamente reforçado com as declarações de Valério comprometendo Lula no mensalão.

É inevitável que bombas desse tipo estourem no colo do PT. O partido tornou-se a bola da vez, o adversário a ser batido. Cresceu, paradoxalmente, durante os anos em que mais se sabe de casos de corrupção. Elegeu e reelegeu Lula, elegeu Dilma, ganhou eleições em Estados e municípios antes inacessíveis, tornou-se uma potência política, caminhando como se nada o atingisse ou prejudicasse. Suas cúpulas insistem em associar as denúncias de corrupção a um plano sórdido da direita, da mídia e da "Justiça conservadora" para desconstruir o PT, desestabilizar seus governos e ocultar suas conquistas. Não percebem que o argumento é ruim, insistem em não reconhecer erros e escolhas equivocadas, prolongando a percepção de que o partido naturaliza a corrupção.

O poder é, em si mesmo, possibilidade e armadilha. Concede aos que dele se aproximam múltiplas vantagens, mas também abre as portas para a tentação, os falsos amigos, as negociatas. Os poderosos muitas vezes se embriagam com os trunfos de que passam a dispor: nomear, indicar, pedir e decidir tornam-se verbos que se confundem no seu léxico e que os fazem, com frequência, meter os pés pelas mãos.

O poder não é imune ao tempo. Tende a se desgastar com o andar do relógio. O poderoso se entedia e passa a ser atraído ou pela inércia ou pela disposição ao risco. O tempo do poder também acompanha o tempo social, precisa decifrá-lo e se ajustar a ele. Hoje, neste tempo de redes, conectividade, informações livres e reflexividade em que vivemos, o poder não consegue mais fazer o que fazia antes. O sistema político-administrativo copia a estrutura em rede da vida, vendo crescer focos de competição dispostos horizontalmente. O poder precisa negociar, ouvir e dialogar mais, lidar com obstáculos e desafios constantes. Está mais exposto, tem menos aura e opera muitas vezes rés ao chão, enfiando-se em arapucas "mequetrefes". Pode cair em descontrole agudo.

Controles rigorosos não combinam com redes e conectividade. Nomear um assessor pode ser o primeiro passo para o inferno: subordinados tendem a se tornar pequenos reis e rainhas de pequenos feudos, nichos de onde operam e corrompem. O caso Rose é emblemático. Beneficiada pelo vínculo pessoal que manteve por anos com Lula e outros poderosos, ela viabilizou um esquema nas barbas do poder. O esquema ganhou vida própria, envolvendo os que o patrocinaram e dele se beneficiaram.

Não se trata de relativizar, muito menos de diminuir a responsabilidade dos dirigentes. Ninguém chega ao comando de um escritório regional da Presidência sem o devido apoio superior. Mas é preciso dar a cada um a sua parcela de culpa. Não é plausível analiticamente (embora funcione como agitação) que se estabeleçam a priori linhas de comando trabalhando em prol da corrupção, como se determinados partidos ou políticos fossem especializados na prática de crimes. Há mais afã desbragado pelo aproveitamento das oportunidades de poder e muito mais aparelhamento de agências e órgãos estatais - um aparelhamento que, à diferença do tradicional, pode até mesmo receber verniz ideológico, "anticapitalista". Cada época tem seu tipo particular de corrupto, e o de hoje parece ser o "facilitador".

Nas décadas recentes, muitas pessoas desejosas de ascensão social, emprego e prestígio foram projetadas em postos-chave do Estado, enredando-se em esquemas e maracutaias. Seus padrinhos conhecem as regras do jogo, não podem ser isentados de culpa. Não há mais "idealistas" no âmbito público e estatal. Também não há como contar com os mecanismos de controle da burocracia, cujas normas e cujo ethos jamais prevaleceram impávidos entre nós. Com isso as oportunidades de aparelhamento aumentaram sensivelmente. As correias de transmissão entre Estado, partidos e particulares ficaram descontroladas.

Precisaremos de tempo e determinação para que os atores entendam a nova estrutura da vida e domem os sistemas. Mas quanto antes começarmos a nos mexer em sentido reformador, melhor. Muito pode ser feito a partir da organização da indignação e dos desejos de se ter um País mais decente. Se aqueles que se mostram aguerridos no combate aos escândalos de hoje capricharem na mira, poderão funcionar como um polo de ativismo ético-político que ajudará a que se processem os escândalos que ainda virão, reduzindo paulatinamente a sua potência.

Bom 2013 para todos.

Rosemary, a mulher do ano - GUILHERME FIUZA

O GLOBO - 22/12


A representante da Presidência da República em São Paulo fez exatamente o que Dilma fez em Brasília: cacifada por Lula, passou a reger o parasitismo do PT



Nesses tempos de devoção às minorias, não é justo deixar de destacar a contribuição de Rosemary Noronha para a causa feminina. O Brasil progressista explode de orgulho por ser governado por uma mulher — que aliás deu a Rosemary sua chance de brilhar — e não pode agora se esquecer de reverenciar mais uma expoente do gênero. Assim como Dilma, Rose chegou lá. O fato de estar enrolada com a polícia é um detalhe.

Rose e Dilma escreveram seus nomes na história do Brasil por serem, ambas, utensílios de Lula. A finalidade de cada uma para o ex-presidente não vem ao caso. O que importa é que ambas funcionaram muito bem. Como se nota pelo ufanismo nacional em torno de Dilma, não se espera mais da mulher moderna opinião própria, autonomia e iniciativa. Basta botar um tailleur vermelho, um colar de pérolas e decorar suas falas. E muito importante: falar o mínimo, para errar pouco. Até outro dia isso era piada entre Miguel Falabella e Marisa Orth (“cala a boca, Magda!”). Hoje é sinal de poder.

O grande símbolo feminino brasileiro da atualidade, que desperta a admiração de Jane Fonda — que tempos! — não tinha feito nada de extraordinário na vida até ser levada pela mão do padrinho ao topo. O feminismo realmente mudou muito.

Lá chegando, seu maior mérito foi usar vestido e não ser o Lula (para os que não suportavam mais o ogro bravateiro), ou ser o Lula de vestido (para os que seguem venerando o filho do Brasil). Sem nenhum plano de governo, com um ministério fisiológico de cabo a rabo, sem um mísero ato de estadista em dois anos de mandato, Dilma se destaca por ser ou não ser Lula, dependendo do ponto de vista. É a apoteose da nulidade, que o Brasil progressista e feminista consagra com aprovação recorde.

Diante desses novos valores, seria injusto não consagrar Rosemary também. A representante da Presidência da República em São Paulo fez exatamente o que Dilma fez em Brasília: cacifada por Lula, passou a reger o parasitismo do PT, cuidando da nomeação de companheiros e dando blindagem política às suas peripécias para sucção do Estado.

No caso de Dilma, a grande orquestra fisiológica foi desmoronando ao vivo, com nada menos que sete ministros nomeados (e protegidos até o fim) por ela caindo de podres, graças à ação da imprensa. A mulher-modelo de Jane Fonda ainda havia parido uma Erenice, a quem preparava para ser a dama de ferro de seu governo (Jane não pode imaginar o que seria isso) — derrubada por fazer na Casa Civil algo muito parecido com as operações fantásticas de Rosemary. Até o uso da Anac como balcão de negócios se repetiu. Por que só Dilma é ícone feminino, se Rosemary mostrou ser um prodígio da mesma escola?

Por algum mistério insondável, a Polícia Federal não fez escutas nos telefones de Rose, ou diz que não fez. As conversas da mulher que regia uma quadrilha grudada em Lula, se apresentando como sua namorada, e que tramou até sabotagem ao julgamento do mensalão — o mesmo que Lula tentara com Gilmar Mendes — não interessou aos investigadores. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que não havia motivos para grampear Rosemary — uma suspeita que está impedida pela Justiça de sair de sua cidade. Esses ministros farsescos do PT podiam ao menos ser mais criativos. Mas não precisa, porque o Brasil engole qualquer coisa.

Marcos Valério disse que Lula teve despesas pagas pelo esquema do mensalão e autorizou operações bancárias do valerioduto. É comovente a desimportância atual dessas declarações. Lula é o líder de um projeto político montado para a permanência no poder a qualquer custo — e essa fraude está exaustivamente demonstrada pelo mensalão, por Dirceu, Erenice, Palocci, Pimentel, aloprados, Rosemary e praticamente todo o estado-maior petista, tanto de Lula quanto de Dilma, flagrados em tráfico de influência para se aferrar ao poder na marra. O que mais é preciso denunciar?

O eleitor brasileiro está brincando com fogo. Enquanto o desemprego estiver baixo, vai continuar afiançando a fraude que finge não ver. O país vai sendo empurrado com a barriga pelos fisiológicos — e essa conta vai chegar. O governo desistiu de controlar a inflação, que vai se afastando da meta (apesar da mudança de cálculo que reduziu o índice). A gastança pública é disfarçada com truques contábeis para esconder o déficit. A arrecadação brutal banca a farra dos companheiros, sem sobra para investimentos decentes — e tome literatura de trem-bala e tarifas mentirosas de energia, que já multiplicam os apagões por manutenção precária.

Como se viu na funesta CPI do Cachoeira, a mafiosa Delta comandava o planejamento da infraestrutura terrestre.

Mas está tudo bem, e oito governadores podem ir de cara limpa prestigiar Lula e sua democracia de aluguel. Se este é o país que queremos, Rosemary é a mulher do ano.

Hora da sensatez - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 22/12


A acertada decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal desanuviou o clima. Bom momento para pensar sobre os eventos dos últimos dias. O PT enfraquece a democracia quando a compara a um regime de exceção, o presidente da Câmara dos Deputados afronta princípios constitucionais, e o Senado esteve a um passo de desmoralizar o processo legislativo.

Joaquim Barbosa se debruçou sobre um caso em que não havia jurisprudência. O Supremo, como o nome diz, é a última instância, mas existem caminhos para recorrer a ele mesmo na finalização do processo. Os recursos não são manobras protelatórias, são direitos. Os condenados têm endereço certo, responderam em liberdade e tiveram passaportes recolhidos. O melhor é que o momento da prisão seja decidido quando estiverem esgotados os recursos e pelo voto do colegiado.

Certamente, não foram as frequentes ameaças do Partido dos Trabalhadores, e de vários dos seus dirigentes, que sedimentaram a decisão tomada pelo presidente do STF. Foi a decisão acertada.

Superada a tensão em relação ao risco de prisão imediata dos condenados, é bom refletir sobre o espetáculo dos últimos dias que mostrou o quanto o ambiente tem se degradado por ação ou omissão de líderes políticos e governantes.

As declarações do presidente da Câmara, Marco Maia, são sempre tão inadequadas que só resta o consolo de que o seu mandato na presidência está acabando. A ideia de usar a instituição que preside como refúgio de criminosos é espantosa. Pelo menos um dos deputados tem sido presença constante em escândalos.

O que o deputado Marco Maia faz é para seguir o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, que deu a seguinte ordem à sua facção partidária: "O importante agora é reforçar Marco Maia e depois é a hora de ir para a rua.”

Maia dispõe da Câmara como se ela fosse uma trincheira de José Dirceu.

Um condenado em desespero diz o que lhe vem na telha, entra em regressão e delira.

Acredita estar enfrentando a ditadura contra a qual lutou na juventude. No seu estado, pode-se até desculpar a confusão mental. O inaceitável é que o presidente da Câmara ponha uma instituição da República à disposição de réus. Imagine que absurdo seria o país viver uma crise institucional por ter o deputado Marco Maia oferecido asilo no território da Câmara a um deputado como Valdemar Costa Neto, useiro e vezeiro de mal feitos.

A questão sobre quem pode cassar mandatos parlamentares, e em que circunstância, foi debatida no STF e dividiu a corte. O voto de desempate foi dado pelo decano Celso de Mello, de forma clara e convincente. O caso em nada se parece com as vezes em que a Câmara rejeitou cassar deputados ameaçados pelo arbítrio. Se os mandatos fossem mantidos, seria um despropósito. No mínimo, porque não teriam como comparecer ao Congresso.

Em outra ópera bufa, o presidente do Senado, José Sarney, quase levou o parlamento a mais desmoralização. Felizmente, houve um recuo no projeto de votar 3 mil vetos presidenciais numa tarde. Sarney está terminando o oitavo ano, desde 1995, em que exerce a presidência do Senado. Portanto, uma grande parte daqueles vetos está lá estacionada por falha dele.

Os últimos dias foram tensos. Muita sandice foi dita por quem deveria ter compostura. Quem deveria segurar seus radicais omitiu-se completamente. Os réus tiveram nos últimos sete anos todos as chances de defesa e garantias oferecidas pelo Estado de Direito. Só quem não entende de democracia pode confundir o que o país vive hoje com regime de exceção.

Sempre igual - ZUENIR VENTURA

O GLOBO - 22/12


Mais uma vez descumpro a promessa de tirar férias durante o Natal, que costuma cair próximo aos dias em que escrevo ou publico coluna. Calculei mal e aqui estou de novo para me repetir numa época em que também tudo é repetitivo: a rabanada, a canção “Noite Feliz”, os amigos-ocultos, os presentinhos, os engarrafamentos, o movimento das lojas, sem falar no dinheirinho compulsório para os porteiros, o mendigo de estimação, o guardador de carro, os entregadores de jornais, de remédio, de pizza, garis e carteiros. A exemplo dos Natais anteriores, não foi possível cumprir todos os compromissos de fim de ano, já não digo de compras, que minha mulher é quem as faz, mas de atendimento de convites. Parece que todas as noites de autógrafos, todas as exposições, todos os almoços e jantares de confraternização foram deixados para acontecer nesse período. Ter que escolher uns em detrimento de outros é uma das aflições dessa época. Mas o pior do Natal é sua submissão ao consumo, que faz dele “um orçamento”, como já dizia Nelson Rodrigues.

<SW,0>Apesar do desvirtuamento de sentido, porém, a data continua impregnada de simbologia e significados, carregando sonhos, desejos e esperança, tudo do que se precisa. Eu, por exemplo, não consigo deixar de fazer uma viagem nostálgica a um longínquo passado quando ouço o “Noite Feliz”. É como se, ainda coroinha, estivesse ajudando uma missa de meia-noite rezada em latim. A única novidade este ano para mim foi a descoberta que Alice acaba de fazer da diferença entre fantasia e realidade, ou seja, entre um Papai Noel “de mentira” e outro “de verdade”. O curioso é que o de mentira é o que ela vê, pode tocar e que fica parado na esquina fazendo “rou, rou, rou” para as crianças, vestido como se estivesse na Lapônia, com aquele gorro ridículo. O de verdade é justamente o que ela não vê, mas que vai botar seus presentes na árvore de Natal, que é o que afinal lhe interessa. Ela pegou também a mania de encerrar suas explicações com um “entendeu?”. “Esse é de mentira, entendeu?” Precoce, como vocês já perceberam, ela deve achar que o avô, por não saber lidar com o Ipad, tem dificuldade de aprendizado, é um “bobinho”. Ela sabe das coisas.

Comecei repetindo e vou terminar da mesma maneira, desejando para vocês um nada original, mas sincero feliz Natal.

* Algumas críticas ideológicas a Oscar Niemeyer depois de morto revelam, de tão iradas, que no Brasil foi fácil acabar com o comunismo. O difícil é acabar com o anticomunismo.