O GLOBO - 15/08
O antropólogo Mércio Pereira Gomes, 61 anos, surpreendeu-se com um dado do IBGE, segundo o qual 36,2% dos índios vivem nas cidades:
— É até uma coisa bacana. Mas acho que tem mais brasileiro querendo ser índio do que os que existem realmente.
Currais Novos...
Na pesquisa, chamou a atenção do antropólogo, por exemplo, a existência de 27 índios na cidade de Currais Novos, Rio Grande do Norte, onde o próprio Mércio nasceu:
— Lá não tem índio. Minha impressão é que a metodologia do IBGE levou não índio a se declarar indígena, talvez até por ignorância.
Explosão demográfica...
O Censo, como se sabe, revelou que a população indígena cresceu 205% desde 1991.
Petrobras longe do quartel
A Petrobras desistiu de comprar o imóvel hoje ocupado pelo Quartel-General da Polícia Militar do Rio, na Rua Evaristo da Veiga, no Centro, pelo qual teria de pagar R$ 336 milhões.
Alegou aperto de caixa.
Segue...
Apesar das críticas feitas a esta operação, o governo do Rio não vai desistir de vender o imóvel.
Mesmo depois da desistência da Petrobras.
Medalha para Toffoli
A Câmara de Vereadores do Rio aprovou ontem a concessão da Medalha Pedro Ernesto a Dias Toffoli, o ministro do STF.
A razão da medalha agora, quando o ex-advogado do PT é questionado no julgamento do mensalão, é... não sei.
FLAGRANTE DELITO
Veja como, hoje em dia, a informação corre na velocidade da luz. Ontem, por volta de 13h30m, um ouvinte da rádio Bandnews ligou para a emissora e avisou que havia um carro oficial sobre uma calçada da Rua Visconde de Abaeté, em Vila Isabel. Ali perto, o repórter Jorge Antonio Barros, que cuida do site e das redes sociais da coluna, foi conferir com sua digital. Às 14h15m, o possante permanecia ali. O veículo é usado pelo deputado Chiquinho da Mangueira, que justificou: “Fui almoçar com minha mãe, o que faço quase todo dia. Não é comum meu motorista fazer isso, mas, a partir de hoje, ele vai rodar até achar vaga. Prometo que não vai mais acontecer.” A vizinhança agradece. Aliás, o motorista de Sua Excelência
Diário de JustiçaA 3? Turma do TST condenou o Hospital das Clínicas de Porto Alegre a indenizar em R$ 145.250 uma auxiliar de enfermagem contaminada pelo vírus HIV em acidente de trabalho (feriu-se ao coletar sangue de um soropositivo).
Os ministros confirmaram, por unanimidade, sentença do TRT gaúcho.
Dança comigo
Camila Pitanga, a linda atriz, além de aulas de samba, tem aprendido também dança afro para interpretar a ex-escrava Isabel na próxima novela das 18h da TV Globo, "Lado a lado’,’ de João Ximenes Braga e Cláudia Lage.
Seu professor é Jaime Aroxa.
O fole roncou
Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, vai ganhar mais uma homenagem no ano em que faria cem anos.
A Zahar lançará em novembro "O fole roncou: uma história do forró” do jornalista Carlos Marcelo.
Segue...
O livro fala do auge e do ocaso de um dos mais autênticos gêneros musicais brasileiros, a partir de episódios das trajetórias de Gonzagão e outros.
Um ano depois
O promotor de Justiça Paulo Roberto Mello Cunha Júnior, autor das denúncias contra PMs julgadas pela juíza Patrícia Acioli no Tribunal do Júri de São Gonçalo, RJ, foi transferido em definitivo para a 2? Promotoria junto à Auditoria Militar, no Centro do Rio.
O nome de Cunha Júnior estava na lista de ameaçados pelos matadores da juíza
— e, após o assassinato dela, passou a dar apoio ao Grupo de Combate ao Crime Organizado do MP do Rio.
Em causa própria
O caso das moradias particulares dentro do Jardim Botânico do Rio chegou esta semana ao Tribunal de Contas da União. O ministro José Múcio Monteiro pediu vistas, lembrando que, em sua época de ministro de Lula, foi procurado por um colega do Ministério:
— Ele me pedia que nós resolvêssemos. A família dele está lá, é uma das invasoras.
Segue...
O ministro era Edson Santos, que agia no governo em causa própria.
Passa o ponto
As grifes Mary Zayde e Essencial estão fechando suas portas no shopping Rio Design Barra.
Red Valentino
A marca mais jovem do estilista italiano Valentino, a Red Valentino, vai abrir loja no Shopping Leblon, no Rio.
Carminha x Nina
O site de "Avenida Brasil’,’ da TV Globo, bateu um recorde entre os sites de novelas: 5,7 milhões de visitantes únicos no mês de julho, maior marca em todos os tempos.
Aliás, hoje, quando terminar o capítulo da novela, vai entrar no site um aplicativo para as pessoas congelarem suas fotos. A brincadeira vinha sendo feita nas redes sociais, mas, agora, será oferecida uma ferramenta exclusiva.
quarta-feira, agosto 15, 2012
Nas Entrelinhas - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 15/08
Nos primeiros meses desta Legislatura, em 2011, oito senadores do PMDB, muitos cristãos novos na Casa, lutaram para enfraquecer a voz de comando de Renan Calheiros dentro da bancada. Não passou uma semana entre março e junho sem que eles fizessem pelo menos uma reunião, interessados em fixar uma nova relação e rodízio nos espaços de poder. Hoje, esse grupo é coisa do passado. E tudo indica que a tendência deles hoje é fechar com o líder Renan para presidir o Senado a partir de 1º de fevereiro de 2013.
Eduardo Braga (AM), Eunício Oliveira (CE), Jarbas Vasconcelos (PE), Luiz Henrique da Silveira (SC), Pedro Simon (RS), Ricardo Ferraço (ES), Roberto Requião (PR) e Vital do Rêgo (PB) davam dor de cabeça ao antigo grupo de comando do PMDB. Ao ponto de ganharem a alcunha de G-8. Hoje, eles se encontram apenas no plenário, em conversas informais. E a maioria segue as orientações do líder.
Renan Calheiros soprou o G-8 como se fosse uma casa de areia. Bastou dar prestígio e visibilidade a senadores que ansiavam por mais espaço para exercer o mandato. Eduardo Braga virou líder do governo. Vital do Rêgo preside a CPI do Cachoeira, que, para o bem ou para o mal, lhe dá visibilidade. Luiz Henrique surgiu como relator do Código Florestal. Eunício comanda a Comissão de Constituição e Justiça da Casa. Ferraço integra a Comissão de Reforma do Código Penal.
Por falar em Renan…
Dentro do Senado, a sensação é de um PMDB em paz consigo mesmo, apesar do desconforto de alguns como Jarbas Vasconcelos (PE). Ao ponto de a bancada fixar algumas premissas para o futuro. Primeiro, é praticamente consenso que Edison Lobão (MA) é um companheiro, mas não para presidir o Senado. Isso porque é pra lá de bem relacionado com a presidente Dilma Rousseff. E o PMDB quer alguém mais PMDB e menos Dilma — um perfil similar ao do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), que já tem até o apoio do PT para comandar a Câmara.
Além disso, Lobão é, hoje, ministro de Minas e Energia, uma área de grandes empresas e negócios. E tem por intermédio de seu primogênito, o senador Lobão Filho (PMDB-MA), voz ativa na Casa. Tirar Lobão do ministério para colocá-lo no Senado não seria nem trocar seis por meia dúzia, seria trocar “12 por meia dúzia”, com desvantagem para o partido.
Essa equação joga a eleição praticamente no colo de Renan Calheiros, se ele quiser mesmo comandar a Casa e não surgir nada de extraordinário que possa comprometer esse projeto. Em conversas informais, o episódio que quase lhe custou o mandato — que veio à tona a partir da descoberta de uma filha fora do casamento — é tratado como coisa do passado pelos senadores. Embora Renan continue discretíssimo sobre seu futuro — houve inclusive especulações sobre uma possível candidatura ao governo de Alagoas —, há quem diga que ele não pensa em outra coisa. Até para ser candidato ao governo estadual, em 2014, seus aliados consideram melhor que Renan presida o Senado. Assim, ainda pode fechar um acordo com o PT, licenciando-se do cargo no período da campanha para deixar que um vice-presidente petista comande a Casa.
Por falar em candidato…
Dilma recebeu ontem os atletas olímpicos com festa no Planalto, onde o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), aproveitou para tirar uma casquinha em favor de sua campanha à reeleição. Paralelamente, foi divulgada a nota do Ideb, em que o Brasil continua devendo índices melhores, especialmente no Norte e no Nordeste. No Sul, as notas caíram. Na economia, estudos mostram que a classe C segue endividada e a Brasil Foods, dona da Sadia e da Perdigão, anuncia aumento de preços em seus produtos por conta da elevação dos custos. Acha pouco, leitor? Pois hoje, mais uma categoria fará paralisação de 24 horas. São os peritos criminais federais, que reivindicam reposição salarial da inflação.
Em meio a tantas agruras, ainda tem o julgamento do mensalão. Realmente, só mesmo os atletas dourados para fazer Dilma sorrir, uma vez que, no entorno do Palácio do Planalto, só tem problemas. Não por acaso, Dilma tem dito que não pretende interferir na eleição municipal ou mesmo no Senado. Embora goste de Lobão, qualquer gesto mais ousado pode gerar mais arestas. E, diante de tantos desafios, Renan Calheiros presidente do Senado ficou uma questão menor na agenda presidencial.
Nos primeiros meses desta Legislatura, em 2011, oito senadores do PMDB, muitos cristãos novos na Casa, lutaram para enfraquecer a voz de comando de Renan Calheiros dentro da bancada. Não passou uma semana entre março e junho sem que eles fizessem pelo menos uma reunião, interessados em fixar uma nova relação e rodízio nos espaços de poder. Hoje, esse grupo é coisa do passado. E tudo indica que a tendência deles hoje é fechar com o líder Renan para presidir o Senado a partir de 1º de fevereiro de 2013.
Eduardo Braga (AM), Eunício Oliveira (CE), Jarbas Vasconcelos (PE), Luiz Henrique da Silveira (SC), Pedro Simon (RS), Ricardo Ferraço (ES), Roberto Requião (PR) e Vital do Rêgo (PB) davam dor de cabeça ao antigo grupo de comando do PMDB. Ao ponto de ganharem a alcunha de G-8. Hoje, eles se encontram apenas no plenário, em conversas informais. E a maioria segue as orientações do líder.
Renan Calheiros soprou o G-8 como se fosse uma casa de areia. Bastou dar prestígio e visibilidade a senadores que ansiavam por mais espaço para exercer o mandato. Eduardo Braga virou líder do governo. Vital do Rêgo preside a CPI do Cachoeira, que, para o bem ou para o mal, lhe dá visibilidade. Luiz Henrique surgiu como relator do Código Florestal. Eunício comanda a Comissão de Constituição e Justiça da Casa. Ferraço integra a Comissão de Reforma do Código Penal.
Por falar em Renan…
Dentro do Senado, a sensação é de um PMDB em paz consigo mesmo, apesar do desconforto de alguns como Jarbas Vasconcelos (PE). Ao ponto de a bancada fixar algumas premissas para o futuro. Primeiro, é praticamente consenso que Edison Lobão (MA) é um companheiro, mas não para presidir o Senado. Isso porque é pra lá de bem relacionado com a presidente Dilma Rousseff. E o PMDB quer alguém mais PMDB e menos Dilma — um perfil similar ao do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), que já tem até o apoio do PT para comandar a Câmara.
Além disso, Lobão é, hoje, ministro de Minas e Energia, uma área de grandes empresas e negócios. E tem por intermédio de seu primogênito, o senador Lobão Filho (PMDB-MA), voz ativa na Casa. Tirar Lobão do ministério para colocá-lo no Senado não seria nem trocar seis por meia dúzia, seria trocar “12 por meia dúzia”, com desvantagem para o partido.
Essa equação joga a eleição praticamente no colo de Renan Calheiros, se ele quiser mesmo comandar a Casa e não surgir nada de extraordinário que possa comprometer esse projeto. Em conversas informais, o episódio que quase lhe custou o mandato — que veio à tona a partir da descoberta de uma filha fora do casamento — é tratado como coisa do passado pelos senadores. Embora Renan continue discretíssimo sobre seu futuro — houve inclusive especulações sobre uma possível candidatura ao governo de Alagoas —, há quem diga que ele não pensa em outra coisa. Até para ser candidato ao governo estadual, em 2014, seus aliados consideram melhor que Renan presida o Senado. Assim, ainda pode fechar um acordo com o PT, licenciando-se do cargo no período da campanha para deixar que um vice-presidente petista comande a Casa.
Por falar em candidato…
Dilma recebeu ontem os atletas olímpicos com festa no Planalto, onde o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), aproveitou para tirar uma casquinha em favor de sua campanha à reeleição. Paralelamente, foi divulgada a nota do Ideb, em que o Brasil continua devendo índices melhores, especialmente no Norte e no Nordeste. No Sul, as notas caíram. Na economia, estudos mostram que a classe C segue endividada e a Brasil Foods, dona da Sadia e da Perdigão, anuncia aumento de preços em seus produtos por conta da elevação dos custos. Acha pouco, leitor? Pois hoje, mais uma categoria fará paralisação de 24 horas. São os peritos criminais federais, que reivindicam reposição salarial da inflação.
Em meio a tantas agruras, ainda tem o julgamento do mensalão. Realmente, só mesmo os atletas dourados para fazer Dilma sorrir, uma vez que, no entorno do Palácio do Planalto, só tem problemas. Não por acaso, Dilma tem dito que não pretende interferir na eleição municipal ou mesmo no Senado. Embora goste de Lobão, qualquer gesto mais ousado pode gerar mais arestas. E, diante de tantos desafios, Renan Calheiros presidente do Senado ficou uma questão menor na agenda presidencial.
Tudo indo - MARTHA MEDEIROS
ZERO HORA - 15/08
Acompanhei as matérias sobre Londres feitas pelos jornalistas que Zero Hora enviou à capital britânica para cobrir a Olimpíada, e me chamou a atenção um relato feito pelo meu amigo Tulio Milman, que descreveu o fascínio de perder-se pelas ruas de uma cidade estrangeira. Não é a primeira vez que vejo uma pessoa inteligente sair em defesa da desorientação, o que me deixa inquieta, pois me considero uma viajante audaz, mas, pelo visto, sem muito tutano: nunca gostei de me perder.
Claro que possuo o hábito de flanar pelos bairros, que entro em praças e parques que não conheço, que viro à esquerda numa rua sem saber onde ela vai dar, mas tenho uma boa ideia sobre as possibilidades que a redondeza oferece e posso apostar que a caminhada vai resultar proveitosa, mesmo sem destino determinado. Se não resulta, me sinto uma songamonga.
Uma vez me perdi além do tolerável nas ruelas de Veneza e, sinceramente, a experiência não me trouxe nada além de cansaço e desassossego – fui parar onde os doges perderam as botas.
O fato é que todos nós estamos caminhando para algum lugar, mesmo sem saber para onde. Há os que têm um propósito, sabem aonde querem chegar: se não possuem um mapa, possuem ao menos um desejo, e desejos costumam ser guias confiáveis. Já fiz parte do primeiro grupo, mas, de repente, me percebo instalada no segundo: não tenho a menor noção de para onde estou indo, e admito que isso embaralha meu senso de direção – mas tampouco quero voltar para o ponto de partida.
Isso me faz lembrar pessoas que, quando você pergunta se está tudo bem, respondem: “Tudo indo”. Tudo indo pra onde? Ribanceira abaixo? De mal a pior? Seguidamente cruzo com uma moça com quem simpatizo, e, a cada vez que pergunto a ela se está tudo bem, ela me responde “tudo indo” com um jeito de quem vai cair em prantos.
Há um ano que está tudo indo pra ela. E eu fico torcendo para que esteja tudo indo às mil maravilhas, que esteja tudo indo de vento em popa, que esteja indo melhor do que o esperado. Mas não é nada disso que sugere seu olhar sorumbático.
Todos nós estamos indo, que é melhor do que estarmos parados. Estamos indo rumo a novas eleições, indo rumo à primavera, indo rumo a pessoas que ainda não conhecemos, indo rumo a dias melhores, a dias piores e, encaremos: indo rumo ao fim dos dias, se me permite ser uma desmancha-prazeres. É duro, mas a outra opção é estacionar, não ir a lugar algum. Prefiro ir, seja para onde for.
Se eu continuar sem inspiração como hoje, o único rumo que vou tomar é o do departamento de RH para acertar minhas contas. Como você pode comprovar, aqui, nesta coluna, tudo indo. No momento em que escrevo, sem ideia sobre as possibilidades que a redondeza oferece e sem saber se a caminhada vai resultar proveitosa, mas indo. Espero que chegue logo a parte divertida, Tulio.
Acompanhei as matérias sobre Londres feitas pelos jornalistas que Zero Hora enviou à capital britânica para cobrir a Olimpíada, e me chamou a atenção um relato feito pelo meu amigo Tulio Milman, que descreveu o fascínio de perder-se pelas ruas de uma cidade estrangeira. Não é a primeira vez que vejo uma pessoa inteligente sair em defesa da desorientação, o que me deixa inquieta, pois me considero uma viajante audaz, mas, pelo visto, sem muito tutano: nunca gostei de me perder.
Claro que possuo o hábito de flanar pelos bairros, que entro em praças e parques que não conheço, que viro à esquerda numa rua sem saber onde ela vai dar, mas tenho uma boa ideia sobre as possibilidades que a redondeza oferece e posso apostar que a caminhada vai resultar proveitosa, mesmo sem destino determinado. Se não resulta, me sinto uma songamonga.
Uma vez me perdi além do tolerável nas ruelas de Veneza e, sinceramente, a experiência não me trouxe nada além de cansaço e desassossego – fui parar onde os doges perderam as botas.
O fato é que todos nós estamos caminhando para algum lugar, mesmo sem saber para onde. Há os que têm um propósito, sabem aonde querem chegar: se não possuem um mapa, possuem ao menos um desejo, e desejos costumam ser guias confiáveis. Já fiz parte do primeiro grupo, mas, de repente, me percebo instalada no segundo: não tenho a menor noção de para onde estou indo, e admito que isso embaralha meu senso de direção – mas tampouco quero voltar para o ponto de partida.
Isso me faz lembrar pessoas que, quando você pergunta se está tudo bem, respondem: “Tudo indo”. Tudo indo pra onde? Ribanceira abaixo? De mal a pior? Seguidamente cruzo com uma moça com quem simpatizo, e, a cada vez que pergunto a ela se está tudo bem, ela me responde “tudo indo” com um jeito de quem vai cair em prantos.
Há um ano que está tudo indo pra ela. E eu fico torcendo para que esteja tudo indo às mil maravilhas, que esteja tudo indo de vento em popa, que esteja indo melhor do que o esperado. Mas não é nada disso que sugere seu olhar sorumbático.
Todos nós estamos indo, que é melhor do que estarmos parados. Estamos indo rumo a novas eleições, indo rumo à primavera, indo rumo a pessoas que ainda não conhecemos, indo rumo a dias melhores, a dias piores e, encaremos: indo rumo ao fim dos dias, se me permite ser uma desmancha-prazeres. É duro, mas a outra opção é estacionar, não ir a lugar algum. Prefiro ir, seja para onde for.
Se eu continuar sem inspiração como hoje, o único rumo que vou tomar é o do departamento de RH para acertar minhas contas. Como você pode comprovar, aqui, nesta coluna, tudo indo. No momento em que escrevo, sem ideia sobre as possibilidades que a redondeza oferece e sem saber se a caminhada vai resultar proveitosa, mas indo. Espero que chegue logo a parte divertida, Tulio.
Aquarelas do Brasil - TUTTY VASQUES
O ESTADÃO - 15/08
Ei, juiz, vai...
Segundo prognóstico de Roberto Jefferson, "o STF não vai enfrentar a galera, e a galera quer a condenação". Isso quer dizer o seguinte: torcida só não ganha jogo no futebol!
Mal comparando
Falta entre os réus do mensalão alguém com a sinceridade do mordomo do papa, Paolo Gabriele, para admitir que "vendo o mal e a corrupção por toda parte, finalmente cheguei a um ponto em que não consegui mais me controlar". Simples assim!
Todos iguais!
Ao cruzar no Grand Hotel de Estocolmo com os jogadores da seleção, Silvio Santos fez questão de dar uma força a Neymar: "Não fica triste, não! Meu cabeleireiro também não consegue acertar a mão!"
Estigma ultrapassado
Sargentona é o escambau! Promovida pelo Pentágono, Tammy Smith virou a primeira general homossexual assumida do Exército americano.
Melhor parcelar
A chuva está em dívida com São Paulo, onde a seca já perdura há 28 dias. Tomara que São Pedro não pague tudo de uma vez, né?
Incompatibilidade total
Tá explicado por que o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no STF, abandonou o Twitter. Alguém que gasta mais de 1 mil folhas para justificar um voto, convenhamos, deve ter dificuldade até para dar bom dia em 140 toques.
"Lá em Londres vez em quando me sentia longe daqui" e, sempre que isso acontecia, a primeira coisa que desgraçadamente me vinha à cabeça não era a letra aqui plagiada de Gilberto Gil para Back in Bahia. O Brasil de hoje tem trilha sonora de Michel Teló: "Ai se eu te pego, ai, ai, assim você me mata..."
Tem um tipo de música se criando de monte por aqui que você não consegue tirar de dentro nem quando está fora. Pode botar um oceano entre seus ouvidos e o grupo de pagode Sorriso Maroto e logo vai descobrir que faz parte de sua bagagem cultural o refrão "ai, ai, aiaiaiai, assim você mata o papai, ai, ai, aiaiaiai".
O Brasil pode ser um país sem memória para outras coisas, mas vai tentar esquecer "eu quero tchu, eu quero tcha, eu quero tchu tcha tcha..." Impossível!
Longe daqui é mais fácil não pensar em Carminha, Nina, Leleco e Tufão do que apagar do inconsciente o "oioioi" tema da novela das 9.
De volta ao país do mensalão, meu repertório de musiquinhas insuportáveis foi enriquecido por este "zero quinhentos dois mil e doze, zero sete, pra doar sete reais..." cantarolado por artistas da Globo na campanha Criança Esperança 2012.
Ninguém merece, mas eu gostei de ter voltado!
O bom e o velho
É impressionante como a geração que jogou futebol com Pelé parece mais velha ao lado dele. No encontro de ontem à tarde em
Estocolmo, o rei chegou a ficar constrangido ao ser apresentado ao
velhinho sueco em quem deu um chapéu
humilhante na final da Copa do Mundo de 1958.
Ei, juiz, vai...
Segundo prognóstico de Roberto Jefferson, "o STF não vai enfrentar a galera, e a galera quer a condenação". Isso quer dizer o seguinte: torcida só não ganha jogo no futebol!
Mal comparando
Falta entre os réus do mensalão alguém com a sinceridade do mordomo do papa, Paolo Gabriele, para admitir que "vendo o mal e a corrupção por toda parte, finalmente cheguei a um ponto em que não consegui mais me controlar". Simples assim!
Todos iguais!
Ao cruzar no Grand Hotel de Estocolmo com os jogadores da seleção, Silvio Santos fez questão de dar uma força a Neymar: "Não fica triste, não! Meu cabeleireiro também não consegue acertar a mão!"
Estigma ultrapassado
Sargentona é o escambau! Promovida pelo Pentágono, Tammy Smith virou a primeira general homossexual assumida do Exército americano.
Melhor parcelar
A chuva está em dívida com São Paulo, onde a seca já perdura há 28 dias. Tomara que São Pedro não pague tudo de uma vez, né?
Incompatibilidade total
Tá explicado por que o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no STF, abandonou o Twitter. Alguém que gasta mais de 1 mil folhas para justificar um voto, convenhamos, deve ter dificuldade até para dar bom dia em 140 toques.
"Lá em Londres vez em quando me sentia longe daqui" e, sempre que isso acontecia, a primeira coisa que desgraçadamente me vinha à cabeça não era a letra aqui plagiada de Gilberto Gil para Back in Bahia. O Brasil de hoje tem trilha sonora de Michel Teló: "Ai se eu te pego, ai, ai, assim você me mata..."
Tem um tipo de música se criando de monte por aqui que você não consegue tirar de dentro nem quando está fora. Pode botar um oceano entre seus ouvidos e o grupo de pagode Sorriso Maroto e logo vai descobrir que faz parte de sua bagagem cultural o refrão "ai, ai, aiaiaiai, assim você mata o papai, ai, ai, aiaiaiai".
O Brasil pode ser um país sem memória para outras coisas, mas vai tentar esquecer "eu quero tchu, eu quero tcha, eu quero tchu tcha tcha..." Impossível!
Longe daqui é mais fácil não pensar em Carminha, Nina, Leleco e Tufão do que apagar do inconsciente o "oioioi" tema da novela das 9.
De volta ao país do mensalão, meu repertório de musiquinhas insuportáveis foi enriquecido por este "zero quinhentos dois mil e doze, zero sete, pra doar sete reais..." cantarolado por artistas da Globo na campanha Criança Esperança 2012.
Ninguém merece, mas eu gostei de ter voltado!
O bom e o velho
É impressionante como a geração que jogou futebol com Pelé parece mais velha ao lado dele. No encontro de ontem à tarde em
Estocolmo, o rei chegou a ficar constrangido ao ser apresentado ao
velhinho sueco em quem deu um chapéu
humilhante na final da Copa do Mundo de 1958.
Regras anacrônicas distorcem eleição - ROSÂNGELA BITTAR
VALOR ECONÔMICO - 15/08
A última pesquisa Ibope sobre eleições nas capitais mostrou a estagnação, uma ausência de movimento nas intenções de voto onde se imaginava que já fizera algum efeito o apoio de cabos eleitorais de importância fundamental. Por exemplo: em São Paulo, o candidato Fernando Haddad (PT) não reagiu, apesar de estar em campanha e super exposto na mídia jornalística desde o início do ano, a todo momento sendo citado como preferido do ex-presidente Lula. No Recife, o candidato do PT apoiado por Lula, Humberto Costa, até caiu com relação às intenções de voto iniciais, e o candidato do governador Eduardo Campos, o ex-secretário Geraldo Júlio, subiu. Em Belo Horizonte, a surpreendente definição da candidatura petista de Patrus Ananias, com apoio de Lula, Dilma e Michel Temer, apareceu com menos da metade das intenções de voto do candidato Márcio Lacerda, do PSB do governador Eduardo Campos, do Recife.Eram as três praças onde a unção do ex e da atual presidente, ambos popularíssimos, foi tão espalhafatosa quanto inócua, até o momento. A mídia jornalística, afirmam os entendidos, por mais engajada em uma candidatura, não tem o poder de mexer nas intenções de voto. O fenômeno notado na última pesquisa, porém, não vai se repetir e deve ser logo superado a partir do fim de agosto. No dia 30, já terão se passado quase duas semanas de propaganda eleitoral no rádio e televisão. E, principalmente nas grandes cidades, onde o eleitorado é maior, é difícil haver movimentos expressivos nas curvas de intenção de voto sem a televisão.
Em segundo lugar, há as peculiaridades locais. Se fosse Marta Suplicy a candidata do PT em São Paulo, ainda mais com o apoio de Lula, ela já teria muito mais seguidores do que tem hoje Haddad, pelo simples fato de que já é conhecida e o primeiro impulso já teria sido dado sem esperar a TV. Teria, pelo menos, os 28% de votos que, segundo o Datafolha, o PT tem em São Paulo.
O mercado deveria regular conflito de interesse em pesquisa
Hoje, a maioria desses votos está com Celso Russomano, em segundo lugar com José Serra e só em terceiro com Haddad. Quando informado de que seu candidato e o de Lula é outro, certamente esse contingente de eleitores irá correndo para Haddad.
O tamanho do horário eleitoral dito gratuito nas campanhas para prefeito, ainda por cima, é cinco vezes maior que o das campanhas para eleições presidenciais, de governador, Senador, deputado federal e estadual, porque há menos categorias com quem dividir o tempo, são só os prefeitos e vereadores. Portanto, blocos intermináveis de propaganda e, o mais eficiente, inserções ao longo de todo o dia, um tempo abusivo, mudarão tudo.
Muito do que tem Russomano, hoje, ainda é lembrança da exposição na televisão comercial, da mesma forma que é impossível Haddad não subir significativamente com o horário eleitoral.
No Recife, os números não ficaram tão rígidos, mas a mexida se deu porque, pelas peculiaridades locais, as pessoas notaram a proximidade da eleição: pela primeira vez, em muitos anos, o governador Eduardo Campos e o PT disputam eleições separados, e seu candidato, que não estava na consideração do eleitorado há até bem pouco tempo, subiu no espaço do racha do PT pernambucano.
No fim de agosto, porém, quando a cidade já tiver visto uns dez dias de propaganda na TV e no Rádio, o eleitorado vai se deparar com o fato de que há um candidato de Eduardo Campos e um candidato de Lula. Este, certamente, vai parar de cair, pelo menos. Os especialistas nesses movimentos recomendam não subestimar nem superestimar o peso do apoio de Lula, que sem dúvida é importantíssimo, mas definir o resultado é outra coisa, talvez não defina em várias cidades onde se empenha.
A situação na terceira grande praça onde o barulho foi grande e não correspondeu à mexida no status quo é Belo Horizonte, mas as razões apontadas pelos especialistas são outras. Ali se deu o fenômeno do candidato chamado "incumbente", o prefeito no cargo postulando a reeleição.
Quando pleiteou o cargo na eleição anterior, Lacerda, então um desconhecido, na primeira semana da propaganda eleitoral gratuita subiu nove pontos, um resultado que se espera para os desconhecidos deste ano logo que iniciada a propaganda na TV. Agora não precisa desse impulso, vamos ver se seus adversários se beneficiam da super-exposição.
Mais uma vez o Brasil vai às urnas com campanhas ainda moldadas por duas distorções provocadas pelo anacronismo da legislação eleitoral. Uma, essa do exagerado tempo de propaganda na TV e rádio que está longe de ser gratuito: o governo desonera as emissoras, a produção dos programas é o principal peso no orçamento das campanhas e os partidos compram tempo de TV através das coligações que, há muito, deixaram de ser convergência política ou ideológica, é um mero comércio, um mecanismo aquisitivo de espaço na propaganda. Há estudos que alimentam a corrida ao tempo de TV. Um trabalho realizado pelo sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, sobre a eleição de 2008, aponta que 75% dos candidatos vitoriosos tinham o primeiro ou o segundo tempo maior de televisão. Não é coincidência e por isso cada vez mais os partidos saem às compras de legendas, gênese de mensalões na política brasileira.
A segunda distorção que vai ficando no anacronismo da legislação, para ela não se vê razão a não ser a saciedade comercial de um segmento empresarial, são as pesquisas de duplo e dúbio interesse. A pesquisa é um trabalho, diz-se por aí, científico. Há publicações científicas internacionais, hoje, que adotam a informação sobre se aquele trabalho é passível de conflito de interesse, se está fazendo aquilo sob contrato de alguém, ou outros trabalhos sob patrocínio de algum interessado naquele. A simples menção de que os institutos deveriam revelar se têm contrato com partidos ou candidatos que possam conflitar com o trabalho dito científico o mundo desaba.
Ao contrário de criar novas restrições, muitos preferem a desregulação da publicação de pesquisas. Assim, grandes jornais grandes redes, como ocorre no exterior, não contratariam quem fizesse pesquisas para candidatos ou partidos. Lá fora, o próprio mercado foi se organizando e impondo a sua regulação. Aqui, a democracia é ainda experiência e pesquisadores se dão ao luxo de estranhar que certos candidatos e partidos existam na disputa.
A nova política econômica existe só nas intenções - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 15/08
A recuperação da economia está com boa perspectiva, ao menos no olhar do governo. O único problema é concretizar o que até agora são intenções.
O governo, sem reconhecer, ficou aberto às críticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e, agora, se mobiliza para dar à economia nacional as bases sem as quais ela não tem possibilidade de voltar a um ritmo de crescimento aceitável.
A presidente Dilma Rousseff declarou-se muito favorável à obtenção do superávit primário definido na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). No máximo, poderão ser abatidos os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que são tão diminutos que não deverão alterar muito o resultado final.
A melhor reação, bem tardia, é o reconhecimento de que o crescimento depende da taxa de Formação Bruta de Capital Fixo num mínimo de 20% do PIB. Para chegar a isso, o governo está anunciando um ambicioso programa de concessões para a construção de rodovias e estradas de ferro, projetos realizados por meio do sistema de Parcerias Público-Privadas (PPPs), que têm a vantagem de captar recursos financeiros do setor privado e ser administradas por grupos especializados da área privada. Isso deve permitir redução de custos e menor tempo de realização dos projetos.
Cabe, naturalmente, ao setor privado dar firme contribuição à elevação dos investimentos, e um passo importante acaba de ser dado nessa direção. As indústrias que se oferecerem para aumentar a participação de equipamentos nacionais, no caso da exploração do petróleo e das refinarias, podem contar com uma ajuda financeira importante do BNDES, e projetos nesse sentido já começam a nascer.
Numa indústria nacional em que 24% dos produtos finais oferecidos são bens importados, por causa da baixa competitividade da produção doméstica, era necessário que o governo desse atenção especial a esse problema. Assim, ofereceu a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em alguns produtos - o que não deveria ser pontual, mas generalizado - e ofereceu também, só para alguns setores, uma desoneração da folha de salários, em que os encargos serão pagos sobre o faturamento, permitindo, assim, aumento das vendas efetivas com flutuação sazonal.
A renovação da infraestrutura, cujo atraso eleva os custos das empresas (transporte rodoviário, ferroviário e portos), deveria aumentar a competitividade do País, enquanto se anuncia a redução do custo da eletricidade.
O quadro altamente positivo está aí. Mas, até agora, só no papel.
POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL UMA CAMBADA DE VAGABUNDOS
POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL É UMA CAMBADA DE VAGABUNDOS.
DEMISSÃO PARA ESSES FILHOS DA PUTA!
XINGAMENTOS NÃO ADIANTA, CONTINUAM SENDO V A G A B U N D O S
NÃO ESTAVA BÊBADO, MEU CARRO É NOVO, NÃO TINHA FUMADO, NEM FUI MULTADO.
AGORA, PARAR UMA ESTRADA POR MAIS DE 4 HS PARA FUDER O CIDADÃO, ISSO É COISA DE VAGABUNDO.
O PRF TAMBÉM CONHECIDO PELO ALCUNHA DE BOLEIROS, COM UMA ARMA NA CINTURA, ABUSA DA SUA AUTORIDADE CONTRA O CIDADÃO INDEFESO.
SÃO MOLEQUES VAGABUNDOS
MURILO O DONO BLOG!
DEMISSÃO PARA ESSES FILHOS DA PUTA!
XINGAMENTOS NÃO ADIANTA, CONTINUAM SENDO V A G A B U N D O S
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AGORA, PARAR UMA ESTRADA POR MAIS DE 4 HS PARA FUDER O CIDADÃO, ISSO É COISA DE VAGABUNDO.
O PRF TAMBÉM CONHECIDO PELO ALCUNHA DE BOLEIROS, COM UMA ARMA NA CINTURA, ABUSA DA SUA AUTORIDADE CONTRA O CIDADÃO INDEFESO.
SÃO MOLEQUES VAGABUNDOS
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Greves e democracia - HÉLIO SCHWARTSMAN
Folha de S. Paulo - 15/08
SÃO PAULO - Um bom jeito de aferir o grau de democracia de uma nação é ver como ela trata os seus grevistas. Nas ditaduras, paralisações costumam ser proibidas e a regra é implementada a ferro e fogo. Nos países medianamente livres, movimentos paredistas são, em tese, permitidos e a repressão vem na forma de perseguição e assassinato de lideranças. Já em nações de democracia real, mas imatura, como o Brasil, os grevistas fazem o que querem.
Como já escrevi neste espaço, não dá para impedir ou limitar as paralisações sem solapar as garantias mais básicas do Estado de Direito. Para fazer um sujeito comparecer ao trabalho contra a sua vontade, seria preciso resgatar ferramentas jurídicas criadas nos tempos da escravidão.
Daí não decorre que a população esteja condenada a dizer amém a tudo o que exigem os grevistas. Embora não possa obrigar ninguém a trabalhar, o Estado teria condições de reduzir os impactos negativos que as paralisações e os protestos trazem para a sociedade. Se descontar os dias dias parados, por exemplo, tende a encurtar a duração das greves. E não dá para dizer que essa medida seja autoritária ou antidemocrática.
Em setores sensíveis como a Anvisa e a PF, o poder público poderia até mesmo liberar as importações e suspender o controle de passaportes em caráter emergencial. É claro que isso facilitaria a vida de contrabandistas e foragidos. Mas não há muita dúvida de que esse risco é preferível ao de faltarem medicamentos ou de o cidadão ver frustrado seu direito de entrar e sair do país.
A verdade é que a atual legislação, ao tentar domesticar o conflito, obrigando os grevistas a manter serviços mínimos, mas proibindo o empregador de contratar substitutos, contribui para banalizar as paralisações. Faria mais sentido tornar as greves tão custosas para ambos os lados que, a exemplo das armas nucleares, só seriam utilizadas como último recurso.
Como já escrevi neste espaço, não dá para impedir ou limitar as paralisações sem solapar as garantias mais básicas do Estado de Direito. Para fazer um sujeito comparecer ao trabalho contra a sua vontade, seria preciso resgatar ferramentas jurídicas criadas nos tempos da escravidão.
Daí não decorre que a população esteja condenada a dizer amém a tudo o que exigem os grevistas. Embora não possa obrigar ninguém a trabalhar, o Estado teria condições de reduzir os impactos negativos que as paralisações e os protestos trazem para a sociedade. Se descontar os dias dias parados, por exemplo, tende a encurtar a duração das greves. E não dá para dizer que essa medida seja autoritária ou antidemocrática.
Em setores sensíveis como a Anvisa e a PF, o poder público poderia até mesmo liberar as importações e suspender o controle de passaportes em caráter emergencial. É claro que isso facilitaria a vida de contrabandistas e foragidos. Mas não há muita dúvida de que esse risco é preferível ao de faltarem medicamentos ou de o cidadão ver frustrado seu direito de entrar e sair do país.
A verdade é que a atual legislação, ao tentar domesticar o conflito, obrigando os grevistas a manter serviços mínimos, mas proibindo o empregador de contratar substitutos, contribui para banalizar as paralisações. Faria mais sentido tornar as greves tão custosas para ambos os lados que, a exemplo das armas nucleares, só seriam utilizadas como último recurso.
Não é hora - ANTONIO DELFIM NETTO
FOLHA DE SP - 15/08
A ideia escolar que os salários são proporcionais à produtividade marginal do trabalho é absolutamente falsa. A prova é visível. Brasília é, sem sombra de dúvida, onde é menor a produtividade do trabalho, mas ostenta os maiores salários do país!
Vemos armar-se um aparente tsunami reivindicatório de aumentos salariais. O apelo à greve é um direito do funcionalismo, mas é preciso haver responsabilidade e saber que há custos para eles, porque ela pune, basicamente, os direitos da população a quem deve servir.
Talvez seja interessante lembrar que, nos anos 80 do século passado, o Dasp (Departamento de Administração do Serviço Público) fazia pesquisas sobre níveis salariais do setor privado para tentar equiparar a eles os do setor público, ajustados pelo valor atual da vantagem da aposentadoria integral.
Nas funções mais claramente identificáveis e que exigiam mão de obra mais qualificada, os salários eram ligeiramente melhores do que os do setor privado. Talvez seja por isso que não existiam 10 milhões de candidatos preparando-se nos "cursinhos" de admissão do serviço público como hoje.
Em 1984 (quando o Brasil voltou a crescer 5,4% e já tinha superavit em conta-corrente), a situação salarial do funcionalismo estava equilibrada. A destruição do Dasp começou em 1986 e acabou gloriosamente em 1990. Desde então, cada grupo que se "ajeita", dispara uma corrida para a "equiparação" ou "isonomia" dos que se consideram "atrasados".
Essa balbúrdia facilitou a confusão, dando a impressão equivocada de que o caos precede a ordem. Mas, como ensina o velho ditado, "é nessa confusão que morre o Tesouro Nacional"...
Não é fácil avaliar a qualidade, a razoabilidade e a justiça em cada reivindicação dos improváveis 250 mil que se dizem estar em greve causando enormes inconvenientes para a sociedade. Mas, se o número for verdadeiro, ele é uma amostra representativa (40%) de todo o funcionalismo civil federal na ativa, que é de 640 mil.
Com base nela, a razoabilidade das exigências parece ser muito precária. O rendimento real do setor público total entre janeiro de 2005 e março de 2012 (7,25 anos) cresceu nada menos do que 4,8% ao ano, contra 2,1% no setor privado.
O número total de funcionários na ativa cresceu à taxa de 2,2% ao ano. A "renda real" apropriada pelo funcionalismo federal (marajás e bagrinhos) aumentou no período 7,0% ao ano, enquanto o PIB cresceu a 3,8% ao ano.
Num momento de dificuldades como o atual, eles têm todo o direito de reivindicar, mas o governo tem o dever de resistir em nome da estabilidade que beneficia os "excluídos" 196 milhões de cidadãos brasileiros!
A ideia escolar que os salários são proporcionais à produtividade marginal do trabalho é absolutamente falsa. A prova é visível. Brasília é, sem sombra de dúvida, onde é menor a produtividade do trabalho, mas ostenta os maiores salários do país!
Vemos armar-se um aparente tsunami reivindicatório de aumentos salariais. O apelo à greve é um direito do funcionalismo, mas é preciso haver responsabilidade e saber que há custos para eles, porque ela pune, basicamente, os direitos da população a quem deve servir.
Talvez seja interessante lembrar que, nos anos 80 do século passado, o Dasp (Departamento de Administração do Serviço Público) fazia pesquisas sobre níveis salariais do setor privado para tentar equiparar a eles os do setor público, ajustados pelo valor atual da vantagem da aposentadoria integral.
Nas funções mais claramente identificáveis e que exigiam mão de obra mais qualificada, os salários eram ligeiramente melhores do que os do setor privado. Talvez seja por isso que não existiam 10 milhões de candidatos preparando-se nos "cursinhos" de admissão do serviço público como hoje.
Em 1984 (quando o Brasil voltou a crescer 5,4% e já tinha superavit em conta-corrente), a situação salarial do funcionalismo estava equilibrada. A destruição do Dasp começou em 1986 e acabou gloriosamente em 1990. Desde então, cada grupo que se "ajeita", dispara uma corrida para a "equiparação" ou "isonomia" dos que se consideram "atrasados".
Essa balbúrdia facilitou a confusão, dando a impressão equivocada de que o caos precede a ordem. Mas, como ensina o velho ditado, "é nessa confusão que morre o Tesouro Nacional"...
Não é fácil avaliar a qualidade, a razoabilidade e a justiça em cada reivindicação dos improváveis 250 mil que se dizem estar em greve causando enormes inconvenientes para a sociedade. Mas, se o número for verdadeiro, ele é uma amostra representativa (40%) de todo o funcionalismo civil federal na ativa, que é de 640 mil.
Com base nela, a razoabilidade das exigências parece ser muito precária. O rendimento real do setor público total entre janeiro de 2005 e março de 2012 (7,25 anos) cresceu nada menos do que 4,8% ao ano, contra 2,1% no setor privado.
O número total de funcionários na ativa cresceu à taxa de 2,2% ao ano. A "renda real" apropriada pelo funcionalismo federal (marajás e bagrinhos) aumentou no período 7,0% ao ano, enquanto o PIB cresceu a 3,8% ao ano.
Num momento de dificuldades como o atual, eles têm todo o direito de reivindicar, mas o governo tem o dever de resistir em nome da estabilidade que beneficia os "excluídos" 196 milhões de cidadãos brasileiros!
Freud explica - SONIA RACY
O ESTADÃO - 15/08
Ex-FMI e hoje crítico do organismo, o economista declarou que, nas crises vividas pelos EUA nos anos 80 e em 2008, o governo evitou que os bancos americanos falissem. Como? Fixando o valor de seus ativos em um nível intermediário entre o valor de mercado e o valor contábil.
Freud 2
A operação acabou explicada pela tradutora do evento como “truchar las estadísticas”. Truchar, na gíria portenha, significa “falsificar”. Ouvindo isso, Cristina entusiasmou-se: “Si vamos a truchar, truchemos todos”, afirmou, frisando que, caso fosse presidente dos EUA, teria tomado a mesma decisão.
Detalhe: seu governo é acusado de manipular estatísticas.
No ar
Corre pelo mercado que Gol e Avianca estariam conversando.Ambas negam.
De olho
As 17 medalhas trazidas de Londres não deixaram Aldo Rebelo nem um pouco satisfeito. Pelo que a coluna apurou, o ministro do Esporte chegou ao Brasil dizendo que, a partir de agora, pretende aplicar o critério da meritocracia para distribuir recursos.
E mais: dará ênfase a atletas com até 20 anos de idade.
De olho 2
Amante dos esportes fez as contas. Pela quarta vez consecutiva, a América Latina, em conjunto, consegue… 56 medalhas em uma Olimpíada.
A região não arreda pé desse total desde Sydney-2000, passando por Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012.
Comida
E a Justiça do Trabalho bateu o martelo: o McDonald’s não pode mais servir… McDonald’s a funcionário de uma loja em São Bernardo do Campo.
De acordo com a decisão, a lanchonete deve fornecer vale-refeição ao empregado.
Comida 2
Para a Justiça, o lanche tem “elevado teor calórico e questionável valor nutritivo”. E não equivale a uma refeição.
A empresa informou ainda não ter sido notificada e que cumpre a legislação trabalhista.
Na frente
A Bienal elegeu ontem novo presidente de seu conselho: Tito Enrique da Silva Neto, ex-ABC Brasil.
Carina Duek é anfitriã de fashion party no Baretto. Hoje.
Gilles Lipovetsky, filósofo francês, participa, hoje, da conferência The New World of Luxury, no MuBe. No mesmo local, Claudio Diniz lança livro sobre luxo.
Mariana Oliveira lança seu primeiro livro infantil, Serafina Nunca Para. Domingo, na Livraria da Vila do JK.
A Frattina e a Cartier fervem em festas nas lojas da Oscar Freire e do Iguatemi. Até domingo.
E a diva do pop Madonna faz 54 anos hoje.
RESPOSTA AOS SERVIDORES - EDITORIAL ZERO HORA
ZERO HORA - 15/08
Depois de ter recorrido até mesmo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, num esforço para conter o ímpeto dos servidores federais que paralisaram as atividades, particularmente os ligados a sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), o governo da presidente Dilma Rousseff começa finalmente a esboçar uma resposta firme aos grevistas.
O recado, claro, é de que serão priorizadas categorias com maior defasagem e menores ganhos, não as mais ruidosas e com maior poder de pressão. Além disso, o Planalto ameaça descontar os dias parados e não admite qualquer possibilidade de um índice de 22%, como o pretendido em média pelos funcionários. Parece justo. Os servidores não devem ser tratados como inimigos dos cidadãos, mas também não podem se constituir em casta privilegiada.
Cruzar os braços é um direito de qualquer trabalhador, inclusive do setor público. Por isso, a sociedade não pode culpar os grevistas nem o governo por tolerar o movimento. Ao contrário do que costuma ocorrer na iniciativa privada, porém, na esfera governamental os servidores param quando querem, muitas vezes sem se preocupar em garantir um mínimo das atividades em funcionamento.
Ao mesmo tempo, dificilmente sofrem qualquer punição, nem mesmo o desconto dos dias não trabalhados, o que volta novamente agora como ameaça. A leniência se mantém porque o Congresso, integrado em boa parte por lobistas de servidores, até hoje não se dispôs a regulamentar devidamente a lei de greve na área governamental.
O mesmo Congresso tem um papel relevante a desempenhar neste momento em que milhares de servidores se mantêm parados, enquanto categorias influentes prometem aumentar a pressão nos próximos meses, como é o caso de bancários e petroleiros. Por mais que as reivindicações sejam legítimas, o quadro funcional foi mais do que privilegiado no governo anterior, gerando consequências que se tornam mais visíveis em momentos de dificuldades econômicas como o atual.
Desde então, o total de funcionários saltou de 485 mil para 573 mil. Além disso, a média do custo por servidor ampliou-se em 170%, enquanto a inflação do período limitou-se a 70%, criando um descompasso perigoso.
A sociedade, que é quem financia o pagamento do funcionalismo com o valor dos impostos, não pode arcar com o ônus da descontinuidade dos serviços, alguns deles de competência exclusiva do governo federal. Quando isso ocorre, o contribuinte perde duplamente: primeiro por deixar de ser atendido e, depois, pelo fato de recursos tão escassos para áreas essenciais ficarem sem controles mínimos, dando ainda mais margem a deformações.
Depois de ter recorrido até mesmo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, num esforço para conter o ímpeto dos servidores federais que paralisaram as atividades, particularmente os ligados a sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), o governo da presidente Dilma Rousseff começa finalmente a esboçar uma resposta firme aos grevistas.
O recado, claro, é de que serão priorizadas categorias com maior defasagem e menores ganhos, não as mais ruidosas e com maior poder de pressão. Além disso, o Planalto ameaça descontar os dias parados e não admite qualquer possibilidade de um índice de 22%, como o pretendido em média pelos funcionários. Parece justo. Os servidores não devem ser tratados como inimigos dos cidadãos, mas também não podem se constituir em casta privilegiada.
Cruzar os braços é um direito de qualquer trabalhador, inclusive do setor público. Por isso, a sociedade não pode culpar os grevistas nem o governo por tolerar o movimento. Ao contrário do que costuma ocorrer na iniciativa privada, porém, na esfera governamental os servidores param quando querem, muitas vezes sem se preocupar em garantir um mínimo das atividades em funcionamento.
Ao mesmo tempo, dificilmente sofrem qualquer punição, nem mesmo o desconto dos dias não trabalhados, o que volta novamente agora como ameaça. A leniência se mantém porque o Congresso, integrado em boa parte por lobistas de servidores, até hoje não se dispôs a regulamentar devidamente a lei de greve na área governamental.
O mesmo Congresso tem um papel relevante a desempenhar neste momento em que milhares de servidores se mantêm parados, enquanto categorias influentes prometem aumentar a pressão nos próximos meses, como é o caso de bancários e petroleiros. Por mais que as reivindicações sejam legítimas, o quadro funcional foi mais do que privilegiado no governo anterior, gerando consequências que se tornam mais visíveis em momentos de dificuldades econômicas como o atual.
Desde então, o total de funcionários saltou de 485 mil para 573 mil. Além disso, a média do custo por servidor ampliou-se em 170%, enquanto a inflação do período limitou-se a 70%, criando um descompasso perigoso.
A sociedade, que é quem financia o pagamento do funcionalismo com o valor dos impostos, não pode arcar com o ônus da descontinuidade dos serviços, alguns deles de competência exclusiva do governo federal. Quando isso ocorre, o contribuinte perde duplamente: primeiro por deixar de ser atendido e, depois, pelo fato de recursos tão escassos para áreas essenciais ficarem sem controles mínimos, dando ainda mais margem a deformações.
Argentina padece com estilo chavista de Cristina - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 15/08
O metrô de Buenos Aires voltou a funcionar após dez dias. O retorno ao trabalho foi possível graças a um acordo provisório que deu 23% de aumento salarial (os trabalhadores querem 28%, para repor a inflação efetiva). No pano de fundo, é uma disputa entre a presidente Cristina Kirchner e o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, adversário e candidato às eleições presidenciais de 2015. Cristina quer repassar à prefeitura o metrô, que exige investimentos pesados para se modernizar. O prefeito evita assumi-lo, e o usuário paga o preço. Macri denunciou a “chavização do país”. Não é o primeiro a fazê-lo. Ele classificou o episódio do metrô como “uma estratégia da Casa Rosada para destruir um poder político independente, da mesma forma como o presidente venezuelano atua em relação a seus opositores”.
O casamento de chavismo com kirchnerismo permeia o debate sobre a reeleição da presidente. A Constituição permite apenas uma, que já ocorreu, mas aliados da Casa Rosada defendem uma reforma constitucional que permita o terceiro mandato. O que restabeleceria o plano de Néstor Kirchner de o casal K permanecer anos a fio no poder, interrompido com a morte do ex-presidente. Outro projeto de figurino chavista.
Decisões judiciais abrem frestas no muro que o governo K ergue contra a liberdade de imprensa. Uma delas suspendeu a decisão de intervir na Cablevisión, principal operadora de TV a cabo da Argentina, em mais um round da luta do governo contra o Grupo Clarín, um dos maiores no setor de mídia do país, e que ela gostaria de silenciar, por independente. A segunda intimou o Estado a cumprir sentença que mandou incluir o Editorial Perfil (jornal e revistas) na distribuição de publicidade oficial. Esta é outra forma de desidratar grupos de comunicação “inimigos”: não lhes repassar publicidade oficial com que são agraciados veículos “amigos”.
Sobram desmandos. Recentemente, veio a público a iniciativa da Casa Rosada de permitir que presos comuns deixem o cárcere para “fins culturais” e “militar”. O que leva um governo a soltar presidiários para participar de eventos? Engrossar os comícios da presidente e, se for preciso, arranjar confusão e promover tumultos.
O fato de o patrimônio da família ter se multiplicado por nove desde 2003 diz muito sobre seu espírito público. Que foi involuntariamente resumido por Cristina na frase “si vamos a truchar, truchemos todos” (“se vamos falsificar, falsifiquemos todos”), justificando implicitamente a manipulação da inflação. Ocorreu numa palestra do economista Joseph Stiglitz, que destacou a necessidade de “os governos terem agência de estatísticas independentes”.
Com isso, cai a credibilidade da Argentina, que está apenas em sexto no ranking do investimento externo na região, apesar de ser a terceira maior economia latino-americana. A única certeza diante do futuro é que a chavização argentina criará mais problemas para o Brasil no Cone Sul.
Comida indigesta - ANDRÉ MELONI NASSAR
O ESTADÃO - 15/08
Com perdão da brincadeira, carnes de frango e suíno são o recheio de um sanduíche com milho e farelo de soja empurrando-as, de um lado, e o varejo segurando-as, de outro. Quando nos lembramos de que frango e porco, duas das formas mais eficientes de produção de proteína animal, são vorazes comedores de milho e farelo, entendemos por que essa indescritível subida nos preços dos produtos-base para as rações tem tudo que ver com a vida de cada brasileiro. É uma comida indigesta.
Milho e farelo de soja são a base da alimentação da grande maioria dos animais que faz parte da nossa vida. É surpreendente verificar como somos dependentes e comensais indiretos desses produtos. Seja na forma de carne de frango, porco e bovina (cada vez mais o gado de corte brasileiro come rações), seja nos ovos que utilizamos para fazer doces e massas, seja no leite que adultos e crianças tomam todos os dias, seja na ração que damos a nossos pets, todo o alimento que os animais ingerem se resume a milho (em grão ou o pé inteiro) e farelo de soja.
De todos os impactos que os altos preços de milho e soja, fruto de uma das mais frustradas safras norte-americanas nos últimos 70 anos, trarão ao mercado e ao dia a dia das pessoas, além dos óbvios benefícios para quem produz essas lavouras, o mais relevante e significativo é o aumento do custo de produzir proteína animal. Os casos mais emblemáticos, porém, são as carnes de frango e suína.
A carne de frango que cada brasileiro consome (0,9 kg por semana) é, no bom sentido, uma máquina de processar e converter energia e proteína, na forma de biomassa, em carne. Em média, cada frango no Brasil é abatido com 2,5 kg (frango vivo), depois de 41 dias de intensa vida de consumo de milho e farelo de soja. O desenvolvimento tecnológico na produção de frango é surpreendente. Os frangos modernos são capazes de converter 1,8 kg de ração em 1 kg de carne. Quando eu nasci, 40 anos atrás, eram necessários 2,15 kg de ração para produzir 1 kg de carne.
O porco, que tem um sistema digestivo semelhante ao frango e por isso ambos eles são chamados de animais monogástricos, é também muito eficiente na produção de carne a partir da energia do milho e da proteína da soja. Atualmente se abate um porco de 5,5 meses de idade com cerca de 110 kg. A capacidade de conversão alimentar do suíno é de 2,8 kg de ração para 1 kg de carne. O suíno, em toda a sua vida, engorda, surpreendentemente, 660 gramas por dia. Assim, embora sejamos dependentes de milho e farelo, hoje somos muito menos do que fomos no passado.
Não existem formas de transformação de dois produtos não diretamente comestíveis pelo ser humano (milho e soja) em proteínas plenamente digestíveis do que frango e suíno. Assim, se frango e suíno estão sofrendo com essa alta dos preços, é porque precisamos refletir mais seriamente sobre os seus impactos.
O 1,8 kg e os 2,8 kg de ração que frango e porco consomem para produzir, respectivamente, 1 kg de carne são, em volume, 60% de milho (fonte de energia para o animal) e 30% de farelo de soja (fonte de proteína). Em custo, os dois ingredientes somam 70%. A partir daí fica fácil fazer a conta. Para cada 1% de aumento no preço de milho e soja, os custos de frango e suíno sobem, grosso modo, 0,7%. Em um mês e meio (início de julho até hoje) os preços de milho e farelo de soja no Brasil subiram ao redor de 25%, puxando os custos de frango e suíno para cima. O consumidor brasileiro certamente vai sentir esse aumento de custos no bolso.
Esse aumento, no entanto, tem de ser entendido de forma relativa pelos consumidores brasileiros. Primeiro, porque será um aumento de um tiro só, ou seja, os preços vão subir para corrigir os custos e recuperar margens e, se estabilizarão. Segundo, porque nenhum brasileiro quer ver a sua indústria de frango e porco entrar em colapso, o que certamente ocorreria caso os preços não fossem corrigidos, porque eles estão na base do nosso consumo de proteína.
O Brasil, graças ao seu vasto e diversificado território e a um agro comercial e familiar extremamente desenvolvido, terá entre os seus consumidores aqueles que menos sofrerão com os elevados preços internacionais do milho e do farelo de soja. Acredito que se os preços das carnes vão subir por aqui, vão subir ainda mais naquelas nações que ou importam milho e soja (nós somos exportadores) ou importam carne diretamente (somos exportadores também). Ser um produtor competitivo e exportador no momento de crise de preços faz enorme diferença para os consumidores de um país.
Sendo exportador, os preços no mercado doméstico, isto é, os que são pagos pelos consumidores locais, tendem a ser mais baixos que os preços internacionais. Ninguém consegue exportar um produto que seja mais caro que o preço que o importador está disposto a pagar. Além disso, um exportador de milho, soja e carnes, como nós, diante de um aumento de preços originado por motivos fora do controle dos governos, consumidores e produtores, como é o caso da seca nos Estados Unidos, é o que responde mais rapidamente com aumento de produção. Isso significa que serão os consumidores brasileiros os que mais rapidamente se beneficiarão com a queda dos preços quando a produção de soja e milho se recuperar.
Não há dúvida de que os elevados preços são uma grande oportunidade para os produtores de milho e soja. Cabe a eles fazer uso racional da bonança que se desenha e, claro, imaginar que ela deverá acabar num futuro não muito distante. Ao mesmo tempo, não há como negar que a bonança de milho e soja é a penúria de frango e porco e que o cerca de 1,5 milhão de pessoas envolvidas na produção de ambas essas carnes ajudam a alimentar os outros 188,5 milhões de brasileiros.
Permitir que os produtores de frango e porco escapem com vida desta crise é, portanto, obrigação de todos.
Lula lá - DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 15/08
Para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e para seu antecessor Antonio Fernando de Souza, autor da denúncia, tanto faz como tanto fez se o advogado de Roberto Jefferson considera a peça de acusação nula por falha de origem: a não inclusão do então presidente Luiz Inácio da Silva como mandante do conjunto de crimes ora em exame no Supremo Tribunal Federal.
Para os ministros que julgarão os réus culpados ou inocentes, da mesma forma pouco afeta o alerta sobre o "risco" de a população voltar-se contra o STF em caso de absolvições, por "culpa" de aludida omissão do Ministério Público.
Nenhum deles vive de votos nem está em jogo no processo. Não dependem profissionalmente do que deles se diga, tampouco são personagens explícitos ou implícitos dessa trama. Portanto, se a ideia do advogado era expor a acusação e sensibilizar os julgadores, desperdiçou seus talentos.
Agora, se por algum motivo a intenção era deixar exposto o ex-presidente ao constrangimento de se ver no centro de uma cena a cujo desmonte prometeu se dedicar, cumpriu seu intento.
Não porque tenha necessariamente fé a afirmação do advogado de que Lula não apenas sabia de todo o esquema - "safo que é" - como teria de ser enquadrado como mandante dos crimes.
O embaraço ao ex-presidente é ver-se em destaque como alvo de ação penal por improbidade administrativa na Justiça Federal junto com um ex-ministro da Previdência demitido na ocasião por suspeita de imprevidências, e personagem de relato sobre uma medida provisória e um decreto que favoreceram os bancos (BMG e Rural) onde o PT obteve questionáveis empréstimos na operação do mercado de crédito consignado.
O relato desse e de outros advogados que igualmente citaram o ex-presidente como beneficiário de ações dos acusados não põe Lula em julgamento, mas o integra a um ambiente do qual havia se distanciado e quebra o tabu da inviolabilidade de sua majestade.
Inútil paisagem. A CPI do Cachoeira aprovou ontem nova série de convocações, chamando novamente o bicheiro e marcando a data do depoimento de Fernando Cavendish, da Delta.
Pura perda de tempo e energia se a comissão não mudar seus procedimentos e continuar permitindo que convidados e convocados fiquem calados para em seguida serem dispensados.
A CPI dá a nítida impressão de que cumpre tabela até o encerramento oficial dos trabalhos, com o propósito explícito de evitar que as pessoas falem para não ferir interesses mútuos de partidos. De governo e oposição.
Rigor virtual. O governo fez pouco caso da greve do funcionalismo. Apostou no recuo e assistiu ao avanço crescente das paralisações. Se a presidente não quer ceder, é uma decisão que, no entanto, não está levando em consideração o lado de quem paga a conta.
Uma queda de braço desequilibrada, pois a população sofre o prejuízo e os grevistas seguem medindo forças sem que o governo aja com efetivo rigor permitido por decisão judicial que os submete às mesmas regras válidas para o setor privado.
É de se observar por quanto tempo a presidente e seus conselheiros de imagem julgarão conveniente adiar o enfrentamento de problemas até que se transformem em problemões.
O modelo pode servir à construção do perfil de durona, mas, como não serve para resolver as coisas, ao longo do tempo acaba resultando em impressão de inanição decisória.
Salvo conduto. No oficial o Palácio desmente. No paralelo é o que se ouve de quem frequenta o Planalto: haverá condenações no STF, alcançarão os peixes graúdos do núcleo político e já que é para ser assim, para o governo tanto melhor que assim seja.
Seria mais um item para o "atestado" de que na era Dilma não grassa a impunidade.
Para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e para seu antecessor Antonio Fernando de Souza, autor da denúncia, tanto faz como tanto fez se o advogado de Roberto Jefferson considera a peça de acusação nula por falha de origem: a não inclusão do então presidente Luiz Inácio da Silva como mandante do conjunto de crimes ora em exame no Supremo Tribunal Federal.
Para os ministros que julgarão os réus culpados ou inocentes, da mesma forma pouco afeta o alerta sobre o "risco" de a população voltar-se contra o STF em caso de absolvições, por "culpa" de aludida omissão do Ministério Público.
Nenhum deles vive de votos nem está em jogo no processo. Não dependem profissionalmente do que deles se diga, tampouco são personagens explícitos ou implícitos dessa trama. Portanto, se a ideia do advogado era expor a acusação e sensibilizar os julgadores, desperdiçou seus talentos.
Agora, se por algum motivo a intenção era deixar exposto o ex-presidente ao constrangimento de se ver no centro de uma cena a cujo desmonte prometeu se dedicar, cumpriu seu intento.
Não porque tenha necessariamente fé a afirmação do advogado de que Lula não apenas sabia de todo o esquema - "safo que é" - como teria de ser enquadrado como mandante dos crimes.
O embaraço ao ex-presidente é ver-se em destaque como alvo de ação penal por improbidade administrativa na Justiça Federal junto com um ex-ministro da Previdência demitido na ocasião por suspeita de imprevidências, e personagem de relato sobre uma medida provisória e um decreto que favoreceram os bancos (BMG e Rural) onde o PT obteve questionáveis empréstimos na operação do mercado de crédito consignado.
O relato desse e de outros advogados que igualmente citaram o ex-presidente como beneficiário de ações dos acusados não põe Lula em julgamento, mas o integra a um ambiente do qual havia se distanciado e quebra o tabu da inviolabilidade de sua majestade.
Inútil paisagem. A CPI do Cachoeira aprovou ontem nova série de convocações, chamando novamente o bicheiro e marcando a data do depoimento de Fernando Cavendish, da Delta.
Pura perda de tempo e energia se a comissão não mudar seus procedimentos e continuar permitindo que convidados e convocados fiquem calados para em seguida serem dispensados.
A CPI dá a nítida impressão de que cumpre tabela até o encerramento oficial dos trabalhos, com o propósito explícito de evitar que as pessoas falem para não ferir interesses mútuos de partidos. De governo e oposição.
Rigor virtual. O governo fez pouco caso da greve do funcionalismo. Apostou no recuo e assistiu ao avanço crescente das paralisações. Se a presidente não quer ceder, é uma decisão que, no entanto, não está levando em consideração o lado de quem paga a conta.
Uma queda de braço desequilibrada, pois a população sofre o prejuízo e os grevistas seguem medindo forças sem que o governo aja com efetivo rigor permitido por decisão judicial que os submete às mesmas regras válidas para o setor privado.
É de se observar por quanto tempo a presidente e seus conselheiros de imagem julgarão conveniente adiar o enfrentamento de problemas até que se transformem em problemões.
O modelo pode servir à construção do perfil de durona, mas, como não serve para resolver as coisas, ao longo do tempo acaba resultando em impressão de inanição decisória.
Salvo conduto. No oficial o Palácio desmente. No paralelo é o que se ouve de quem frequenta o Planalto: haverá condenações no STF, alcançarão os peixes graúdos do núcleo político e já que é para ser assim, para o governo tanto melhor que assim seja.
Seria mais um item para o "atestado" de que na era Dilma não grassa a impunidade.
'O povo não é bobo', lembra-se, Lula? - JOSÉ NÊUMANNE
O ESTADÃO - 15/08
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que é homem de confiança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o mais próximo auxiliar da presidente Dilma Rousseff, já pontificou que o "mensalão" não terá influências maléficas sobre os candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições municipais deste ano. Depois dele, o presidente nacional do partido do governo, Rui Falcão, também menosprezou eventuais prejuízos a seus militantes, porque o brasileiro comum estaria mais interessado na Olimpíada e no arrasa-quarteirão das 9 da noite na Globo, a telenovela Avenida Brasil. Um pode ter razão; o outro, não.
De qualquer maneira, se ambos raciocinam de forma correta, perde qualquer sentido a cruzada de Lula tentando convencer ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a adiar o julgamento a pretexto de não "contaminar" o processo eleitoral. Ainda que se acredite na versão do ex-presidente de que ele tenha marcado um encontro com o ministro Gilmar Mendes no escritório do amigo comum Nelson Jobim para discutir o sexo dos anjos ou o que viria a paralisar Fabiana Murer na hora de saltar nos Jogos de Londres, não dá para negar o vídeo que Rui Falcão inseriu no site do PT fazendo o mesmo apelo. Se os debates no Supremo não prejudicam os petistas e o eleitor não está ligando para o que neles se debate, por que, então, se pretendeu adiá-los?
Teremos de esperar para saber se, no caso de as eleições serem disputadas antes de o julgamento terminar, os candidatos petistas serão prejudicados por uma condenação generalizada de seus militantes ou ajudados pela absolvição deles. Pelo andar da carruagem, não é improvável que o veredicto seja dado depois da consulta às urnas. Mas não é impossível - embora seja pouco provável - que, antes da decisão do STF, os eleitores votem sob influência do conhecimento adquirido com a divulgação dos fatos trazidos de volta a lume. E isso nada tem que ver com pressão da opinião pública sobre o Judiciário, certo?
Haja o que houver, o noticiário sobre a acusação do procurador-geral, Roberto Gurgel, e a defesa dos advogados dos 38 réus já pode trazer uma contribuição efetiva e muito rica para o debate institucional no Brasil. É salutar que se exija, como se exige, numa República tão assolada pelos surtos autoritários, o respeito ao indivíduo, que só é completo com a prática do amplo, geral e irrestrito direito à defesa, com base no ancestral favorecimento do réu pela dúvida, como preconizavam os romanos e o ex-presidente Lula, neste caso sendo o réu um fiel devoto da crença nele. Mas respeitar a presunção de inocência não é tornar dogmas argumentos da defesa e estigmatizar como diabólicos os da acusação.
Segundo pesquisa do Datafolha, 73% dos brasileiros acreditam na culpa dos réus. Isso significa, obviamente, que quase três quartos da população consultada pelo instituto entendeu a narrativa lógica e encadeada dos fatos que fizeram o ex-procurador-geral Antônio Fernando de Souza encaminhar o caso a julgamento e seu sucessor, Roberto Gurgel, formalizar a acusação. E também que não se deixaram impressionar por volteios retóricos e, às vezes, meramente semânticos com que os advogados tentaram desconstruí-la e até desmoralizá-la.
O Zé Mané da favela distingue com mais clareza do que os juristoides de plantão a diferença entre plena defesa e impunidade total. Se só 11% acham que, inculpados, os réus cumprirão pena em prisão, não é porque a quase totalidade acha que eles não mereçam punição, mas por conhecimento de causa sobre a justiça real a que todos têm acesso. Isso tem o lado positivo de confirmar o que os metalúrgicos sob comando de Lula bradavam nas greves do ABC: "O povo não é bobo". Mas também transmite uma inquietante sensação de consciência da impunidade, que se alastra pela sociedade. Quem acredita na culpa, mas não na pena, pode se perguntar: "E por que não eu?".
Rui Falcão - cujos companheiros do PT tentam impedir o uso do noticiário do julgamento na propaganda eleitoral e chegam ao ridículo de querer obrigar os meios de comunicação a trocar "mensalão" por Ação Penal 470 - está mais certo, pois, do que seu alter ego. Este aposta na Olimpíada, que acabou três meses antes do pleito, e na novela para desviar a atenção do eleitor dos "malfeitos" dos companheiros. Os dois juntos e Gilberto Carvalho devem ter tomado um susto quando descobriram que a crença na culpa de sua turma é semelhante à audiência do folhetim eletrônico e à indiscutível popularidade de Lula. E este se assustará ainda mais ao perceber que, do rebanho fiel que lhe devota amor e fé, quatro em cada cinco entrevistados aceitam a tese defendida pelos procuradores-gerais de que foi dinheiro público que comprou apoio político. E mais grave: só 7% dizem aceitar a hipótese de que foi "só caixa 2".
Dificilmente a pesquisa mudará o destino dos réus, pois juízes experientes como os ministros do STF não deverão se deixar influenciar pela opinião da massa inculta e distante. Cada um dos 11 teve sua convicção formada ao longo dos sete anos de debate em torno do momentoso escândalo. Mas, ao registrar o pulso do brasileiro comum, a pesquisa presta o grande serviço de mostrar que o cidadão pode sentir-se indefeso e impotente diante de um sistema político que finge representá-lo e o despreza, mas não se deixa enganar com facilidade.
E caberá aos supremos julgadores não perderem de vista a oportunidade de devolver ao cidadão o protagonismo que o regime diz que ele tem, mas na prática lhe nega. A missão do STF, a ser cumprida antes ou depois das eleições, será provar que, como o brasileiro comum, não se deixa lograr por lorotas políticas e chicanas jurídicas que criam um Dirceu inválido na chefia da Casa Civil e um Delúbio inocente útil nas mãos de um espertalhão. Sob pena de verem Papai Noel descer do trenó na Praça dos Três Poderes para apresentar as alegações finais.
PRINCIPESCO - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 15/08
TCHAU, USP!
A Universidade de São Paulo está realizando pesquisa com ex-alunos que abandonaram seus cursos de graduação antes de se formar. Os índices de evasão são considerados preocupantes. Um levantamento parcial mostra até agora que, em várias faculdades, ele é bem mais alto que os 15% constatados em 2006. Na USP Leste, que já divulgou os dados, chegou a 37% em 2011.
DE VOLTA
O resultado final será divulgado em dois meses. E será "o primeiro que investiga as razões da evasão com mais profundidade e detalhamento", segundo a Pró-reitoria de Graduação. Uma das hipóteses levantadas, e apresentada aos ex-alunos, é a de que estudantes beneficiados por políticas públicas como a do ProUni optem por uma faculdade privada mesmo depois de ingressar na USP.
COTA
A USP pergunta também aos ex-alunos, em questionários enviados por e-mail, se eles foram beneficiados por políticas de cotas em outras universidades.
NA JANELA
O PT discute a hipótese de Dilma Rousseff gravar ao menos uma fala, ainda que discreta, para o programa eleitoral de Fernando Haddad, candidato à Prefeitura de SP, que vai ao ar no fim do mês. O marqueteiro da campanha, João Santana, que está na Venezuela, deve discutir o assunto com ela quando voltar de viagem.
NA JANELA 2
A ideia inicial dele era poupar Dilma para o segundo turno da campanha, apresentando antes Haddad como "candidato do Lula". O PT acha importante, no entanto, um gesto político que mostre para "a militância" e outros partidos que a presidente apoia o ex na tarefa de eleger Haddad.
TRISTE
O estado emocional de José Genoino, réu no processo do mensalão, preocupa seus amigos mais próximos.
Quase sempre trancado em casa, o ex-deputado está deprimido e muito ansioso com o resultado.
I LOVE YOU
Zilu e Zezé Di Camargo jantaram juntos anteontem na casa deles em Alphaville, em SP. Zilu falava inglês para mostrar o que aprendeu em sua temporada em Miami. O cantor anunciou recentemente a separação da mulher. Ela ainda não se pronunciou. Os dois continuam morando na mesma casa.
BENHÊ
E ontem Zilu e Zezé continuavam chamando um ao outro de "bem".
FRISA FRIA
Frequentadores da Sala São Paulo planejam abaixo-assinado contra o pouco uso do camarote da Secretaria Estadual da Cultura. Em recentes concertos com lotação esgotada, o espaço do órgão estava vazio. O secretário Marcelo Araujo diz que conversará com a Osesp para pôr à venda esses assentos vagos.
MERITÍSSIMAS
Cresceu a presença de mulheres nos tribunais trabalhistas. As juízas são maioria em oito das 24 regiões judiciais -o recorde é SP, com 62% de quórum feminino, e a pior média é em Alagoas, onde elas são só 34%. Quando se fala de desembargadoras, a diferença é mais drástica: não há nenhuma em Mato Grosso do Sul, e 64% de mulheres na 11ª região, que representa Roraima e Amazonas. O levantamento está no recém-lançado "Anuário da Justiça do Trabalho 2012".
PRIMAVERA ÁRABE
A mostra "Pulso Iraniano", que levou 13 mil pessoas ao Oi Futuro no Rio, em 2011, abre em setembro no Sesc Vila Mariana, em SP. São 70 fotos e 32 vídeos de artistas contemporâneos do Irã.
SUCURSAL GLOBAL
A maquiadora Juliana Rakoza e os atores globais Daniel Rocha, Débora Nascimento e Nathalia Dill foram ao restaurante Chez MIS, em SP, para evento de grife de acessórios.
A MODA TÁ NA MODA
Os estilistas Lino Villaventura e Gloria Coelho foram à Faap neste fim de semana para a abertura da mostra "Moda no Brasil". A presidente do conselho curador da fundação, Celita Procópio de Carvalho, também esteve lá.
CURTO-CIRCUITO
João Batista de Andrade será o novo presidente do Memorial da América Latina de São Paulo.
Gilles Lipovetsky participa hoje da Conferência Internacional sobre Luxo, no MuBE. No dia, Claudio Diniz lança o livro "O Mercado do Luxo no Brasil".
Bazinho Ferraz, da XYZ Live, recebe neste fim de semana o Prêmio Lide de marketing empresarial.
O estilista Sandro Barros apresenta hoje sua coleção de verão, "African Elegance", em seu ateliê, nos Jardins, às 16h.
A Orquestra Jovem do Estado desembarca hoje na Alemanha para dois concertos no festival MDR Musiksommer.
com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, CHICO FELITTI e LÍGIA MESQUITA
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 15/08
Greve ameaça estoques de genéricos, diz entidade
Os estoques das fábricas de medicamentos genéricos desceram a níveis preocupantes devido à greve da Anvisa, segundo a Pró Genéricos (associação do setor).
Cerca de 90% dos remédios da categoria vendidos no Brasil são produzidos no próprio país, porém, o receio de desabastecimento recai sobre a matéria prima.
De acordo com a entidade, aproximadamente 70% dos insumos são importados.
"As unidades produtivas começam a se ressentir. Todos os nossos associados externaram preocupação", afirma Telma Salles, presidente da entidade.
"Mesmo quando uma greve termina, os reflexos dela ainda se prolongam", diz.
Separadamente, as empresas não divulgam informações sobre seus estoques por questões estratégicas.
Os níveis usados como margem de segurança são diferentes em cada companhia.
"Se a greve permanecer por mais um mês, deve haver problemas de desabastecimento", afirma a executiva.
O risco é de fechamento de fábricas, segundo o Sindusfarma (sindicato do setor).
"Muitas empresas estavam operando com liminar", afirma Salles.
Entre os produtos mais vendidos na categoria estão os de uso contínuo.
A Anvisa informou ontem que a maior parte dos servidores do órgão já retomaram as atividades e que "em breve" as inspeções para liberação de produtos da área de saúde e medicamentos "estarão normalizadas".
A agência, por meio de sua assessoria de imprensa, não precisou, no entanto, um prazo para que o serviço seja regularizado.
"Quando uma greve termina, os reflexos dela ainda se prolongam"
TELMA SALLES
presidente da Pró Genéricos
QUALIFICAÇÃO INTERNA
Os empregadores ingleses e americanos acham que precisam ajudar na redução do índice de desemprego de seus países, de acordo com pesquisa feita pela EIU (Economist Intelligence Unit).
Entre os entrevistados, 63% acreditam que suas companhias precisam oferecer mais treinamento para qualificar os que procuram emprego. Apenas 30%, porém, disseram que a empresa aumentou o investimento em qualificação nos últimos dois anos. Quase 20% afirmaram que os aportes diminuíram.
Para 75% dos ouvidos, os trabalhadores deveriam procurar treinamento sozinhos. Quase metade (45%) disse que é o governo que deve trabalhar com organizações privadas para oferecer os cursos.
Uma mesma parcela (45%) afirmou que as companhias precisam trabalhar com instituições de ensino para aumentar as chances de os desempregados conseguirem uma vaga.
Voo... O Prime Fraction Club, clube de compartilhamento de bens de luxo como aviões, helicópteros, barcos e carros, terá em sua frota mais uma aeronave, o Legacy 500. O jato tem previsão de entrega e início de operação em 2014.
...mais alto O investimento da empresa na aquisição da aeronave é da ordem de US$ 20 milhões. Com o novo ativo, a companhia passa a ter um avião com capacidade para realizar voos intercontinentais e levar até nove passageiros, além da tripulação.
Painéis... A Rede Elemidia, de mídia digital, que atua com instalação de painéis em locais de espera como elevadores, se expandirá este ano.
...tecnológicos Com foco no interior, serão investidos R$ 6 milhões na rede, além do aporte dos franqueados. A empresa está em 55 municípios no Brasil e na Argentina.
Fabril A cearense Delfa, que produz bojos para sutiãs e biquínis, vai construir uma fábrica em Itamaraju, na Bahia, que deve operar em 2013.
POUCA TINTA
O PIB da indústria gráfica diminuiu 0,6% no primeiro semestre deste ano, ante igual período de 2011, segundo a Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica).
"É um setor que tem grande correlação com a situação econômica do país", diz o presidente da associação, Fabio Arruda Mortara.
O segmento de livros é o que mais preocupa as gráficas. "O crescimento da importação do produto nos últimos 18 meses reduziu o nível de emprego."
No primeiro quadrimestre de 2001, US$ 41,6 milhões em livros foram importados. No mesmo período deste ano, foram US$ 47,6 milhões.
Entre junho de 2011 e junho de 2012, 1.287 vagas foram fechadas (1,2% do total).
Estados Unidos e China são os principais exportadores.
O apagador de incêndios - MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 15/08
O Fundo Garantidor de Crédito (FGC), no fundo, virou isso: um apagador de incêndios. Ontem, ele anunciou como pretende resolver o caso do banco Cruzeiro do Sul, que, como sempre acontece nestes casos, tem um rombo maior do que o calculado inicialmente. Um detalhe a ter em mente: esse banco tinha 499 convênios com órgãos públicos de crédito consignado e mentia sobre seus ativos.
Essa já pode ser chamada de crise bancária. Não é sistêmica, não tem a dimensão da que o Brasil enfrentou nos anos 1990, mas são cinco bancos e uma financeira quebrados. Os bancos Schahin, Morada, Panamericano e Cruzeiro do Sul sofreram intervenção. A financeira Oboé e o banco Morada foram liquidados.
O FGC anunciou ontem a engenharia financeira da tentativa de solução. Ele, Fundo, pagará uma parte da conta. Os credores, outra.
A alternativa, dizem os gestores do FGC, era os credores internos e externos do banco perderem tudo.
O Cruzeiro do Sul inventava carteiras que não existiam. Fingia ter equilíbrio financeiro. Entrou forte no mercado de consignado e fez quase 500 convênios com prefeituras, estados e órgãos federais para oferecer essa modalidade a funcionários.
Também com base no falso equilíbrio, lançou títulos no exterior.
Captou exatos R$ 3,3 bilhões. Internamente, captou de correntistas e pequenos poupadores R$ 700 milhões e de fundos de pensão e investidores maiores R$ 2,2 bi. Quando o BC entrou fez a intervenção usando o instrumento do Raet (Regime de Administração Especial Temporária). Achava que ele tinha um rombo de R$ 1,2 bi, mas tem R$ 2,2 bi de patrimônio líquido negativo.
O Fundo decidiu que vai honrar tudo que é obrigado: conta corrente e aplicação têm direito a receber até R$ 70 mil, e os Depósitos Garantidos, os DPGE, têm cobertura até R$ 20 milhões.
O que exceder a esse valor, ele recompra com deságio de 49%. Fez a mesma oferta ao credor externo. Então em cada R$ 100 emprestados ao Cruzeiro do Sul o que está se pedindo aos credores é que aceitem R$ 51. Mas só para quem tiver mais do que os valores citados (R$ 70 mil em conta corrente e R$ 20 milhões em DPGE).
Se houver grande adesão à proposta, o banco será colocado à venda, com exigências. Uma é a de que o comprador capitalize a instituição em R$ 700 milhões, pelo menos, e tenha porte para suportar a operação.
E o que acontecerá com administradores e controladores? Se o banco fosse liquidado, eles ficariam com bens indisponíveis e cobririam com esses bens o prejuízo que acarretaram. Mas se a solução for "de mercado", e o banco foi vendido, então liberam-se os bens e os responsáveis pela falcatrua escapam ilesos.
No Proer há quem esteja com os bens indisponíveis até hoje, respondendo na Justiça e correndo o risco de execução das dívidas por parte do BC. Com a nova safra de intervenções via Fundo Garantidor de Crédito, criam-se soluções que são supostamente de mercado, mas que na prática são bancadas com dinheiro do público.
Antes que alguém argumente que FGC é uma instituição privada e que o dinheiro é dos bancos, eu explico: não é dinheiro público, mas também não é privado. Os bancos repassam aos seus clientes o que eles recolhem ao Fundo. Portanto, é o seu, o meu, o nosso que está neste fundo.
O FGC argumenta que os donos e administradores continuarão respondendo às investigações de BC, Polícia Federal, CVM. Tomara, porque do contrário vai se estabelecer o chamado moral hazard, ou seja, desmoralização. Pode-se quebrar o banco e ir cuidar da vida porque o FGC arcará com a maior parte da perda, resolver tudo e vender o banco.
O pior caso foi o Panamericano. Ele também fabricou ativos e fraudou. Mas o FGC absorveu mais de R$ 4 bi de perdas e o vendeu para o BTG Pactual por uma pequena fração. Os donos e administradores nada devem. Ficou por isso mesmo.
No Panamericano foi o golpe perfeito. Como um pouco antes de se descobrir o rombo a Caixa entrou de sócia, decidiu-se apagar o incêndio rapidamente antes que tivesse que ser cumprida a lei. Imagina a Caixa sendo executada?
A grande dúvida é: até onde vai o poder de fogo do apagador de incêndios?
O Fundo Garantidor de Crédito (FGC), no fundo, virou isso: um apagador de incêndios. Ontem, ele anunciou como pretende resolver o caso do banco Cruzeiro do Sul, que, como sempre acontece nestes casos, tem um rombo maior do que o calculado inicialmente. Um detalhe a ter em mente: esse banco tinha 499 convênios com órgãos públicos de crédito consignado e mentia sobre seus ativos.
Essa já pode ser chamada de crise bancária. Não é sistêmica, não tem a dimensão da que o Brasil enfrentou nos anos 1990, mas são cinco bancos e uma financeira quebrados. Os bancos Schahin, Morada, Panamericano e Cruzeiro do Sul sofreram intervenção. A financeira Oboé e o banco Morada foram liquidados.
O FGC anunciou ontem a engenharia financeira da tentativa de solução. Ele, Fundo, pagará uma parte da conta. Os credores, outra.
A alternativa, dizem os gestores do FGC, era os credores internos e externos do banco perderem tudo.
O Cruzeiro do Sul inventava carteiras que não existiam. Fingia ter equilíbrio financeiro. Entrou forte no mercado de consignado e fez quase 500 convênios com prefeituras, estados e órgãos federais para oferecer essa modalidade a funcionários.
Também com base no falso equilíbrio, lançou títulos no exterior.
Captou exatos R$ 3,3 bilhões. Internamente, captou de correntistas e pequenos poupadores R$ 700 milhões e de fundos de pensão e investidores maiores R$ 2,2 bi. Quando o BC entrou fez a intervenção usando o instrumento do Raet (Regime de Administração Especial Temporária). Achava que ele tinha um rombo de R$ 1,2 bi, mas tem R$ 2,2 bi de patrimônio líquido negativo.
O Fundo decidiu que vai honrar tudo que é obrigado: conta corrente e aplicação têm direito a receber até R$ 70 mil, e os Depósitos Garantidos, os DPGE, têm cobertura até R$ 20 milhões.
O que exceder a esse valor, ele recompra com deságio de 49%. Fez a mesma oferta ao credor externo. Então em cada R$ 100 emprestados ao Cruzeiro do Sul o que está se pedindo aos credores é que aceitem R$ 51. Mas só para quem tiver mais do que os valores citados (R$ 70 mil em conta corrente e R$ 20 milhões em DPGE).
Se houver grande adesão à proposta, o banco será colocado à venda, com exigências. Uma é a de que o comprador capitalize a instituição em R$ 700 milhões, pelo menos, e tenha porte para suportar a operação.
E o que acontecerá com administradores e controladores? Se o banco fosse liquidado, eles ficariam com bens indisponíveis e cobririam com esses bens o prejuízo que acarretaram. Mas se a solução for "de mercado", e o banco foi vendido, então liberam-se os bens e os responsáveis pela falcatrua escapam ilesos.
No Proer há quem esteja com os bens indisponíveis até hoje, respondendo na Justiça e correndo o risco de execução das dívidas por parte do BC. Com a nova safra de intervenções via Fundo Garantidor de Crédito, criam-se soluções que são supostamente de mercado, mas que na prática são bancadas com dinheiro do público.
Antes que alguém argumente que FGC é uma instituição privada e que o dinheiro é dos bancos, eu explico: não é dinheiro público, mas também não é privado. Os bancos repassam aos seus clientes o que eles recolhem ao Fundo. Portanto, é o seu, o meu, o nosso que está neste fundo.
O FGC argumenta que os donos e administradores continuarão respondendo às investigações de BC, Polícia Federal, CVM. Tomara, porque do contrário vai se estabelecer o chamado moral hazard, ou seja, desmoralização. Pode-se quebrar o banco e ir cuidar da vida porque o FGC arcará com a maior parte da perda, resolver tudo e vender o banco.
O pior caso foi o Panamericano. Ele também fabricou ativos e fraudou. Mas o FGC absorveu mais de R$ 4 bi de perdas e o vendeu para o BTG Pactual por uma pequena fração. Os donos e administradores nada devem. Ficou por isso mesmo.
No Panamericano foi o golpe perfeito. Como um pouco antes de se descobrir o rombo a Caixa entrou de sócia, decidiu-se apagar o incêndio rapidamente antes que tivesse que ser cumprida a lei. Imagina a Caixa sendo executada?
A grande dúvida é: até onde vai o poder de fogo do apagador de incêndios?
Novela! Vítima Vilã x Vilã Vítima! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 15/08
E o mensalão? O mensonão, o mensoneca! Não tô entendendo nada, advogado de defesa acusa e promotor defende!
Vou chamar a Lucianta Gimenez pra me explicar! Tá pior que filme iraniano dublado em curdo!
E o chargista ZedaSilva ensina como acordar os tiozinhos do Supremo: batendo dois pratos de bateria. TUM! Existe figura mais macabra que esse Roberto Jefferson? Medo! Com aquela cara de carcereiro aposentado!
E o Zé Dirceu também é filho da Mãe Lucinda? Tem o mesmo sotaque! Aliás, como o Zé Dirceu conseguiu ficar 20 anos na clandestinidade com aquele sotaque? Acho que ficou 20 anos mudo! Diz que o Zé Dirceu é filho do Stálin com o Mazzaropi. Rarará! E adoro a agência do Marcos Velório: SMPB! Surgiu em Minas e Pegou o Brasil! Rarará!
E hoje tem jogo da selecinha? Pensei que eles estivessem de quarentena! De vergonha! Selecinha Pipoca de Micro-ondas: três minutos de aquecimento e PIPOCA! Brasil x Suécia! Estádio Rasunda! Estádio piada pronta: Rasunda! A rainha da Suécia é brasileira! Vai torcer pra quem?
E depois dessa Olimpipoca, só consultando esta especialista: "Maria de La Fuente! Psicologia e Sofrologia!". Especialista em sofrimento! Em corintianos! Rarará!
E a "Avenida Brasil"? A Vítima Vilã x A Vilã Vítima! E a Carminha já tá ficando com voz de Pato Donald. QUAK! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
Ereções 2012! A Galera Medonha! A Turma da Tarja Preta! Em Monteiro, na Paraíba , tem o candidato Titela. Com o bombástico slogan: "Nem sobrecu, nem moela, é Titela!" Rarará! E eu vou mudar meu titulo pra Guapimirim pra votar no Dorme Sujo! Ou então pra Jardinópolis: Duardinho Três Pernas! Propaganda enganosa. Procon nele!
Votem em mim! Prometo criar a Bolsa Proteína: toda mulher terá direito a um Homem-Filé! Viva o PGN! Partido da Genitália Nacional. Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colirio alucinógeno!
Fatos novos - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 15/08
A representação do procurador-regional da República Manoel do Socorro Tavares Pastana contra o ex-presidente Lula, imputando-lhe crime de responsabilidade por uma suposta atuação beneficiando o banco BMG no crédito consignado a aposentados e pensionistas do INSS, tem inconsistências de datas que dificilmente permitirão ao juiz Paulo Cezar Lopes, da 13^ Vara Federal, receber a denúncia.
A ação de improbidade administrativa contra o ex-presidente e o ex-ministro da Previdência Amir Lando tem sentido apenas se a acusação for de utilização da máquina pública "para realizar promoção pessoal”!
A segunda parte, que se refere a "favorecer o Banco BMG’,’ é bastante fraca, já que, na época em que as mais de dez milhões de cartas foram enviadas aos segurados do INSS incentivando-os a tomar créditos consignados, vários bancos operavam no setor e não apenas o BMG. Tanto que a procuradora da República no Distrito Federal Luciana Loureiro, que propôs a ação, admite que não reuniu provas que atestassem "categoricamente” o vínculo entre o suposto auxílio ao BMG e o mensalão.
Mas a ação tem também indícios claros de que o BMG foi beneficiado pela burocracia federal, o que pode indicar favorecimento em troca dos empréstimos — que a acusação diz serem fictícios — dados pelo banco mineiro ao PT e ao lobista Marcos Valério. O relatório de auditoria do TCU de 29/9/ 2005, por exemplo, acusa o BMG de ter sido a instituição financeira cujo processo no INSS correu de forma mais célere. Teriam sido cinco dias entre a publicação do decreto que abria a exploração do crédito consignado para todas as instituições financeiras e a sua manifestação de interesse, e outros oito dias para a celebração do convênio com o INSS, quando um processo desses leva em média dois meses.
Essa agilidade teria permitido, segundo a denúncia, que o BMG fosse a única instituição não pagadora de benefício previdenciário a atuar sozinha no mercado de empréstimos consignados a aposentados e pensionistas por quase dois meses.
Seja como for, Luiz Francisco Barbosa, o advogado de Roberto Jefferson, pôs uma situação nova diante dos ministros do STF ao insistir na inclusão do ex-presidente Lula como réu do mensalão, coisa que sabe não ser possível a esta altura do processo.
Diante da profusão de evidências de que foi montado grande esquema para desviar dinheiro para o PT e os partidos aliados do governo, é preciso determinar quem tinha o comando da ação, o "domínio final do fato” na definição jurídica, pois, está evidente, esquema dessa magnitude não se organiza no improviso entre um tesoureiro petista e um publicitário, mesmo que fosse apenas uso de caixa dois eleitoral.
Essa tese do caixa dois, aliás, está se tornando inútil diante da evidência de que correu pelo valerioduto muito dinheiro público.
A Procuradoria Geral da República preferiu não atribuir ao ex-presidente Lula o comando final da ação, acusando o ex-ministro José Dirceu de ser o "chefe da quadrilha’! Essa decisão estaria avalizada pelas reações do ex-presidente relatadas pelo próprio Roberto Jefferson.
O próprio ex-presidente, ao pedir desculpas pelo PT ao povo e dizer-se "traído’,’ corrobora com a versão de que não sabia o que estava acontecendo entre as quatro paredes do gabinete do "capitão do time” Dirceu. Nesse caso, teria de torcer para que o Supremo decida pela culpabilidade de Dirceu, para que a cadeia de comando pare por aí, sem o atingir. Seria um "pateta” na definição do advogado de Jefferson, mas não um "chefe de quadrilha’.
Se os ministros do Supremo chegarem à conclusão de que houve realmente o mensalão, mas isentarem Dirceu da acusação de "chefe da quadrilha’, quem tinha o "controle final do fato’ passaria a ser o próprio Lula, no fim da cadeia de comando, como quer a acusação do advogado de Roberto Jef-ferson.
Mas, se, ao contrário de suas primeiras reações, o ex-presidente Lula seguir insistindo que o mensa-lão foi farsa montada pela oposição para atingi-lo, derrubando-o da Presidência, ficará em maus lençóis caso o STF decida que o mensalão existiu.
Sua única saída seria a maioria da Corte absolver os réus, assumindo a tese de que não houve men-salão. Tese que, depois da sequência de apresentação das defesas dos réus, está muito fragilizada.
A representação do procurador-regional da República Manoel do Socorro Tavares Pastana contra o ex-presidente Lula, imputando-lhe crime de responsabilidade por uma suposta atuação beneficiando o banco BMG no crédito consignado a aposentados e pensionistas do INSS, tem inconsistências de datas que dificilmente permitirão ao juiz Paulo Cezar Lopes, da 13^ Vara Federal, receber a denúncia.
A ação de improbidade administrativa contra o ex-presidente e o ex-ministro da Previdência Amir Lando tem sentido apenas se a acusação for de utilização da máquina pública "para realizar promoção pessoal”!
A segunda parte, que se refere a "favorecer o Banco BMG’,’ é bastante fraca, já que, na época em que as mais de dez milhões de cartas foram enviadas aos segurados do INSS incentivando-os a tomar créditos consignados, vários bancos operavam no setor e não apenas o BMG. Tanto que a procuradora da República no Distrito Federal Luciana Loureiro, que propôs a ação, admite que não reuniu provas que atestassem "categoricamente” o vínculo entre o suposto auxílio ao BMG e o mensalão.
Mas a ação tem também indícios claros de que o BMG foi beneficiado pela burocracia federal, o que pode indicar favorecimento em troca dos empréstimos — que a acusação diz serem fictícios — dados pelo banco mineiro ao PT e ao lobista Marcos Valério. O relatório de auditoria do TCU de 29/9/ 2005, por exemplo, acusa o BMG de ter sido a instituição financeira cujo processo no INSS correu de forma mais célere. Teriam sido cinco dias entre a publicação do decreto que abria a exploração do crédito consignado para todas as instituições financeiras e a sua manifestação de interesse, e outros oito dias para a celebração do convênio com o INSS, quando um processo desses leva em média dois meses.
Essa agilidade teria permitido, segundo a denúncia, que o BMG fosse a única instituição não pagadora de benefício previdenciário a atuar sozinha no mercado de empréstimos consignados a aposentados e pensionistas por quase dois meses.
Seja como for, Luiz Francisco Barbosa, o advogado de Roberto Jefferson, pôs uma situação nova diante dos ministros do STF ao insistir na inclusão do ex-presidente Lula como réu do mensalão, coisa que sabe não ser possível a esta altura do processo.
Diante da profusão de evidências de que foi montado grande esquema para desviar dinheiro para o PT e os partidos aliados do governo, é preciso determinar quem tinha o comando da ação, o "domínio final do fato” na definição jurídica, pois, está evidente, esquema dessa magnitude não se organiza no improviso entre um tesoureiro petista e um publicitário, mesmo que fosse apenas uso de caixa dois eleitoral.
Essa tese do caixa dois, aliás, está se tornando inútil diante da evidência de que correu pelo valerioduto muito dinheiro público.
A Procuradoria Geral da República preferiu não atribuir ao ex-presidente Lula o comando final da ação, acusando o ex-ministro José Dirceu de ser o "chefe da quadrilha’! Essa decisão estaria avalizada pelas reações do ex-presidente relatadas pelo próprio Roberto Jefferson.
O próprio ex-presidente, ao pedir desculpas pelo PT ao povo e dizer-se "traído’,’ corrobora com a versão de que não sabia o que estava acontecendo entre as quatro paredes do gabinete do "capitão do time” Dirceu. Nesse caso, teria de torcer para que o Supremo decida pela culpabilidade de Dirceu, para que a cadeia de comando pare por aí, sem o atingir. Seria um "pateta” na definição do advogado de Jefferson, mas não um "chefe de quadrilha’.
Se os ministros do Supremo chegarem à conclusão de que houve realmente o mensalão, mas isentarem Dirceu da acusação de "chefe da quadrilha’, quem tinha o "controle final do fato’ passaria a ser o próprio Lula, no fim da cadeia de comando, como quer a acusação do advogado de Roberto Jef-ferson.
Mas, se, ao contrário de suas primeiras reações, o ex-presidente Lula seguir insistindo que o mensa-lão foi farsa montada pela oposição para atingi-lo, derrubando-o da Presidência, ficará em maus lençóis caso o STF decida que o mensalão existiu.
Sua única saída seria a maioria da Corte absolver os réus, assumindo a tese de que não houve men-salão. Tese que, depois da sequência de apresentação das defesas dos réus, está muito fragilizada.