sábado, dezembro 08, 2012

A ameaça energética - EDITORIAL ZERO HORA

ZERO HORA - 08/12


O Rio Grande do Sul, por sua localização meridional, que limita a alternativa de se socorrer de outras regiões, não pode se submeter à falta de planejamento e a atrasos como os registrados no setor elétrico e que agora mantêm o Estado sob risco de desabastecimento.


Bastou a primeira onda de calor no Estado para que ficassem evidentes, mais uma vez, as consequências da falta de planejamento e investimentos destinados a garantir um insumo essencial para a população em geral e para as empresas: energia elétrica. Associada ao previsível aumento da demanda por aparelhos como os de ar condicionado, a imprevisão dos responsáveis pelas políticas de infraestrutura colocou o Rio Grande do Sul diante da iminência de cortes no fornecimento, como alerta o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Próximo de bater o recorde de carga, o Estado seria forçado a recorrer a desligamentos pontuais, como os que consumidores residenciais e empresas já estão às voltas antes mesmo do início oficial do verão. As autoridades garantem que este é o último ano de enfrentamento de problemas no abastecimento. Os consumidores, porém, têm o direito de duvidar e de pressionar para que esse sentimento de insegurança na área energética não volte de fato a ocorrer.
Um seminário realizado pela Agenda 2020 nesta semana, em Porto Alegre, com a presença do representante do ONS na Região Sul, Manoel Botelho, serviu para reafirmar o quanto, nesta área, o Estado paga o preço da falta de planejamento e de cumprimento à risca do organograma das obras já definidas. A Agenda 2020, um movimento liderado por representantes de toda a sociedade, vem alertando para o fato de que a capacidade de distribuição de energia elétrica no Estado está próxima do esgotamento. E, diante da elevada dependência dos gaúchos das hidrelétricas, sugere menos desperdício e maior diversificação. A ênfase é ao uso do gás natural e de fontes renováveis, como biomassa, solar e eólica _ sem, obviamente, subestimar a importância do carvão mineral, uma alternativa até hoje ainda não levada devidamente em conta.
A questão é que, por razões que vão do excesso de exigências burocráticas a problemas ambientais, obras de alto custo e de longo tempo de maturação, como é habitual nesta área, acabam tendo seu cronograma de execução constantemente adiado. O resultado é o agravamento de um problema que é sério e para o qual as alternativas de solução deveriam ter sido muito bem pensadas. Esta é uma questão que não pode vir à tona apenas quando o problema já está criado e se mostra praticamente irreversível. Um simples corte no fornecimento, por um curto período de tempo, provoca prejuízos consideráveis, que dificilmente podem ser revertidos.
O Rio Grande do Sul, por sua localização meridional, que limita a alternativa de se socorrer de outras regiões, não pode se submeter à falta de planejamento e a atrasos como os registrados no setor elétrico e que agora mantêm o Estado sob risco de desabastecimento. Esse é o tipo de gargalo de infraestrutura que o Estado não pode admitir, pelos transtornos que provoca no dia a dia aos consumidores residenciais e pelas limitações impostas a quem produz e aos investimentos de maneira geral.


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