quinta-feira, novembro 08, 2012
A dependência excessiva da indústria de veículos - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 08/11
Toda a indústria brasileira depende cada vez mais dos automóveis produzidos, daí a política do governo oferecendo a esse setor incentivos sempre renovados, sem levar em conta o valor acrescido que o setor de fato representa. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), que havia previsto recuperação em setembro, dada a redução dos estoques, moderou o otimismo e reconheceu que mais uma vez o faturamento real da indústria acusou queda, de 1,7%, em relação ao mês anterior (agosto), em termos dessazonalizados. O resultado ficou próximo do do IBGE (que inclui a mineração, ao contrário da CNI), com queda da produção física de 1%.
Na análise por setores, somos tentados a afirmar que no próximo mês o resultado será melhor. Com efeito, além de o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor de outubro acusar uma melhora, verifica-se que o faturamento real de veículos automotores cresceu em setembro, na margem, apenas 0,1% e que os outros equipamentos de transporte apresentaram queda de 37,4%.
Os dados da Anfavea do mês de outubro, que acabam de ser divulgados, apresentam para a produção de automóveis um crescimento de 12,8%, e de 10,6%, para a de caminhões - mostra de recuperação do setor, que tem grande peso no levantamento da CNI.
Não podemos negar, todavia, que no seu conjunto a indústria apresentou resultado negativo: 10 dos 19 ramos exibiram queda - particularmente importante (de 21,3%) no setor de edição e impressão, com o fim da campanha eleitoral.
O índice de confiança dos consumidores mostra um recuo no caso de vendas de maior valor, como móveis e eletrodomésticos, para o final do ano. São bens vinculados à ocupação de novas unidades de habitação, cuja compra pode ser adiada em razão de outros gastos para o final do ano. É provável que, para as festas natalinas, as famílias optem por presentes de menor valor unitário.
Sem dúvida, a indústria vai levar em conta essa reação dos consumidores. Existem, porém, algumas dúvidas em relação aos bens para os quais o governo decidiu prorrogar as isenções fiscais até o fim do ano. Diante do custo dessas renúncias de receitas, é possível que o governo não prorrogue o alívio fiscal, levando em conta que, a partir do início de 2013, a indústria vai se aproveitar de redução significativa dos custos de energia elétrica, a qual poderá transferir parcialmente para os preços oferecidos aos consumidores. De qualquer modo, não se pode prever forte reação no setor.
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