quarta-feira, outubro 31, 2012

Fator São Paulo - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 31\10


Interessante o desembarque do senador Aécio Neves (PSDB-MG) esta semana na capital paulista para conversar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Trataram do futuro do partido. Para quem acompanhou as rusgas internas do ninho tucano ao longo dos últimos anos, é sinal de que as coisas começam a mudar por ali. Primeiro, é de se estranhar que Aécio tenha percorrido várias capitais e cidades de médio porte durante a campanha eleitoral e não tenha dedicado nenhum dia da agenda ao público paulistano, ao lado do candidato José Serra. Aécio disse que estava à disposição para ajudar no que fosse possível, mas Serra não o chamou para compor palanque sob a justificativa de que não queria nacionalizar a campanha. Agora, com Serra derrotado, lá vai Aécio, em busca não de uma simples conversa com Fernando Henrique, mas atrás de uma ponte segura — e não uma pinguela — que lhe garanta a simpatia do PSDB paulista.

Aécio trabalha hoje no sentido de montar uma plataforma para se contrapor à futura candidata Dilma Rousseff. E seus aliados começam a analisar os mapas estaduais, verificar onde estão os pontos mais fracos, os mais fortes e as chances em cada região brasileira. E, dada a força não só da presidente, como de seu padrinho, o PSDB tem claro que a pole position de Minas Gerais é importante, mas insuficiente para qualquer projeto. Ali, nessa eleição municipal, Aécio conseguiu um feito, mas, em termos nacionais, ainda falta muito chão para caminhar.

Além de Belo Horizonte, os tucanos acreditam terem garantido alguns trunfos, casos de Belém e Manaus, as maiores cidades do Norte do país. Comemoram também a vitória de ACM Neto, que, há dois anos, preferia Aécio Neves como candidato a presidente. Mas não há segurança de votos no estado, uma vez que os aliados do governador Jaques Wagner (PT) conquistaram 340 das 417 prefeituras baianas.

No Nordeste — que deu à presidente Dilma um caminhão de votos na última eleição —, os aliados de Aécio consideram que é preciso esperam mais um pouco para ver em que sentido seguirá o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Os dois têm um excelente relacionamento, percorreram juntos várias cidades no primeiro e no segundo turno das eleições, mas as afinidades eleitorais ficam por aí. Pelo menos por enquanto, tanto os petistas quanto os tucanos acreditam que Eduardo não se afastará da campanha pela reeleição de Dilma, a não ser que o PT lhe dê motivos para isso. Portanto, guiar o caminhão de votos no Nordeste rumo ao PSDB num futuro próximo é improvável. Para completar, o prefeito eleito de Fortaleza, Roberto Claudio (PSB), parte para a transição defendendo a reeleição de Dilma.

No Sul do país, onde os tucanos tiveram seus momentos de glória — José Serra ganhou por lá no passado contra Lula e também contra Dilma Rousseff —, os ventos começam a mudar. Nem PT nem PSDB conquistaram capitais ali. O PSDB leva em conta que Dilma faz política no Rio Grande do Sul, portanto, deve ter uma boa largada entre os gaúchos. Em Florianópolis, a hora é do PSD, do governador Raimundo Colombo, hoje mais para a presidente Dilma do que para o PSDB. E o fato de o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), ter sido associado no consórcio que saiu derrotado da prefeitura de Curitiba não assegura uma folga tucana de peso no estado para 2014.

Diante desse quadro, Aécio não tem como deixar de investir no estado de São Paulo. Ali, os tucanos, embora tenham o governo estadual, ainda se mostram divididos. E, se como pré-candidato a presidente, Aécio não tiver todos os tucanos dali trabalhando em seu favor, inclusive o grupo de José Serra, parte dos votos do partido podem migrar para o colo de Dilma. Até porque, Fernando Haddad chega dando uma cara nova aos petistas. Só o fato de dedicar parte do segundo dia pós-eleição a uma visita ao governador Geraldo Alckmin foi um feito. A população costuma simpatizar muito com quem sabe ser grande na vitória e respeitar as pessoas, colocando-se acima das querelas partidárias. E com Haddad conquistando simpatias, os tucanos consideram que todo cuidado é pouco.

Um comentário:

  1. FERNANDO9:07 AM

    Em Uberlândia MG (maior cidade do interior de Minas) o candidato de Aécio foi derrotado por larga diferença pelo candidato petista 70% a 28%, em Uberaba, também no Triângulo Mineiro Aécio e Anastasia sofreram outro revés, ou seja, se não vence em Minas vai vencer aonde???

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