domingo, outubro 14, 2012
Desastre urbano - HENRIQUE MEIRELLES
FOLHA DE SP - 14/10
O trânsito de São Paulo lembra aquela experiência clássica com o sapo na água fervente. Quando o sapo cai dentro dela, salta rapidamente. Mas se ele está dentro da água enquanto a temperatura sobe gradualmente, o sapo morre passivamente.
Seriamos todos sapos vivendo a gradual imobilização de São Paulo?
De 1982 a 2003, o Brasil cresceu a taxas pouco acima de 2% ao ano. O país ajustou-se para crescer a taxas baixas. Já no período de 2004 a 2010, a economia brasileira cresceu a taxas médias perto de 5% ao ano. Os benefícios do crescimento transformaram o Brasil, mas temos também que enfrentar seus custos e nos ajustar.
O trânsito nas grandes cidades é uma das consequências do despreparo para crescer a taxas mais altas. Com a estabilidade econômica, mais renda e crédito, os brasileiros começaram a realizar o sonho de ter seu carro. Embora esse movimento histórico tenha elevado a arrecadação tributária, não gerou melhora da malha viária urbana capaz de absorver a nova frota e os novos motoristas, prova da incapacidade dos poderes públicos, até este momento, de prover infraestrutura que sustente um crescimento vigoroso.
São Paulo é outra história. Centro industrial, financeiro e comercial do país, a produtividade da cidade afeta a todos os brasileiros. Cada hora que um trabalhador perde no trânsito paulistano afeta a produção nacional.
Na maioria dos países, o centro econômico coincide com o político e o administrativo, facilitando a alocação prioritária de recursos na principal máquina produtiva do país. Londres, Paris, Buenos Aires, Santiago, Seul e muitas outras demonstram tal fato (os EUA são a exceção que confirma a regra, pois lá a atividade econômica é descentralizada).
Cedo ou tarde, o Brasil deverá enfrentar esse enorme problema, agudizado pela crise da infraestrutura, porém mais profundo e abrangente do que ela.
Temos de pensar estrategicamente um modelo de governança que viabilize o trabalho conjunto dos atores públicos e privados, para efetuar intervenção estrutural no transporte da metrópole paulistana.
São Paulo precisa não só triplicar a extensão do metrô, mas também criar linhas integradoras que conectem outras linhas, formando uma rede que atinja todos os pontos de alta densidade de tráfego de pessoas. E as linhas de trem devem ser modernizadas e transformadas em linhas de metrô de alta densidade.
A dimensão do desafio é enorme. Será possível vencê-lo se for tratado como necessidade nacional. Um sistema de transporte coletivo capaz de transportar a população com rapidez, segurança e conforto é o mínimo que uma metrópole da sétima maior economia do mundo deve oferecer.
O processo é exatamente o contrário. Deverá acontecer - na verdade isso já está em curso - a descentralização econômica. Se São Paulo parou, então que toda a atividades econômica busque lugares mais vantajosos para produzir. É hora dos investimentos voarem para MG, PR, RJ, BA, GO...
ResponderExcluirO Brasil não pode e não deve ter sao paulo como centro de nada, e essa conversa de que "são paulo é nossa metrópole" não pode servir como justificativa para investimentos federais na cidade. Precisamos desenvolver o Brasil e não Sao Paulo.
Administrar a cidade de São Paulo é como enxugar gelo. O crescimento da periferia em apenas 20 anos é algo assustador. Quanto mais se investe na cidade, mais pessoas (a maioria parentes dos que aqui vivem) veem pra cá. O nordeste é uma vergonha para o país, pois ainda vive em pleno século XXI como se estivéssemos na época dos coronéis. O Maranhão da família Sarney (a quem o Meirelles ajudou e muito - Banco Santos), por exemplo, só pode ser comparado com países Africanos. É frequente encontrar pessoas "fugindo" da miséria do Maranhão buscando refúgio em Goiás, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. E isso é uma verdade para quase que 100% dos Estados da região nordeste e norte. Até quando viveremos com essa situação? Assistimos a corrupção tirando os recursos da educação, saúde, infraestrutura ,etc. O PT, como está sendo demonstrado pelo STF tentou e ainda continua tentando dar um golpe na democracia. Aproveito a oportunidade para perguntar para o Meirelles, porquê ele não fez nada em relação ao Banco Rural quando esteve à frente do Banco Central durante a gestão do réu oculto do processo do MENSALÃO?
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