terça-feira, outubro 16, 2012

A lei do mais forte - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 16/10


Nem o encontro para discutir o futuro da imprensa passa longe da disputa dos partidos políticos. Lá, o vitorioso prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), fortalecido pelos votos que o guindaram ao segundo mandato no comando da cidade cartão de visita do país, saiu-se a enfrentar o PMDB de São Paulo, quarto colocado na disputa pela prefeitura paulistana. A frase de Paes, apresentando o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), como uma promessa de candidato a vice na chapa da presidente Dilma Rousseff, provocou desconfianças para todos os lados.

Da parte do próprio PMDB, vêm as perguntas: aonde Paes quer chegar? À primeira vista, pode parecer que planeja afastar as suspeitas de que quer “furar a fila” de candidatos a presidente. Afinal, desde que foi citado como uma promessa para o futuro entre os peemedebistas, Paes pode ter aguçado a ciumeira de seu partido. E, reza a lenda, ciúmes de político é pior do que ciúme de mulher. Portanto, Paes não quer brigar com Cabral. OK.

A outra hipótese é vista dentro do PMDB como mais plausível. Todos sabem que a relação entre o governador Sérgio Cabral e o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, é excelente. “Aécio é meu irmão”, diz o governador, sempre que perguntado sobre a amizade entre eles. Ou seja, entre alguns peemedebistas ficou a impressão — até aqui só impressão — de que Cabral pode estar se preparando para pular do barco do PT logo ali, caso Aécio seja candidato. Afinal, não sendo candidato a vice, pode sempre alegar mágoas e fazer delas um pretexto para seguir outro caminho em 2014.

Por falar em caminhos…

Teses dos políticos e declarações de Paes à parte, some-se a isso tudo outro fator: Na semana passada, Dilma se reuniu com o vice-presidente Michel Temer pela manhã. À tarde, recebeu Cabral e Paes. Ou seja, separou os dois peemedebês de uma forma que até a turma palaciana notou. Nesse clima, se o movimento de Eduardo Paes na Sociedade Interamericana de Imprensa tiver desdobramentos, teremos uma disputa interna pela vaga de vice na chapa.

Para o conjunto do PMDB, tudo o que o partido não precisa é de um racha nesse momento em que Eduardo Campos, do PSB, ganhar ares de senhor de primeira grandeza. Campos não se movimentou no sentido de pedir ministérios ao governo e se mantém firme na tese de que deseja “ajudar a presidente”. Quando cita o PSB, faz questão de frisar a “unidade partidária”. E se essa investida do socialista fizer crescer no PT de Dilma a tese de que é melhor ficar com um PSB unido do que um PMDB dividido?

Até o momento, para alívio dos peemedebistas, o partido de Michel Temer continua como o primeiro na relação com Dilma. E ela já avisou ao seu companheiro de chapa que, se for candidata, manterá a parceria com Temer. Portanto, não é a marola de Paes no encontro da SIP em São Paulo que irá mudar esse cenário. Mas, a partir de agora, todos estão mais atentos nessa seara.

Por falar em Dilma…

A presidente, inclusive, nem está trabalhando a recandidatura agora. Neste momento, está mais preocupada com outros temas, como a remodelagem dos aeroportos. Está no forno um decreto que autoriza o setor privado a construir aeroportos para pouso de jatos executivos. A ideia é aliviar o atual sistema, especialmente na hora de grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

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