FOLHA DE SP - 22/09
RIO DE JANEIRO - Em 1960, Fernando Sabino e Rubem Braga, intrigados com a aritmética que parecia reservar 10% dos direitos autorais ao autor de um livro e 90% ao editor, tiveram uma ideia: por que não abriam sua própria editora? Afinal, se os editores não escrevem os livros que editam, os escritores podem muito bem editar os livros que escrevem.
Editar por conta própria era coisa de quem não tinha nome nem editora. O que não era o caso de Fernando e Rubem -todos os disputavam. Assim, eles fundaram a Editora do Autor, e já a inauguraram com "O Homem Nu", de Fernando, e "Ai de Ti, Copacabana", de Rubem -podia haver melhor cartão de visita?
Empolgados, cooptaram os amigos a lançar seus livros por eles: Paulo Mendes Campos, Vinicius de Moraes, Otto Lara Resende, Manuel Bandeira, Carlos Drummond, João Cabral, Clarice Lispector, Armando Nogueira, Dalton Trevisan, muitos mais, e formaram um senhor catálogo. Aí descobriram que, depois de pagar a gráfica, os funcionários, os impostos, o distribuidor e os livreiros, o que sobrava para cada autor eram os mesmos 10%.
Foi uma experiência pioneira, mas diferente do fenômeno que hoje assola os EUA, a autopublicação -autores sem nome e sem mercado que, graças à tecnologia, podem agora lançar livros digitais independentes. Você dirá que a democratização chegou ao mercado editorial e que, com isso, qualquer um pode ser o seu próprio editor. Mas será bom?
A Editora do Autor não vivia só dos grandes nomes, mas de seus maravilhosos editores: Fernando Sabino e Rubem Braga. Eles sabiam orientar os autores. A prova está nos muitos clássicos que editaram. Já a autopublicação atual pode inventar mega-sellers, como "Cinquenta Tons de Cinza" -um Kama Sutra para senhoras com o avental sujo de ovo-, mas que terão a eternidade de uma ejaculação precoce.
muito Bom parabéns excelente trabalho ótimas dicas
ResponderExcluir