quinta-feira, setembro 13, 2012

De guerra e de paz - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 13/09

A confirmação da presença de Eduardo Campos em São Paulo neste fim de semana num evento de campanha de Fernando Haddad nada mais é do que uma cerimônia para que a cúpula dos dois partidos fumem o cachimbo da paz. Afinal, a presença dos governadores nordestinos, praticamente desconhecidos dos eleitores paulistanos, não tem muito efeito prático em termos de influência eleitoral. Mas, em termos de simbologia política, a mesa é farta.

Do jeito que as coisas caminhavam entre os dois partidos, com presidente do PT, Rui Falcão, chamando o presidente do PSB de traidor, a sensação era a de que os socialistas seriam enxotados da aliança da presidente Dilma Rousseff tão logo se conhecesse o resultado dessas eleições. Bastou os candidatos do PT no Nordeste encolherem para que o clima mudasse e os petistas chamassem o PSB a partilhar do convescote em São Paulo, onde o PT joga todo o seu peso.

Como parte desse script de ajudar Haddad, Campos recebeu há dois dias um telefonema do candidato petista, reforçando o convite para a foto com os governadores do Nordeste, região de onde saíram muitos moradores da metrópole paulista. Campos confirmou presença. Lá estarão também os governadores do Ceará, Cid Gomes; da Paraíba, Ricardo Coutinho; e do Piauí, Wilson Martins, todos do PSB, num ato programado para demonstrar uma unidade entre antigos aliados.

Enquanto isso, no Recife…

As praças do Recife antigo não terão a mesma sorte. Poderão reunir os governadores socialistas, mas tudo sem a presença do grande mestre, Lula. A colocação de todo o arsenal a serviço de São Paulo e a queda livre de Humberto Costa na disputa pelo comando da capital pernambucana praticamente tiraram Lula do palanque na cidade. Os problemas de garganta da semana passada — motivo do cancelamento da viagem do ex-presidente ao Nordeste no feriado de 7 de setembro — foram providenciais no sentido de tirar o cheiro de derrota dos petistas dos ombros do maior líder político do PT. Entre eles, Humberto Costa. Assim, o ex-presidente, mantida essa posição tirada há alguns dias, sempre poderá, se for o caso, se colocar como sócio na vitória de seus aliados de hoje e tentar amarrá-los para amanhã.

O amanhã é 2014

A tarefa de recolocar o PSB terá neste fim de semana apenas a primeira fase de uma série que precisa ocorrer para reforçar os laços entre os dois partidos. Nessa eleição municipal, por exemplo, talvez com a vista turvada por ver a antiga cúpula do partido envolvida no processo do mensalão, o PT tomou várias decisões que demonstraram descontrole e atropelos. A operação para fortalecer Haddad e a confusão em Recife desarticularam todo o jogo preparado em 2010, quando a prioridade era segurar o Senado. Lá atrás, dizia-se que partido precisava de Marta na vice-presidência do Senado. Agora, de repente, não precisa mais e ela assume hoje o Ministério da Cultura. E, para completar, jogaram o senador Humberto Costa numa eleição sem estrutura ou aliados. O resultado foi o enfraquecimento demonstrado nas pesquisas.

A tirar pelo que foi feito ao longo dos últimos meses para fortalecer o PT nas prefeituras, a maioria dos políticos deve se preparar para o que virá mais à frente. Tudo indica que 2014 será uma guerra sem precedentes com o PT usando e abusando da estrutura do governo federal para fortalecer seus candidatos a governador nos estados. Agora, entretanto, o momento de armistício que vivem PT e PMDB chega ao PSB. Bem… Pelo menos até a próxima briga!

Enquanto isso, na sala de café…

Teori Zavascki, indicado para ministro do Supremo Tribunal Federal no lugar de Cezar Peluso, esteve ontem no Senado para se apresentar aos parlamentares que precisam chancelar a escolha da presidente Dilma. Nas conversas, seguiu à risca o que pediu a presidente: nenhuma palavra sobre o mensalão.

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