sexta-feira, agosto 24, 2012

Faltou um - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 24/08

Uma omissão do Ministério Público foi a principal razão para que Ricardo Lewandowski, na contramão do relator Joaquim Barbosa, absolvesse ontem João Paulo Cunha do crime de lavagem de dinheiro. O revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal vai reconhecer uma "trama criminosa" na cúpula do PT, com condenações, mas, como o ex-presidente do Câmara não havia sido enquadrado por formação de quadrilha, ficou uma figura "alheia" ao grupo.

Veja bem 1 Defensores da absolvição afirmam que, sem ciência do crime antecedente, a organização criminosa, Cunha não poderia ser imputado pela lavagem. "Como ele lavava dinheiro para quadrilha que o MP diz que ele não integrava?", questiona um advogado.

Veja bem 2 Pelo mesmo raciocínio, interlocutores de ministros afirmam que a PGR deveria ter enquadrado José Dirceu, Delúbio Soares e Jose Genoino na tipificação de lavagem de dinheiro.

Brecha Advogados observavam que Lewandowski foi contraditório ao absolver o deputado de peculato pelo fato de não ser responsável por pagamentos e contratações e condenar Henrique Pizzolato pelo mesmo crime.

Amigo secreto Em festa que reuniu ministros, procuradores e advogados em Brasília, Márcio Thomaz Bastos previa, desanimado, sobre o julgamento: "Não sei se chegamos ao Natal, mas isso ainda vai durar meses".

Campo... Um dia após o tumultuado cerco ao Planalto, o MST levou ontem 13 líderes para encontro com Geraldo Alckmin. Pediram terras devolutas para reforma agrária e a compra de produtos de assentados pelo governo.

... minado O governador prometeu obras nos acessos aos assentamentos e orientou cinco secretários (Trabalho, Justiça, Educação, Meio Ambiente e Agricultura) a receber a comitiva dos sem-terra.

Day after A apresentação de propostas concretas no programa de estreia de José Serra na TV, incomum na propaganda política, resultou de pesquisas qualitativas indicando que o eleitor reconhece o legado do tucano, mas quer conhecer sua plataforma para o futuro.

Reação O QG serrista comemorou a aposta e anotou que a campanha de Fernando Haddad, que havia centrado fogo em apresentá-lo, ontem já lançou mão de comerciais com propostas do programa de governo do petista.

Carimbo A ideia dos tucanos é carimbar a proposta de bilhete único mensal de transportes feita por Haddad como mais uma taxa. E já apelidaram a ideia de "bilhete mensaleiro", para ligar a campanha ao mensalão.

Première Dilma Rousseff assistiu em primeira mão aos programas inaugurais das campanhas de Haddad e de Patrus Ananias, na terça-feira, no Alvorada. Elogiou muito as duas peças, produzidas pelo marqueteiro João Santana, o mesmo da disputa presidencial de 2010.

Estrela A expectativa no PT é que a presidente apareça, em breve, na telinha em São Paulo e Belo Horizonte.

Agora vai? Marta Suplicy reclamou anteontem a Dilma da pressão do PT para entrar na campanha. Disse, contudo, que se engajará "a seu modo" e prometeu gravar para Haddad. Sinalizou que toparia encontro com o candidato na semana que vem.

Revoada Em evento programado para a tarde de hoje no comitê central de Gabriel Chalita, grupo de 200 membros da zonal de Jabaquara do PSDB, que rompeu semana passada com Serra, se filiará ao PMDB da capital.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"O jogo começou ontem. Até então, só haviam entrado em campo os times do Ministério Público e do relator, Joaquim Barbosa."

DO CRIMINALISTA ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, comemorando o voto do revisor Ricardo Lewandowski, que absolveu o réu João Paulo Cunha.

contraponto

Piada de (men)salão


Marco Aurélio Mello conversava com convidados na festa de 80 anos do advogado José Gerardo Grossi, anteontem, em Brasília. O ministro perguntou:

-Vocês conhecem a piada sobre direito alternativo?

Diante da curiosidade geral, disse que houve um assassinato e o juiz não sabia precisar qual de dois irmãos gêmeos cometera o crime. Então, prendeu ambos em cela com comida farta. Uma semana depois, um estava gordo, e o outro permanecera igual. Mandou soltar o magro.

-Por quê?- quiseram saber os ouvintes do ministro.

-Direito alternativo: o que não mata, engorda!

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