quinta-feira, agosto 16, 2012

As marcas de Dilma - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 16/08

Para os petistas não restam dúvidas: Dilma é mesmo candidata à reeleição e, portanto, é hora de empreender as marcas de sua gestão. A combinação dessas marcas estava literalmente nas entrelinhas da cerimônia de ontem no Planalto: A imagem de quem trabalha para desatar os nós da infraestrutura nacional e, ao mesmo tempo, defende os mais pobres, que precisam das estradas perfeitas para andar de ônibus e de linhas de trem para receber em suas cidades interioranas produtos sem o alto custo Brasil.

A primeira marca que Dilma agregou a sua imagem desde que assumiu o poder foi involuntária: Os ministros que ela escolheu e herdou de Lula para compor a largada de sua administração apanharam tanto que, ao demiti-los — quase sempre pela carga de denúncias publicadas na imprensa —, Dilma ganhou a alcunha de “faxineira”, alguém que não suporta conviver com o malfeito. Assim, transformou o limão das substituições em algo positivo para si própria perante o eleitorado.

Essa primeira marca foi tão forte que, em meio a setores da oposição, as denúncias contra ministros do governo arrefeceram. Hoje, passado um ano e oito meses, o Planalto avalia que nem se fala mais em desvios na administração de Dilma. Ou seja, ela é vista como alguém que segue o projeto de Lula, mas não compactua com desmandos de ministros no cargo, ainda que sejam ligados ao ex-presidente.

Por falar em Lula…

Dilma faz ainda o que pode para não desvincular a sua imagem da de Lula. Sempre que pode, aparece ao lado dele, vai visitá-lo. E não cai em provocações quando alguém pergunta se ela mudou totalmente o foco da gestão petista - das obras tocadas pelo estado para as privatizações que ela promove agora na área de infraestrutura, via concessões. Ontem, inclusive, ela aproveitou a apresentação do projeto de concessões na área de rodovias e ferrovias para deixar claro que isso não significa um recuo ao projeto do PT, e sim, uma forma de promover a prestação de serviços com o apoio da iniciativa privada. Afinal, comenta-se no Planalto, se der certo, o eleitor dará o mérito ao governo de Dilma — que sempre dirá que isso só foi possível graças ao governo anterior, de Lula. Na hora do voto, ninguém vai deixar de escolher uma candidata porque ela acertou, nem mesmo os lulistas mais convictos.

O que Dilma, entretanto, deseja empreender como marca da herança de Lula é o que ela chama de preocupação com os mais pobres. Não por acaso, o slogan do Planalto é “país rico é pais sem pobreza”. Dilma tem participado de ações como as do programa Brasil Sorridente em Minas Gerais, e dedica boa parte da agenda a outros projetos sociais do governo. Afinal, as pesquisas internas do Planalto indicam que, quando a presidente acompanha um programa governamental e tem a imagem relacionada a ele na tevê, a população tem a sensação de que ela está cuidando da população mais carente. Nesse sentido, não se assustem se Dilma começar a desfilar mais pelo país em cidades como Rio Pardo de Minas, reforçando programas do governo, da mesma forma que fazia Lula. Afinal, se a economia der algum deslize ali na frente, é nesse campo de Lula que Dilma organizará a sua campanha reeleitoral.

Por falar em campanha…

A presidente não entrará com os dois pés na campanha municipal em primeiro turno. Mas baixará em Salvador se houver disputa em segundo turno entre ACM Neto (DEM) e Nelson Pellegrino (PT). Também não deixará de influir em Belo Horizonte. A cidade onde ela se apresentou para compor o palanque do PT, avisam alguns, não de ser esquecida. Para curar as feridas que vierem a surgir dessas rusgas, ela sempre terá uma reforma ministerial. Aliás, que ninguém duvide: o troca-troca na Esplanada virá. Só não se sabe se antes ou depois da eleição da Câmara dos Deputados. Quanto aos cargos de segundo escalão, a ordem no governo é só tratar desse tema depois de fechadas as urnas e conhecidos os futuros prefeitos. Ou seja, antes de novembro, dificilmente a Seção 2 do Diário Oficial da União, que traz as nomeações, fará a alegria dos partidos aliados e do próprio PT.

2 comentários:

  1. acho interessante a postura da presidente do ponto de vista da política interna,, mas sua política externa me preocupa um pouco, sobretudo com a mudança de postura frente ao Iran...

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  2. acho interessante a postura da presidente do ponto de vista da política interna,, mas sua política externa me preocupa um pouco, sobretudo com a mudança de postura frente ao Iran

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