O GLOBO - 15/08
Igual a todo brasileiro, eu também fiquei grudado na televisão, no sábado passado, acompanhando a acachapante vitória das meninas do vôlei sobre a seleção americana.
Fiquei empolgado quando percebi que a maioria da torcida que estava no estádio era brasileira e tinha vontade de repetir em casa as vaias que esta torcida dirigia às jogadoras americanas cada vez que uma delas ia para o saque. O.k., eu também vaiei uma ou duas vezes. Fiquei emocionado com a alegria das brasileiras na hora da entrega de medalhas.
Quase chorei com a descontração das meninas no pódio. O.k., chorei um pouquinho. E só me dei conta de que talvez o mundo não visse aquele comportamento da mesma maneira quando li, no dia seguinte, o artigo do jornalista americano Reid Fordgrave, no site da Fox Sports.
Ele admite a superioridade brasileira sobre a seleção americana. Diz que "o Brasil apoia o voleibol profissional como nenhum outro país" (Nota do colunista: será?) e que "o jogo foi dominado pelas brasileiras". As coisas só começam a piorar quando ele analisa o comportamento da torcida durante a partida e do time das brasileiras no pódio. Justamente o que havia me emocionado.
"Eu nunca desprezei tanto um time olímpico", escreveu. "Durante a partida, a torcida brasileira vaiou todos os serviços das americanas.
Foi a primeira vez que vi algum atleta ser vaiado nos Jogos de Londres. Os integrantes da torcida assobiavam e corriam de cima pra baixo nas escadas da arquibancada, enrolados na bandeira brasileira. Quando as japonesas e as americanas recebiam as medalhas de bronze e prata, respectivamente, as medalhistas de ouro do Brasil dançavam e pulavam.
Elas batucavam no pódio. Quando as americanas viviam seu momento, as brasileiras acenavam para a torcida e imitavam a corrida em câmera lenta de "Carruagens de fogo"." O jornalista não estava nos elogiando. E deixou isso claro: "Isso foi falta de classe, falta de espírito esportivo, um comportamento contrário ao espírito olímpico - e, talvez, uma prévia do que o mundo vai ver durante os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro." Depois de entrevistar algumas jogadoras americanas, acostumadas com a torcida e a comemoração brasileiras, o jornalista tentou ser mais compreensivo: "Não leia isso como uma crítica à famosa exuberância brasileira", acrescentou. "Eles são conhecidos pela caipirinha (Nota do colunista: na verdade, o jornalista escreveu "caiparinha") e pelo carnaval, pelo samba e pelas festas nas praias que duram a noite toda (Nota do colunista: !!!??!). Eles são conhecidos por se divertirem e levarem a vida como ela deve ser levada.
"Em vez de uma acusação, leia isso como um aviso, de que as Olimpíadas do Rio de 2016 terão um sabor muito diferente do das cordiais Olimpíadas de Londres, quando os britânicos enlouqueciam com as vitórias de seus conterrâneos, mas se mantinham bem educados com os outros países. Minha raiva inicial estava errada.
Isso foi uma lição." E Reid Fordgrave conclui: "As Olimpíadas, afinal, são sobre estar lado a lado e conviver com diferenças culturais por duas semanas. Nós não nos vestimos todos da mesma maneira. Nós não falamos todos da mesma maneira. E nós não celebramos nosso país ou comemoramos a vitória da mesma maneira. O que é uma coisa que vamos aprender de novo em 2016." Embora concorde com Fordgrave sobre as diferenças culturais - e quem não concorda? - , não consegui deixar de me sentir envergonhado.
Aceitar diferenças é mais fácil quando a diferença é dos outros. Quando nós somos os diferentes, tudo fica mais difícil.
Os quase dez minutos de apresentação brasileira na cerimônia de encerramento das Olimpíadas foram um espanto: mulatas sambando de biquíni, Seu Jorge fantasiado de malandro da Lapa, capoeira, maracatu e índios! Nada diferente do que os shows para turistas ingênuos têm mostrado por aqui ou do samba-exportação que costuma viajar pela Europa. Para surpreender o mundo, os organizadores da festa vão ter que rebolar bem mais do que Alessandra Ambrósio no Estádio Olímpico.
Não sei se chega a ser uma fita banana, mas alguns leitores, inspirados pela coluna de domingo passado, me enviaram algumas combinações que não dão certo. Foi o caso de Victor Hugo Cecatto: "Sou gaúcho, e, na época da minha infância, nos anos 1970, não existia manga no Sul. Então, para a gente, o que "matava" era "melancia com leite"! " Cantinho da talidomida. A contribuição é do leitor Antonio Domingos Ferreira: "Apenas um adendo a um assunto que você já considerou encerrado: Há cerca de três ou quatro anos, fiz uso, entre outras drogas, da talidomida para um problema de zumbido auditivo. Não surtiu o efeito desejado, mas não causou qualquer efeito colateral. "
Fiquei empolgado quando percebi que a maioria da torcida que estava no estádio era brasileira e tinha vontade de repetir em casa as vaias que esta torcida dirigia às jogadoras americanas cada vez que uma delas ia para o saque. O.k., eu também vaiei uma ou duas vezes. Fiquei emocionado com a alegria das brasileiras na hora da entrega de medalhas.
Quase chorei com a descontração das meninas no pódio. O.k., chorei um pouquinho. E só me dei conta de que talvez o mundo não visse aquele comportamento da mesma maneira quando li, no dia seguinte, o artigo do jornalista americano Reid Fordgrave, no site da Fox Sports.
Ele admite a superioridade brasileira sobre a seleção americana. Diz que "o Brasil apoia o voleibol profissional como nenhum outro país" (Nota do colunista: será?) e que "o jogo foi dominado pelas brasileiras". As coisas só começam a piorar quando ele analisa o comportamento da torcida durante a partida e do time das brasileiras no pódio. Justamente o que havia me emocionado.
"Eu nunca desprezei tanto um time olímpico", escreveu. "Durante a partida, a torcida brasileira vaiou todos os serviços das americanas.
Foi a primeira vez que vi algum atleta ser vaiado nos Jogos de Londres. Os integrantes da torcida assobiavam e corriam de cima pra baixo nas escadas da arquibancada, enrolados na bandeira brasileira. Quando as japonesas e as americanas recebiam as medalhas de bronze e prata, respectivamente, as medalhistas de ouro do Brasil dançavam e pulavam.
Elas batucavam no pódio. Quando as americanas viviam seu momento, as brasileiras acenavam para a torcida e imitavam a corrida em câmera lenta de "Carruagens de fogo"." O jornalista não estava nos elogiando. E deixou isso claro: "Isso foi falta de classe, falta de espírito esportivo, um comportamento contrário ao espírito olímpico - e, talvez, uma prévia do que o mundo vai ver durante os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro." Depois de entrevistar algumas jogadoras americanas, acostumadas com a torcida e a comemoração brasileiras, o jornalista tentou ser mais compreensivo: "Não leia isso como uma crítica à famosa exuberância brasileira", acrescentou. "Eles são conhecidos pela caipirinha (Nota do colunista: na verdade, o jornalista escreveu "caiparinha") e pelo carnaval, pelo samba e pelas festas nas praias que duram a noite toda (Nota do colunista: !!!??!). Eles são conhecidos por se divertirem e levarem a vida como ela deve ser levada.
"Em vez de uma acusação, leia isso como um aviso, de que as Olimpíadas do Rio de 2016 terão um sabor muito diferente do das cordiais Olimpíadas de Londres, quando os britânicos enlouqueciam com as vitórias de seus conterrâneos, mas se mantinham bem educados com os outros países. Minha raiva inicial estava errada.
Isso foi uma lição." E Reid Fordgrave conclui: "As Olimpíadas, afinal, são sobre estar lado a lado e conviver com diferenças culturais por duas semanas. Nós não nos vestimos todos da mesma maneira. Nós não falamos todos da mesma maneira. E nós não celebramos nosso país ou comemoramos a vitória da mesma maneira. O que é uma coisa que vamos aprender de novo em 2016." Embora concorde com Fordgrave sobre as diferenças culturais - e quem não concorda? - , não consegui deixar de me sentir envergonhado.
Aceitar diferenças é mais fácil quando a diferença é dos outros. Quando nós somos os diferentes, tudo fica mais difícil.
Os quase dez minutos de apresentação brasileira na cerimônia de encerramento das Olimpíadas foram um espanto: mulatas sambando de biquíni, Seu Jorge fantasiado de malandro da Lapa, capoeira, maracatu e índios! Nada diferente do que os shows para turistas ingênuos têm mostrado por aqui ou do samba-exportação que costuma viajar pela Europa. Para surpreender o mundo, os organizadores da festa vão ter que rebolar bem mais do que Alessandra Ambrósio no Estádio Olímpico.
Não sei se chega a ser uma fita banana, mas alguns leitores, inspirados pela coluna de domingo passado, me enviaram algumas combinações que não dão certo. Foi o caso de Victor Hugo Cecatto: "Sou gaúcho, e, na época da minha infância, nos anos 1970, não existia manga no Sul. Então, para a gente, o que "matava" era "melancia com leite"! " Cantinho da talidomida. A contribuição é do leitor Antonio Domingos Ferreira: "Apenas um adendo a um assunto que você já considerou encerrado: Há cerca de três ou quatro anos, fiz uso, entre outras drogas, da talidomida para um problema de zumbido auditivo. Não surtiu o efeito desejado, mas não causou qualquer efeito colateral. "
ele esqueceu de citar que as brasileiras pediram para a tocida cantar USA...
ResponderExcluiros americanos nao estao acostumados a perder. seria bom eles aprederem a saber q nao sao os unicos seres humanos do planeta .e viva as nossas meninas do volei
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