sábado, agosto 04, 2012

A importância da indústria para os Estados - PATRÍCIA MARRONE


O Estado de S.Paulo - 04/08


A participação do conjunto composto pela soma das indústrias (extrativa mineral, de transformação, construção civil e de produção e distribuição de eletricidade, gás, água e esgoto e limpeza urbana) no valor adicionado interno bruto total, tem se mantido em torno de 27,2% desde 1995, segundo as Contas Nacionais do IBGE. Extraída desse conjunto, a participação média da indústria de transformação girou em torno de 17,2% da riqueza nacional num período de 15 anos. Mas, desde 2007, os resultados têm se mostrado inferiores à média e com desvios crescentes, caindo de 19,2%, em 2004, para 16,6%, em 2009.

As mudanças ocorreram de forma heterogênea entre os Estados, conforme mostram dois tipos de indicadores: a participação do valor adicionado da indústria de transformação de cada Estado em relação ao valor adicionado total gerado nele, em todos os setores e a parcela do valor adicionado da indústria de transformação de cada Estado em relação ao total do Brasil nesse setor. Quanto ao primeiro indicador, a participação da indústria de transformação reduziu-se em Santa Catarina (de 28%, em 1995, para 22%, em 2009), com quedas também no Rio Grande do Sul, no Amazonas, no Pará, em Roraima, no Amapá, no Maranhão, em Mato Grosso e no Espírito Santo. Ela tem permanecido praticamente constante em São Paulo (ao redor de 22,6%), no Paraná e em Minas Gerais (com 18% cada um), no Rio de Janeiro (9,8%) e em Pernambuco, no Ceará, em Mato Grosso do Sul, no Tocantins, no Piauí e no Rio Grande do Norte. E apresentou crescimento na Bahia (de 12,6% para 16,2%), em Goiás (de 11% para 15%), além da Paraíba, de Rondônia e do Acre.

Passando ao segundo indicador, apesar de a indústria de transformação paulista ter mantido o seu peso dentro do Estado, ela, que em 1995 respondia por 54% do valor adicionado dessa indústria no País, em 2010 já havia reduzido sua participação para apenas 41%. A riqueza gerada por ela alcança R$ 295,6 bi. Com uma indústria diversificada, preponderam R$ 63,6 bi gerados pela automobilística, de ônibus e caminhões, R$ 35,6 bi do refino do petróleo, R$ 26,9 bi de açúcar, R$ 18 bi de farmacêuticos e R$ 15,4 bi de autopeças. Juntos, esses ramos respondem por 54% do valor adicionado das manufaturas no Estado.

Ao contrário da queda de São Paulo, a participação da indústria de transformação estadual em relação à total nacional cresceu no Paraná, em Minas Gerais e em Goiás. No Paraná, dos R$ 54,6 bilhões gerados pela indústria de transformação, em 2010, R$ 16,2 bi vieram da automobilística, ônibus e caminhões, R$ 6 bi do abate de suínos e aves e R$ 4,3 bi de fertilizantes. Em Minas Gerais, dos R$ 73,7 bilhões gerados, R$ 18,6 bi vieram da automobilística, R$ 10,3 bi da fabricação de laminados planos de aço e R$ 8,2 bi da fabricação de laticínios.

A queda de participação da indústria de transformação na economia decorreu de fatores como a perda de competitividade imposta pelo câmbio e o custo Brasil, o último tão citado quanto carente de providências corretivas. A ênfase dos investimentos privados em novos processos industriais, em detrimento de investimentos em produtos inovadores e a falta do direcionamento dos pesquisadores universitários para as áreas de ponta também contribuíram para a falta de sustentação da indústria. Por outro lado, incentivos fiscais e a melhor distribuição regional da renda contribuíram para o crescimento da importância da indústria em alguns Estados.

A nova agenda de desenvolvimento regional lançada pelo BNDES em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio procura fomentar os investimentos estaduais em infraestrutura. Nesse sentido, os setores relevantes de cada região deveriam ser ouvidos, para que as suas prioridades sejam atendidas e ampliem a sua contribuição para as economias locais e para a nacional. Também seria desejável fomentar cadeias produtivas onde o Brasil pode ampliar sua vantagem competitiva, diversificando a manufatura nos Estados para novas áreas, além da automobilística.

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