sexta-feira, julho 20, 2012

O agiota de plástico - MARCOS AUGUSTO GONÇALVES


FOLHA DE SP - 20/07

SÃO PAULO - O ancestral dos atuais cartões de crédito apareceu na década de 1920, nos Estados Unidos. Empresas os entregavam a alguns clientes, considerados honestos e fiéis, para que pudessem fazer compras e pagar depois.
Foi em 1950 que surgiu o modelo parecido com o atual. Um ano antes, seu criador, o empresário Frank McNamara, havia passado por um aperto num restaurante de Nova York. Depois do jantar, quando veio a conta, percebeu que esquecera dinheiro e cheques em casa.

Do incidente nasceu a revolucionária ideia, com o nome, já lendário, de Diners Club -obra de McNamara e de seu advogado, Ralph Schneider.

O novo meio de pagamento foi oferecido a um círculo de 200 pessoas e apenas 14 restaurantes nova-iorquinos passaram a aceitá-lo.

Logo, porém, o negócio escalava as alturas -até mesmo na ampliação dos escritórios: o Diners começou a funcionar no 24° andar do Empire State Building, estendeu-se ao 32º e, por fim, ao 77º. No fim do ano, 20 mil pessoas já levavam um cartão de crédito no bolso.

Conhecido, hoje, como "dinheiro de plástico", esse fetiche monetário do capitalismo contemporâneo atrai cada vez mais brasileiros que chegam ao mercado de consumo.
Por um lado, é uma boa notícia, por outro, difunde-se uma arapuca que pode gerar endividamentos em bola de neve.

É que as operadoras, como se noticiou nesta semana, praticam no Brasil os juros mais elevados do planeta.

Enquanto a Selic, a taxa básica, desce a patamares civilizados (cerca de 3% ao ano, em termos reais), os juros do financiamento rotativo do cartão alcançam 323% anuais.
Que nome dar a isso? Agiotagem parece pouco.

Por mais que o setor financeiro venha com considerações sobre riscos e inadimplências, trata-se de uma situação escandalosa, abusiva, que precisa ser alvo de alguma providência em defesa do consumidor.

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