terça-feira, junho 05, 2012

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 05/06

'Precisa baixar imposto e estimular investimento'

"Precisa baixar imposto e estimular o investimento, não o consumo. As duas coisas que geram crescimento."

A afirmação é de José Roberto Ermírio de Moraes, presidente do conselho de administração da Votorantim Participações, que afirma estar "um pouco preocupado com a economia".

"Tomam ações pontuais para um setor ou outro. Agora, todo o esforço foi para o setor automotivo. Mas todos os setores estão sofrendo."

Para Moraes, as medidas tomadas em 2008 podem não funcionar de novo.

"O governo foi naquele ano muito ágil, adotou medidas anticíclicas, estimulou o consumo, o Brasil foi afetado por alguns meses e depois se recuperou bem", avalia.

"Agora com a crise mais séria, acho que está um pouco esgotada essa questão do crédito, de pedir à população, já endividada, para consumir mais." A receita é valida, mas precisa de outros ingredientes, acrescenta ele.

"O essencial é estimular investimentos, não o consumo. Parte desse consumo foi aproveitado por nossos concorrentes internacionais, com importações. O PIB industrial não cresceu. O déficit de manufaturados é de R$ 80 bilhões. Tínhamos superávit há três anos."

Para ele, não basta o desejo de ter mais investimentos.

"É preciso criar condições e mexer nos gargalos. O Brasil tem de se tornar mais competitivo. O Estado investe pouco do que arrecada. Tem de fazer a parte dele, permitir que empresários nacionais e estrangeiros tenham segurança para empreender. Há áreas em que faltam regras; a energia é cara."

O governo, porém, está atento, ressalva.

"A presidente Dilma tem uma vontade imensa de ouvir empresários e aumentar a eficiência do Estado. Muito foi feito, mas não é fácil."

Por onde começar a cortar imposto? "A presidente entende que o Estado deva ser mais pesado, indutor. Se for com eficiência, pode dar resultado. Ela se preocupa em como entregar."

Para Luís Ermírio de Moraes, membro do conselho, falta política industrial. "O país tem de eleger onde quer estar daqui a dez, 20 anos", diz Ermírio de Moraes.

Votorantim e governo de SP criam reserva ambiental

O governo do Estado de São Paulo e a Votorantim assinam hoje protocolo de intenções para a conservação de uma área de 35 mil hectares de mata atlântica primária no Vale do Ribeira (SP).

Na região, do tamanho de cerca de 70 mil campos de futebol e que passará a ser gerida de forma compartilhada, estão localizadas oito usinas hidrelétricas da Votorantim.

"Há 50 anos, o Dr. Antônio [Ermírio de Moraes] começou a manter essa área. Já tínhamos a consciência de que para preservar o recurso hidrelétrico, não bastava preservar só as margens, mas toda a floresta", diz José Ermírio de Moraes, presidente do conselho de administração.

"Sem isso, seria impossível manter essa vazão, muito importante para nós, e esse pulmão de mata primária, a duas horas de São Paulo."

O acordo prevê a preservação de espécies ameaçadas de extinção e a realização de estudos científicos.

"Algumas áreas estavam degeneradas pelo extrativismo do palmito, por exemplo. E leva 30, 40 anos para recuperá-las", diz Luís Ermírio de Moraes, membro do conselho.

"É raríssimo que um proprietário nos procure para um acordo assim. É uma área de grande importância. Vamos estudar a melhor saída jurídica para a reserva", diz o secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas.

Telefone... A Nextel foi proibida pela Justiça de vender celulares para pessoas físicas. Ainda cabe recurso. Ela só pode comercializar com empresas ou grupos de pessoas associadas por uma atividade específica (funcionários de uma mesma companhia, por exemplo).

...bloqueado A decisão foi tomada na semana passada e dá 30 dias para a Nextel se adequar, sob pena de multa diária de R$ 80 mil. A empresa informa que a decisão "não julga o mérito da ação" e que irá recorrer. A Tim foi quem acionou a Justiça.

Moda A C&A investiu R$ 32 milhões em ação socioambiental em 2010 e 2011, segundo relatório a ser divulgado hoje.

Vento A brasileira Renova Energia investirá R$ 9 milhões em um programa com 20 iniciativas ambientais.

TUBO DE ENSAIO

O fôlego que a indústria química ganhou no primeiro trimestre do ano perdeu ritmo em abril. Tanto produção quanto vendas internas caíram no setor, segundo a Abiquim (associação do setor).

A produção recuou 15,38% e as vendas internas caíram 7,62% em relação a março.

O primeiro trimestre estava aquecido devido, entre outros fatores, à reposição de estoques, que fecharam baixos em 2011 pelo receio da crise. Mas o quadrimestre ainda é positivo. Ante os quatro primeiros meses de 2011, a produção subiu 5,99%.

"Em abril, a indústria sentiu o desaquecimento. Diante do cenário de incertezas, quem podia antecipar paradas para manutenção, aproveitou", diz Fátima Ferreira, diretora da Abiquim.

"O próximo mês é uma incógnita. O governo está tentando estimular a indústria, mas há preocupação."

NÚMEROS

15,38% foi a queda da produção da indústria química em abril em relação a março

7,62% foi o recuo de vendas internas

5,99% foi a alta do índice de produção ante o primeiro quadrimestre de 2011

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