quarta-feira, maio 30, 2012

Punta-taco econômico - PEDRO A. X. ZALUSKI


ZERO HORA - 30/05
Bem conhecida dos apreciadores de automobilismo, punta-taco é a técnica de coordenar os movimentos de pisar no acelerador com a ponta do pé (punta) e no pedal de freio com o calcanhar (taco) ao fazer a entrada de uma curva. Assim, o piloto pode frear e reacelerar o carro de forma mais rápida e ganhar preciosas frações de segundo em sua busca pela vitória. Observando a forma pela qual tem sido conduzida a economia brasileira desde 2008, fica claro que o governo tem adotado manobras do tipo punta-taco para contornar as curvas de instabilidade do mercado financeiro internacional. Em repetidas vezes, temos assistido ao governo tomar medidas que aceleram e freiam a economia. Acelerando nos períodos de agudez da crise internacional através da redução de impostos e da taxa Selic e do aumento de gastos públicos; e freando nos momentos mais favoráveis, com medidas de restrição ao crédito e elevação da carga tributária, como forma de combater o risco inflacionário por excesso de consumo e a valorização do real frente ao dólar decorrente do maior fluxo de entrada de capital estrangeiro.
Neste sentido, tem sido emblemática a política adotada para a cobrança de IPI da indústria automobilística, com as contínuas mudanças de alíquotas, para cima e para baixo, num ciclo vicioso que já deu mostras de ser apenas um paliativo ineficaz para os reais problemas do país. Como agora, quando diante de mais um surto de pânico bancário europeu, temos nova redução no IPI dos automóveis. A medida apenas ajudará as montadoras a escoar seus estoques elevados, mas, por ser temporária, em nada contribuirá para estimular investimentos e compromissos de longo prazo. Portanto, é passada a hora de o governo perceber que o enfrentamento das seguidas recidivas da crise internacional com a adoção de "punta-tacos econômicos" não tem trazido resultados. De entender que este contínuo acelerar e frear da economia torna impossível para as empresas estabelecer um planejamento eficaz de investimentos e implantar estratégias que gerem resultados sólidos para o crescimento econômico do país. E de saber que precisamos urgentemente de uma ampla reforma econômica, fundamentada na desoneração dos custos tributários e financeiros que sufocam nosso desenvolvimento, e que permita o Brasil seguir seu caminho rumo ao progresso sem tantas derrapagens nas curvas da economia internacional.

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