segunda-feira, maio 14, 2012

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 14/05


Linha do BNDES para Copa só financia 5 novos hotéis

Nem mesmo juros baixos e prazo de pagamento de até 18 anos fizeram deslanchar a linha especial de crédito lançada pelo BNDES em 2010 para a construção de hotéis para a Copa de 2014.

A pouco mais de dois anos do evento, foram aprovados empréstimos para a construção de apenas cinco empreendimentos e a reforma de outros três hotéis.

Do total planejado de R$ 1 bilhão, os financiamentos chegaram a apenas R$ 277 milhões. Vão ampliar em 1.618 a oferta de quartos.

O maior contrato foi fechado com o grupo EBX, de Eike Batista, em 2010: R$ 146,5 milhões para a restauração do histórico Hotel Glória, no Rio, cuja obra não ampliará sua capacidade em leitos.

ENTRAVES

Para o setor hoteleiro, os entraves estão na dificuldade em atender exigências de garantias bancárias para a concessão do empréstimo, além da incapacidade do próprio segmento em conseguir as certidões negativas de débitos tributários.

Falta também, ainda segundo informações do setor, interesse dos bancos conveniados do BNDES em repassar essa linha de crédito.

BUROCRACIA

Alfredo Lopes, presidente da ABIH-RJ (Associação Brasileira de Hotéis-Regional RJ), afirma que a "burocracia é muito grande" e que a linha de crédito "não atende à necessidade do setor".

Um problema, diz, são as ações judiciais de dívidas de IPTU comuns no setor, o que inviabiliza a liberação do recursos tomados.

Alexandre Sampaio, presidente da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes e Bares, por sua vez, afirma que as exigências de garantias são "incompatíveis" com a atividade hoteleira.

GARANTIA

O BNDES só aceita garantia de 130% do valor financiado -um dos maiores percentuais praticados pela instituição. O setor pleiteia, segundo Sampaio, que a receita futura dos hotéis depois de prontos sirva como parte das garantias, como ocorre na área de infraestrutura.

EXIGÊNCIA ALTA

Para Abel Castro, diretor do grupo Accor (bandeira Ibis, F1, Mercure e outras), a linha é uma "evolução" por oferecer juros menores e mais prazo, mas a exigência de garantia de 30% acima do valor financiado fez com que apenas 3 dos 55 empreendimentos do grupo planejados para as cidades sedes obtivessem crédito.

Para BNDES, a adesão de setor não é pequena

O BNDES afirma que, apesar de a linha de crédito para hotéis, criada em 2010, ter orçamento de R$ 1 bilhão, não há "baixa adesão", pois entre 2005 e 2010 havia financiado apenas R$ 41 milhões para o setor hoteleiro.

A instituição informa ainda que existem mais R$ 606 milhões em pedidos de financiamento em análise.

Um hotel, porém, leva dois anos para ser construído e o processo de aprovação de um empréstimo consome mais seis meses. Desse modo, muitos projetos sob análise tendem a não estar prontos para a Copa.

No Rio, que sediará o centro de mídia e a final da Copa, existe a necessidade de 5 mil novos quartos até 2014, mas só 3 mil estão em construção no momento.

Apesar do fraco interesse pela linha do BNDES, Alexandre Sampaio, de entidade que reúne hotéis, restaurantes e bares, diz que não haverá carência de vagas na Copa.

O Ministério do Turismo afirma que não foi firmado compromisso com a Fifa para oferta de quartos.

Existem, no entanto, um total de R$ 2,8 bilhões em recursos disponíveis, em bancos públicos (inclusive no BNDES) para financiar a construção de hotéis, ainda de acordo com o Ministério do Turismo.

Visita O presidente da Serasa Experian América Latina, Ricardo Loureiro, recebeu na semana passada uma delegação do FMI. "'Bureaus' de crédito são referência para o FMI avaliar a estabilidade de um país", disse Loureiro.

Aeroportuário A Abdib (de indústrias de base) e a Fundação Casimiro Montenegro Filho terão curso de especialização em gestão de infraestrutura aeroportuária. As aulas contarão com professores do ITA e de instituições internacionais como o MIT.

EDUCAÇÃO INGLESA

A empresa de intercâmbio CI colocou em seu portfólio um programa de educação na Inglaterra que pode custar quase R$ 130 mil por um ano acadêmico.

Alunos com idade a partir de 16 anos são acomodados em suítes individuais na escola e, além das matérias tradicionais, recebem aulas de chinês e negócios, entre outras disciplinas, de acordo com a companhia.

A alta na venda dos produtos carros-chefes, que são os cursos de idiomas, projetou a expansão da empresa, que tem 64 unidades.

"Pretendemos chegar a cem no fim de 2014", diz Celso Garcia, sócio da CI.

Estão previstas mais dez unidades para este ano e 16 para o próximo, entre franquias e lojas próprias, acrescenta Garcia.

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