quinta-feira, maio 03, 2012

Marcação cerrada - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 03/05/12

Sob o olhar atento da opinião pública, os integrantes da CPI do Caso Cachoeira não moveram um dedo ontem para proteger quem quer que seja. Em sua primeira reunião, ficou patente que neste momento não há espaço político para livrar os que de alguma forma foram envolvidos nas teias do contraventor Carlos Cachoeira. Mas o êxito da CPI não está garantido. São intensas as pressões para atacar a mídia e proteger governadores.

PSDB sai em defesa de Leréia
Os tucanos estão divididos. Os partidários do senador Aécio Neves (PSDB-MG) acham que é preciso se livrar do deputado Carlos Leréia (PSDB-GO), por suas relações com o contraventor Carlos Cachoeira. Os aliados do governador Marconi Perillo (PSDB-GO) pressionaram para que Leréia pedisse licença do partido. Leréia rejeitou a proposta. Diante disso, o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), e o líder na Câmara, Bruno Araújo (PE), decidiram bancar Leréia. “Nós temos confiança de que ele será bem-sucedido”, disse Guerra. “A prudência manda que os colegas o ouçam”, complementou Bruno Araújo.

"O que a população quer saber é quando vamos ouvir os bandidos” — Fernando Francischini, deputado (PSDB-PR), na reunião que marcou para 15 de maio o depoimento do contraventor Carlos Cachoeira

A CRUZADA. A presidente Dilma incorporou o discurso do ex-vice José Alencar e vai fazer uma campanha pela redução dos juros. Ela pretende manter os banqueiros sob pressão. Hoje ela vai voltar ao tema junto às centrais sindicais e aos grandes empresários do país. Sua intenção é que essas entidades e personalidades se associem a essa cruzada, que os estrategistas consideram fundamental para o crescimento da economia.

Sinal dos tempos
Em outros tempos, o senador Demóstenes Torres (GO) não pensaria duas vezes ao entrar numa reunião de CPI. Ontem, indo em direção ao plenário do Senado, passou reto e rápido pela sala onde ocorria a reunião da CPI do Cachoeira.

PT dividido
Uma ala do PT queria que fossem marcadas ontem as datas para os governadores comparecerem à CPI. Os mais brandos levaram. Sugeriram que o relator, Odair Cunha (PT-MG), esperasse pelos sigilos bancário e telefônico de Cachoeira.

Trabalho: uma pasta desidratada
Ao assumir hoje, o ministro Brizola Neto vai encontrar um Ministério do Trabalho enfraquecido. O Pronatec foi para o MEC. Condições de trabalho na indústria da construção e na da cana-de-açúcar, desoneração da folha e a alteração na legislação para os domésticos estão em debate na Secretaria-Geral da Presidência. O governo ainda pode transferir o FAT para a Fazenda e criou no Planejamento a Secretaria de Relações de Trabalho.

Aerocachoeira
Numa conversa telefônica, em 2 de maio de 2011, sobre uma viagem de urgência, o diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, sugere ao contraventor Carlos Cachoeira: “Nós temos que comprar um avião para nós, bicho!”

Rebuliço
Agitação no Pará. Foi parar no YouTube a gravação de uma conversa telefônica do deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) com uma namorada. O parlamentar a pressiona a praticar um crime: aborto. E diz que não tem como bancar um filho.

UM GRUPO de parlamentares do governo e da oposição está criando uma frente para evitar que os petistas e o senador Fernando Collor (PTB-AL) usem os trabalhos da CPI para atacar a imprensa.

ACORDO. O secretário-executivo do Ministério do Trabalho, Paulo Pinto, ligado ao ex-ministro Carlos Lupi, vai permanecer na pasta e deve ser nomeado para ocupar um cargo relevante.

O PRESIDENTE da Vale, Murilo Ferreira, recusou convite da Comissão de Direitos Humanos da Câmara para audiência pública. Ela iria tratar da criação de fundos sociais comunitários da mineração.

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