domingo, abril 01, 2012
Um impeachment interno - JOÃO BOSCO RABELLO
O Estado de S.Paulo - 01/04/12
Pior avaliado do País, com 70% de reprovação, investigado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por desvio de verba pública quando ministro do Esporte e por suspeita de subornos quando funcionário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, está sob intervenção do Palácio do Planalto.
Não por virtude do governo Dilma Rousseff, mas por instinto de defesa do PT depois de constatar que o atual governador do DF caminha perigosamente na mesma direção que apeou do cargo o seu antecessor José Roberto Arruda, dando início à hemorragia em que se esvai desde então o DEM.
Eleito pela mesma aliança de Arruda, por sua vez herdada de Joaquim Roriz (seu criador e antecessor), Agnelo só teve visibilidade pelos escândalos que protagonizou, nenhum deles respondido. A exemplo dos antecessores, controla a Câmara Distrital, que já recusou a abertura de cinco pedidos de impeachment.
Desembarcaram em seu governo nas últimas semanas duas personagens com os quais o governo federal espera interditar Agnelo: o ex-ministro da Justiça Luiz Paulo Barreto (Secretaria de Planejamento) e Swedenberger Barbosa (Casa Civil), assessor especial de José Dirceu no primeiro governo Lula, que deu seu aval público à operação em carta lida na posse do ex-subordinado.
Na hipótese de condenação de Agnelo pelo STJ, e seu consequente impedimento, esse movimento operado agora poderá manter o PT no controle do governo. Só não evitará o que já se sabe de longa data : o esquema de corrupção do governo Arruda foi, na verdade, gerenciado por uma aliança suprapartidária.
DEM e o custo
Demóstenes
A bancada do DEM no Senado já contabilizou as perdas com a renúncia e desfiliação de Demóstenes Torres, que parecem inevitáveis. Sem ele, a bancada fica reduzida a quatro senadores. Como Clóvis Fecury (MA) é suplente e pode, a qualquer momento, devolver a cadeira ao titular do PMDB, sobram três. Mas com Maria do Carmo(SE) ameaçada no TSE de perda do mandato, restam dois senadores, insuficientes para que o partido preserve o gabinete da liderança: uma estrutura que comporta até 82 cargos, dos quais apenas 7 são de carreira.
Virando o jogo
A Executiva do PT trabalha, nos bastidores, para transformar a pré-candidatura alternativa do deputado Maurício Rands à Prefeitura do Recife em plano A. Rands lançou-se contra outro petista, João da Costa, atual prefeito, que tem a máquina pública nas mãos. Em contrapartida, Rands tem o apoio do governador Eduardo Campos (PSB), que não simpatiza com a reeleição de Costa. Eles vão disputar prévia em maio.
Mais oxigênio
Com a quitação, em julho, da dívida de R$ 42 bilhões da Caixa com os trabalhadores, para compensar as perdas do FGTS dos Planos Verão e Collor, a CNI pressiona pelo fim da cobrança do adicional de 10% à multa por demissão sem justa causa, que recai sobre os empregadores. O Senado aprovou, em 2009, projeto de lei com essa finalidade, mas a proposta empacou na Câmara. A extinção poderia ter ocorrido em 2010, mas o Ministério do Trabalho resistiu, alegando um prejuízo de R$ 22 bilhões.
Rigor seletivo
Marta Suplicy interrompeu o discurso de Aécio Neves contra o governo Dilma, na quarta-feira, por três vezes, para adverti-lo de que já ultrapassara os 10 minutos do seu tempo regimental. À oposição que cobrou tolerância de meia-hora dada a José Sarney (PMDB-AP), respondeu simplesmente: "Fiz uma liberalidade".
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