quarta-feira, março 07, 2012

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 07/03/12
Odontologia é o único setor com superavit na indústria médica

O segmento de odontologia foi o único superavitário na indústria médico-hospitalar no ano passado, de acordo com dados da Abimo (associação do setor).

As vendas brasileiras foram superiores às compras em US$ 6,3 milhões. O valor do superavit do segmento, porém, representou apenas 25% do obtido em 2010.

"A queda ocorreu devido à valorização do real. A tendência é que esse segmento continue a ser superavitário", diz Paulo Henrique Fraccaro, diretor da entidade.

Alemanha, Estados Unidos, Venezuela e Argentina foram os três principais mercados compradores, com 18,3%, 7,7%, 5,9% e 5,2% do total, respectivamente.

A balança comercial do setor médico-hospitalar brasileiro, porém, foi negativa em US$ 3,4 bilhões, sendo que as exportações foram de cerca de US$ 707,1 milhões.

O segmento voltado para laboratórios foi o que apresentou maior deficit, de US$ 972,6 milhões.

Dos produtos brasileiros vendidos para o exterior em 2011, 94,9% foram fabricados no Sul e no Sudeste.

Essa concentração deverá se manter nos próximos três anos, segundo a associação.

"Os incentivos oferecidos em outras regiões não são suficientes para atrair as empresas que já produzem aqui, pois a mudança é muito complexa", afirma Fraccaro.

"Essa medida atrai apenas as estrangeiras que ainda pretendem vir ao Brasil."

Empresa estrangeira é o pior competidor de private equity

"Estamos vendo cada vez mais competidores estratégicos em busca de aquisições. Para os financeiros nunca perdemos nenhum negócio", diz Juan Carlos Felix, diretor do Carlyle no Brasil, ao comentar que as negociações ficaram mais acirradas com a entrada de novos fundos de private equity (participação em empresas) no país.

"Temos mais medo dos estratégicos que querem entrar no Brasil do que dos outros de private equity", afirma.

Empresas estrangeiras que já atuam nos setores cobiçados pelos fundos vêm agora ampliar seus mercados. Passaram, então, a competir por oportunidades de aquisição.

"Eles geralmente têm mais apetite para comprar", diz.

O fundo tem US$ 1 bilhão para investir em dez companhias no Brasil. Após anunciar a quarta aquisição, da Ri Happy, na semana passada, o Carlyle tem outras empresas em negociação, com plano de fechar mais um negócio até o final de 2012.

"Os anos 1980 foram a década de ouro para o private equity nos Estados Unidos. Isso é o que ocorre agora no Brasil, onde as empresas crescem cerca de 30%, como não acontece lá há muito tempo."

Devem entrar em operação neste ano outros fundos do Carlyle, no Peru e na África do Sul para, assim como no Brasil, procurar chegar antes dos concorrentes.

"Para cada empresa que compramos, olhamos 150 e em cada três 'due dilligences' [auditoria em dados da empresa à venda], ficamos com 50%"

"Queremos que as pessoas que trabalham conosco, muitas delas entre 25 e 30 anos, saiam da bolha da Faria Lima e aprendam com esse trabalho social"

FORA DA BOLHA

O Carlyle vai lançar uma instituição para realizar investimento social. A ideia é aplicar em ONGs dedicadas a educação no Brasil.

Os recursos virão voluntariamente das próprias empresas do fundo, além de participações de funcionários do Carlyle. Também participam colaboradores como Ernst & Young Terco, McKinsey, Mattos Filho e Pinheiro Neto.

Serão investidos de US$ 3 milhões a US$ 6 milhões ao ano em cerca de cinco instituições. "Como fazemos com nossas empresas, vamos acompanhá-las e renová-las a cada cinco anos", diz. "A educação deve ser considerada investimento, e não gasto."

Taxa para investimento

A taxa baixa de impostos é o principal atrativo para companhias fazerem investimentos diretos em outros países.

De 315 empresas ouvidas pela EIU (Economist Intelligence Unit), 46% citaram os tributos em primeiro lugar.

Em seguida, apareceram os acordos entre os países contra bitributação (34%) e as regras de taxação do preço de transferência (23%).

O levantamento também mostra que as condições oferecidas pelo Brasil são consideradas atraentes por 13% dos entrevistados.

A pesquisa analisou ainda as fontes de informação utilizadas pelas empresas para decidirem seus investimentos. Profissionais como advogados e contadores (52%) e jornais especializados (33%) são os mais procurados.

QUEDA NA CONFIANÇA

A confiança econômica dos brasileiros caiu dois pontos em fevereiro de 2012, ante janeiro, segundo a Associação Comercial de São Paulo.

O resultado foi o segundo melhor desde 2010. "Até junho, o índice ficará perto de 175 pontos e, no fim do ano, aumentará", diz Rogério Amato, presidente da entidade.

A pesquisa, feita entre 20 e 29 de fevereiro, foi produzida por meio de mil entrevistas.

Arte estilo exportação

Apesar da valorização do real, as exportações brasileiras de arte contemporânea bateram recorde em 2011. Foram US$ 60 milhões. Até então, 2008 havia sido o melhor ano do setor, com US$ 35 milhões.

"As regras do mercado de arte são diferentes. Não estão relacionadas ao preço, mas ao interesse [pelo artista]. As vendas de 2011 têm a ver com a atual visibilidade do país", diz Mônica Esmanhotto, gerente do projeto da Apex para a Abact (Associação Brasileira de Arte Contemporânea).

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