domingo, março 18, 2012
A boa morte - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 18/03/12
Aparentemente ninguém deu muita bola para a proposta, feita pela comissão de juristas que revê o Código Penal, de descriminalizar certos tipos de eutanásia. Esse, entretanto, é um assunto importantíssimo e que tende a ficar cada vez mais premente, à medida que a população envelhece e a medicina amplia seu arsenal terapêutico.
Desligar as máquinas que mantêm um paciente vivo pode ser descrito como um caso de homicídio, ainda que com o objetivo nobre de evitar sofrimento, ou como uma recusa em prosseguir com tratamento fútil, o que é perfeitamente legal.
Como sempre, acho que cabe a cada qual fazer suas próprias escolhas. Mas, já que nem sempre sabemos o que é melhor, convém dar uma espiadela em como pensam aqueles que, de fato, entendem do assunto.
Num artigo que está movimentando a blogosfera sanitária e já foi reproduzido no "Wall Street Journal" e no "Guardian", o doutor Ken Murray sustenta que, embora os médicos apliquem todo tipo de manobra heroica para prolongar a vida de seus pacientes, quando se trata de suas próprias vidas e das de seus entes queridos, eles são bem mais comedidos.
Como estão familiarizados com o sofrimento e os desfechos das medidas extremas, querem estar seguros de que, quando a sua hora vier, ninguém vai tentar reanimá-los nem levá-los a uma UTI para entubá-los e espetá-los com cateteres. Murray diz que um de seus colegas chegou a tatuar o termo "no code" (sem ressuscitação) no próprio corpo.
A pergunta que fica, então, é: se não são sádicos, por que os médicos fazem aos outros o que não desejam para si mesmos. E a resposta de Murray é que ocorre uma perversa combinação de variáveis emocionais, econômicas, mal-entendidos linguísticos, além, é claro, da própria lógica do sistema. Em geral, para o médico é muito mais fácil e seguro apostar no tratamento, mesmo que ele se estenda para muito além do razoável.
Esse texto foi utilizado na parte de português na prova da SEAP, hoje no Rio de Janeiro!
ResponderExcluir~Quem narcou a letra c?
ResponderExcluirQuem marcou a letra c na primeira questão?
ResponderExcluirResposta D
ResponderExcluirGalera, estamos discutindo isto em comunidades no orkut e no face também, mas acredito que devemos ser contundentes.
O texto do senhor Hélio e muito sério e deveria ser debatido numa prova discursiva por exemplo, na minha opinião, frente a necessidade de revisão do código penal em diversos aspectos. Mas isto não aconteceu e hoje estamos numa situação de ter um texto de opinião como alega a própria questão três sendo alegado pela banca que utiliza um outro artigo de opinião que supostamente teve enorme badalo na internet pra reforçar a proposta de alteração da comissão de juristas.
Senhores este não foi o objetivo inicial do texto do autor brasileiro e nem de longe pode se afirmar que possui capacidade o do autor estrangeiro, visto que nenhum deles se debruça sobre dados técnicos e científicos para tal coisa.
O que eles fazem apenas é expor comportamentos isolados de "alguns" médicos para tentar nos fazer conceber que os "médicos' em questão pensam assim.
Para mim o autor tenta convencer os leitores e coloca o texto ali para não considerarmos como uma proposta a eliminação dos idosos no primeiro parágrafo, pois o que ele começa a alegar é que o "assunto tende a ficar cada vez mais premente à medida que a população envelhece".
então para o autor não devemos gastar os modernos e nobres recursos da medicina com os idosos, afinal eles não são mais úteis para o capitalismo brasileiro e então começamos a pensar na descriminalização de "certos tipos de eutanásia", ou seja, maneiras de exterminar estes idosos.
Então ele coloca o artigo em questão que em nenhum momento possui a opinião formal de médicos ou pareceres de algum grupo deles.
A banca equivocou-se? Acredito que não, para mim é mais um teste. O erro é muito óbvio.
Ao autor meus parabéns, aos dois pelo texto, por nós a oportunidade de travar esse ótimo debate.
Posso discordar do que eles dizem, mas defenderei até o último recurso o direito deles fazerem rsrs
Prezado Helio
ResponderExcluirApresentando-me, meu nome é William Domingues e, como é de seu conhecimento, seu texto ora citado no campo ASSUNTO do e-mail, foi utilizado no concurso para inspetor de segurança e administração penitenciária do Rio de Janeiro(SEAP-RJ/2012), na parte de interpretação de texto, concurso esse realizado no dia 6 passado.
Face a inúmeras divergências acerca do gabarito fornecido pela banca organizadora do concurso, peço encarecidamente sua manifestação sobre estas respostas que, acreditou eu, divirjam profundamente daquilo que você pretendia provocar ao leitor e ainda, fortalecer a discussão já vívida nos fóruns e redes sociais, ratificando aquilo que, de facto, assimilamos sobre o texto.
É imprescindível sua participação para dirimirmos essa questão que poderá definir o futuro de muitos candidatos.
Sei que seu tempo é corrido, mas olhe com bons olhos o meu apelo e de tantos outros candidatos.
Certo de sua compreensão.
William Domingues
inscrição 7220202
Estou esperançoso em ganhar esta questão 2, para trocar para letra D.O bom se anulasse.
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