quinta-feira, fevereiro 09, 2012
Na linha do risco - JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SP - 09/02/12
Nem com a maior capitulação haveria justificativa aos PMs pais que usaram crianças como escudos em Salvador
O pior crime, por muitos pontos de vista, dos amotinados em Salvador perdeu suas características, e as atenções, dado o contraste entre a condição indefesa e forçada de suas vítimas e as violências muito mais exibidas pelo motim. O contraste nada muda de fato, porém.
Na reunião fechada de ontem de manhã com o arcebispo Murilo Krieger e outros, os PMs deixaram claro que sua exigência irredutível passa a ser, à margem das várias postas na mesa, a anistia para os 12 amotinados já presos e para os que venham a sê-lo. Não convém duvidar de que o governador Jaques Wagner se achegue, no final, à possibilidade da anistia -afinal uma- ampla, geral e irrestrita.
Nem com a maior capitulação haveria justificativa possível para os PMs pais que usaram ou ainda usam crianças como escudos, expondo-as a consequências gravíssimas. Foi isso mesmo que PMs amotinados fizeram com seus filhos, ao levá-los para invadir a Assembleia Legislativa e ali mantê-los na ocupação. Em meio a homens exasperados. E armados. E desde logo cientes de que outros homens armados viriam reprimi-los.
Até o momento em que escrevo, sete crianças foram retiradas da sua condição de escudos por ordem judicial. Como não há certeza sobre o número de soldados, mulheres -mães ou não- e crianças na invasão, é incerto que não haja outras crianças entre os amotinados.
Para a forma de abuso covarde feito pelos PMs pais, contra a ingenuidade infantil dos próprios filhos e com tantos riscos implícitos, o Estatuo da Criança e do Adolescente é pouco. Anistia seria ou será ato equiparado à atitude anistiada, se for concedida no acordo buscado pelo governo ou passado um tempinho conveniente, mas já previsto.
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