quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Dia seguinte - ROGÉRIO GENTILE

FOLHA DE SP - 09/02/12


SÃO PAULO - As recentes cenas de vandalismo e amotinamento policial na Bahia são resultado direto da brandura e condescendência com as quais o governo brasileiro passou nos últimos anos a tratar episódios similares.

Lula, em 2010, e Dilma, no ano passado, assinaram leis concedendo ampla anistia para policiais civis e militares que participaram de movimentos grevistas em 14 Estados do país desde 1997.

Para eles, policiais que se amotinaram e abandonaram a população à própria sorte apenas participaram "de movimentos reivindicatórios por melhorias de vencimentos e de condições de trabalho", como consta nas leis que sancionaram.

A borracha petista apagou, por exemplo, a insubordinação de PMs que, em 1997, cercaram a sede do governo de Minas Gerais e entraram em confronto com colegas que protegiam o palácio. Um cabo morreu à época com um tiro na cabeça.

Relevou também a atitude dos policiais de Alagoas que, em 2001, além de invadir um quartel e fazer disparos para o alto, correram por Maceió espalhando o medo. Com um carro de som, diziam que os turistas deveriam sair da cidade para se proteger.

Na defesa dos protestos, ainda antes de eleger-se presidente, Lula chegou a fazer uma interpretação muito própria da Constituição, dizendo que "todas as categorias que são consideradas essenciais só podem ser proibidas de fazer greve se tiverem também um salário essencial".

Agora, com o agravamento dos fatos na Bahia, onde se investiga, inclusive, a possibilidade de policiais terem matado moradores de rua para aumentar o clima de insegurança no Estado, o PT passou a falar duro.

Diz que não negocia com PM bandido, que o movimento é mais um levante do que uma greve e que dará todo o apoio para que o Exército possa controlar a situação. Coincidência ou não, desta vez, o líder do movimento não é um companheiro de militância. O sujeito é filiado ao PSDB.

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