terça-feira, janeiro 17, 2012

Hora de Murici - DENISE ROTHENBURG


Correio Braziliense - 17/01/12


O PMDB sabe que o sonho do PT é suplantá-lo em número de prefeituras como já o fez em deputados federais e tentou, mas não conseguiu, em relação aos senadores. Por isso, ninguém tem a ilusão de que este ano será cada um por si



Se a presidente Dilma Rousseff quiser fazer a primeira reunião de todo o ministério com a equipe que tocará o governo durante todo o ano de 2012 terá que substituir Fernando Haddad, da Educação, e Iriny Lopes, da Secretaria de Política para Mulheres, esta semana. Dilma marcou a reunião para a próxima segunda-feira, 23 de janeiro. Esses dois ministros são os pré-candidatos anunciados até agora. Coincidência ou não, o vice-presidente da República, Michel Temer, volta à ativa hoje, depois de um período fora de combate por conta de uma cirurgia.

Além de Michel Temer, retornam a Brasília esta semana alguns líderes do PMDB, prontos para a conversa de largada do ano com o vice-presidente. O encontro dos peemedebistas se dá antes da reunião ministerial de Dilma e às vésperas do programa do PMDB que irá ao ar na quinta-feira em cadeia nacional de rádio e TV.

Quanto às conversas relativas à reforma, a ordem é apurar o mais rápido possível se os peemeedebistas têm alguma chance conquistar mais algum espaço no primeiro escalão. Confirmadas as previsões de que a mudança ministerial será mesmo pontual, a ideia do PMDB é, ao menos, garantir lugares estratégicos no segundo escalão e nas agências reguladoras com vagas em aberto.

Por falar em estratégicos...
Para o programa que irá ao ar na quinta-feira, os peemedebistas dispensaram mensagens a cores com a imagem e a voz da presidente Dilma Rousseff. E isso não foi esquecimento. Foi proposital. No fim do ano passado, quando exibiram seu programa partidário na TV, os petistas não colocaram ninguém do PMDB. Enquanto isso, os peemedebistas, no fim do segundo semestre, se desdobraram em honrarias pró-Dilma em seu programa de TV. A sutil diferença foi registrada.

Desta vez, o PMDB aproveitará parte do tempo de rádio e TV que dedicou à Dilma, em 2011, para fazer desfilar seus pré-candidatos a prefeito de capitais, ao lado dos líderes tradicionais do partido e emergentes, como o senador Eduardo Braga (AM), que surgirá falando do Código Florestal embora ninguém descarte que possa ser um candidato a prefeito em Manaus, uma vez que a mulher dele, Sandra, é sua primeira suplente no Senado. Além de Eduardo Braga, estarão na telinha Gabriel Chalita, de São Paulo; Rafael Grecca, de Curitiba (PR); José Priante, de Belém (PA); Leonardo Quintão, de Belo Horizonte (MG); Gean Loureiro, de Florianópolis (SC); Teresa Surita, de Boa Vista (RR); Hermano Morais, de Natal (RN), Edson Giroto, de Campo Grande (MS) e Marllus Sampaio, de Teresina (PI).

Um dos poucos pré-candidatos a prefeito de capital que não gravou uma participação no programa foi o do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Deixou a tarefa para o governador do estado, Sérgio Cabral, que aparecerá na TV justamente num momento em que a população do estado cobra uma atenção maior de todos os níveis de governo para que providenciem as obras necessárias e reduzam os estragos causados por desastres naturais, como as chuvas intermitentes em vários pontos do Rio. Paes, que concorrerá à reeleição com o apoio do PT, terminou protegido ao não gravar para o programa partidário.

Por falar em PT...
Os peemedebistas já fizeram chegar aos petistas que o papel de "mosqueteiros", ao estilo um por todos e todos por um, vale para os ministros que daqui para frente vierem a se envolver em alguma confusão que eles considerem "coisa da imprensa". Mas, no quesito eleições, será diferente. Os políticos de um modo geral pedem apenas que se faça um pacto de não agressão entre aliados e que a presidente da República fique de fora dos palanques.

Mas o PMDB sabe que o ex-presidente Lula, terminado o tratamento contra o câncer na laringe, estará em campanha pelo PT. Tem plena consciência ainda de que o sonho petista é suplantar o aliado em número de prefeituras — já o fez em número de deputados federais e tentou, mas não conseguiu, em relação aos senadores.

Hoje, o PMDB tem 1.175 prefeitos e 907 vice-prefeitos. O PT tem a metade. Os petistas começam a discutir como ampliar essa marca no sábado, quando reúne seu conselho político. Portanto, a grande briga eleitoral será mesmo entre esses dois partidos, os gigantes da política nacional. Valerá aí a regra de Murici: cada um por si. Dilma sabe que essa guerrilha começa a partir de hoje. Não por acaso a reforma do ministério será pontual.

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