REVISTA ÉPOCA
"Muito, muito, muito estranho...", comentou Hugo Chávez, em discurso transmitido pela TV. De fato, as coisas andam es-tranhas na América Latina. Em plena revolução da informação, com a internet expondo tudo a todos, o tempo todo, uma gan-gue populista deita e rola no continente, e o eleitorado aplaude. Essa moléstia ninguém disse ainda de onde veio. Enquanto os pais dos pobres vão recuperando a saúde, o câncer populista se espalha. Deve ter sido provocado por uma tecnologia bem mais eficiente que a dos Estados Unidos. Washington tem muito que aprender com os irmãos do Sul sobre a degeneração induzida.
Quem poderia imaginar os argentinos, talvez o povo com maior instrução per capita no continente, dando aprovação crescen-te a um governo que decidiu destruir a imprensa livre? Se isso não é um câncer, pode ser maldição ou hipnose coletiva. De qual-quer forma, é uma tecnologia muito mais avançada do que a doença induzida em Chávez e seus companheiros bolivarianos.
A CIA nunca conseguiu, com todo o seu maquiavelismo, fazer um povo esclarecido e livre aceitar, tranquilamente, o contra-bando oficial dos índices de inflação. O casal Kirchner enfiou o pé na porta do IBGE de lá, sequestrou as estatísticas e produziu um abatimento bolivariano de até 20 pontos na inflação real. Uma operação plástica mais arrojada que todas as feitas pela então primeira-dama.
O adestramento dos índices oficiais de preços foi muito importante para a Argentina dos Kirchners. Anestesiou a política de gastança desenfreada do governo, permitindo a explosão das contas públicas sem atrapalhar a propaganda progressista. Como se sabe, no longo prazo, a inflação tira dos pobres para dar aos ricos. Mas os argentinos continuam acreditando em Robin Hood. E o fenômeno da reeleição consagradora de Cristina, com a maior votação da história do país após a redemocratização, confirma a observação de Chávez: é muito, muito, muito estranho.
Cristina, a "presidenta", não desperdiçou a bandeira da politização da mulher. Uma de suas forças eleitorais foi a condição de viúva, encarnando o símbolo de superação da fragilidade, da humanização do poder pelos atributos femininos e maternais. No ato mais marcante dessa redenção cor-de-rosa, a "presidenta" radicalizou a guerra suja contra a mídia – usando a asfixia econô-mica como meio de coação editorial. Coisa de mãe.
Os fantasmas dos generais na Casa Rosada morreram de inveja da última manobra de Cristina: cortando o mal pela raiz, ela encampou o principal fabricante de papel-jornal do país. Com essa medida delicada, poderá sabotar o fornecimento de papel aos principais veículos impressos – esses desnaturados que insistem em publicar coisas impróprias, como os índices verdadeiros de inflação.
Seria normal a opinião pública se conformar com isso, ou talvez nem chegar a saber do ocorrido, se Cristina fosse a presidente da Coreia do Norte. Mas ela preside a Argentina, um país livre, culto, onde vigora plenamente o estado de direito. E onde a po-pularidade da "presidenta", com seus atentados à democracia, não para de crescer. Muito estranho.
Nem é preciso descrever o que a misteriosa moléstia do populismo causou na Venezuela. Os sintomas se repetem em todos os países amigos de Chávez e Kirchner, como Bolívia, Equador e Brasil: mistificação esquerdista, sequestro do Estado pelos companheiros, apropriação partidária das finanças públicas, busca da hegemonia pelo controle ideológico da informação.
No Brasil, o último item nem seria necessário. Depois de passar o primeiro ano de mandato sendo governada pelas manchetes e demitindo a contragosto seus próprios parasitas, Dilma Rousseff entra em 2012 como moralizadora nos bra-ços do povo. Isso é muito mais estranho que epidemia de câncer.
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