quinta-feira, novembro 24, 2011
Deixa, Cacilda! - TUTTY VASQUES
O ESTADÃO - 24/11/11
Não sei mais o que fazer! Ando de novo com uma vontade danada de, vez em quando, dizer aqui “cacilda” em vez de “caramba” para continuar resistindo à tentação de escrever palavrão no trato com a má notícia. Sempre que a interjeição me vem à ponta dos dedos, entretanto, lembro do pedido comovente da professora de português aposentada Cacilda Amara Melo para que eu não mais usasse seu nome dessa maneira “vulgar, pejorativa e arcaica”.
O e-mail dela me chegou no dia 6 de abril de 2010 e, desde então, conforme juramento por mim assumido nesse espaço, nunca mais recorri ao bordão reconhecido no Houaiss como “voz que exprime espanto”.
Não tem sido fácil manter a abstinência! Dona Cacilda não imagina, mas, quando o Lupi bravateou que só deixaria o governo abatido à bala, precisei tomar banho frio pra não quebrar a promessa que lhe fiz.
Aconteceu de novo ontem: o que mais eu poderia exclamar diante daquela figura do Ronaldo Fenômeno de bigode – meio Tim Maia, meio Maguila – em foto que ele mesmo postou no Twitter?
Se ainda for leitora dessas mal traçadas linhas, bem que dona Cacilda podia me liberar dessa privação. Uma vez só, vai! Deixa!
HomônimosAntes que a oposição ponha a boca no mundo, convém esclarecer que esse José Pimentel preso em Nova York sob suspeita de agir como um ‘lobo solitário’ do terrorismo internacional não é aquele senador de mesmo nome do PT pelo Ceará.
E não se fala mais nisso, ok?
Mal comparandoE se Rubinho Barrichello fizesse como Adriano, ou seja, só corresse os últimos 20 minutos do GP de Interlagos?
Não custa nada tentar, né?
Agenda positivaCom a anunciada retirada da tarja verde na altura do peito no uniforme amarelo da seleção brasileira, Mano Menezes não tem mais desculpas:
O time tem tudo para recuperar a quinta posição que acaba de perder para a Inglaterra no ranking da Fifa em 2012.
Agora vai!
Boato infameO presidente do Corinthians, Andrés Sanches, não tem planos de arrematar o Maksoud Plaza em leilão.
Até porque, se tivesse R$ 140 milhões para dar no hotel, compraria o Tevez!
É a cara dele!Nem tudo são flores no Rio, mas, se depender de Sérgio Cabral, isso é questão de tempo.
O governador acaba de pagar R$ 14, 1 mil por 16.600 pés de maria-sem-vergonha para os jardins do Palácio Guanabara.
Como diz o Milton Leite, “que beleza!”
Ronco dos motoresO autódromo de Interlagos espera 150 mil pessoas sem rede de esgoto para atender ao público em suas instalações.
Isso quer dizer o seguinte:
Nem só os pilotos vão precisar regular o difusor traseiro na corrida de domingo.
Calma!Sem querer provocar pânico na população, o próximo fim de semana é o primeiro dos três que você terá para fazer compras de Natal.
Incentivo aos importados: crime de lesa-pátria - ROBERTO GIANNETTI DA FONSECA
CORREIO BRAZILIENSE - 24/11/11
Creio que alguns governadores se esqueceram de que, antes de tudo, são cidadãos brasileiros e devem respeito à Constituição brasileira, que lhes impõem, como a todos nós, direitos e deveres constitucionais. A Carta, no artigo 219, estabelece que o mercado interno deve ser utilizado pelo Estado para promover de forma duradoura seu desenvolvimento econômico e social, por meio da geração de renda e emprego para a população.
Pois bem, ao oferecerem indiscriminadamente "incentivos à importação" na forma de redução do ICMS cobrado no despacho aduaneiro de quaisquer bens importados, mesmo quando há similares nacionais, esses governadores, eleitos pelo povo de seus respectivos estados, estão fazendo exatamente o contrário do que prega a Constituição. Na verdade, e sem exagero de expressão, cometem crime de lesa-pátria, na medida em que estão, de forma consciente e irresponsável, subtraindo renda e emprego da economia nacional em favor de países estrangeiros que para cá exportam.
Tais governadores deverão dizer certamente em sua defesa que estão promovendo o aumento da arrecadação tributária de seus estados, mas omitem da opinião pública a que custo social para o país isso se faz. Ao cobrarem apenas 3% ou 4% de ICMS no despacho aduaneiro, em vez da alíquota interestadual de 12%, estão oferecendo aos produtos importados um incentivo ilegal, que jamais foi referendado pelo Confaz, como exige a lei, e por isso já foi considerado inconstitucional por decisão recente do Supremo Tribunal Federal. A principal função de muitos tributos não é necessariamente a arrecadação tributária para fazer frente a despesas públicas, mas a de servir como instrumento regulatório de intervenção estatal para promover o bem-estar social e econômico da sociedade.
Por conta do objetivo de capturar de forma espúria essa arrecadação de míseros 3% ou 4% de ICMS sobre produtos importados, e, por consequência, da oferta de uma vantagem tributária de até 9% para os importados em relação à produção nacional, esses governadores promovem um prejuízo absurdo para a economia brasileira. Segundo cálculos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), somente em 2010, por conta dos incentivos aos produtos importados, o Brasil deixou de criar 771 mil empregos e perdeu 0,8% de crescimento econômico potencial sobre o PIB.
A prerrogativa constitucional de definir a alíquota interestadual de ICMS, sobre a qual se baseia esse ignominioso incentivo aos produtos importados, é exclusiva do Senado Federal. Diante da legítima reclamação das classes industriais e trabalhadoras, em dezembro de 2010, o líder do governo na Casa, senador Romero Jucá (PMDB-RR), introduziu na pauta de votação o Projeto de Resolução do Senado nº 72/10, estabelecendo nas operações interestaduais a alíquota de 0% para o ICMS incidente sobre as mercadorias importadas.
Visando adiar sua tramitação legislativa, existem agora duas manobras daqueles senadores que trabalham pela injustificável manutenção dos incentivos: redução gradual até 2015, ao invés de imediata, dos incentivos já considerados inconstitucionais pelo STF, e medidas protelatórias na sua tramitação pelo Senado.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), ferrenho defensor dos incentivos, apresentou requerimento para que o projeto tramitasse, além de nas comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e Constituição e Justiça (CCJ), na de Desenvolvimento Regional (CDR). Mesmo tendo sido derrubado esse último requerimento, a matéria será agora enviada à CCJ para exame de constitucionalidade e retornará para outra apreciação pela CAE. Verifica-se assim que o lobby dos importadores está forte no Congresso para que o PRS nº 72/10 não seja votado este ano e a farra dos incentivos fiscais à importação continue vigorando impunemente no país.
Acredito seja posição consensual da indústria brasileira estabelecer já para 2012 uma alíquota de no máximo 4% para o ICMS interestadual incidente sobre mercadorias importadas. Ou seja, no nível da indiferença para se obter qualquer incentivo, pois sobre 4%, em vez de 12%, existe pouco espaço para as manobras tributárias que alguns estados vêm praticando nos últimos anos. Talvez para obter a aprovação da medida, a União tenha que conceder, em contrapartida, algumas medidas compensatórias de natureza federativa, tais como a criação dos fundos de desenvolvimento regional e de equalização tributária.
Temos esperança de que os senadores da República não faltem com o inalienável compromisso com o povo brasileiro, dando um fim imediato e definitivo à tal guerra dos portos, onde o inimigo mora, não lá fora, mas aqui ao lado.
Roberto Giannetti da Fonseca
Economista e empresário, presidente da Kaduna Consultoria e diretor-titular de Relações Internacionais e de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
FlaTimão - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 24/11/11
Há um “namoro” em curso entre Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, e Patrícia Amo-rim, comandante do Flamengo. A ideia é “vender” os dois clubes juntos no mercado. Andrés e Patrícia almoçaram estes dias.
Segue...
Na mente de ambos, está a certeza de que, unidas, as duas torcidas superam as de todos os clubes espanhóis juntos.
Cuba se mexe
O Papa Bento XVI planeja visitar Cuba em 2012.
Ditadura comunista
Em tempos de Comissão da Verdade, o Clube Militar, no Rio, reforça a mobilização entre sócios para comparecerem, amanhã, às 8h30m, à solenidade pelas vítimas da Intentona Comunista de 1935.
Será na Praia Vermelha.
Celso Furtado
Dilma vem amanhã ao Rio para a entrega do navio Celso Furtado à frota da Petrobras.
Dois amigos
Aécio Neves ligou ontem para Lula para saber notícias.
Tem culpa eu?
De Zé Dirceu, que está no bem-bom da Espanha para a festa de aniversário da artista plástica Christina Oiticica, mulher de Paulo Coelho, em seu blog:
— Fracassou rotundamente a “operação desmonte” montada pela mídia a partir de denúncias de corrupção atribuídas aos ministros e a seus partidos para esfacelar a base do governo!
Não é piada
A família Bolsonaro não falha. Ontem, a Assembleia do Rio aprovou o programa Renda Melhor, por 54 votos a um.
O único voto contra foi do deputado Flávio Bolsonaro, que queria excluir do programa os pobres homossexuais.
Morar bem
Xuxa vendeu sua cobertura em São Conrado, no Rio. Negócio de uns R$ 8 milhões.
Capeto na Macy’s
A Macy’s, gigante do varejo americano, terá, em 2012, um canto de suas lojas dedicado à estilista carioca Isabela Capeto. Isabela fez grande venda à marca, que levará aos EUA suas roupas, objetos de casa e acessórios feitos por 200 presas da ONG Tem Quem Queira, do Rio.
Missa do Galo
A Arquidiocese do Rio quer fazer a Missa do Galo na Rocinha.
Caso médico
Pedro Janot, presidente da voadora Azul, está desde semana passada no Hospital Sírio e Libanês, em São Paulo.
Caiu de um cavalo.
Um país se faz...
A Light faz uma campanha de reciclagem de lixo no pé da Favela Dona Marta, no Rio, onde recebe material em troca de abatimento na conta de luz. Uma parceira da coluna viu, com dor no coração, irem para o lixo, estes dias, “Os lusíadas”, de Camões, e “Capitães de areia”, de Jorge Amado, entre outros. Não custava separar os livros e doá-los a bibliotecas escolares.
Calma, gente
A 5 a- Câmara Cível do Rio condenou o empresário Luís Felipe Brandão dos Santos a indenizarem R$ 10 mil Luiz Alfredo Taunay, ex-presidente do Jockey Club, na Gávea. Em 2005, Luís Felipe teria disparado e-mails, chamando Taunay de “feioso” e “velhaco”.
Roubo ao vivo
Acredite. Ontem de manhã, a coleguinha Monique Pires, da Rádio Roquette-Pinto FM, entrevistava ao vivo, pelo celular, jovens acampados na Cinelândia, no Rio, quando... foi atacada por um pivete, que, zupt!, saiu correndo com seu telefone. Tudo transmitido pela emissora em tempo real!
Mas...
A coleguinha, meu Deus, correu atrás do pivete, recuperou o celular e continuou ao vivo, ofegante, para relatar o ocorrido.
Mercado gay
Veja como a legalização da união homoafetiva já movimenta a economia no Brasil. Hoje, no Cine Ideal, Centro do Rio, das 16h às 21h, acontece uma feira de noivas em versão... gay — a I Mostra LGBT Experimente o Casamento. Eu apoio.
Domingo na Rocinha - CONTARDO CALLIGARIS
FOLHA DE SP - 24/11/11
Por que os moradores da Rocinha não pensariam que houve apenas troca de uma máfia por outra?
A Rocinha não é bem uma favela. É um imenso bairro de classe média (mais ou menos baixa), que contém áreas de favela, como os barracos encostados no morro Dois Irmãos.
E é um bairro alegre: a proximidade entre a maioria dos moradores e seu local de trabalho faz com que as "favelas" da zona sul carioca não tenham o aspecto depressivo de dormitórios suburbanos.
Para os menos abastados, é ótimo viver em pequenas aldeias familiares, onde sempre há um parente para cuidar das crianças e ficar de olho nas posses. Na Rocinha, esse costume criou prédios de três ou quatro andares. O patriarca (nos anos 1950) fincou fundações boas e profundas, os filhos construíram em cima da laje dele. A precariedade das estruturas é apenas uma aparência, pela falta de reboco.
Enfim, no domingo, fui passear pela Rocinha pacificada.
Na estrada da Gávea, agora, os mototáxis exigem que, para subir na garupa, você coloque o capacete (que eles fornecem, claro).
Finalmente, a rua quatro, aberta pelo PAC em 2010, é transitável (tinha sido obstruída pelos bandidos, para que houvesse um acesso único ao bairro -mais fácil de controlar).
O turismo tem novas atrações: a academia onde treinava o Nem, a casa do Nem e o restaurante onde ele almoçava. Mas não há mais soldados do tráfico exibindo orgulhosamente suas armas. Para o turista, os policiais são menos pitorescos.
Sumiu a boca de fumo da via Apia (entre o restaurante Varandas -a picanha na chapa continua boa- e o Trapiá -sem vista, mas com ar-condicionado).
A venda de drogas continuará em outros lugares da cidade do Rio. O que foi abolido pela invasão não foi o tráfico, mas a independência de um enclave que o tráfico ocupava -policiando, administrando a Justiça, cobrando serviços. Por exemplo, a ADA (Amigos dos Amigos), na gestão de Nem, cobrava a "gatonet"; agora, será cobrada apenas a NET, sem gato. Para os usuários, não será uma grande mudança.
Domingo é o dia da feira do Boiadeiro (onde ainda é possível encontrar cabeças de porco, pés de boi, galinhas e coelhos vivos). Pela feira circulam policiais militares pesadamente armados. Duas semanas atrás, pela mesma rua, circulariam soldados da ADA, menos marciais, mas também garantes da ordem: um ladrão seria surrado, um estuprador poderia ser morto e desovado na mata.
Encontrei alguém que "mexeu com uma mulher do Nem" (ofereceu carona -cortesia excessiva). Quebraram-lhe a mandíbula. Nada de mais: nas terras de Fernandinho Beira-Mar, a mesma conduta teria dado tortura e morte.
O maior problema da ocupação pelos bandidos, para os moradores, era o estado de guerra: o tráfico defendia a Rocinha contra invasores de outros morros e contra a polícia, que era mais um grupo rival (o espectador de "Tropa de Elite 2" sabe que, muitas vezes, a substituição do tráfico pelas milícias foi parecida como a substituição de uma gangue por outra).
Conclusão: a Rocinha festejou a pacificação com cautela -e não tanto por medo da volta eventual do tráfico. Para quem foi vítima de um longo descaso, a questão da autoridade não é abstrata -no estilo: "Qual é a lei legítima à qual seria justo obedecer, a do Estado ou a do tráfico?". A questão é concreta e simples: "Quem me tratará melhor?".
O Brasil moderno, se quiser governar na Rocinha, deverá merecer a autoridade que ele pretende exercer, ou seja, deverá fazer o que ele, durante muito tempo, não fez: cuidar de seus sujeitos.
É bem possível, de fato, que, a partir de agora, os serviços sociais, culturais, escolares, administrativos e de saúde se desenvolvam com rapidez. Todos contam com isso (aluguéis e custo do metro quadrado na Rocinha subiram 50% numa semana).
Mesmo assim, não será fácil conquistar a confiança dos moradores. Afinal, se nós, aqui no asfalto, achamos que o Estado é corrupto, por que os moradores da Rocinha não pensariam que, até prova do contrário, na semana passada, houve apenas uma troca de uma máfia por outra?
A PM pediu confiança e espera que a comunidade denuncie esconderijos de armas e drogas. Pelos muros da Rocinha, lado a lado, há grafites da Amigos dos Amigos, cartazes com o número do disque-denúncia e outros com o número da corregedoria de polícia. Inquietante: que autoridade é esta, que, ao pedir confiança, deve pedir também ajuda em identificar os bandidos no seu próprio seio?
Outubro, fundo do poço? - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 24/11/11
Para governo, economia se recupera em novembro, mas bola de neve de más notícias ainda continua
Outubro foi um mês ruim, que se seguiu a um trimestre de crescimento zero. Economistas do governo dizem que as informações mais recentes que lhes chegam indicam que em novembro a atividade econômica voltou a esquentar. Mas, em tão pouco tempo, terá sido possível matar no peito e baixar a bola de neve dos fatores que esfriam a economia desde meados do ano?
Outubro foi um mês pobre para o emprego formal. Foi quando se soube que os centros industriais do país entraram em recessão, digamos, pois encolhiam desde março.
Em meados do ano a construção civil deu uma rateada feia devido à contenção do dinheiro para as obras do Minha Casa, Minha Vida, dos investimentos federais em infraestrutura e devido a temores do empresariado de que o apetite do consumidor (e o crédito) para casas mais caras não será daqui em diante nem sombra do que foi em 2010.
Neste início de temporada de balanços de final de ano, conversas com associações setoriais e os próprios números das empresas abertas indicam que a rentabilidade dos negócios cai desde o início do ano.
Excluídos alguns setores como petróleo ou outros recursos naturais, a "evidência anedótica" (conversas informais) sugere que a direção da empresas colocou as barbas de molho. Ninguém parece apavorado, mas a tendência deste 2011 e incertezas domésticas e internacionais levaram muito empresário e executivo a "dar um tempo" até o início de 2012 antes de pensar em expansão (de emprego e investimento).
Há obviamente o medo derivado do desenvolvimento imponderável da crise na Europa e, ainda mais inescrutável, seu efeito no Brasil. Há dúvidas sobre se e quando serão sentidos os efeitos do desaperto monetário que o Banco Central iniciou no final de agosto. Há dúvidas sobre o efeito das variações cada vez mais incertas do dólar sobre custos e dívidas. Muita gente está ansiosa, esperando saber se e quando o governo federal vai acelerar os investimentos, contidos neste ano.
Observe-se, a respeito do aperto monetário, que o aumento do crédito novo para o consumidor neste ano deve ficar em um terço do registrado no ano passado. Ou o equivalente ao registrado em 2009, ano de estagnação do PIB (mantida a tendência do ano, na conta do economista Adriano Lopes, do Itaú, em relatório do banco a respeito do balanço do crédito brasileiro em outubro, divulgado ontem pelo Banco Central).
Apesar de dizer que seus dados apontam retomada em novembro, o governo discute internamente se, a fim de impulsionar o consumo, reduz o imposto sobre crédito (IOF), que aumentou justamente para conter excessos nos financiamentos.
Acrescente-se enfim que o efeito mais direto do tumulto financeiro europeu e da baixa no crescimento mundial ainda mal se sente por aqui. O impacto maior parece ter ocorrido, por ora, na confiança de empresários. Houve redução na rolagem e na captação de (alguns) de empréstimos internacionais, mas em parte porque as próprias empresas brasileiras passaram a jogar mais na retranca. Isto é, o dinheiro grosso do mundo por ora não virou as costas para o país.
Mas a crise na Europa apenas piora. Avança para os países centrais. E os estímulos econômicos do governo devem surtir efeito pleno lá por volta do Carnaval.
Visão interna - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 24/11/11
Na visão do Ministério da Fazenda a crise pode ser tão grave quanto a do Lehman Brothers, está afetando os países emergentes com redução do crescimento e um dos efeitos no Brasil é sentido no saldo comercial dos manufaturados. O déficit comercial de produtos industriais atingiu US$ 86 bilhões. A Fazenda ainda aposta num crescimento de 3,8% do PIB este ano, mas a previsão no mercado é um pouco menor.
O ministro Guido Mantega fez um balanço da economia numa apresentação na Câmara. Vários gráficos chamam atenção. Um é o do aumento forte do déficit comercial de produtos manufaturados. O Brasil exportou US$ 90 bi de manufaturados e importou US$ 177 bi nos últimos 12 meses até setembro. O resultado é crescentemente negativo, como se pode ver abaixo. Ele usou os dados para justificar o aumento do IPI dos carros. Esqueceu de dizer que a maioria da importação é feita por montadoras no país, que não pagam o IPI. Disse que “a crise nos atinge, sim, mas menos do que a outros países”. Teme que os problemas da Europa virem uma crise financeira, “um novo Lehman Brothers”. Mantega justificou a desaceleração do PIB como necessária porque, segundo ele, o país cresceu muito em 2010.
O ministro disse que o país “teve problemas com a inflação” mas garante que agora ela está sob controle. O que não disse é que o crescimento de 2010 foi resultado de uma pisada no acelerador dos gastos públicos, por razões eleitorais, que deixou como efeito colateral a pressão inflacionária. Quando analistas alertavam para o risco, no ano passado, Mantega desdenhava. Agora o país está num período de queda na taxa acumulada em 12 meses. Mesmo assim, a inflação está acima do teto apesar de a desaceleração do PIB ter sido maior do que a imaginada pela Fazenda. O governo previa 5% de alta, ainda aposta em 3,8%, mas a pesquisa feita pelo Banco Central junto a instituições financeiras registra 3,16%. A inflação ainda tem que passar por testes como a alta do salário mínimo de 14% e a inflação de serviços, em 2012. A inflação de serviços está em 8,94%.
Um ponto ressaltado por Mantega explica em parte o Brasil ter mantido algum crescimento apesar da crise: o mercado de trabalho está forte, com criação líquida de vagas. Isso eleva a renda e alimenta a confiança do consumidor na economia. Mas o consumo foi incentivado também pela ampliação do crédito. O BC divulgou ontem que o crédito cresce 18,4%.
Segundo Mantega, “o governo fará o que for necessário” para reduzir o custo financeiro do país. De fato, as taxas de juros são altas demais. Algumas chegam a ser uma aberração, como as do crédito rotativo do cartão de crédito, em torno de 200%. É até por isso que o BC deveria ter mantido a proposta de elevar de 15% para 20% o pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito. Aliás, o BC deveria restringir ainda mais o rotativo. Outras modalidades de crédito são mais baratas e sustentáveis do que deixar o cartão ir virando uma bola de neve. O ministro não disse o que é esse fazer “o que for necessário”. O ideal é que seja feito sem pressão sobre a inflação e sem incentivo ao endividamento excessivo. O mundo nos tem dado provas demais de que todos os erros na economia um dia cobram sua conta.
Um gráfico interessante apresentado por Mantega é o do CDS (Credit Default Swap) de 5 anos. O CDS representa o preço do seguro contra calote, pago por quem compra títulos dos países. Quem compra um papel brasileiro paga mais de seguro do que quem compra um título americano ou alemão, mas paga menos do que quem investe na dívida francesa, espanhola ou italiana. Fica claro que o mercado já passou a ignorar as notas das agências nesta operação. A França com seu AAA é visto como mais arriscada em cinco anos do que o Brasil, que tem apenas BBB.
Ueba! Berlusconi canta 'Trepare'! - JOSÉ SIMÃO
E o Adriano já tá sendo chamado de Papai Noel: gordo que traz presente no fim do ano! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! A Europa tá uma pândega! E a crise na Espanha tá braba: "Rei da Espanha aparece de olho roxo após acidente doméstico". Deve ter levado um soco da rainha. "Trouxe os ingredientes da paella?" "Não, é a crise." POW! Soco! A Espanha acordou de olho roxo.
E essa: "Tribunal de Milão confirma George Clooney e Cristiano Ronaldo como testemunhas de defesa de Berlusconi". Eles foram arrolados! O Berlusconi arrolou o Cristiano Ronaldo? Até o Cristiano Ronaldo? O Berluscome Todas não poupa ninguém!
Já imaginou o juiz: "Você é o arrolado?". "Não, a arrolada é aquela de oncinha na primeira fila."
E o George Clooney acabou de ser operado do cotovelo. E alguém opera do cotovelo? Depende da arrolada. Rarará!
E o Berlusconi acaba de lançar o seu CD! E ele cantando "Volare"? Volare, cantare, o meu pinto é pintado de azul. Rarará!
E o Corinthians é matematicamente campeão. Mas não vai levar a taça porque MATEMATICAMENTE não sabe fazer conta! Rarará!
E o Adriano já tá sendo chamado de Papai Noel: gordo que traz presente no fim do ano! E eu acho que o Corinthians deveria abrir um spa: SPArque São Jorge!
E adorei essa charge: Sabe o que a Dilma vai fazer com o Lupi? Vai apertar, mas não vai acender agora. Vou apertar, mas não vou acender agora. Só em janeiro!
E essa conversa em fila de caixa eletrônico? "Eu vou sacar." "E eu vou depositar." "E eu vou EXPLODIR!" Rarará!
E adorei a Sandy homenageando o Michael Jackson, porque ela é tudo o que o Michael queria ser: menina, branca, de nariz empinado e falando em prazer anal. Rarará!
E as botocadas da "Fina Estampa": a Christiane Torloni tá parecendo égua de charrete, a Renata Sorrah tá a cara do Serguei quando ele tinha 20 anos e a Eva Wilma tá parecendo uma bola de Natal! É mole? É mole, mas sobe!
E adorei o nome do novo chefe da Rota: coronel Salvador Modesto! E coronel reformado é coronel que veio da funilaria? E participou do massacre do Carandiru. Agora vai ser Massacre da Serra Elétrica. Rarará! Ele vai baixar o cacete nos corintianos. Porque já tá marcado um vandalismo na Paulista! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o colírio alucinógeno!
Estabilidade instável - ALON FEURWERKER
Correio Braziliense - 24/11/2011
O governo Dilma opera bem, mas na comparação com o vazio. As alternativas não estão postas. Pois na política a avaliação é sempre relativa, depende do referencial, especialmente na hora do voto
Será interessante observar até que ponto a manutenção do ministro do Trabalho irá comprometer a imagem projetada por Dilma Rousseff, de governante inflexível no terreno da ética.
Até agora a queda em cascata de ministros enrolados vem acrescentando capital intangível à presidente, olhada por segmentos da opinião pública e da população como algo antípoda — neste aspecto — do antecessor.
O valor agregado aparece em pesquisas nos segmentos sociais e geográficos eleitoralmente mais sensíveis à centralidade da demanda de um governo ético, signifique o que significar. Pois a ideia é difusa e de limites pouco definidos.
Há quem aceite o chamado fisiologismo, mas sem corrupção. E há quem repudie todo sistema de troca de influência orçamentária por apoio político. Ainda que não se conheça político que pense — ou aja — assim no governo.
Ou democracia que prescinda de repartição de poder.
Como em tudo na vida, a dificuldade mora nos detalhes. Há situações limítrofes e outras óbvias. O caso do ministro do Trabalho deveria enquadrar-se na última categoria, pelas idas e vindas nas explicações. E pelo deboche.
Essa razão leva a que ele seja visto como lutador de boxe já nocauteado, mas ainda em pé. A sobrevida depende de o round (ou a luta) acabar rapidamente ou, por milagre, de ele acertar um golpe decisivo no adversário.
A primeira opção está enquadrada nos prazos da tal reforma, ou minirreforma, ministerial. Que virá provocada pelo calendário eleitoral mas motivada pelo fenômeno da coabitação entre um ministério velho e uma presidente nova.
A segunda é na prática impossível, pois o alvo do fogo precisaria ter um estoque suficientemente grande de golpes para desferir contra todos os atiradores, que são muitos. Dentro e fora do governo e do partido.
Na vida real, o ministro está por um jab.
Mas esta coluna não é sobre o destino do ministro do Trabalho, um assunto menor da cena política. É sobre uma pauta mais importante: o estado do marketing da faxina e o nível da demanda social por um governo honesto.
Há por aí um raciocínio enviesado, de que só a classe média e os ricos se preocupam muito com isso, de que os pobres aceitam bem o modelo do "rouba mas faz". Não é bem assim.
Aqui comparece sempre um modelo de trade-off. O balanço entre o que se ganha e o que se perde.
Quem precisa menos dos serviços do Estado tem menos variáveis a considerar no perde-ganha, e a chamada ética adquire mais peso relativo. Já o outro grupo costuma considerar variáveis em maior número.
Isso não significa que uns tenham mais flexibilidade moral diante da corrupção, apenas são mais vulneráveis a políticas públicas capazes de neutralizar eleitoralmente os problemas no terreno da probidade.
O governo Dilma Rousseff e a presidente apresentam resultados medianos, mas vêm operando bem nos dois públicos. Para uns, é a continuidade da linha de preocupação social do antecessor. Para outros, é uma certa ruptura com modelos excessivamente tolerantes de governança.
Qual é o problema, então? É que o governo Dilma opera bem, mas na comparação com o vazio. As alternativas não estão postas. Pois em política a avaliação é sempre relativa. Depende do referencial, especialmente na hora do voto.
O eleitor decide comparando as opções, apenas uma minoria tem compromisso ideológico-partidário.
Por isso o quadro é de estabilidade instável. O equilíbrio dependerá de o condomínio governamental controlar sempre todas as variáveis, o que exigirá imensa perícia e capacidade de aglutinação.
Mais ainda no Brasil, onde a multiplicidade de partidos, e portanto de portas de entrada na disputa eleitoral, favorece a entropia. E vai ficando cada vez mais complicado à medida que o governo envelhece.
Estreito
O Brasil evoluiu para a condenação do regime sírio, na última votação na ONU. Mas absteve-se no caso do Irã por considerar que o texto contra Teerã era pouco equilibrado, nas palavras do Itamaraty.
Sobre a Síria, pesou também a posição da Liga Árabe. Essas são as explicações.
O fato? Estreita-se progressivamente o espaço para nossa dubiedade.
Sol com peneira - DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 24/11/11
Convenhamos, José Serra não conta propriamente uma novidade quando diz que o PSDB não tem candidato viável à Prefeitura de São Paulo.
Cenário plenamente visível, menos pelos índices que cada um dos pré-candidatos porventura venha a apresentar agora nas pesquisas de opinião e mais pela falta de disposição do partido de se entender em torno de um nome, apostar nele e ir fundo na campanha para disputar espaço na política como gente grande.
Carência de energia eleitoral que não é uma prerrogativa da seção paulista, diga-se. Os tucanos tampouco têm candidatos viáveis nas outras duas capitais de Estados onde estão os maiores colégios eleitorais do País.
No Rio não existem nomes competitivos para fazer frente à campanha pela reeleição do prefeito Eduardo Paes e em Belo Horizonte o arranjo prossegue no apoio à conquista de um novo mandato para Márcio Lacerda, do PSB.
Portanto, não há razão para que a direção do partido reaja à constatação de Serra como se tivesse sido dita uma heresia.
Pela análise dele, seria mais negócio o PSDB fazer uma aliança com o PSD de Gilberto Kassab do que apresentar candidato próprio e correr o risco de não chegar ao segundo turno, repetindo o ocorrido na eleição municipal de 2010.
Os tucanos de São Paulo deram um alto lá, enfatizando que terão candidato de qualquer jeito. O simples fato de precisarem divulgar nota oficial com tal ênfase já mostra propensão a tapar o sol com a peneira fugindo da questão central: a desidratação da legenda.
A posição de Serra não é a mais construtiva do ponto de vista da afirmação partidária. Mas provavelmente é a mais realista frente ao cenário em que um partido que governa São Paulo há 16 anos não consegue ter na capital alguém em condições razoáveis de competitividade. Eis o problema de fundo.
No Rio o partido acabou-se há anos e não consegue se recuperar. Agora faz um ensaio meio na base da propaganda enganosa, tentando ganhar alguma coisa por meio da dupla militância do senador Aécio Neves.
Em Minas domina, mas há muito lá se fez o que Serra propõe para São Paulo, optando pela via da aliança. Afirma-se na liderança de Aécio, mas a legenda propriamente dita fica em segundo plano.
Reza o dogma e ensina a lógica que partido que não disputa eleição perde identidade e influência no eleitorado.
Tal obviedade não parece comover as lideranças do maior (por falta de outro) partido de oposição a fazer política, começando por incluir na agenda de debates a extinção das picuinhas, o arquivamento temporário das elucubrações teóricas e, sobretudo, uma estratégia sobre como ganhar eleição.
Disputando-as talvez fosse um bom caminho.
Ah, o PT também faz alianças, abre mão de candidaturas próprias? Pois é, mas está com a vida ganha, instalado há nove anos no Palácio do Planalto, de onde não tem a menor intenção de sair tão cedo.
Inafiançável. Dá para entender por que a presidente Dilma Rousseff não demite Carlos Lupi: não vê gravidade nas denúncias de aparelhamento e desvios no Ministério do Trabalho ou simplesmente não quer dar o braço a torcer nem completar 11 meses de governo com 7 ministros demitidos.
Mas não dá para perceber por que o PDT acha que, se Lupi sair agora, a vaga do partido na pasta estará assegurada na reforma prevista para o ano que vem.
A sistemática (torta) do governo até então foi a de manter nas mãos dos partidos os lugares dos ministros demitidos. Mas nada garante a eles que o critério da partilha será o mesmo adiante. Vale para todos, inclusive para o PDT, que mesmo se tivesse um correligionário nomeado agora para o lugar de Lupi poderia vir a não tê-lo mais quando da reforma.
Entre outros motivos porque, se a presidente executar mesmo a ideia de enxugar a quantidade de pastas, o PT não vai querer perder espaços.
O partido já começou reagindo publicamente contra a notícia, mas, caso não consiga impedir a redução, que ninguém se surpreenda quando os petistas abrirem uma ofensiva para ocupação de ministérios hoje em poder dos aliados.
O próximo alvo - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 24/11/11
Depois do caso do ministro Carlos Lupi (Trabalho), a oposição vai continuar batendo no governo Dilma. Um grupo de assessores do PSDB está fazendo um pente-fino na gestão do ministro Mário Negromonte (Cidades). A pancadaria é orientação do cientista político Antonio Lavareda, que, em recente avaliação para a cúpula tucana, afirmou que "as denúncias colam no governo" e que, "a médio prazo, elas desgastam a presidente Dilma".
O contrabando da oposição
Para facilitar a aprovação da DRU, a oposição no Senado defende publicamente o aumento de recursos destinados à Saúde. Mas numa reunião ocorrida na noite de anteontem, ela colocou um novo ingrediente na mesa. Dela participou o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) que propôs, em troca da aprovação da DRU, que a Eletrobras concedesse um socorro de R$ 3,7 bilhões para a Celg (Companhia de Energia Elétrica de Goiás), para saneá-la, mas que não assumisse a gestão da empresa. Esse aporte está sendo negociado desde o ano passado e a Eletrobras, como contrapartida, pretende assumir o controle da estatal goiana.
"Estamos tristes, feridos e doídos. O encontro de anteontem (da Executiva do PDT) foi uma reunião de amigos do Lupi” — Vivaldo Barbosa, integrante do grupo histórico e membro do Diretório Nacional do PDT
NO COLO DE DILMA. Aliados de longa data, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, na foto, e o senador Jorge Viana (PT-AC), relator do Código Florestal, ficaram em campos opostos nessa matéria. Para aprovar o texto, ele fez concessões aos produtores rurais, como a manutenção da anistia para quem desmatou ilegalmente até 2008. “Só nos resta a campanha pelo veto”, disse ontem Marina, visivelmente irritada.
Previsível
O Planalto já esperava, ontem de manhã, que a maioria no Senado rejeitasse as mudanças feitas pelo relator Jorge Viana (PT-AC). Ao Palácio agrada se o texto que for para a Câmara for o relatado pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC).
Ficando no ponto
Depois de radicalizar na votação na Câmara, o líder do PMDB, Henrique Alves (RN), quer ratificar o texto do Código Florestal do Senado. Para isso, os ruralistas vão ainda tentar mudar alguns itens pontuais do relatório Jorge Viana.
Fazendo a corte
Ao esbarrar com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), com quem vivia às turras quando ela era senadora, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) tentou ser simpático. "Aqui nos entendíamos mais ou menos. Longe, nos entendemos bem", disse ele, aproveitando para pedir uma audiência e reclamar que a oposição não é recebida. "Já recebi o presidente do seu partido", respondeu ela, referindo-se ao deputado Sérgio Guerra.
Tabagismo
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) vai pedir que a presidente Dilma vete artigo inserido pela Câmara, e mantido pelo Senado, na Medida Provisória 540, permitindo a volta da propaganda de cigarro em eventos culturais e esportivos.
Orelhão
Da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), conversando no telefone com o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual: "E aí, já ultrapassou o Eike (Batista)? Você vai ficar mais rico do que ele". Esteves entrou na lista de bilionários da Forbes.
OS SENADORES Pedro Simon (PMDB-RS) e Pedro Taques (PDT-MT) vão hoje acertar com Jorge Hage propostas para dobrar o número de funcionários da CGU e retirar seu orçamento do contingenciamento.
COMENTÁRIO ouvido no Planalto sobre o caso do ministro Carlos Lupi (Trabalho): "A tipificação dele caiu no decorrer do escândalo. Ele começou como ladrão, foi rebaixado a mentiroso e, por fim, foi acusado de ir a uma festa com um empresário".
A CRISE americana chegou ao Brasil. A Embaixada dos EUA em Brasília perdeu o brilho, por manutenção deficiente de prédios e da área verde.
O PAC continua devagar - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 24/11/11
O governo continua derrapando na execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), agora oficialmente na segunda fase, embora a primeira tenha ficado incompleta. De janeiro a setembro deste ano foram desembolsados R$ 143,6 bilhões em projetos conduzidos pela administração direta, por estatais e pelo setor privado, segundo balanço apresentado pela ministra do Planejamento, Míriam Belchior. Esse valor corresponde a 15% dos R$ 955 bilhões previstos para o PAC 2 no período entre 2011 e 2014. Mas até essa modesta porcentagem fica menos impressionante quando se examinam alguns detalhes. Por exemplo: R$ 55,2 bilhões, 38,4% do total gasto, foram destinados a financiamentos habitacionais para pessoa física. Não envolveram, portanto, nenhum esforço especial de execução de projetos.
A ministra alegou dois fatores para justificar a execução lenta do programa. Este é o primeiro ano do mandato e, em segundo lugar, metade das obras está em licitação ou em regulamentação. O argumento seria mais convincente se outros dados não mostrassem evidentes problemas administrativos. De 42 licitações iniciadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), 14 foram revogadas e 27 suspensas. Sobrou, portanto, apenas 1 em andamento.
Esses números foram fornecidos pela própria ministra e comprovam mais uma vez as deficiências do governo na elaboração e na execução de projetos. Mas a ministra ainda se esforçou para tornar o quadro menos negativo. Segundo a avaliação apresentada no relatório, 72% das ações do PAC estavam em ritmo "adequado" de execução até setembro. A lista inclui projetos nitidamente emperrados, como trechos de estradas em Minas Gerais ainda não leiloados porque seus estudos financeiros não foram aprovados pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
A parte do programa custeada diretamente pelo Tesouro - o chamado PAC orçamentário - continua muito lenta. Dos R$ 36,4 bilhões autorizados para este ano, foram pagos apenas R$ 5,5 bilhões. Mas as despesas contabilizadas até 11 de novembro chegaram a R$ 21,6 bilhões. A maior parte dos gastos correspondeu a restos a pagar, isto é, a verbas empenhadas em exercícios anteriores e não desembolsadas. A presidente Dilma Rousseff continua, portanto, muito mais empenhada em pagar compromissos deixados por seu antecessor do que em executar o programa de seu governo.
O único dado positivo, em relação ao PAC orçamentário, foi o aumento dos desembolsos efetivos: 222% em relação a igual período do ano passado. Mas isso representou apenas uma aceleração na liquidação dos atrasos e não um avanço real na administração do PAC. Em relação aos investimentos, o governo da presidente Dilma Rousseff mal começou e talvez até esta avaliação seja um tanto otimista.
Pela previsão oficial, serão concluídas até 2014 obras no valor de R$ 70,8 bilhões, 74% do investimento de R$ 955 bilhões planejado para o PAC. Sobrará, portanto, mais de um quarto do programa para ser executado nos anos seguintes, se der tudo certo até o fim do mandato da presidente Dilma Rousseff.
Quase metade do investimento previsto para o período até 2014 deverá caber à Petrobrás: R$ 303,2 bilhões. A Petrobrás tem executado, ano após ano, cerca de 90% do investimento inscrito no PAC para as estatais. Mas esses projetos são de fato independentes do PAC.
Grandes volumes de recursos vêm sendo regularmente investidos no setor de petróleo há muitos anos e isso tem dependido essencialmente do dinamismo e do vigor de uma grande e experiente empresa estatal. Seus projetos apenas foram incluídos no PAC, desde 2007, por uma decisão política.
O ritmo lento do PAC não é explicável apenas pelos dois fatores citados pela ministra do Planejamento - começo de mandato e grande número de projetos em etapas iniciais. O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, mencionou os ajustes e reprogramações do orçamento desde o início do ano. Mas o fato mais simples e conhecido há anos é a deficiência gerencial do governo.
Intermediários em alta - MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 24/11/11
A busca por executivos de média gerência vem se acelerando no Rio. O diagnóstico é da Asap, empresa de recrutamento e seleção, cuja filial por aqui viu seu faturamento crescer 98% no terceiro trimestre frente ao mesmo período de 2010. O crescimento tem sido impulsionado pelos agressivos planos de expansão em empresas de óleo e gás, química, energia e shopping centers que responderam respectivamente, por 36%, 14%, 5% e 3% do faturamento total da consultoria de julho a setembro.
Vovô do rock
O músico inglês Joe Cocker — que na sua longeva carreira tem no currículo a participação, nos anos 60, no festival de Woodstock - vai fazer show no Rio, em 2012. A última e segunda vez que esteve no país foi em 1991, no Rock in Rio II. As apresentações acontecem logo após o carnaval, no HSBC Arena. Canções do CD Hard Knocks, de 2010, vão ganhar prioridade no repertório.
Projeto olímpico
Ex-viciado, Cocker, ao lado da mulher Pam, comanda a Cocker Kids’ Foundation, e por conta disso planeja visitar as quadras esportivas da Mangueira. É que em sua fazenda em Crawford, no Colorado (EUA), crianças e jovens de até 21 anos ganham apoio em educação, lazer,artes e atletismo. Desde 1998, Cocker destina parte da bilheteria de seus shows para a ONG.
Negligência
A 9ª Câmara Cível do TJ do Rio aumentou para R$ 120 mil a indenização que o Penha Shopping terá de pagar à mulher de Arnaldo Marcolino. Ele e mais cinco pessoas morreram afogadas na garagem subterrânea do shopping, durante um temporal em janeiro de 2006. Para os desembargadores, a construção do estacionamento perto de um rio e o rompimento da comporta - construída de forma negligente - permitiram a entrada súbita da água.
Ajuda direcionada
Os doadores brasileiros da organização internacional ActionAid vão começar esta semana a apoiar, de forma regular, projetos sociais no Haiti, e não mais apenas em situações de emergência. A previsão é que 300 crianças haitianas sejam apadrinhadas neste primeiro momento. São todas moradoras da comunidade rural de Vallue que teve a única escola destruída pelo terremoto de 2010.
Homens perfumados
Será o Tremendão Erasmo Carlos quem irá entregar o prêmio de Música, e Paulo Borges, o de Moda, na primeira festa da revista GQ Brasil, segunda no Copacabana Palace, que irá homenagear 13 homens que se destacaram em 2011. Apenas 400 convidados entraram na lista de Patrícia Brandão. A noite é patrocinada pela Heineken, Land Rover, MasterCard Black e Philips.
Luxo preservado
O GP Brasil de Fórmula 1, neste final de semana, na capital paulista, vai dividir as atenções dos apaixonados por carros com a estreia do 1º Salão Internacional de Veículos Antigos, no Anhembi. Serão 300 modelos dos maiores colecionadores de automóveis clássicos de todo o país. Dirigido a um público classe A, o ponto alto do evento será um leilão, sábado, que seguirá os critérios do Hagi (Historic Automobile Group International), a carteira de índices que determina valores de carros raros e clássicos. Os lances iniciais não deverão ser inferiores a R$ 300 mil.
Diva na pista
Por falar em Fórmula 1, a cantora americana Macy Gray, que divide hoje o palco da Via Funchal com a estrela em ascensão Jesse J, no show F1 Rocks, ligado à promoção da corrida, gravou, ontem, um videoclipe com Bruno Senna na pista de treino da Pirelli, em Paulínia. Fã de automobilismo, Macy fica em Sampa até domingo, para assistir à competição.
Despachos
Tanto ela quando sua colega de palco fizeram as listas esquisitas de pedidos que já são praxe por aqui. Jesse pediu cidra de pêra Magners, duas velas, uma variedade de chocolates, um grande pacote de chicletes e uma boa refeição quente nos camarins, dentre outras exigências de bebidas e alimentos. Já Mrs. Gray, veterana, exagerou mais um pouquinho: um pote com vitamina C mastigável, um galão de leite de soja, garrafas de água Evian, ferro a vapor vertical, velas de baunilha, rosas, além de Veuve Clicquot, vinho branco e energéticos.
Livre Acesso
O designer Gilberto Strunck, sócio-diretor da agência DIA Comunicação, lança amanhã Compras por Impulso – Trade Marketing, Merchandising e o Poder da Comunicação e do Design no Varejo, na Livraria Travessa, do Shopping Leblon, a partir das 19h.
O pianista Luiz Carlos Moura Castro, presidente da Sociedade Liszt dos EUA, volta à Tijuca, onde nasceu, para recital de lançamento, hoje às 19h, do CD Pianiszt, na Basílica de Santa Teresinha do Menino Jesus, celebrando os 200 anos de Franz Liszt.
A arte contemporânea invade, hoje, o Shopping Cassino Atlântico, com o vernissage de duas exposições: a de Renato Sant’Ana, com Oxidação da Tabela Periódica, na Galeria Tramas, e Anna Paola Protásio com O Tempo Saqueado, na Galeria Athenas.
A empresária Ana Coutinho comemora seu aniversário, segunda, ao som da bateria da Grande Rio, com direito a mestre-sala e porta-bandeira, no almoço que ela promoverá na sua casa da Barra. Na mesma festa serão comemorados seus 18 anos de casamento com o marido Laerte.
Hoje é o último dia da promoção de lançamento da nova máscara de cílio Hypnôse Doll Eyese, da Lancôme, na Shampoo Cosméticos de Ipanema. Parte da renda das vendas será doada em remédios para a Sociedade Viva Cazuza.
O enólogo argentino Karim Mussi, dono da vinícola Altocedro, promove seus rótulos, hoje, no Esplanada Grill e na Marius, trazido pela importadora Terramater. Seu terroir é o Vale de La Consulta, com videiras entre 50 e 70 anos de idade.
A tortuosa sobrevida de um ministro EDITORIAL O Globo
O Globo - 24/11/2011
A via crucis do presidente de fato do PDT Carlos Lupi no Ministério do Trabalho tem desdobramentos esclarecedores. Apanhado em mentira perante a presidente Dilma Rousseff e o Congresso, Lupi continua a sobreviver, num desses milagres só possíveis nos tempos que correm na política brasileira.
O ministro havia sido flagrado num crime comum em Brasília, nem por isso sem gravidade: confundir interesses privados com a função pública. Esclarecido, com provas documentais e testemunhais, que se deslocara de fato pelo interior do Maranhão às expensas de empresário privado com interesses no ministério, Lupi se saiu com a desculpa rota da "memória fraca". Dilma aceitou mais esta do auxiliar - ou fingiu acreditar. E enquanto é mantido no cargo, sem qualquer credibilidade - não há contra ele apenas caronas indevidas - , o ministro convocou reunião do partido para apoiá-lo. Desaprovado não seria. Afinal, Carlos Lupi controla o PDT com a manipulação hábil de todas as omissões existentes na Lei Orgânica dos Partidos, sob medida para coronéis interessados em gerenciar legendas como se fossem latifúndios. Não bastasse serem minoria os pedetistas contrários à gestão nada ética do presidente do partido no Ministério Trabalho.
Mas Lupi não recebeu nota pública de apoio, como talvez planejasse, preocupado com a reforma ministerial. Pior, pode até ser jogado ao mar por companheiros temerosos de perder o ministério para outra legenda, caso descubra-se algum novo envolvimento do cacique em algo obscuro, e ele seja defenestrado junto com o partido. O andamento da crise no Trabalho revela por inteiro o absurdo do modelo fisiológico lulopetista de governo, e com base no qual foi montada a maior parte da equipe de Dilma: ministérios e outras áreas-chave do governo têm a escritura passada a partidos, em troca de votos no Congresso.
A presidente, na prática, não governa por inteiro: atua com ministros próprios, de áreas estratégicas (Fazenda, Planejamento, BC, Casa Civil e mais um ou outro posto). O resto --- são quase 40 pastas ---- atua sem comando efetivo, apenas para atender às respectivas corporações, nichos, grupos de correligionários em insaciável busca pelo dinheiro do contribuinte. O poder presidencial é tão relativo que, caído o ministro em desgraça, o Palácio pergunta ao partido do demitido quem será o sucessor.
Há sérios efeitos colaterais dessa renúncia de poder. Por exemplo, Dilma passou um bom tempo sem receber para despacho o peemedebista do Maranhão Pedro Novais, ministro do Turismo indicado pelo senador José Sarney. Era como se não fosse seu ministro. Mas só caiu pelos "malfeitos" descobertos na liberação de verbas para, via ONG fajuta, "treinar mão de obra", o filão descoberto pelos criminosos de colarinho branco de Brasília. Quer dizer, um setor vital na contagem regressiva para grandes eventos no Brasil pode ficar desconectado do Planalto e servir apenas de instrumento de assalto aos cofres públicos por quadrilhas de políticos fisiológicos.
Dilma demonstra incômodo. Tanto que as mudanças feitas na pasta do Transporte não seguiram o fisiologismo ao pé da letra. Mas é pouco. O melhor é que a reforma de 2012 não seja apenas ministerial, mas de métodos.
Na zona do euro, avanço ou ruína - MARTIN WOLF
Valor Econômico - 24/11/2011
Os investidores estão cada vez mais relutantes em confiar em papéis da dívida soberana de muitos países da zona do euro. Essa é a lição mais importante dos recentes acontecimentos. Muitos políticos europeus querem declarar guerra aos mercados. Eles precisam lembrar-se que desejam que as pessoas comprem títulos de suas dívidas.
Na segunda-feira, os spreads em relação aos Bunds alemães eram superiores a 60 pontos-base (0,6 ponto percentual) na Holanda e na Finlândia, 152 pontos na Áustria, 155 pontos na França, 292 pontos na Bélgica, 466 pontos na Espanha, 480 pontos na Itália, 650 pontos na Irlanda, 945 pontos em Portugal e 2.554 na Grécia. Para a maioria dos membros, esses spreads são administráveis. Mesmo a Itália e a Espanha poderiam conviver com os rendimentos atuais por algum tempo, embora não indefinidamente. O preocupante é a intensificação das tensões nos mercados de dívida pública na zona do euro: a Irlanda é o único membro que registrou um declínio significativo nos spreads, apesar de ainda estarem em um nível punitivo.
Existem três explicações para isso. A primeira é que os investidores percebem que uma série de países da zona euro vivem sob um risco de insolvência muito maior do que se pensava.
Os investidores sabem que os políticos mostram-se menos inclinados a dar um calote em seus próprios cidadãos. Mas, em uma união monetária, os estrangeiros detêm uma proporção maior de dívida soberana: metade da dívida italiana foi contratada no exterior
A segunda é que os países da zona do euro não dispõem de um verdadeiro emprestador de última instância. Eles são o que Charles Goodhart, da London School of Economics, denomina "soberanos subsidiários". Sua dívida embute um risco de inadimplência pura e simples e não de mera monetização. Temendo um calote, os investidores criam iliquidez, que se transforma em insolvência. Quanto maior a proporção de credores estrangeiros, mais plausível torna-se um default: os investidores sabem que os políticos mostram-se menos inclinados a dar um calote em seus próprios cidadãos do que em estrangeiros. Mas, em consequência da união monetária, estrangeiros detém uma proporção maior de dívida soberana do que antes: metade da dívida pública italiana foi contratada no exterior.
A terceira explicação é que há risco de ruptura. Nenhuma união monetária é irrevogável. Até mesmo países não sobrevivem para sempre. Mas uma união monetária entre os Estados discordantes é muito mais frágil do que um país.
A primeira explicação não funciona. A posição de endividamento e do déficit espanhol não é, obviamente, pior do que a do Reino Unido. No entanto, o Reino Unido está pagando apenas 2,2% em títulos de 10 anos, contra 6,6% no caso da Espanha. A explicação para esse abismo tem de ser os riscos de falta de liquidez e de ruptura. Esses riscos também estão inter-relacionadas: se iliquidez for a causa de um calote, os países poderão abandonar a moeda única. Isso não é inevitável. Mas é imaginável, tendo em vista o enorme choque resultante do calote de um país importante.
Então, o que deve ser feito? Na semana passada, moderei um debate sobre esse tema numa conferencia em homenagem a Paul de Grauwe, da Universidade de Leuven, na Bélgica. Concluí que a zona do euro enfrenta três desafios interligados. O primeiro é administrar a falta de liquidez nos mercados de dívida pública. A segunda é reverter a divergência de competitividade manifesta desde o lançamento do euro. A terceira é criar um regime capaz de garantir relações econômicas menos instáveis entre seus membros. Por trás dessa lista há uma questão simples: para que confiem no futuro do euro, as pessoas têm de acreditar que os países membros terão um futuro melhor com, do que sem, o euro. Examinemos cada um desses pontos.
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Em primeiro lugar, os países vulneráveis simplesmente não podem, por si sós, eliminar o risco de iliquidez ou de ruptura. Promessas de austeridade que tendam a enfraquecer a economia minam a credibilidade, em vez de fortalecê-la. As taxas de juro têm de ser contidas em níveis administráveis. Como isso pode ser feito é uma questão de segunda ordem. Alguma combinação do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) com o Banco Central Europeu (BCE) parece um caminho lógico, como sugerem Peter Bofinger, da Universidade de Würzburg, e George Soros. Infelizmente, intervenções potentes são improváveis, devido a uma resistência ideológica equivocada. Soberanos vulneráveis serão deixados na corda bamba. Mas se os spreads forem limitados, embora não eliminados, os países continuarão a ter um forte incentivo para conter seus déficits e reduzir suas dívidas.
Em segundo lugar, grande parte da perda de competitividade dos países periféricos precisa ser revertida. Mas como a Alemanha deve saber, com base em sua experiência na década passada, isso seria muito mais fácil se a inflação fosse relativamente elevada nos países parceiros. O BCE deveria procurar assegurar uma demanda suficiente nos próximos anos para facilitar a melhoria da competitividade necessária nos países periféricos. Sob essa perspectiva, o BCE não foi bem-sucedido. O crescimento da massa monetária entrou em colapso e o Produto Interno Bruto, tanto real como nominal, tem se mostrado excessivamente fraco.
Agora que a austeridade fiscal é a regra, o BCE deveria estar praticando uma política monetária fortemente expansionista, em vez da mais restritiva política entre todos os grandes bancos centrais dos países avançados. Nas atuais circunstâncias, o mantra do BCE sobre estabilidade de preços a médio prazo cria o risco de tornar-se letal. Como disse-me uma autoridade em Bruxelas pouco tempo atrás, o BCE corre o risco de ser lembrado pelos historiadores como o magnificamente ortodoxo banco central de uma união monetária fracassada. É assim que os membros de seu conselho querem ser lembrados? Suspeito que não.
Infelizmente, o ajuste pode, em alguns casos, não dar certo. Nesse caso, a zona do euro teria de enfrentar uma de três alternativas terríveis: um membro permanente deprimido; um membro permanentemente numa UTI externa; ou a saída de um membro. Não conheço nenhuma maneira de tornar essas opções palatáveis.
Finalmente, consideremos o futuro regime político e econômico para a zona do euro. Parece-me que três lições se destacam em meio à crise. Primeiro: como salientou André Sapir, da Université Libre de Bruxelles, o setor financeiro da zona do euro deve ser fiscalizado por uma agência regulamentadora comum e apoiado por uma autoridade comum fiscal. Segundo: no mínimo, a zona do euro se beneficiaria enormemente de um mercado de títulos unificado que cobrisse uma grande parte da dívida dos países membros. Finalmente, é preciso haver disciplina mais efetiva sobre as políticas estruturais e fiscais dos países membros. Mas nenhuma dessas opções seria aceitável para as democracias sem uma substancial adoção de união política. Entretanto, tudo o que temos visto e ouvido recentemente sugere que esse desdobramento, descartado na década de 1990, seria ainda mais difícil agora.
Em suma, a zona do euro tem que avançar ou submeter-se aos riscos de uma desintegração. Em artigo que escrevi há 15 anos, argumentei que "não são apenas a ausência de uma cultura política compartilhada e de um processo político comum o obstáculo para o sucesso duradouro; a União Europeia também não dispõe das estruturas constitucionais para legitimar o exercício centralizado de poderes politicamente delicados". A zona do euro precisa agora provar que estou errado. (Tradução de Sergio Blum)
Martin Wolf é editor e principal comentarista econômico do FT.
NAS ASAS DO TIMÃO - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 24/11/11
O Corinthians recebeu proposta de R$ 220 milhões de empresa que quer colocar seu nome no Itaquerão, novo estádio do clube. Diz que recusou. "Queremos um valor maior, R$ 350 milhões", diz Andrés Sanchez, presidente do alvinegro. A proposta pelo "naming rights" seria de uma companhia aérea. Estrangeira.
INGLÊS JÁ VÊ
A "suspeita" seria a Emirates, que já batiza o Emirates Stadium, em Londres. Sanchez não confirma.
SENHOR TORCEDOR
No jantar que o empresário José Victor Oliva ofereceu a Galvão Bueno, anteontem, em SP (fotos ao lado), Sanchez revelou que ajudou o Santos a manter Neymar. "Agora elogiam. Em 2014, quando ele for vendido e o Santos não receber nada, vão criticar. Mas o clube vai ganhar algo muito maior: o crescimento da torcida."
MANO & NEYMAR
Mano Menezes, técnico da seleção, aposta que Neymar renova com o Santos em 2014. "O presidente do clube, Luis Alvaro, tem dito isso. E tudo o que ele diz acontece." Mano elogia Neymar: "Ele tem palavra, caráter. Me lembra o Anderson. Ele era pressionado para sair do Brasil. Ficou no Grêmio [time que Mano comandava]. E só tinha 17 anos".
SENHORA BOLA
Ronaldo, que atuou nos bastidores para que Neymar fosse para o Real Madrid, diz que continua achando que o craque deveria ter partido para a Espanha. "Quem sou eu para aconselhar! Mas, para pegar aquela Bola de Ouro [prêmio de melhor jogador do mundo], você tem que estar lá [na Europa]."
DOCE LAR
Ronaldo contou que suas filhas caçulas, Maria Sophia, 2, e Maria Alice, 1, vão estudar em casa até completarem sete anos. Só então vão para uma escola. "A Bia [mulher do craque] acha melhor assim. Ela quer juntar cinco mães e fazer um grupo que brinque e se socialize em casa." Os motivos, diz, "não me pergunte! Nem eu sei".
JÁ VI ESSE FILME
Em uma roda em que se discutia o peso de Ronaldo, dizia-se que, mesmo assim, ele decidiu campeonatos para o Corinthians. Ricardo Teixeira, presidente da CBF, endossou: "E outro acima do peso [Adriano] pode ter decidido o campeonato no domingo". Teixeira completou: "Estou velho. O Ronaldo começou na seleção em 1993 comigo. E terminou comigo."
PAZ NO TRÂNSITO
Rubens Barrichello levou na esportiva declaração de Felipe Massa de que deveria se aposentar. "É um amigo buscando o conforto [de outro amigo]. Achei bacana." Massa dizia: "Ele não gostou. Mas quero o bem dele. Um cara com a história do Rubinho não tem que ir atrás de dinheiro para correr [garantindo vaga na Williams]".
DE VOLTA PARA CASA
Arnaldo Hossepian deixará no dia 30 o cargo de secretário-adjunto da Segurança Pública de SP. Voltará para o gabinete do procurador-geral de Justiça, Fernando Grella. A expectativa é que seu sucessor também venha do Ministério Público.
BALADA CONSCIENTE
O hospital Emílio Ribas vai colocar modelos em 13 casas noturnas, a partir de amanhã, para uma campanha de conscientização de jovens contra a Aids. Eles distribuirão 60 mil preservativos nas baladas. Também serão enviados 400 mil torpedos com alertas sobre o número de jovens diagnosticados e vídeos no Facebook, com mensagens de Adriane Galisteu e Paulo Ricardo.
SAI PRA LÁ
Depois de errar pela segunda vez a letra de uma das músicas de Chico Buarque - no caso, "Baioque"- no show que fez, anteontem, no Via Funchal, em SP, Maria Bethânia disse, rindo: "Isso é praga". Descalça, ela usou tornozeleira semelhante às que indianas usam para reverenciar seus maridos. Era uma homenagem a Chico.
TIO SAM
Depois de ter tido problemas com a emissão do visto para os EUA, por conta de um homônimo, o músico Marcelo Jeneci finalmente conseguirá embarcar para fazer shows no país. Ele se apresentará em Nova York, Washington e Miami, de 8 a 11 de dezembro.
CURTO CIRCUITO
José do Nascimento Jr., presidente do Instituto Brasileiro de Museus, do MinC, receberá do governador de Minas, Antonio Anastasia, a medalha Teófilo Otoni como destaque na área de gestão cultural.
Fabiana Cozza canta de amanhã a domingo no Sesc Vila Mariana. 12 anos.
Sabrina Sato e Sérgio K. serão DJs na estreia da festa #VidaSocial, hoje, no The Society. 18 anos.
Laura Wie abre hoje o café e bistrô Lady Fina, às 20h, na Vila Mariana.
A peça "O Libertino" dá 50% de desconto no ingresso, hoje e amanhã, para quem levar um quilo de alimento não perecível. No Teatro Cultura Artística Itaim. 16 anos.
Paulo Hoff fala hoje sobre câncer na escola estadual Romeu de Moraes.
com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY