quarta-feira, agosto 17, 2011

MARTHA MEDEIROS - A arte da manutenção

A arte da manutenção 
MARTHA MEDEIROS
ZERO HORA - 17/08/11

Bem que eu gostaria de dizer que esta crônica foi inspirada em Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas, livro de Robert M. Pirsig que, encantada, comecei a ler aos 24 anos e que nunca terminei. Estava adorando e, de repente, cadê o livro? Emprestei, me roubaram ou esqueci no ônibus. Só sei que o perdi. Um dia retomarei essa leitura, não de onde parei, óbvio, e sim desde o início – minha memória não dá pra mais nada, só reciclando.

Então, como ia dizendo, não me inspirei nesse clássico da filosofia moderna, o que me conferiria certo charme, e sim em fuleiras notinhas de rodapé que se repetem sem que ninguém dê a mínima: cinco feridos em carrinho de montanha-russa, casal despenca da roda-gigante, adolescente atingida por um brinquedo que se desprendeu. Os parques de diversões não estão pra brincadeira.

A responsabilidade é de quem? De quem deveria zelar pela manutenção, mas ninguém está nem aí. Inaugura-se o parque, o tempo passa, tudo enferruja, o equipamento se corrói e salve-se quem puder.

Não resisto à tentação de comparar. Você me conhece. Vou comparar. É ou não é o retrato da maioria das relações?

No começo, tudo parque de diversão. Frio na barriga, vertigem, gritinhos. Depois, acostuma-se, o medo passa, a excitação também. Ninguém mais vê graça na coisa, mas, sabe como é, acostumamos, vira hábito, todo sábado à tarde, toda quarta à noite, os amigos estimulam, vamos lá, vamos lá, até que um se esborracha no chão.

Entre dolorida, surpresa e indignada, a vítima se pergunta: o que é que aconteceu? Os responsáveis pelo parque não zelaram pela segurança, apenas isso, e, como alertei, não estou falando apenas de parques, mas também de casamentos, paixões, amizades, o prazer maior da vida. Era pra ser divertido pra sempre, empolgante pra sempre, inspirador pra sempre, mas a maioria acredita que a longevidade dos amores é atribuição do destino, ele é que tem que tomar conta.

Nenhum encantamento se mantém sem uma boa supervisão. Não basta dar corda e depois cruzar os braços. Não dá pra apertar o botão e depois sair para tomar um lanche. Não se pode confiar na sorte. A engrenagem não se autolubrifica sozinha, os movimentos não se renovam no automático e o tempo não faz mágica. Diversão, como tudo na vida, também exige cuidado.

Mas quem é que tem paciência para o zelo, de onde tirar disposição para renovar o suspiro mil vezes reprisado? Começa maravilhoso, depois fica legal, aí legalzinho, até o “larguei de mão, cansei”.

Manutenção. Talvez eu tenha extraído aqui, por resquícios indeléveis da memória, alguns substratos do emblemático livro de Robert M. Pirsig, mas o assunto ainda é parque de diversões (os reais e os metafóricos), e o perigo que os ronda quando decaem.

PAULO SANT’ANA - A síntese do aborto

A síntese do aborto 
PAULO SANT’ANA
ZERO HORA - 17/08/11

Preciso hoje expor minha ideia sobre o aborto, tema que tem atraído tanto a atenção dos pensadores.

Se o leitor ou a leitora não concordar comigo, peço que tolerem.

Sou completamente contrário à ideia de que a mulher grávida é dona do feto contido no seu ventre e pode fazer o que bem entender dele, inclusive abortá-lo.

Tanto não é dona do seu feto, que, geneticamente, o feto pertence a ela mas também ao pai que entrou com o espermatozoide nesse consórcio.

Penso até que a única exceção para o não direito da mulher de abortar seu feto é o caso do feto anencéfalo.

Se o feto não tem cérebro, concluo que não só a mulher grávida tem o direito de abortá-lo, mas esse direito também assiste ao Estado, que tem o dever de promover o aborto para evitar a tragédia de um ser vivo sem dominância cerebral.

A mulher grávida não é, como se diz, dona do seu corpo e pode fazer dele o que bem entender, inclusive abortar.

Ela não é dona do feto, ela é apenas hospedeira. E o feto é seu inquilino. Para ser despejado, terá esse ato que obedecer a várias leis jurídicas e morais.

O meu entender, portanto, é que a mulher não é dona do feto, faz apenas o papel de senhoria dele.

A saudação mais usada entre as pessoas, quando se encontram, não é “olá”. A saudação mais usual entre pessoas que se encontram é: “Tudo bem?”.

E, quando todos me perguntam se está tudo bem, respondo de forma surpreendente: “Tudo mal”.

Eles pedem explicação para minha resposta que lhes parece brutal e eu dou a explicação.

Não sei ser hipócrita, se não vou bem, como irei dizer que está tudo bem?

Nada disso. Vai tudo mal. Se tenho câncer e por isso não tenho saliva, não tenho apetite e nem paladar, como pode ir tudo bem? Vai tudo mal, sim, senhores.

Não sei mentir, nem para salvar conversas, diálogos ou formalidades.

O caso da juíza que foi assassinada no Rio de Janeiro com 21 tiros.

Agora na imprensa, há uma tentativa de desqualificar a vítima, alegando que ela tinha uma união estável com um cabo da PM e já vivera certa vez com um policial civil.

Ao tentarem, essas pessoas, desqualificar a vítima, não percebem que assim estão desculpando os assassinos.

E que crime ou desdouro comete uma juíza que é mulher de cabo de polícia e de investigador?

Pelo amor de Deus, o que tem de ser exaltado é a coragem e lucidez dessa juíza assassinada por ter condenado inúmeros policiais e milicianos de vida torta.

Mas que burrice!

ANTONIO PRATA - Mudança

Mudança
ANTONIO PRATA
FOLHA DE SP - 17/08/11

"Do fundo da gaveta, numa foto de 1991, minha primeira namorada me sorri. No verso, em tinta rosa, diz que me ama "pra sempre!!!". Eu também a amei para sempre e com muitas exclamações, por seis meses e alguns amassos, na distante oitava série -até um recreio em que, não lembro exatamente por qual motivo, resolvemos "dar um tempo", num canto da quadra poliesportiva. O tempo dura até hoje. (Alguém me disse, outro dia, que ela é procuradora do Estado. Duvido que ainda use canetinhas cor-de-rosa.)
De uma pasta, surge uma prova de história sobre o feudalismo, o cartão-postal de um amigo, de Amsterdã, uma agenda de 92. Dia 23 de maio: "Niver da Ju B.!!! Não vai esquecer, hein?!". Por onde andará aquele amigo? Quem era mesmo a Ju B., hein?
Numa caixa de charuto, papéis e guardanapos cheios de projetos da última década e meia. "Revista de jornalismo literário. Arte: Ciça. Textos: Antonio, Chico, Nirla, Fred, Paulo." "Ideia de romance: paulista toma pé na bunda e cai no carnaval do Rio". "Sitcom: bar frequentado por artistas que não emplacam, tendo que sobreviver de atividades paralelas".
Cercado por aqueles achados arqueológicos, escavados de diferentes camadas sedimentares do meu apartamento, reflito sobre o que levar para a casa nova, o que jogar no saco de lixo azul. Um lado, nostálgico, agarra-se ao conteúdo das gavetas: é minha vida, meu passado, é preciso guardá-lo. Outro lado, o prático, provoca: "guardá-lo por quê? Em que situação você desenterrará as cartas de ex-namoradas, cartões-postais de quem já não vê há 20 anos, projetos que não concretizou, nem concretizará?"
Não interessa a utilidade desses fósseis, digo à minha sanha sanitarista: é dos momentos representados por eles que somos feitos. "Pois o feito, feito está", retruca o pragmático: "todo o conteúdo dessas gavetas não são mais que andaimes de teu edifício. Para que preservá-los?
Ora -defendo-me-, e do que é feita a vida senão dos andaimes que usamos para construirmo-nos? Aliás, eles nos sobreviverão. Vão-se os dedos, ficam os anéis, eis a triste verdade. O utilitarista insiste, agora com arroubos de sarcasmo: "Exato!
E se mesmo você uma hora será descartado, de que valerão todos esses bricabraques?".
Ah, inclemente faxineiro! Não percebe?! É justamente a certeza de que nos vamos que obriga a nos agarrarmos ao que fomos! "Você está se repetindo", diz o chato. "Já escreveu isso em outra crônica, dia desses." Pouco me importa. A repetição não é necessariamente um defeito. Veja Woody Allen. Nelson Rodrigues. Vonnegut. Rubem Braga.
Só temos duas ou três coisas a dizer sobre a vida e as vamos reconfigurando, polindo, tentando clareá-las ao longo do tempo. Para isso, aliás, servem esses andaimes, cacarecos recolhidos nas andanças: pontuam o caminho, amenizam a falta de sentido da linha de chegada.
Decido: levarei tudo comigo. De madrugada, o caminhão de lixo mastigará apenas os canhotos dos talões de cheque, velhas contas de luz e declarações do imposto de renda. Amores eternos, mesmo os mais fugazes, amigos que perdemos e os sonhos antigos devem permanecer sempre conosco: senão no fundo do coração, ao menos no fundo de uma gaveta".

MARCELO COELHO - Moral? Que moral?

Moral? Que moral?
MARCELO COELHO 
FOLHA DE SP - 17/08/11

Saques motivados pela fome? Podemos entender. Saques motivados pelo luxo, eis algo inadmissível


Nada melhor do que um primeiro-ministro conservador, como David Cameron, para reagir rapidamente à onda de saques, de incêndios e de desordem que tomou conta da Inglaterra nos últimos tempos.
Ele poderá falar, não sem razão, da necessidade de lei e ordem. Apontará os sintomas de um "colapso moral" na sociedade. Atingirá, como provavelmente ninguém da esquerda pode fazer, o coração das pessoas de bem, que lutam para subir na vida e não aceitam a delinquência bárbara (e é bárbara mesmo) das gangues da periferia.
Dito isto, gostaria de prosseguir um pouco na reflexão. Não me convencem as lições de moral proferidas por governantes. David Cameron acabou de sair arranhado pelo escândalo dos tabloides britânicos.
Tinha nomeado como seu secretário de imprensa Andy Coulson, posteriormente preso porque, como editor do "News of the World", foi responsável pelas escutas ilegais daquele jornal à procura de escândalos.
Os parlamentares britânicos estiveram recentemente envolvidos numa farra de gastos sem autorização, capaz de rivalizar com os trambiques de Brasília. Não é preciso lembrar o papel vergonhoso de Tony Blair na Guerra do Iraque. Deixou de considerar importante a questão de Saddam Hussein possuir as armas de destruição de massa, que ele achava importantíssima.
Achava importantíssima antes de não ter sido encontrada nenhuma arma de destruição de massa. Onde estariam, portanto, as raízes do "colapso moral" apontado por David Cameron? Seria fácil dizer que "as elites" são mais imorais do que "as massas". Gostaria de observar que o problema não é de moralidade ou imoralidade. Veja o que disse a maioria dos comentaristas a respeito dos saques na Inglaterra.
Numa sociedade desenvolvida, os saques foram chocantes. Não se tratava de pegar leite ou batatas num supermercado. Os desordeiros queriam DVDs, iPads, Blackberrys ou não sei mais o quê.
Teoricamente, isso seria um sinal de "imoralidade". Saques motivados pela fome? Podemos entender. Saques motivados pelo luxo, eis algo inadmissível. Será? Toda a estrutura de nossa sociedade afirma que sem um tênis Nike, um iPad ou uma camiseta de grife você não é nada.
Esses badulaques se tornaram, assim, artigos de primeira necessidade. O saqueador alcança, rapidamente e sem punição à vista, o passaporte que o levará a conquistar as mulheres mais bonitas e o respeito dos seus pares. É mais do que simplesmente alimentar-se e sobreviver. Trata-se de existir.
Ao mesmo tempo, o saque é ambíguo. Representa, em doses iguais, revolta e adesão. Destruo aquilo que eu desejo. Arrebento a vitrine que me separa do paraíso, mas também escolho, definitivamente, o caminho da danação. Na violência dessas desordens, vejo ao mesmo tempo denúncia e cumplicidade. Sabemos perfeitamente que uma grife não significa coisa nenhuma. Sabemos que todo o consumo contemporâneo está montado numa mentira.
A mentira da propaganda se duplica em outras mentiras, em incontáveis mentiras. Uma agência de risco mente quando eleva ou rebaixa o risco de um país. Um país mente quando imprime moedas ou títulos da dívida que, promete, vai pagar. O consumidor mente quando usa um cartão de crédito cujas mensalidades não sabe bem como ficarão. Na própria palavra (cartão de crédito), pode-se ler "acreditar".
O consumidor acredita, por sua vez, que é escolha sua um produto cientificamente elaborado para suscitar os seus desejos. Você sabia que até o cheiro de carro novo é produzido por um "spray"? É o que leio num livro recente de Martin Lindstrom, guru dinamarquês do marketing e do "branding". Chama-se "A Lógica do Consumo" (editora Nova Fronteira).
Eles estão usando técnicas da neurociência para chegar mais perto da mentalidade dos consumidores. Adeus, pesquisas de opinião. Os técnicos da propaganda e do marketing medem diretamente a sua atividade cerebral. E, mesmo que aparentemente você não goste de um produto ou de um programa de TV, eles identificam o prazer que produziram no seu cerebelo.
Cheiros, sons e cores ajudam a atrair você a entrar numa butique. Mesmo proibindo propaganda de cigarro, os consumidores de Marlboro aumentam quando se usa cientificamente a cor vermelha. Vá falar em moral e disciplina numa sociedade dessas.

JOSÉ SIMÃO - Pedro e Marina! O Casal Pastel!

Pedro e Marina! O Casal Pastel!
JOSÉ SIMÃO 
FOLHA DE SP - 17/08/11 

E diz que a Dilma tem uma plantação. De pé de limão? De pé de mexerica? Não, de pé na bunda mesmo


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta: "Pastor preso no Turismo paga fiança com cheque sem fundo". Como é o nome dele? Wladimir FURTADO! Rarará! É o famoso cheque camisinha, só desenrola no pau! O pastor soltou um cheque camisinha! E o pastor tá certo! Se ele é do Turismo, tem de passar cheque voador mesmo. Rarará!
E o pensamento do dia: "Mulher feia é como cheque sem fundo, EU PROTESTO!". Rarará! E eu não sabia que a polícia aceitava cheque! E esse é o cara que mais toma prejuízo em Brasília: o vendedor de loteria da Caixa Econômica Federal. Quando ele começa a gritar "Olha a Federal! Olha a Federal!", todo mundo sai correndo! Não sobra um!
E a manchete do Eramos6: "Ministro da Agricultura promete safra recorde de falcatruas para 2011". Colheita Maldita! Mas tem pelo menos uma coisa correta na Agricultura: o adubo é verdadeiro! Pela quantidade de merda que eles fizeram, o adubo é de primeira. Rarará!
E diz que a Dilma tem uma plantação. De pé de limão? De pé de mexerica? Não, de pé na bunda mesmo. Dilma tem plantação de pé na bunda. Safra recorde! E tem um na Agricultura chamado Ortolano. De horta? Devia se chamar Hortolano. Hortolano Quintanilha! Rarará! E "Insensato Coração"? O Piauí Herald revela que a Dilma ligou pro Gilberto Braga e demitiu o Cortez! Dilma demite Cortez, o banqueiro bandido! E, por causa do Casal Pastel Pedro e Marina, o Projac mudou de nome pra Prozac!
E uma amiga teve um momento Eunice: foi fazer compras no Santa Luzia e deu pro segurança atrás do balcão de frios! E eu tô adorando rever "Roque Santeiro". Onde o Sinhozinho Malta grita: "Reforma agrária é pior que chifre". Rarará!
E corre na internet uma frase masculinista: "Mulher gosta de carinho. Carro carinho, vestido carinho, sapato carinho e vinho carinho!". E um amigo meu tomou Viagra e na terceira bimbada a namorada reclamou: "Seu pingolim tá ótimo, mas estou achando ele meio inexpressivo". Ficou com cara de botox!
E mais um predestinado: na Escola de Propaganda e Marketing do Rio tem um professor de entretenimento: Marcio Rolla. Tá certo, pra quem gosta é o melhor entretenimento. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Apesar de batalha contra genérico, mais um remédio entra no mercado
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 17/08/11

A farmacêutica Torrent do Brasil lança no mercado de São Paulo neste mês o Espran, antidepressivo cujo princípio ativo, oxalato de escitalopram, é disputado na Justiça pela Lundbeck.
Dona do medicamento de referência Lexapro, a Lundbeck já conseguiu liminar para impedir as vendas do Aché, um dos que têm registro da Anvisa. Ainda tramita no STJ.
João Rocha, presidente da Lundbeck Brasil, diz que tomará medidas contra outras.
"Nosso argumento é que investimos milhões em estudos clínicos, que acabam sendo usados pela Anvisa para aprovar produtos de outros."
Também ré no processo, a Anvisa diz acreditar que tem direito de usar os estudos em suas análises comparativas.
Se tais dados não pudessem ser acessados pelo órgão do governo, não haveria como aprovar nenhum outro genérico, pois seria impossível comparar se cada novo remédio segue a linha de sua referência, segundo a Anvisa.
A ação da Lundbeck difere de outras batalhas travadas na Justiça por multinacionais contra genéricos, diz Odnir Finotti, presidente da Pró Genéricos (que reúne o setor).
"Neste caso, não tem nada a ver com patente. É contra o sistema de registro em geral. Pode ameaçar futuros genéricos", afirma Finotti.
Entre outras empresas que têm o registro, a Ranbaxy já está nas farmácias e a Libbs deve chegar nos próximos meses. A Torrent informa que não tem impeditivo legal.

"A ação da Lundbeck põe em risco a política de genéricos no país. É o mesmo que proibir a Anvisa de conceder registro dizendo que ela não pode consultar os dados lá registrados"
Odnir Finotti,
presidente daPró Genéricos

DEDO VERDE
A Braskem começa a estudar a implantação de uma outra fábrica para a produção de plástico verde.
"Agora, seria para produzir biopolietileno, entre 250 mil e 300 mil toneladas ao ano, de forma integrada a uma usina de etanol", diz o presidente Carlos Fadigas. Hoje, a produção de 200 mil toneladas ao ano está longe da usina e a matéria-prima tem de ser transportada. Para estar ao lado de uma usina, a empresa analisa possibilidades em SP, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas.
Além dessa planta, a Braskem já tem engatilhada outra fábrica de polipropileno verde, com capacidade de 50 mil toneladas ao ano. O projeto deve ser detalhado até o final deste ano e será alocado em um dos complexos da empresa.
"Uma fábrica dessas não sai por menos de R$ 100 milhões. Ainda pesquisamos rotas mais competitivas de produção", afirma ele.
Para isso, a Braskem tem firmado parcerias no país e no exterior. A mais recente foi com a Universidade de Waterloo, do Canadá, para desenvolver plástico feito com matéria-prima renovável com melhor desempenho para uso na indústria automobilística. A crise não alterou projetos de curto prazo da companhia, diz Fadigas.

TURISMO ARTÍSTICO
A Bienal de São Paulo é o quinto evento que mais atrai turistas para a cidade, de acordo com a SPTuris.
Em 2010, a capital paulista recebeu 107 mil pessoas para a exposição. O valor movimentado por esses turistas foi de R$ 91 milhões.
A 29ª edição da Bienal foi visitada por cerca de 530 mil pessoas, o que a colocou entre os seis eventos com maior público na cidade.
A exposição do ano passado foi considerada pela publicação "The Art Newspaper" como uma das 30 principais do mundo.
Desde que foi criado, em 1951, o evento já contou com a participação de mais de 13 mil artistas de 159 países, além de ter recebido cerca de 7 milhões de visitantes. A abertura da próxima edição ao público está programada para 7 de setembro de 2012.

Bom humor... Quase 90% dos empresários da indústria do cobre acreditam em aumento das vendas em 2011, segundo o Sindicel (Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não-ferrosos do Estado de São Paulo).

... na indústria Desses, 38% esperam alta superior a 10%. Outros 50% acreditam em incremento de até 10%. Para 13% do total dos entrevistados, as vendas devem sofrer retração de até 10% no ano.

Em domicílio A carioca Beberuga, marca de roupas para crianças de até quatro anos, acaba de implantar seu modelo de vendas em SP. As mães recebem as roupas em casa e têm dois dias para escolher o que vão comprar.

Fonte da... Os trabalhadores de 20 anos são os que mais trocam de emprego na indústria, segundo a Ecobenefícios Good Card, que avaliou demissões e admissões de 247 mil trabalhadores brasileiros.

...juventude O levantamento aponta que o "turn over" de profissionais de até 20 anos envolveu 5,52% dos colaboradores, enquanto a taxa entre os profissionais de 21 a 30 anos foi de 3,36%.

Faxina A Límpidus, rede de serviços de limpeza, deve abrir 390 franquias até 2012. A prioridade são cidades com até 300 mil habitantes e capitais em que não está presente.

com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO - Oportuna profissão de fé


Oportuna profissão de fé
EDITORIAL
O Estado de S.Paulo - 17/08/11

No tom certo, ressaltando que "temos excelentes motivos para confiar nas nossas instituições", a presidente Dilma Rousseff disse o que precisava ser dito para desarmar o falso dilema sobre a ordem das prioridades entre o combate à corrupção e a escolha dos meios empregados pelas autoridades policiais no cumprimento de ordens de prisão de possíveis corruptos. O pano de fundo dessa injustificada antinomia foram os escândalos que espocaram no Ministério dos Transportes, levando ao inédito afastamento de uma vintena de servidores da pasta enfeudada pelo PR, e em seguida na Agricultura em posse do PMDB - embora sem nenhum efeito equiparável até o momento.

As denúncias em rápida sequência e o descontentamento indisfarçado de não poucos membros da base parlamentar do governo com a faxina nos Transportes ordenada pela presidente prepararam o terreno para duas reações antagônicas como que à espera de um motivo para se exprimir. O estopim acabou sendo uma razzia também sem precedentes da Polícia Federal (PF). Acionada pela Justiça Federal do Amapá, por sua vez provocada pelo Ministério Público, a PF prendeu e transportou para Macapá, praticamente de uma só tacada, 35 acusados de envolvimento em falcatruas no Ministério do Turismo.

Entre eles, como se sabe, o secretário executivo da pasta, Frederico Silva da Costa, afilhado de caciques peemedebistas; o seu antecessor petista Mário Augusto Moysés, que foi chefe de gabinete da então titular do setor no governo Lula, a senadora Marta Suplicy; e o ex-deputado federal Colbert Martins, outro membro do PMDB, que dirige a Secretaria de Programas do Ministério. Eles foram fotografados com as mãos algemadas no embarque para o Amapá, o que provocou uma polêmica sobre uma prática humilhante, por isso mesmo limitada pelo Supremo Tribunal Federal a casos extremos e que se supunha abandonada pela PF.

Pior ainda do que essa sensacionalista demonstração de serviço foram as fotos vazadas dias depois para um jornal de Macapá e reproduzidas em todo o País, mostrando um punhado de detidos sem camisa, enquanto seguravam ao peito placas com os seus nomes.

Dessa vez nem os federais ousaram sair em defesa do que na gíria policial se chama "escracho" - o aviltamento de presos a pretexto de sua identificação formal. A presidente considerou o vazamento "inaceitável". O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, falou em "grave violação". O Conselho Nacional de Justiça determinou uma investigação sobre o episódio.

Muito provavelmente, no entanto, não faltaram brasileiros, fartos até a medula da corrupção enraizada na administração pública e na política nacional, que condescenderam, quando não se regozijaram com o tratamento infligido a mais esses presumíveis bandalhos. No outro extremo, numa escrachada expressão de autodefesa, um certo número de políticos governistas, em clima de "ora, onde já se viu?", usou os condenáveis abusos da Polícia Federal para verberar esse começo de devassa nos usos e costumes de seus apadrinhados ou cúmplices. O que os move, evidentemente, não é a preocupação com a agressão aos direitos da pessoa, mas o intento de pressionar o Planalto para pôr fim ao "moralismo" de que teria sido acometido.

Pode-se presumir, portanto, que não tenham ficado satisfeitos com a manifestação da presidente, aproveitando a solenidade de recondução ao cargo do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, na segunda-feira. Sim, ela afirmou que fará tudo o que estiver ao seu alcance "para coibir abusos, excessos e afrontas à dignidade de qualquer cidadão que venha a ser investigado". Mas afirmou também, com igual ênfase, que "onde ocorrerem malfeitos, iremos combater com firmeza, utilizando todos os instrumentos de investigação de que o governo dispõe e sempre contando com a atuação isenta do Ministério Público, com a eficiência da Polícia e com o poder de decisão do Judiciário".

O vigor das instituições, em última análise, é o que corruptores e corruptos mais temem. Especialmente, como disse Dilma, "uma Justiça eficaz, célere, mas sóbria e democrática, senhora da razão e incontestável nas suas atitudes e providências".

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA


Porto seguro
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SP - 17/08/11

Apesar das queixas pela falta de pagamento de emendas e da insegurança gerada pelas denúncias na Esplanada, a base de Dilma Rousseff no Congresso pode não sofrer grave abalo numérico e até crescer no curto prazo, contrariando previsões mais apocalípticas. No PR, magoado pela "faxina" nos Transportes, mesmo a "independência", declarada ontem por Alfredo Nascimento, é objeto de controvérsia interna.
Enquanto isso, o PV dá sinais de que prepara seu retorno ao seio da aliança governista. Para completar, amanhã Gilberto Kassab e correligionários farão um tour por gabinetes de Brasília para deixar claro que o PSD, se vingar, já estreará alinhado ao Planalto.
Em progresso Segundo o líder do PV na Câmara, Sarney Filho (MA) "a possibilidade [de volta à base] está latente", mas o partido "ainda não tomou decisão". Ele diz que a posição de Dilma em relação ao Código Florestal e às "questões éticas" contribui para a aproximação. "Mas não queremos cargo."

Ufa! O PMDB foi conversar com Dilma, anteontem, imbuído de uma só preocupação: saber até onde vai a "faxina". Os caciques saíram do encontro algo aliviados.

#prontofalei De Jutahy Júnior (PSDB-BA): "Numericamente, estamos mais fracos que a oposição ao Chávez". A média de votos contra o governo gira em torno de 80 dos 513 deputados.

Empate técnico Assessores palacianos acham injusto conceder a Pedro Novais (Turismo) o título de ministro mais baixinho da Esplanada. Injusto com Paulo Passos (Transportes), que mereceria ao menos se classificar para a final do torneio.

Econômica Apesar do aparato montado para levantar a bola de Fernando Haddad, pré-candidato de Lula à Prefeitura de São Paulo, no anúncio da expansão de universidades e escolas técnicas, Dilma só citou o ministro na leitura da nominata das autoridades presentes.

Esta é sua vida O governo paulista convidou beneficiários do Bolsa Família e do Renda Cidadã para o evento de amanhã no Bandeirantes, em que Dilma lançará a versão Sudeste do Brasil sem Miséria. A ideia é exibir vídeos na tentativa de demonstrar a evolução social dos contemplados.

Maior apoio Embora Geraldo Alckmin sustente o discurso segundo o qual não colocará "nenhum centavo" no Itaquerão, a gestão do tucano aparece como parceira do projeto no site da obra, recém-lançado pelo consórcio Corinthians-Odebrecht.

Tapete Em périplo pelas sedes da Copa-2014, Richard Hayden, consultor da Fifa, adverte os responsáveis pelas obras dos estádios para o rigor na qualidade dos gramados, o que implicaria custo extra. O comitê organizador editará nova norma técnica, especialmente porque o Brasil não tem expertise em arenas cobertas ou com ampla faixa de sombreamento.

Contra todos À revelia de Orlando Pessuti e Roberto Requião, 13 deputados do PMDB preparam embarque na base de Beto Richa (PSDB) na Assembleia paranaense. A adesão em bloco contraria sobretudo a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), que conta com os peemedebistas na aliança para disputar o governo do PR.

Visita à Folha Fernando Pimentel (PT), ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava com Carolina Oliveira e Ronald Freitas, assessores de imprensa.
com LETÍCIA SANDER e FÁBIO ZAMBELI

tiroteio

"Apesar do terrorismo de alguns partidos, com táticas de fazer inveja à Al Qaeda, o PSD vai vencendo a batalha e já é realidade."
DO DEPUTADO GUILHERME CAMPOS (SP), escolhido para liderar na Câmara a bancada de Gilberto Kassab, sobre os questionamentos judiciais à nova sigla.

contraponto

Tem um emprego aí?


No início de janeiro, em solenidade na qual assumiu a Secretaria de Meio Ambiente, o jovem deputado estadual Bruno Covas foi o mais aplaudido entre os novos integrantes do primeiro escalão paulista.
Ao assinar o termo legal no Pálácio dos Bandeirantes, o tucano recebeu os cumprimentos de Geraldo Alckmin, e logo em seguida, um alerta do titular da pasta do Planejamento, Emanuel Fernandes:
-Cuidado, Bruno: mais aplausos, mais currículos...

ANDRÉ MELONI NASSAR e RODRIGO A. C. LIMA - Código Florestal no Senado: aprimoramentos


Código Florestal no Senado: aprimoramentos
ANDRÉ MELONI NASSAR e RODRIGO A. C. LIMA
O Estado de S.Paulo - 17/08/11

Desde a aprovação do projeto do Código Florestal na Câmara dos Deputados, em maio deste ano, temos participado do maior número possível de debates e diálogos com diversas partes interessadas no tema. Baixada a poeira dos momentos mais quentes que se seguiram à aprovação, e reduzido o movimento que caracteriza o texto aprovado como um "liberou geral" para os produtores, já se tem clareza dos temas sobre os quais o Senado deverá debruçar-se na apresentação de um texto modificado.

Podemos separar em três as abordagens de alteração do texto em negociação no Senado. A existência de três senadores relatores, Comissões de Agricultura, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia, de certa forma, espelha tais abordagens. A primeira defende a ideia de que o texto legal precisa ser aprimorado, mas sem alterar seu mérito, ou seja, sem mudar os objetivos já definidos no texto aprovado na Câmara. A segunda abordagem defende aprimoramentos, ou para tornar mais restritivos os critérios que permitem a consolidação de atividades antrópicas, sobretudo nas áreas de preservação permanente (APPs), ou para fortalecer os instrumentos que garantirão a efetividade da aplicação da nova lei. A terceira defende a introdução de elementos novos no Código Florestal, principalmente no que diz respeito aos incentivos econômicos para conservação, sobretudo pagamento por serviços ambientais e o mecanismo de Redd+.

O texto aprovado na Câmara cria um conceito novo e fundamental para reduzir a insegurança jurídica dos produtores: área consolidada com ocupação antrópica. Juntamente com a introdução desse conceito, estabelece um conjunto de medidas que permitem a regularização de áreas que, pelas disposições do código atual, estariam ilegais. A primeira é o reconhecimento de que a legislação mudou no tempo e, portanto, reconhece que áreas desmatadas legalmente pela lei vigente à época não devem ser objeto de recomposição. A segunda é que existem atividades localizadas em áreas de APPs que devem ser mantidas, por serem praticadas há muito tempo e serem de baixo impacto ambiental. Além disso, o novo código facilita a regularização das propriedades, facultando o cômputo das APPs existentes na reserva legal (RL) e permitindo a compensação da RL no mesmo bioma. Tudo isso foi criado para eliminar a necessidade de recomposição de vegetação nativa dentro de cada propriedade, que é a situação de fato hoje existente sob o código vigente, a qual acarretaria enormes perdas econômicas para os consumidores e municípios pela substituição de atividades produtivas.

Esse é um ponto que merece esclarecimento. Contrariamente ao afirmado por Ana Valéria Araújo no caderno Aliás de 7/8, a reforma do código não é defendida para liberar mais área para produção. Até porque o texto aprovado na Câmara não altera em nada as regras para abertura de novas áreas, nem mesmo nas APPs. Ela é defendida porque o código corrente tem enorme potencial de deslocar área produtiva, resultando num efeito que ninguém quer: transformar em vegetação nativa áreas aptas e já utilizadas para produção.

Embora haja estudos científicos mostrando que existe um grande contingente de terras não aptas para produção agrícola, principalmente ocupadas com pastagens, que poderia ser utilizado para fins de recomposição e regeneração de reservas legais, a RL fora da propriedade sempre será tratada como exceção no código vigente, restringindo seu uso.

Agregar o olhar da ciência, como defendeu o senador Eduardo Braga em artigo na Folha de S.Paulo, significa incluir referências científicas na argumentação em favor dos aprimoramentos que precisam ser feitos no texto que sairá do Senado, e não usar os estudos científicos para defender a recomposição a qualquer custo nos moldes do código vigente. Conforme comentamos, é preciso fazer aprimoramentos no texto, sobretudo no tratamento dado à consolidação das atividades produtivas em APPs. Tais aprimoramentos poderão, naturalmente, ser vistos com desconfiança por alguns representantes de setores produtivos, e argumentos científicos racionais, desde que colocados de forma equilibrada e com objetivo de contribuir para a reforma - e não negá-la -, facilitarão muito a aceitação deles.

Os aprimoramentos que temos defendido são o fortalecimento do Cadastro Ambiental Rural e do Programa de Regularização Ambiental, para garantir que ambos saiam do papel e se transformem nos elementos que promovam a efetividade do novo código. Preferimos uma lei mais simples, mas com maior grau de cumprimento, a uma lei complexa de difícil implementação.

A outra abordagem de aprimoramento se refere à consolidação de atividades produtivas em APPs. O código aprovado na Câmara, em nossa opinião, endereça corretamente as situações de atividades florestais, culturas de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo, que hoje ocupam APPs e precisam ser regularizadas, bem como as situações de agricultura praticada em várzeas. No entanto, diante da dificuldade de acomodar outras consolidações porventura legítimas, o texto acabou por flexibilizar demais, tornando a possibilidade de consolidação disponível para todas as atividades produtivas.

Quando compreendemos que 65% da vegetação natural ainda existente no Brasil está em áreas privadas, reconhecemos que é fundamental criar incentivos econômicos para estimular os proprietários a conservar além das exigências impostas pela lei. Utilizar o novo código como veículo para tirar os incentivos econômicos do papel é uma boa ideia, sobretudo para premiar aqueles produtores que estão legais na vigência do código corrente. Somos defensores dessa ideia, desde que ela não seja uma desculpa para atrasar a promulgação do novo Código Florestal ainda este ano.

MÔNICA BERGAMO - LETRAS RURAIS


LETRAS RURAIS
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 17/08/11

Antes de deixar o Ministério da Educação para eventualmente disputar a Prefeitura de SP, Fernando Haddad recebeu outra "encomenda" da presidente Dilma Rousseff: criar o Pronacampo, programa de educação para comunidades rurais.

DORMITÓRIO
O programa prevê o lançamento de livros didáticos com temáticas rurais e a construção de escolas com moradia para que crianças que moram longe possam dormir nelas, voltando para casa nos finais de semana. E também a instalação de internet nessas localidades.

DESPEDIDA
O empresário João Carlos Camargo renunciará ao cargo de conselheiro da Fundação Nemirovsky. Preferido de parte da família para presidir a entidade, ele alega que não tem tempo para se dedicar a ela.

MÃO AMIGA
Dilma Rousseff prometeu ao São Paulo que visitará o Morumbi em breve. Caso seja confirmada, será a segunda manifestação de apreço pelo clube, arqui-inimigo de Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Na semana passada, ela se encontrou com uma comitiva do tricolor em Fortaleza.

DETETIVE RICARDO
E Teixeira tem se dedicado a descobrir os termos do acordo entre a TV Globo e o São Paulo para a transmissão do Brasileirão. Desconfia que o clube paulista foi um dos mais bem aquinhoados nas negociações.

CEGONHA
Aos 65 anos, o cineasta Aníbal Massaini estreia como pai. Sua primeira filha, Débora, nasceu anteontem, na Pro Matre, em SP. A mulher dele, Aline, 30, já tinha outra filha, de seis anos.

NO COMANDO
Felipe Hirsch deve ser o diretor de "A Doença da Morte", peça de Marguerite Duras que Lulu Librandi vai montar em SP em 2012.

FAZENDO ARTE
Vera Chadad e Joca Guanaes receberam convidados na abertura do 18ë Salão de Artes, anteontem, no clube A Hebraica. A atriz Irene Ravache, Daniel Feffer, da Suzano, o empresário Toninho Abdalla e a mulher, a estilista Cris Barros, e Renata Camargo estiveram presentes.

SINAL FECHADO
Marcelo Malvio Alvez de Lima, motorista do Porsche que atropelou a advogada Carolina Cintra Santos no mês passado, teve seus bens bloqueados no último dia 21. A juíza Margot Correa Bergossi, da 5ª Vara Cível, concedeu a medida para garantir que a família da vítima seja futuramente indenizada pelo acidente. Escreveu que, por trabalhar no mercado financeiro, Alvez poderia conhecer mecanismos para ocultar seus recursos.

FECHADO 2
O advogado Antonio Carlos Muniz, que defende Alvez nesse processo cível, não respondeu aos telefonemas da coluna.

CONTRACHEQUE
Quase 700 ex-funcionários da extinta TV Manchete dizem que entregarão uma carta-manifesto à presidente Dilma Rousseff pedindo sua intervenção no impasse judicial que vivem com a emissora. Há 12 anos, eles movem processos trabalhistas contra a RedeTV!, atual concessionária do canal. A emissora não comenta.

TROCA
O secretário de assuntos jurídicos do Partido Verde, Laércio Benko Lopes, oficializou ontem, após dez anos, sua saída da sigla. Ele será um dos três dirigentes da executiva estadual do PHS (Partido Humanista da Solidariedade) em São Paulo.

OLHA A CHAMPA
As atrizes Paola Oliveira e Maria Fernanda Cândido serão as madrinhas da Promenade Chandon no domingo, na rua Oscar Freire.

O evento transforma uma parte da via em uma espécie de bulevar, com várias lojas abertas e oferecendo champanhe aos convidados.

HERANÇA BENDITA
Chico Teixeira lançou ontem o CD "Mais Que o Viajante", em show com o pai, Renato Teixeira, no Bar Brahma. "Toco uma inédita do meu pai, 'Força de Um Leão', porque minha mãe fica enchendo minha paciência para cantar essa [risos]." Mais shows em 23 e 30 de agosto.

PIQUE DE 5.0
O arquiteto Artur Casas comemorou 50 anos com festa no Café Uranus, no fim da semana. Na ocasião, sua noiva, Ligia Costa, também celebrou 30 anos. Angela Ro Ro fez um show para os convidados.

CURTO-CIRCUITO

Suzana Amaral lança hoje, das 18h30 às 21h30, o DVD do filme "Hotel Atlântico", na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Adriana Bozon lança hoje o Ellus Summer Tour.

Bruna Caram canta hoje, às 21h, no Teatro das Artes, no shopping Eldorado. Classificação: 14 anos.

Zélia Duncan canta hoje no Prêmio Engenho de Comunicação, em Brasília.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

JOSÉ NÊUMANNE - Para que trocar o ladrão descoberto pelo incerto?


Para que trocar o ladrão descoberto pelo incerto?
JOSÉ NÊUMANNE
O Estado de S.Paulo - 17/08/11

A cobrança feita pela presidente Dilma Rousseff a seu ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, por não ter sido avisada previamente da operação da Polícia Federal (PF) que levou a 35 prisões no Ministério do Turismo, a começar pelo número dois da pasta, foi imprópria, injusta e equivocada. É de admirar que Sua Excelência, que faz tanta praça de seu passado libertário, tenha ressuscitado uma prática administrativa comum na República Velha dos coronéis da Guarda Nacional, quando se media o poder de um chefe político por sua capacidade de nomear e demitir o chefe da polícia e o diretor do grupo escolar. O Brasil não é mais uma sociedade rural semiescravagista, mas uma República com um sistema institucional desenhado numa Constituição dita "cidadã" por seus redatores e um sistema financeiro que não fica a dever mesmo aos centros do contemporâneo capitalismo movido à velocidade de tempo real da cibernética.

No Estado Democrático de Direito, não é cabível chefe de governo se imiscuir em rotina policial, assunto do qual devem dar conta os aparelhos de força legítima que funcionam e são regulados por instrumentos de Estado - como é o caso da PF, que não se pode subordinar a interesses subalternos das alianças políticas. É pouco provável que tenha passado pela cabeça da maior autoridade da República a intenção de determinar qualquer tipo de obstrução à investigação policial de ilícitos de enorme gravidade, de vez que tratam da malversação de recursos públicos. Mas é lícito pedir vênia para registrar a inexistência de qualquer outra motivação para Sua Excelência reivindicar prévio conhecimento por ela de procedimentos da alçada dos agentes federais. Dilma queria o quê? Exigir todo o rigor dos investigadores das fraudes? Bem, ou isso seria absolutamente desnecessário - e até inócuo - ou, então, a superiora em hierarquia dos agentes da lei estaria manifestando, se não descrença, no mínimo, dúvidas quanto à capacidade que eles teriam de cumprir sua missão sem necessidade de estímulo ou repreensão da chefia. Ou a PF sabe que não pode condescender com delinquentes indicados pelo chefão de um partido grande da base aliada ou, então, estaríamos sob uma crise institucional de fato, em que responsáveis pelo cumprimento da lei não podem fazê-lo.

Tendo sido sufragada pela maioria do eleitorado para comandar a República e influir na vida de todos os brasileiros, Dilma deveria, em vez de exigir tomar conhecimento de detalhes rotineiros do trabalho dos cidadãos aos quais o Estado atribui tanto poder e responsabilidade, voltar sua inquietação para outra direção. A divulgação de seu descontentamento com o ministro da Justiça por ele não a haver informado a respeito da iminência de diligências pode até ter dado a outros subordinados dela que estejam dilapidando o patrimônio público posto sob sua guarda e responsabilidade o sinal de que, afinal de contas, apesar das frequentes dispensas de funcionários denunciados nos últimos dias, ela não está assim tão empenhada em exigir deles o irrestrito cumprimento da lei.

Para reanimar a autoestima da cidadania, ameaçada pelo frequente noticiário dos atos lesivos de servidores públicos que usam prerrogativas de seus cargos para empobrecer a Nação e ficar mais ricos, a presidente - que me perdoe a ousadia da sugestão - deveria fazer justamente o contrário do que fez. Como sigilo absoluto tem sempre de cercar operações policiais do gênero, já que quanto mais gente souber, maiores serão as chances de os suspeitos escaparem do alcance do braço da lei, ela deveria sufocar o lampejo de amor próprio ferido por não ter recebido a informação privilegiada e, ato contínuo, chamar a atenção do subordinado por ter sido informada da operação na mesma hora em que o caipira de Goiás ou o agente da Bolsa de São Paulo dela tiveram ciência.

De cobrança - e esta, sim, dura, implacável até - da presidente são merecedores colegas de ministério de Martins Cardozo que têm causado frequentes dissabores à chefe por serem lenientes com subalternos que passeiam por dispositivos do Código Penal com a mesma desenvoltura com que dispõem do Orçamento da União com liberalidade para se beneficiar. O pito no titular da pasta da Justiça pela quebra do princípio do privilégio que a autoridade deve ter em relação à iniciativa rotineira de uma autoridade policial que deveria ser pública, mas não governamental, destoou da imagem de justiceira que a presidente resolveu adotar desde que pôs em risco a paz nos arraiais governistas com as caneladas que deu nos parceiros do PR expelidos do feudo dos Transportes.

Os marqueteiros do Planalto devem ter tomado um baita susto quando souberam que a popularidade da presidente desabou oito pontos de março para cá, de acordo com a pesquisa que o Ibope fez para a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mas se eles esperavam que a reação pavloviana da número um da República a levaria aos píncaros da glória estatística do prestígio lulista, estavam contando com o ovo posto antes de ele ter sido concebido. A pré-racionalidade do povão, diagnosticada há tempos pelo jornalista Mauro Guimarães, não deve ser desprezada: o cidadão comum também sabe que a ocasião faz o novo ladrão quando o antigo é surpreendido e exonerado. É melhor demitir o corrupto, como ela fez, do que mantê-lo furtando no lugar. Mas isso não altera o fundamental: mantida a estrutura que permite o furto, o novo larápio nela será engendrado.

Governabilidade significa, ensinava Lula, dividir as lentilhas do poder com os donos dos votos no Congresso. Ao trocar cargo por voto, nesse loteamento, o presidente perde autoridade sobre o ocupante do cargo e não ganha garantia da fidelidade do dono do voto. Não é fácil decepar esse nó górdio, mas Dilma se depara com um dilema: ou rompe com isso ou passará o mandato inteiro demitindo suspeitos e pondo novos em seu lugar.

ROBERTO DaMATTA - De ponta cabeça



De ponta cabeça
ROBERTO DaMATTA
O Estado de S.Paulo - 17/08/11

De quando em vez ouvimos vozes que não pensam a vida como uma linha reta a evolver em direção ao Céu dos santos ou para o Norte do progresso que vai resolver todas as injustiças sociais, curar todas as doenças e nos livrar dos incômodos do acaso (com suas contramarchas e arrependimentos) e da finitude (com sua falta de tempo para pedir perdão ou dizer adeus). Num artigo publicado no Globo dia 29 de julho último, a jornalista Gail Scriven descobre que este é "O ano que ficamos vulneráveis". E arrola, com aquela memória que eu tanto invejo nos jornalistas profissionais, os fatos que testemunham a vulnerabilidade que a tecnologia, a brutal exploração da natureza e dos outros escondem cada vez menos de todos nós. Pois, confiantes na superioridade do canhão e do arcabuz, matamos índios e transformamos seus arcos e flechas em peças de museu; certos de que o automóvel era melhor do que a carroça, inventamos esses monstros de 300 cavalos - os tais automóveis - que hoje promovem centenas de milhares de mortes no Brasil. Não satisfeitos, idealizamos a indústria baseada na exploração de um planeta lido como infinito em recursos "naturais". Agora, mordendo o nosso próprio rabo, colhemos o fruto de um individualismo sem peias. Uma autoindulgência que revela as vulnerabilidades, porque deixa ver os erros e as injustiças entre os povos e, muito pior quer isso, a contradição entre princípios éticos. Pois, como conciliar a globalização que produz trocas e interdependência com velhos nacionalismos e fronteiras baseadas na ideia de povo eleito, superioridade racial e supremacia moral?

Como aceitar passivamente esses índices instituídos pelo triunfo da economia como uma "ciência" e das finanças como realidade dominante? No dia em que Obama se rebelou contra a agência americana que rebaixou os Estados Unidos, relativizando um princípio que sua cultura estabeleceu como dogma, ele virou Lula. E no dia em que Lula abraçou a "herança maldita do Plano Real" - criando as bases para o neoliberalismo brasileiro (farto em falcatruas) -, ele foi um presidente ianque.

Um mundo interligado é um mundo de goteiras e vazamentos. Nele, tudo muda de posição. Até a sexualidade e a fé se transformam. A solidão que era o centro de um tipo que os sociólogos clássicos leram como excepcional - o renunciante do mundo: o santo e o profeta que se afastavam da sociedade - foi, como o masculino e o feminino, o velho e o jovem, o certo e o errado, relativizada pela internet. Com os computadores, São Paulo Apóstolo enviaria suas epístolas por e-mail e teria um site; já Schopenhauer não gozaria daquela solidão essencial para a suspensão do véu de Maia - o véu na nossa própria ignorância sobre o que somos, criamos e escrevemos, mas iria resmungar de todos e com todos on-line.

Curioso essa descoberta cada vez mais flagrante de que o mundo está de ponta cabeça como o nosso carnaval. Eles, que eram modelares, tornam-se errados e falíveis - humanos - como nós. Nós, com nossa caudilhista instabilidade, permanecemos fiéis às nossas relações que são, por sua vez, o centro de nossos crimes públicos. O mundo perde em idealização exógena e colonizada (nós tínhamos de ser como os ingleses ou escandinavos, mas você quer passar uma semana em Londres ou em Oslo?) e ganha em densidade e volume. As coisas são mais relativas (e complicadas) do que supomos.

Um assunto pode ser visto de muitos pontos de vista e o posicionamento de partidos, estilos de vida e moralidades varia. Daí a vulnerabilidade que sentimos. Nos anos 50, Leslie Alva White, um antropólogo americano pioneiro e original em todos os níveis, sobretudo no político - ele havia visitado a União Soviética nos anos 20 (imagine!) e era um evolucionista numa antropologia pregada nos estudos funcionalistas -, dizia que o ponto culminante da orgulhosa trajetória humana era o controle da energia nuclear. Chegou até mesmo a fazer uma escala de sociedades, graduando-as pelo seu nível de consumo de energia. Os Estados Unidos apareciam em primeiro lugar. Escreveu suas notas numa máquina de escrever e não prestou atenção nos protocomputadores da IBM que nos deram estas páginas que você lê numa das maiores mudanças da história humana: a revolução da informação, do contato, da transculturação, do mulatismo cultural relativizador e de todas essas vulnerabilidades que nos reiteram como estamos relacionados, mesmo quando queremos nos isolar e destruir.

Coisa curiosa. Quando se pensava que o "outro lado" estava acabado - o lado que falava em dividir e pretendia retomar a humanidade dos elos humanos contra os laços de propriedade -, eis que surge essa reviravolta que obriga a repensar os elos de propriedade e de territorialidade. Sou um ou sou muitos? O que é mais importante para cada um de nós: o que nos liga às coisas que possuímos; ou o que nos liga uns com os outros? A sociedade de consumo, situada no indivíduo como fiel da balança e globalizada por uma jamais concebida interdependência comercial, perde-se no labirinto dos paradoxos coletivos. Quem é mais importante, o individuo com suas coletividades individualizadas ou as suas relações?

Um mundo sem contradições é um mito moderno e ocidental. Nele, nada está de ponta de cabeça. Mas nós, "hispânicos", sempre tivemos carnavais e mares de lama. Agora, quando a maior sociedade burguesa do planeta corre o risco de desrespeitar as regras de um mercado que ela própria inventou, redescobrimos o que um velho barbado nos dizia faz tempo: tudo que é solido se desmancha no ar. Ou nessas redes que redefinem a vida, trazendo de volta velhas falcatruas ou novas sabedorias. Amém.

DORA KRAMER - Prova dos nove

Prova dos nove
DORA KRAMER
O ESTADÃO - 17/08/11

Ou bem os senadores governistas não acreditam na eficácia da dita faxina ética da presidente Dilma Rousseff ou torcem para que ela não dê certo. Uma dessas duas premissas, quiçá as duas, explica a razão da indiferença por parte da base aliada à proposta do senador Pedro Simon de criar uma Frente Suprapartidária contra a Corrupção e a Impunidade. Apenas Simon e mais oito senadores se animaram com a ideia de emprestar apoio à empreitada da presidente. Algo em torno de 10% do Senado, nada mais.

O restante do colegiado dividiu-se entre o receio de que tal movimento signifique alinhamento político a Dilma, a desconfiança de que da frente resulte a criação de uma ou mais comissões de inquérito, o temor de que essa exaltação à ética alimente uma comparação negativa em relação ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva e o habitual (e crescente) menosprezo a iniciativas moralizantes. Embora não se justifique, o descaso da oposição até se explica. Escaldada, provavelmente não quer dar aval a algo que ainda não está claro se é fato ou factoide.

Mas da parte dos aliados, não deixa de ser esquisito que a presidente empreenda uma ofensiva em prol da melhoria dos costumes e seus parceiros de coalizão não se sintam ao menos formalmente obrigados a lhe conferir apoio. Se a frente ficar só nos nove, teremos a prova cabal de que a proposta de sustentação pela melhoria do padrão de formação de governos não interessa ao Congresso.

Mesmo a oposição teria jeito de aderir à proposta de Simon sem se aliar automaticamente ao governo: bastaria pontuar o caráter exclusivamente ético do movimento e trabalhar para transformá-lo até numa plataforma de cobrança ao governo sobre a continuidade e veracidade daquilo que, por ora, ainda não se configura numa limpeza em regra, dado, por exemplo, o desinteresse do Planalto diante da série de denúncias contra o ministro da Agricultura.

Não é a primeira vez que falam isoladas as vozes que se levantam contra a degradação que assola a política e desqualifica a democracia brasileira. Poderia ser uma oportunidade de pôr a teste certos discursos. Mas, pelo visto, governo e oposição preferem passar sem essa.

Isonomia
Vai ser difícil para a presidente liberar o dinheiro das emendas dos parlamentares depois de ter vetado aumento acima da inflação para os aposentados que ganham mais de um salário mínimo. Tecnicamente, são coisas diferentes, mas o gesto sendo o mesmo dá margem à leitura de que em face do ajuste de gastos no Orçamento alguns são mais iguais que os outros perante as regras.

Serventia
Levantamento do PSOL mostra que parlamentares do PMDB e do PT foram os que mais apresentaram, no Orçamento de 2011, emendas individuais destinadas ao Ministério do Turismo, loteado entre os dois partidos - 36,5% do total de R$ 1,411 bilhão em emendas. Fica clara umas das razões pelas quais os políticos se batem tanto por dominar áreas da administração: deputados e senadores apresentam emendas em ministérios onde teriam mais chances de ter o dinheiro liberado por obra e graça da ação de seus aliados ali instalados.

Etiqueta
O governo fez divulgar que o senador João Durval pediu carona no avião presidencial que iria à Bahia levando a presidente Dilma e foi vetado mesmo depois de ter retirado a assinatura-chave para a criação da CPI do Ministério dos Transportes. Depois disso, a ministra Ideli Salvatti já telefonou para ele três vezes e não foi atendida. O senador não gostou do método da grosseria em público e do pedido de desculpas em particular.

Quem sois
“Não há necessidade de CPI”, disse o ministro dos Transportes, Sérgio Passos, avocando para si um juízo pertencente ao Congresso Nacional.

MÍRIAM LEITÃO - Verdadeira ameaça


Verdadeira ameaça
MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 17/08/11

Na mesma tarde, um estudante me perguntou, num debate, o que eu achava da faxina da corrupção iniciada pela presidente Dilma, e um motorista de táxi quis saber a que instituição deveria recorrer para iniciar um movimento contra o roubo do dinheiro público. É o assunto do momento.

É totalmente torta a ideia de que o combate à corrupção nos levará de volta à ditadura.

Disse ao estudante que se a presidente conseguir que o País pare de piorar já terá dado um grande passo. Avisei ao motorista que a indignação dele já era um bom começo. É urgente estabelecer parâmetros que impeçam a leniência com o desvio do dinheiro do contribuinte.

Nos últimos dias, o debate político trouxe à tona várias lendas em torno do assunto. A pior delas é o argumento usado pelo senador José Pimentel, do PT, de que o movimento de combate à corrupção fará o País repetir os fatos que, nos anos 60, fizeram a defesa da ética ser usada como pretexto para o golpe militar.

Se Jânio Quadros renunciou, aumentando a instabilidade política, a culpa não é do eleitor que viu sua vassourinha como promessa de limpeza. A culpa é dele mesmo. Se o discurso udenista foi usado pelos militares, a culpa não é da ideia da ética, mas dos golpistas que propuseram o golpe de Estado. Os militares e seus aliados estavam decididos a depor o governo civil. Tudo o que disseram na ocasião - da suposta república sindicalista de Jango à corrupção de alguns políticos - foi pretexto para ação deliberada de golpear as instituições democráticas.

Esta intenção não está presente hoje nas Forças Armadas, então que fique tranquilo o senador José Pimentel. Não há "anos de chumbo" sendo contratados pelos que querem que o Brasil tenha parâmetros civilizados de administração pública, transparência e controle no uso do dinheiro dos contribuintes. Não há nada por trás do desejo legítimo do eleitor de que haja novos hábitos políticos no Brasil. Não há conspirações nos quartéis. Não há interesses ocultos. O que o país quer é simples.

A verdadeira ameaça é deixar tudo como está. A leniência com a corrupção mina a democracia. Dará ao eleitor a sensação de que o roubo é da natureza do regime democrático e, assim, preparará o País para o aparecimento de algum salvador da pátria.

A presidente não será a salvadora da pátria; nem ela se apresenta assim. Dilma apenas tem tomado decisões sensatas diante de indícios fortes, gravações inequívocas e flagrantes. Analisa os fatos e afasta autoridades dos seus postos. O princípio de que todos são inocentes até prova em contrário não pode ser usado contra a sociedade. Outra lenda urbana é que os partidos que compõem a base vão abandonar o governo caso a presidente vá em frente no esforço de construir novos parâmetros para a administração pública. É da natureza desses partidos viver em torno dos governos. Alguns nem sabem ser oposição.

Podem fazer um ou outro evento de rebelião, como efeito de demonstração, mas a presidente não deve se deixar chantagear: nem com a ameaça de dissolução de sua base parlamentar, nem com as vozes que tocam nas feridas recentes e ameaçam com novos "anos de chumbo".

Nada tem a presidente a perder. Uma atuação firme do governo vai inibir a sem cerimônia com que os corruptos têm usado o poder, os órgãos públicos e o dinheiro coletivo nos últimos anos. O fim da sensação de impunidade já será o dique que impedirá que o País piore.

E a piora é inconcebível. É preciso começar a instalação de novos parâmetros, a correção de desvios, o desenvolvimento de ferramentas de controle, o aumento da transparência, a punição dos desvios. Como todo processo, será lento, mas não é impossível sonhar com instituições mais decentes no Brasil.

O fato de o Brasil ser administrado por uma coalizão torna natural que haja divisão de poder dentro da estrutura de governo, o que normalmente se faz com a distribuição de cargos. Isso não quer dizer em absoluto que o partido, ao ocupar algum posto, possa usá-lo como sua donataria.

A divisão de poder que ocorre em qualquer coalizão tem sido entendida como a repartição do governo em capitanias. Governar em coalizão não está errado; inúmeros países passam por situações assim quando formam maiorias em regimes parlamentares e até presidencialistas. O errado é instalar nos postos alguém que vai desviar dinheiro público para o seu partido, para ele próprio, para o líder que o indicou.

Todo órgão público negocia contratos de prestação de bens e serviços para o governo. Nesses contratos, como se sabe, é que mora o perigo. A fiscalização do governo tem de ser mais ativa. Não pode apenas agir após a denúncia feita por algum órgão de imprensa.

A faxina é saudável, tinha de ser iniciada. Não é o renascimento do golpismo de 64, não vai resolver todos os problemas da noite para o dia. Ela é necessária porque aperfeiçoa a democracia e fortalece os laços dos eleitores com seus representantes. Que nenhum fantasma do passado, ou do presente, paralise o processo de saneamento. (Com Álvaro Gribel)

AMIR KHAIR - Melhorar o desempenho fiscal


Melhorar o desempenho fiscal
AMIR KHAIR
O ESTADÃO - 17/08/11
A crise que atinge os países desenvolvidos é fundamentalmente fiscal. É resultado da crise financeira que abateu os mercados em 2008, e para salvar os bancos de uma quebradeira geral os governos desses países tiveram de se endividar e dar garantias para evitar corridas bancárias e tentar tranquilizar os mercados. Agora, a conta para salvar o mercado financeiro tem de ser paga pelo contribuinte, na elevação de impostos, e pela população, pela redução do emprego e das condições de vida que tinha.

O rebaixamento da nota de risco dos EUA pela Standard & Poor"s teve como justificativa o descontrole fiscal desse país. A situação dos países da Europa é também grave na questão fiscal, e há forte probabilidade de piorar, pois a terapia de apertar os cintos acaba gerando maior perda de receita do que economia de despesas. É o que vem ocorrendo, evidenciando as falsas saídas para tratar a questão fiscal.

O Brasil, felizmente, fez o dever de casa há alguns anos, produzindo economias para o pagamento de juros da dívida, o chamado superávit primário (receitas menos despesas, exclusive juros). Mas falta muita coisa que pode e deve ser feita para melhorar nossas contas públicas.

A principal delas é o crescimento das receitas, que só ocorre quando há crescimento da economia, que reduz a inadimplência e a sonegação, e a arrecadação sobe. É comum ver análises que não atentam para a importância disso. Apresentam porcentuais de crescimento das despesas e concluem o diagnóstico duvidando que se consiga atingir um superávit primário prometido pelo governo. Na questão das despesas, a principal e mais fácil de ser reduzida é a relativa a juros, que atingiu, nos últimos 12 meses até junho, R$ 222,9 bilhões, ou 5,73% do PIB. Isso ocorre pois a política do Banco Central (BC) é oferecer de presente aos aplicadores em títulos do governo as mais altas taxas de juros do mundo. Essa conta poderia ter sido zerada há muitos anos, desde que praticássemos taxas de juros compatíveis com as dos demais países emergentes que têm inflação semelhante ou até inferior à nossa.

Há males que vêm para o bem, e esse é um deles. O Brasil não só pode, como deve reduzir imediatamente essas taxas de juro, que não irá ocasionar nenhuma elevação inflacionária, pois o que comanda a inflação no mundo globalizado são os preços das commodities e alimentos, cuja tendência é claramente de queda em razão da estagnação da economia dos países ditos desenvolvidos.

Mas, para os que ainda insistem nessa tese de que a Selic controla a inflação, é bom considerar que os consumidores que compram a prazo estão sujeitos não a essa taxa Selic, mas às taxas de juros bancários, que nada têm que ver com ela, pois são mais de dez vezes maiores, como no caso do cheque especial.

A decisão do consumidor na compra é ver se a prestação cabe no seu bolso, e para isso existem as medidas macroprudenciais, que podem ser usadas para encarecer, se necessário, os empréstimos de prazos mais longos e até reduzir o ritmo de sua expansão, elevando os depósitos compulsórios dos bancos no BC e/ou aumentando a exigência de mais capital nos bancos que quiserem ampliar a oferta de crédito aos consumidores. Instrumentos não faltam ao BC para o efetivo controle da inflação. Ele é que não os usa, por incompetência ou por não querer desagradar ao mercado financeiro, que tem nas elevadas taxas Selic parte importante de seus lucros, pagos por todos nós.

Pode-se fazer mais com menos recursos, como disse a ministra Miriam Belchior. O setor público gerencia mal suas despesas, há corrupção encarecendo obras e serviços públicos, há excesso de funcionários nas funções-meio e em cargos de confiança e políticos. O aperto na liberação das despesas é importante instrumento que os órgãos de controle orçamentário podem usar. Isso induz a priorização das despesas e maior controle sobre elas. É necessário mais austeridade nas despesas, menos taxas de juros e maior crescimento econômico. São aliados e se somam para o sucesso fiscal. Resta ver se o governo saberá tirar partido disso.

ALEXANDRE SCHWARTSMAN - Deutschland über alles

Deutschland über alles
ALEXANDRE SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 17/08/11

A unificação monetária europeia está levando a consequências que seus autores não anteciparam

HÁ ALGUMAS semanas mencionei que a emissão conjunta de títulos pelos países europeus (eurobônus) seria parte crucial do conjunto de reformas necessárias à preservação da moeda única.
Poderia parecer inconsistente com o paralelo que tracei entre os problemas observados na Europa e aqueles enfrentados pela Argentina em sua longa agonia de 1999 a 2001, mas, acreditem, não é.
Com efeito, recapitulando a discussão, embora a crise na Argentina à época se manifestasse como um problema fiscal, expresso num deficit do governo nacional da ordem de 2,5% (!) do PIB (Produto Interno Bruto), sua origem era monetária e cambial.
Choques externos negativos requeriam a desvalorização do peso, que, por força da paridade com o dólar, podia ser obtida apenas pela queda de preços e de salários domésticos, a qual, por sua vez, só ocorreria pela redução do nível de atividade, com efeitos negativos sobre arrecadação e contas fiscais.
Essa mesma dinâmica está claramente presente nos países europeus mais afetados pela crise: exceção feita à Grécia, os desequilíbrios fiscais observados hoje são mais consequência do que causa da crise. Não resulta disso, porém, que podemos ignorá-los, muito pelo contrário.
Independentemente da origem do problema, se um país começa a enfrentar dificuldades para rolar sua dívida, na forma de custos crescentes para emitir novos títulos, pode, a exemplo da Argentina, ser forçado à reestruturação, mesmo que, sob circunstâncias diversas, pudesse se manter solvente. Há, em outras palavras, o risco de profecias autorrealizáveis.
Tal percepção se encontra por trás da decisão recente do Banco Central Europeu de adquirir bônus italianos e espanhóis, com efeitos, até agora pelo menos, positivos: o rendimento desses papéis, que ultrapassara 6% ao ano no começo deste mês, recuou para cerca de 5% ao ano nos últimos dias.
Entretanto, mesmo essas taxas de juros não são sustentáveis em países cujo crescimento seja baixo e que tenham de passar por um prolongado período de deflação (ou inflação muito inferior à de seus parceiros). É preciso encontrar um mecanismo que permita a rolagem dessas dívidas a taxas mais moderadas.
É aqui que a emissão de bônus garantidos conjuntamente pela Europa (leia-se, Alemanha) pode desempenhar um papel central, a exemplo do ocorrido na segunda metade dos anos 90 no Brasil, quando o governo federal refinanciou as dívidas estaduais. Naquele momento, o custo médio da dívida pública caiu, pois os títulos estaduais, que pagavam um prêmio sobre as taxas de juros de mercado, foram substituídos por papéis federais.
Da mesma forma, a emissão de eurobônus permitiria aos países hoje acossados por elevadas taxas de juros -decorrentes de prêmios de risco- se financiar a taxas sustentáveis, eliminando o perigo da profecia autorrealizável.
Isso dito, a medida não é um remédio universal. Não soluciona, para começar, a questão original da crise, qual seja, a necessidade de promover uma desvalorização cambial pela deflação doméstica. No máximo ganha tempo para que esses países possam promover a mudança sem uma crise de dívida batendo à porta.
Em segundo lugar, ao resolver um problema, cria outro. Assim como um trapezista se torna mais disposto a correr riscos quando há uma rede de segurança que o ampare na queda, governos se tornariam mais inclinados ao desequilíbrio fiscal, sabendo da possibilidade de resgate, o que motiva a oposição alemã a essa medida.
Para lidar com esse tipo de problema, seria necessário criar uma estrutura que guiasse a política fiscal dos países europeus, reduzindo sua soberania em favor da União, o que também gera resistência nada trivial.
Em suma, a unificação monetária europeia está levando a consequências políticas que seus autores não anteciparam.
Ironicamente (se cabe aqui tal expressão), a Alemanha, 66 anos depois de perder a Guerra, é que dará as cartas na Europa.

ROLF KUNTZ - Pragas da política


Pragas da política
ROLF KUNTZ 
O Estado de S.Paulo - 17/08/11

A nova e generosa safra de escândalos em Brasília chama a atenção, mais uma vez, para três das piores pragas da política brasileira: a ocupação partidária da máquina pública, a transformação do Orçamento numa grande pizza e a distribuição de recursos por meio de convênios sem base técnica - muitas vezes com organizações de fachada ou meramente protegidas por algum interesse eleitoral. Não está claro se a presidente Dilma Rousseff continuará a limpeza ministerial, se vai desistir ou se apenas dará um tempo para reparos na base parlamentar. Novas denúncias de bandalheiras no Ministério da Agricultura têm sido publicadas, mas sem repercussão aparente no Palácio do Planalto. Mau sinal. Mas o avanço na faxina, se houver disposição para isso, será insuficiente para produzir efeitos de longo prazo. O problema é político e institucional, antes de ser uma questão de moralidade.

O sistema brasileiro favorece a prevalência do interesse privado - e privados são também os partidos, sindicatos, igrejas e organizações empresariais, é bom não esquecer. A imoralidade, beneficiada por esse ambiente, é apenas parte da história.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva só levou o aparelhamento e o loteamento da administração a novos extremos. Seu grande objetivo sempre foi a implantação de um projeto de poder, muito mais que a execução de um plano de governo. Não inovou, no entanto, em termos institucionais. Já encontrou um terreno propício à sua política de ocupação e de uso dos meios públicos.

Moldar o setor público segundo critérios profissionais é uma velha bandeira. Vários governos trabalharam por esse objetivo, mas de forma descontínua. Núcleos de excelência foram formados, ao longo de decênios, como o Banco do Brasil, o Instituto Brasileiro do Café, o Banco Nacional do Desenvolvimento e a velha Companhia de Financiamento da Produção, convertida há alguns anos em Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), atualmente um dos focos de escândalos na Agricultura.

Nenhuma área da administração foi sempre imune ao jogo partidário, praticado no Brasil com alguma originalidade. A expressão "cota presidencial", indicativa de alguns ministérios, deve ser incompreensível na maior parte das democracias. Afinal, não cabe à Presidência a responsabilidade última pelos atos de governo?

O loteamento vai muito além do primeiro e do segundo escalões e cada Ministério se torna objeto de usufruto do partido ou do grupo ocupante. O usufruto inclui a distribuição de verbas e a celebração de convênios. Em 2010 e 2011, durante 20 meses, o Ministério do Turismo aplicou R$ 120,5 milhões para qualificação de profissionais em 55 convênios com entidades e pessoas. Quantos desses prestadores de serviços teriam especialização técnica e pedagógica para fornecer o treinamento previsto? Participaram dos acordos entidades investigadas por desvio de recursos.

Convênios são assinados - e isso ocorre em vários Ministérios - por iniciativa do Executivo e também como consequência de emendas orçamentárias. Os escândalos no setor de turismo são um bom exemplo de como se conjugam essas duas pragas políticas, o loteamento da máquina e a privatização do orçamento pela ação dos parlamentares.

A história policial das emendas poderia ocupar um espaço enorme. Um dos casos mais facilmente lembrados é o dos anões do Orçamento, parlamentares baixinhos e especializados tanto em destinar verbas a entidades comandadas por laranjas ou parentes quanto em cobrar propina para mexer no projeto. Fraudes com dinheiro para obras sanitárias também ganharam destaque nos jornais, assim como o caso das ambulâncias superfaturadas. Esses e outros escândalos terminaram em cassações, algumas prisões e quase nenhuma recuperação de verbas.

Fraudes são apenas a consequência mais notória e mais escandalosa de uma distorção institucional. Mesmo sem trambiques, a prática de retalhar verbas orçamentárias por meio de emendas individuais ou coletivas continuaria sendo uma distorção.

Essas emendas são destinadas, na maior parte, a projetos de alcance paroquial e ao atendimento, portanto, de clientelas eleitorais. São interesses individuais e partidários sustentados com dinheiro público. A União deveria usar verbas federais para programas e prioridades de caráter nacional - fixados com base em propostas governamentais sujeitas a debate público. Se a prioridade, num determinado período, fosse a construção de campos de críquete no Centro-Oeste, a ação racional consistiria em concentrar recursos nesses projetos - sem o abandono, é claro, das funções básicas de governo.

Pulverização de verbas é desperdício e privatização disfarçada. Esse é o bolo. Já seria ruim mesmo sem a cereja podre da corrupção.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Hedge concreto
SONIA RACY
O ESTADÃO - 17/08/11

Foi só a Alemanha crescer menos que o esperado para que os mercados, ontem pela manha, desabassem novamente. Consequentemente, houve nova rodada de investimentos no ouro. Afinal, em tempos de incerteza, tudo que reluz mesmo é... o ouro. Até o BC da Coreia, que não comprava o metal havia 13 anos, voltou ao mercado com tudo nesta nova crise.

E quem chega com mais sede ao pote? O BC chinês lidera a listagem, à frente de Índia e Rússia. Dos BRICs, o único que mantém ainda a quantidade de ouro estável, nas suas reservas, é o Brasil.

Costureiras

Registrado por um convidado durante o coquetel que antecedeu jantar oferecido, anteontem, pelo governador aos membros do conselho internacional da Fundação Dom Cabral. Enquanto Anastasia e Serra conversavam com Alckmin, em seu gabinete no primeiro andar do Bandeirantes, Aécio centralizava atenções no salão do andar de baixo.

Em seguida, foi a vez de o senador pegar Enrique Iglesias, ex-BID, pelo braço e subir com Eduardo Azeredo. Desceu, pouco depois, com o governador paulista acompanhado da passarinhada tucana.

Durante o jantar, o contraste: Serra, seriíssimo e Alckmin, só alegria.

Deus ajude

O PSC segue os passos do PR para criar uma bancada mais robusta. Está cooptando celebridades e subcelebridades como Fernanda Cardoso. A vice-campeã do BBB 2010 acaba de se filiar ao partido, mas nega sair candidata a vereadora por São José dos Campos no ano que vem.

Demanda

Sergio Avelleda, presidente do Metrô paulista, tem ido de magrela para o trabalho. E até mandou instalar um bicicletário na sede da empresa.

Menu anticrise

Acaba de ser lançado nos EUA o primeiro livro de culinária do Popeye! São 150 receitas saudáveis do marinheiro criado em 1929, em plena recessão americana.

Piada pronta, o nome da autora: Josephine Bacon.

Malas prontas

Carolina Larriera está de mudança para SP. Volta ao Brasil para dar continuidade à missão de seu companheiro, Sérgio Vieira de Mello, morto por terroristas no Iraque.

Yes, I can

Nelson Freire estava no aeroporto de Montevidéu quando recebeu telefonema da Osesp. Motivo? Substituir Steven Osborne, que cancelou participação nos concertos dos dias 8, 9 e 10 de setembro.

Depois de checar a agenda, o pianista aceitou e já prepara peças de Schumann e Brahms para apresentação na Sala São Paulo.

Mal-vindos

Gritaria anteontem na Fiesp. A cada exclamação dos ativistas infiltrados na plateia, durante debate do Código Florestal, um era fortemente "convidado" a se retirar pelos seguranças.

Até que Katia Abreu, da CNA, não aguentou: "Assalariado do Greenpeace, vai trabalhar". Aldo Rebelo bateu ainda mais forte na ONG. Acusou-a de receber dinheiro do agronegócio europeu.

Gilmar Mendes acompanhou.

Herança

Silvio Santos tem dito a seus companheiros de Jassa que, diante do choque com o Panamericano, tomou uma decisão. Pretende deixar para as filhas seus muitos imóveis e o SBT.

O restante deve estar à venda.

Ganso e Pato fazem Mano pagar Mico

Uma grande cervejaria do Brasil estava com campanha pronta - filmes e anúncios estrelados por Mano Menezes. Ante o desempenho nada animador do time comandado pelo técnico, a campanha está... Suspensa.

Na frente

Em comemoração aos 104 anos de Oswaldo Bratke, seu neto Marcelo Bratke e Etel Carmona lançam cadeira desenhada por ele. Dia 24, com direito a concerto na Etel.

E Gian Carlo Gasperini, Roberto Aflalo Filho e Luiz Felipe Aflalo Herman autografam, dia 23, no Museu da Casa Brasileira, livro sobre o escritório de arquitetura. Para comemorar 50 anos de casa.

É hoje a abertura da exposição de Mary Carmen. No Espaço Cultural Citi.

Alckmin fará discurso hoje, no clube Paulistano, em comemoração dos 5 anos de fundação do Movimento Endireita Brasil.

O Arabia está sediando Festival de Culinária Marroquina.

Nick Jonas, do Jonas Brothers, faz show solo dia 21 de setembro. No Via Funchal.

Fernando Oliva, Pedro França e Ronaldo Entler discutem a fotografia contemporânea no Instituto Tomie Ohtake. E Orlando Azevedo abre mostra na Sergio Caribé. Ambas hoje.

Única praça em que Cristina Kirchner perdeu feio nas primárias argentinas foi a Antártica. A maior parte dos 156 eleitores locais - cientistas e militares -, preferiu Eduardo Duhalde. A presidente ficou em 3º nas geleiras.

VINÍCIUS TORRES FREIRE - Dilma, a diarista, e sua vassoura


Dilma, a diarista, e sua vassoura
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 17/08/11


Presidente faz bem em avariar a nau da corrupção, mas cairia bem um plano de reforma administrativa


PARA O BEM da imagem da presidente, uma piada sobre as refregas de Dilma Rousseff com alguns saqueadores do dinheiro público caiu no gosto do público. Ao menos do público que toma conhecimento do que se passa no universo paralelo que é a política em Brasília. A piada, aliás, surgiu da reação escarninha da baixa política às demissões de alguns salteadores mais notórios do caixa do governo.
Como se sabe, Dilma tem sido chamada de "a diarista", a mulher da limpeza, referência também a um seriado brasileiro de TV sobre uma doméstica free-lance.
As vassouradas da presidente começaram quando Dilma Rousseff nem ainda o era. Desde o "governo de transição", em dezembro, a presidente vetava a indicação de alguns nomes com fichas corridas mais notórias. Além do mais, avisava que cancelaria a concessão de algumas capitanias hereditárias da bandalha, como em algumas estatais do setor elétrico.
Como se escrevia aqui em dezembro: "O PMDB está quieto demais depois de ter levado uma carraspana de Dilma [broncas e perdas de ministérios]. Quando virá o troco?". Quando estouraria o escândalo? Quando houvesse "...gente interessada em colocar documentos no ventilador. Tal interesse surge quando há bastante gente contrariada".
Dilma parece agora um tanto mais comedida na faxina. Como os escândalos começam a afetar o centro do PMDB, a presidente procura usar um espanador no lugar da vassoura. Difícil imaginar o PMDB "indignado", fora do governo. Mas o partido pode causar muito mais tumulto político que um PR, que já dá suficiente dor de cabeça.
Mas isso tudo é apenas o trivial sem variações da política -excetuada a hipótese remota de a presidente colocar o Congresso inteiro contra si e seu governo.
Por ora, talvez interesse mais pensar na metáfora da diarista, da faxina, da vassoura, e seu contraste com a ideia de reforma planejada da administração pública, reforma que contivesse a produção de lixo.
O "combate à corrupção" é o mote elementar dos políticos sem substância ou sem projeto maior. No pior dos casos, propagandas desse tipo acabam em populismos de direita, da espécie de Jânio Quadros e sua vassoura, coisa de mais de meio século de idade.
Ainda que o desejo de governar de modo mais limpo e eficiente chegue à prática, iniciativas "ad hoc", pontuais e eventuais, não dão conta dos imensos defeitos que permitem o florescimento da corrupção. No mais, é humanamente impossível catar corruptos como quem limpa o chão catando grãos de areia.
O governo brasileiro oferece oportunidades demais para desvios. Para começar, é grande e picotado demais. Não há controladorias, corregedorias, promotores, policiais e jornalistas bastantes para cobrir a oferta imensa de oportunidades.
Segundo, falta profissionalização. Pode ser que servidores de carreira em postos de chefia se mostrem tão tentados ao erro quanto os milhares de nomeados. Mas conviria fazer a experiência de profissionalizar a administração.
Dilma faz bem em dar um aviso geral aos navegantes da barca da bandalha. Mas ganharia mais apoio e seria mais bem-sucedida no médio prazo com um plano de reforma do Estado e da administração.

ANTONIO DELFIM NETTO - EUA e a crise


EUA e a crise
ANTONIO DELFIM NETTO
FOLHA DE SP - 17/08/11

Acabam de ser publicadas as estimativas corrigidas do crescimento real do PIB dos EUA (medido a preços constantes de 2005) e que dão uma visão mais realista do que aconteceu à economia americana nos últimos quatro anos (2º trim. 2011/2º trim. 2008).
Ela apenas retornou ao nível em que se encontrava no 2º trimestre de 2007! Há quatro anos o PIB está estagnado. Como a população cresceu, isso significa que o PIB per capita diminuiu. Considerando que em condições normais de pressão e temperatura o PIB real americano cresce à taxa de 2% ao ano, a flutuação dos últimos quatro anos representa qualquer coisa entre 10% e 15% de um PIB anual (mais ou menos um PIB anual do Brasil) que potencialmente deixou de ser produzido pela disfuncionalidade do sistema financeiro.
As consequências sobre o endividamento interno foram importantes. De um lado, pela redução da receita e, de outro, pelo aumento das despesas com o desemprego. Paralelamente, aumentou a desigualdade na distribuição de renda, o que acentuou o mal-estar da sociedade com relação ao presidente Obama.
É cada vez mais evidente que as políticas monetária e fiscal foram incapazes de cooptar a confiança do setor privado, de forma que seus efeitos sobre a recuperação do consumo e ampliação dos investimentos têm sido pífios.
Basta dizer que as empresas não financeiras têm em caixa qualquer coisa como US$ 1,5 trilhão a US$ 2 trilhões aplicados em papéis do Tesouro americano. Por que não investem? Porque continuam a desconfiar do presidente Obama e não têm certeza de que encontrarão demanda no futuro.
Enquanto isso, o crescimento do consumo é inibido por um desemprego total ou parcial de mais de 25 milhões de pessoas, que continuam assustadas com o comportamento do mercado de trabalho, especialmente na construção civil.
Deveria ser claro que o problema só poderá ser resolvido com um aumento da demanda privada que até agora não tem respondido aos imensos estímulos monetários e fiscais.
A resposta não é "mais do mesmo", mas entender por que não funcionou. Em nossa opinião, porque: 1º) o comportamento de Obama foi hostil com o setor real da economia no início de sua administração; 2º) ele foi submisso e leniente em relação ao setor financeiro, que precisava mesmo ser preservado, mas não os seus agentes mais conspícuos e 3º) gastou o enorme patrimônio político do "we can" com programas necessários, mas discutíveis, em lugar de utilizá-lo cooptando e dando confiança ao setor privado para reduzir o desemprego.
O problema dos EUA não é econômico: é a falta de confiança da sociedade na ação do Executivo e do Legislativo.