terça-feira, agosto 16, 2011

PAULO SANT’ANA - Acredito em Deus (II)

Acredito em Deus (II) 
PAULO SANT’ANA
ZERO HORA - 16/08/11

Voltando às causas de por que acredito em Deus.

Acredito em Deus porque me tratam com cruel impiedade e eu nunca tive coragem para ser impiedoso com ninguém.

O último que me foi violentamente impiedoso veio se chegando de mansinho, o que ele queria em verdade era romper comigo e me deixar estraçalhado.

Foi falsamente gentil, conversou normalmente comigo e armou-me na conversa uma arapuca. Aí eu me descuidei e ele deu o bote: rompeu comigo, desligou-me o telefone na cara.

Deixou no seu rastro a minha tristeza e desilusão.

Mas eu acredito em Deus porque, apesar do dano imenso e irreparável que me causou, não lhe tenho ódio nem raiva, estava escrito que tinha de acontecer, meu agressor foi somente objeto do meu destino, que consiste unicamente em estar sempre em litígio com as pessoas que amo.

Acredito em Deus porque ele me permitiu o câncer mas logo me provocou a esperança.

Acredito em Deus porque todos os dias ele me renova a sensação cálida de que muita gente gosta de mim, me admira e torce para que eu volte a ser feliz.

Acredito em Deus porque, em meio a tanta maldade, existe muita gente boa e generosa, que só veio ao mundo para entender os outros e amá-los.

Acredito em Deus porque em meio a tanta inveja existem alguns pontos de extrema e sincera dedicação, que me tocam com sua solidariedade.

Acredito em Deus porque, apesar de tanta fome no mundo, são milhões os exemplos de escolas, creches, hospitais, asilos, onde o amor se espalha por seus frequentadores e fá-los animarem-se até o regozijo.

Acredito em Deus porque, se a vida me tira hoje o entusiasmo, amanhã permitirá que eu seja dominado pelo arrebatamento.

Acredito em Deus porque, no final das contas, vivi. E me emocionei, me deixei tocar pela dor dos outros e tanta gente percebeu a minha dor e teve compaixão por ela.

Acredito em Deus porque ainda distingo as cores, ainda vejo as paisagens e ainda escuto os discursos.

Acredito em Deus porque ainda discirno o aroma das flores e das frutas. E acredito em Deus porque ainda pelo tato percebo o que está me esperando em mais esta esquina da vida, se espumas ou espinhos.

Acredito em Deus porque um filho de amigo meu, com 16 anos de idade, encerrou-me em seu quarto anteontem e tocou duas músicas preciosas para mim, acompanhando-se magistralmente ao piano do lado de sua alcova.

Acredito em Deus. E noto esparsos sinais de que Deus acredita em mim.

VLADIMIR SAFATLE - Colapso moral

Colapso moral
VLADIMIR SAFATLE
FOLHA DE SP - 16/08/11 

Aqueles que se veem como excluídos da sociedade não têm razão alguma para obedecer às suas normas.
Eis uma colocação trivial que qualquer habitante de metrópoles brasileiras aceitaria. Conhecemos bem tal situação social onde a exclusão e a falta de perspectiva gera a descrença (no melhor cenário) ou a violência (no pior) contra o império das normas sociais.
Muitos gostariam de chamar isso de "sociologismo vulgar", como se fosse questão de afirmar que onde há pauperização sempre haverá crime.
Talvez seja o caso de simplesmente dizer que a pauperização e o sentimento de ter sido deixado de lado pelo Estado gera, de maneira forte, a desagregação do laço social.
Quando não há nada que sirva de contrapeso a tal processo, é fácil começar a ver carros queimados, lojas quebradas e outros atos de vandalismo.
Nesse sentido, há algo de profundamente cômico em ouvir o premiê britânico, David Cameron, afirmar que a Inglaterra está vivendo um "colapso moral" e que devemos colocar os confrontos em Londres e em outras cidades na conta da ausência de valores como "espírito de equipe, decência, dever e disciplina".
Sim, as escolas e as famílias não ensinam mais esses grandes valores, mas, segundo o primeiro-ministro, em seu papel de último esteio moral da ilha, "desencorajam o trabalho" e fornecem "direitos sem responsabilidade". Por muito pouco, não fomos brindados com a ideia inovadora de que as altas taxas de desemprego eram fruto da "preguiça".
Alguém deveria ter dito a Cameron que ele não é exatamente um bom enunciador contra o colapso moral britânico, ainda mais depois de um de seus principais assessores ser pego envolvido no escândalo que expôs as relações incestuosas entre a política britânica e o magnata da mídia Rupert Murdoch.
Da mesma forma, quando seu governo destrói todo o resto de sistema público de educação e de assistência social após ter pago (com o beneplácito de seu partido) a conta de bancos responsáveis pela crise de 2008, há de se perguntar se o colapso moral vem da City ou de Tottenham.
Pelo menos Cameron mostrou o que o pensamento conservador pode nos oferecer hoje: ladainhas morais em vez de ações enérgicas contra os verdadeiros arruaceiros, ou seja, esses que operam no sistema financeiro internacional.
Enquanto isso não ocorrer, jovens roubando lojas de iPads e tênis continuarão dizendo: não aceitaremos estar fora do universo de consumo e sucesso individual que vocês mesmos inventaram. Nós entraremos nele, nem que seja saqueando.
Por isso, antes de cobrar responsabilidades de setores desfavorecidos da população, Cameron deve parar de tentar escapar de suas próprias.

CAROLINA BAHIA - Aposentados x Dilma


Aposentados x Dilma
CAROLINA BAHIA 
ZERO HORA - 16/08/11

O clima entre o Congresso e o Planalto azedou de vez. Os vetos da presidente Dilma Rousseff à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2012 têm como justificativa a preocupação com a crise econômica internacional. Ontem, porém, até aliados do mais novo grupo de apoio à presidente desciam da tribuna para reclamar nos bastidores. Eles não gostaram das limitações das emendas individuais e do veto que atinge diretamente os aposentados. Medida mais popular da LDO, esse item previa verba no orçamento para o aumento acima da inflação a quem ganha acima de um salário mínimo. Uma batalha antiga, que será retomada pelas lideranças de aposentados indignados. Medidas duras, de controle de orçamento, serão necessárias em caso de recessão mundial. O problema de Dilma é que ela está fragilizada politicamente para comprar brigas deste tamanho.

Harmonia
Na ausência do presidente do Senado, José Sarney, quem presidiu a sessão de apoio a Dilma Rousseff foi o gaúcho Paulo Paim (PT, foto). Em sete meses de atividade do Congresso, foi a segunda vez que a bancada gaúcha no Senado conseguiu afinar o discurso.

Fator
Para completar o pacote da Previdência, o governo ainda estuda estabelecer o aumento do tempo de contribuição.

Intimou
Responsável pelo movimento contra corrupção, o Senador Pedro Simon (PMDB) recepcionou o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), logo na entrada do plenário:
" Líder é líder. Contamos com o seu apoio!
Jucá, que chegou quase ao final da sessão, deu um sorriso amarelo.

RECORTE E COBRE
Na marra - Já está decidido: se o Congresso não votar o projeto de lei do ensino técnico (Pronatec) até o final deste mês, o Planalto vai colocar as ações em prática com a edição de uma medida provisória. No Estado, um projeto piloto, com 30 alunos, já está pronto para sair do papel na escola da Restinga.

BENJAMIN STEINBRUCH - Não perder o afã

Não perder o afã
BENJAMIN STEINBRUCH 
FOLHA DE SP - 16/08/11

Algumas turbulências chegarão ao Brasil; sejam marolinhas ou marolonas, teremos de surfá-las


QUEM VIU o filme "Inside Job", documentário sobre a crise de 2008, certamente se lembra de uma declaração marcante de Andrew Sheng, diretor da China Banking Regulatory Commission, a respeito de uma das distorções do mercado financeiro naquele momento.
"Por que os engenheiros financeiros devem receber de quatro a cem vezes mais que os engenheiros convencionais?", pergunta Sheng.
"Engenheiros convencionais constroem pontes, engenheiros financeiros constroem sonhos. E, quando esses sonhos viram pesadelos, os outros é que pagam a conta por eles."
Excessos das instituições financeiras no fornecimento de crédito nos Estados Unidos, e também na remuneração milionária de seus "criativos" funcionários, explicam grande parte da crise de 2008. Mas não explicam a atual.
Desta vez, os bancos e as demais instituições financeiras, que pagam regiamente seus executivos, estão mais ou menos sólidos, pelo menos até agora. A origem da maior crise é a fragilidade dos fundamentos dos governos do mundo desenvolvido e sua duvidosa capacidade de arcar com o pagamento de suas dívidas.
Para o Brasil, que, felizmente, mais uma vez, está fora do epicentro da crise, não faz muita diferença a origem dela. Importa é que, nos dois casos, a ameaça principal é de desaceleração ou mesmo de recessão na economia mundial, o que obviamente atinge o país. O Brasil pode ser muito prejudicado pela queda dos preços das commodities, dada a sua condição de grande produtor dessas matérias-primas.
Nossas respostas à crise, portanto, não podem ser muito diferentes das de 2008. Em primeiro lugar, antes que seja tarde, o BC deve reduzir de imediato os juros. Nada justifica que a taxa estratosférica de 12,5% ao ano seja mantida na situação atual. É bom lembrar que, em 2008, o BC foi pego no contrapé ingenuamente elevando os juros de 13% para 13,75% cinco dias antes da quebra do Lehman Brothers. Depois disso, demorou meses para iniciar o movimento de redução.
Não há razões objetivas para pânico no país, desde que seja feita a lição de casa. O Brasil está hoje tão forte para reagir à crise quanto estava em 2008. Em alguns critérios, está até melhor. Tem reservas cambiais de US$ 350 bilhões -US$ 150 bilhões a mais-, e o deficit fiscal está sob vigilância. Nada impede, portanto, que, após a redução dos juros, se necessário, sejam reprisadas medidas de apoio ao consumo que tão bem funcionaram em 2008, com corte de impostos em setores estratégicos e oferecimento de crédito.
Nessa área do financiamento, a situação também é mais confortável, tanto interna como externamente. Lá fora, não há o travamento do crédito às exportações. Aqui dentro, o sistema financeiro privado continua a fornecer recursos, ao contrário do que ocorreu na crise anterior, quando houve o fenômeno conhecido como "empoçamento de liquidez" e o governo foi obrigado a lançar mão das instituições financeiras estatais para irrigar o mercado.
A inflação interna também está em queda e o endividamento público, de 56% do PIB, ainda não preocupa. A equipe econômica do atual governo já mostrou ser sensível à questão do crescimento econômico.
Felizmente, pertence ao passado o comportamento focado unicamente no controle monetário, sem nenhuma responsabilidade sobre os estragos que essa política tivesse sobre a atividade econômica, o consumo e os empregos.
Ao empresário, neste momento, cabe manter a crença no país, em seu enorme mercado interno com quase 100 milhões de consumidores de renda média e na possibilidade de superação das dificuldades. Investimentos não devem ser adiados, até porque em momentos como este fica melhor para investir.
Lá fora, a crise é de confiança nas lideranças dos países avançados. Aqui, não há por que reproduzir essa suspeita.
Ao cidadão cabe consumir com responsabilidade, mas sem receios. Foi o destemor dos consumidores que tirou o Brasil da crise de 2008/9 e deu início a um período de forte crescimento econômico. Não podemos perder esse afã. Algumas turbulências certamente chegarão ao país. Sejam elas marolinhas ou marolonas, teremos de surfá-las.

TUTTY VASQUES - Enganatur, prevaricatur...


Enganatur, prevaricatur...
TUTTY VASQUES
O ESTADÃO - 16/08/11

A coisa é tão descarada nos esquemas de desvio de dinheiro público que, se a faxina do governo der uma busca na razão social de empresas e ONGs relacionadas com os Ministérios dos Transportes, da Agricultura e do Turismo, capaz de encontrar contratos firmados com a Transporfora, a Agrotrambique e a Corrupatur, respectivamente.

Entidades fantasmas de turismo do Amapá - taí a Conectur que não me deixa mentir - conservam em letreiro o sufixo característico da atividade (Embratur, Riotur...). Sem qualquer outro cuidado com a fachada do negócio fictício, a cara de pau na execução das fraudes é tamanha que algumas dessas picaretagens podem estar explícitas no próprio nome da contratada pelos órgãos públicos federais. Precisa ver se não tem nenhuma Enganatur, Fantasmatur ou Prevaricatur na relação de credores do governo.

Sério! A desfaçatez com a roubalheira é tal que nem seria nada tão absurdo encontrar no Dnit concorrências vencidas pela Picaretransport S.A. ou, sei lá, pela não governamental Transpropina.

No Ministério da Agricultura, fica mais complicado separar o trigo do joio pelo nome no prestador de serviço. "Laranja" em logomarca, no caso, pode ser só uma referência à fruta.

Em forma
Erasmo Carlos tem comentado nas entrevistas de lançamento do CD Sexo a dificuldade de abordar o tema na língua portuguesa sem usar palavrões na descrição do ato. Isso quer dizer o seguinte: o
Tremendão tá no cio!

Mais essa!
Pippa Middleton, a fabulosa primeira-cunhada real do príncipe William, está namorando um jogador de críquete. É o tipo de coisa que revolta os excluídos no Reino Unido!

Deus é pai!

Com a falta de pontaria dos bombardeios da Otan, francamente, só nos resta orar para que os deputados Protógenes Queiroz e Brizola Neto voltem sãos e salvos da viagem à Líbia patrocinada por Muamar Kadafi. Vai dar tudo certo!

Tudo psicológico

Como sempre acontece em época de crise aguda, os consultórios de psicanálise estão botando executivos pelo ladrão. É gente com medo do "carry", do "hedge", do "circuit break" e, last but not least, do "default".

Velha austeridade

É grande a expectativa no balneário de Massachusetts onde a família Obama inicia na quinta-feira novo período de férias. Corre por lá o boato de que o presidente aproveitará a ocasião para cortar despesas com a estada da sogra.

Procura-se

Cadê o Daniel Dantas, caramba? O banqueiro conseguiu o que há alguns anos parecia impossível para um cara do tamanho dele: sumiu do mapa! Do jeito que o Brasil é um país sem memória, daqui a pouco vão dizer que Daniel Dantas foi um volante habilidoso do Esporte Clube Bahia!

Sai de baixo

Oposição planeja jogar "n.º 2" do Ministério do Turismo no ventilador.

JOSÉ SIMÃO - UEBA! Algema só de sex shop!

UEBA! Algema só de sex shop!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 16/08/11 

E a novela "Insensato Coração"? Insensato não é o coração. Insensato é o autor. Rarará!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Prenderam mais algum ministério hoje? Olha a Federal! Olha a Federal! E sai tudo mundo correndo! Pra Miami! Por que é que todo mundo foge pra Miami, hein? Miami é o Morumbi de Cuba!
E o Sensacionalista: "Fim da polêmica: PF não usará mais algemas para evitar escassez dos produtos". E a polêmica agora é esta: a Polícia Federal deve ou não usar algemas. Acho que deve. Mas algema de sex shop. Aquela acolchoada. De pelúcia! Prisão-fetiche! A polícia tem que usar só algema de sex shop e melhorar aquela quentinha porque no Brasil ainda não tem pena de morte!
E frase no Ministério do Turismo: "Aeromoça, a quentinha tá fria". E teve um preso que exigiu Minâncora. Tá certo, preso já é uma desgraça, ainda mais com espinha. Rarará! E sinceramente, detesto ver gente sendo presa. Mesmo quando merece. Me sinto mal! E esta: "PMDB se rebela". Vão botar fogo no colchão! Rarará!
E "Insensato Coração"? Insensato não é o coração. Insensato é o autor. Rarará! E aquele casal Marina e Pedro, que dá chulé em pé de mesa?! Existe coisa mais chata que aquele casal? Por que todo chato gosta de outro chato? Ele tem cara de pão Pullman, pão de forma.
E ela é mais sem graça que água de salsicha! Loira água de salsicha! Carisma de canja de hospital! E o Eriberto Leão tem duas expressões: olho aberto e olho fechado. Meu cachorro trabalha melhor que ele. Pelo menos franze a testa! Rarará! Eu já sei o que vou fazer: entrar em cena e apertar o saco dele. Pra ver se ele esboça alguma reação. Aperta o saco do Eriberto!
Um amigo meu foi assistir a "Assalto ao Banco Central". E disse que o Eriberto tem a mesma cara pra bandido e pra mocinho! E eu já disse que adoro a Natalie, o Douglas, a Bibi e a biba que grita "Sugar!".
E eu vi a Glória Pires no Projac e ela tem uma coisa chamada majestade!
E mais uma série de Os Predestinados! Direto de Coimbra, Portugal: o proctologista Carlos RABAÇA! E este gerente da Caixa Econômica em São Paulo: Daniel BARGANHÃO! E em Curitiba tem uma técnica de enfermagem chamada Sara Pinto. Ainda bem que o meu já é sarado. Pinto de academia. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

ANCELMO GÓIS - CHUTE INFELIZ


CHUTE INFELIZ
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 16/08/11
 
A Arquidiocese do Rio apura a ida de Loco Abreu ao Cristo Redentor, quinta. O jogador do Botafogo chutou três bolas na direção da estátua.
Caso seja confirmado que o uruguaio gravava um comercial da Pluna, a empresa e ele serão processados.
Segue... O jogador não pediu autorização à Arquidiocese.

DATA VÊNIA 
Gente graduada da Justiça achou uma pisada bola do Conselho Nacional de Justiça a divulgação de nomes de magistrados sob escolta de segurança. Por esta versão, o que se diz nos tribunais é que só falta agora dar o endereço dos juízes e o nome do colégio das crianças.

INOVAR É MODA 
O ministro Mercadante resolveu mudar o nome do Ministério da Ciência e Tecnologia. Vai se chamar Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O VELHO E OS MOÇOS 
Celso Amorim lança segunda, no Rio, e terça, em Brasília, o livro Conversas com jovens diplomatas, escrito antes de receber o convite de Dilma para voltar ao governo.

JABOR NOS EUA 
Arnaldo Jabor, que voltou a filmar depois de 15 anos, será homenageado pelo Festival de Miami, em setembro, com uma retrospectiva de seus filmes.
O último será seu longa recente, A suprema felicidade, que depois deve estrear nos EUA.

CENSURA BURRA 
Cacá Diegues desconfia que o filme A serbian film, produção sérvia que não fez sucesso em lugar nenhum, passaria aqui em brancas nuvens “se não fosse o ato de violência de proibi-lo”.
A censura despertou a cobiça de distribuidores, e os amantes de cinema, sobretudo os mais jovens, estão ansiosos para vê-lo.

ALIÁS... 
O filme, que é fraquinho, está proibido de mentirinha. Há como baixá-lo internet afora. Com legendas, inclusive.

LÉLIA, 100 ANOS 
O centenário da saudosa atriz Lélia Abramo será celebrado hoje, em Brasília, no CCBB, dentro do projeto Mitos do Teatro Brasileiro.
Será lido um texto de Lula sobre a atriz, uma das fundadoras do PT.

VOZ DO CÁRCERE 
Um grupo de presidiários e ex-detentos vai fazer uma palestra hoje na unidade da Universidade Estácio de Sá em Madureira, no Rio. A iniciativa é da juíza Thelma Fraga, que condenou a maioria deles. Vão falar para estudantes de Direito e psicologia.

LADRÃO VOADOR 
Um passageiro teve a mochila furtada durante o vôo JJ3027, Brasília-Santos Dumont, da TAM, domingo, quando voltava para o Rio com sua filha de 6 anos de um passeio de Dia dos Pais.
Perdeu notebook, celular, senhas e documentos. A companhia disse que não pode se responsabilizar. O caso foi registrado na 5 DP, na Lapa.

DE OLHO NA COPA 
Um jantar vai marcar hoje a associação de José Vitor Oliva e David Zylbersztajn em torno da Rio360, empresa de marketing.

HÉTEROS EM BAIXA
Pelo visto, o comércio de nheco-nheco entre homem e mulher anda em baixa.
Foi reaberta a Termas Aeroporto, no Rio. Mas agora voltada para o público gay.

ILIMAR FRANCO - Duas táticas


Duas táticas
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 16/08/11

Os senadores da ala independente deram ontem, no plenário do Senado, seu recado ao governo: apoiam a ação da presidente Dilma contra a corrupção, mas querem que ela se livre do fisiologismo. Eles querem que a presidente rompa com parcela de sua base, inclusive
com o que chamam de “a herança maldita” do governo anterior. A coordenação do governo, também ontem, adotou suas diretrizes: fortalecer a aliança orgânica PTPMDB e com os demais partidos governistas.

Dilma chama PT e PMDB para conversar
Os principais líderes do PT e do PMDB reuniram-se, ontem à noite, com a presidente Dilma no Palácio do Planalto. O encontro é resultado do diagnóstico feito pelos dirigentes do PMDB e do PT, para as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), de que a presidente precisa dialogar com os partidos governistas. Dilma ouviu, reafirmou a importância da aliança que é a espinha dorsal de seu governo e pediu o apoio nas ações de combate à corrupção e de enfrentamento à crise econômica. Nos próximos dias, a
presidente terá conversas semelhantes com os demais partidos governistas.

"Meus cumprimentos por seu pronunciamento dando apoio à presidente Dilma” — Paulo Paim, senador (PT-RS), que presidia a sessão de ontem no Senado, ao fim de cada discurso dos senadores da ala dos independentes

PISTA LIVRE. 
Assessor do Ministério da Defesa, José Genoino procurou o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), na foto, para retomar as conversas sobre a criação da Comissão da Verdade, interrompidas com a queda de Nelson Jobim. Ouviu que os tucanos não serão problema. Agora o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), que passou a centralizar o assunto, vai procurar o líder do DEM, deputado ACM Neto (BA).

Nova linha
Os tucanos abandonaram a “Bolsa Esmola”. Na quinta-feira, no Palácio Bandeirantes, a presidente Dilma e os governadores
Geraldo Alckmin (SP) e Antonio Anastasia (MG) anunciam programas complementares ao Brasil sem Miséria.

Enfim
Em até 15 dias serão trocados os diretores financeiro, de engenharia e de construção de Furnas. Os substitutos serão técnicos. Sairão ainda as nomeações para as diretorias do DNPM. As mudanças estão para acontecer desde fevereiro.

Marcha das Margaridas
O governo federal vai publicar uma portaria estabelecendo a escrituração conjunta para o casal, visando garantir a igualdade de direitos de posse e uso da terra a partir dos documentos oficiais do Crédito Fundiário. E o Ministério do Desenvolvimento Agrário vai anunciar a expansão do programa de documentação para atender trabalhadoras rurais em locais de difícil acesso. A meta é beneficiar 480 mil mulheres até 2015.

Excessos
Representante da Câmara dos Deputados no Conselho Nacional do Ministério Público, Luiz Moreira entrou com representação contra a divulgação de fotos de presos na Operação Voucher e de interceptações telefônicas.

Ficha médica
A Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho fez pesquisa com 706 juízes (20% do total). Resultado: 41,5% têm depressão;
17,5% usam remédios para depressão ou ansiedade; 54% dormem mal; e 51% são vítimas de insônia.

 A PRESIDENTE Dilma bate o bumbo hoje para o ministro Fernando Haddad (Educação). Ele é o candidato de Lula para a prefeitura de São Paulo.
 O IPEA aproveitará a Marcha das Margaridas, em Brasília, para aplicar questionário sobre as condições de vida, saúde e trabalho das trabalhadoras rurais.
● A FUNDAÇÃO Ulysses Guimarães, do PMDB, presidida por Eliseu Padilha, lança amanhã a coletânea “Pensamento político brasileiro”. Os primeiros volumes tratam de Tancredo Neves, Castro Alves, Euclides da Cunha, Milton Santos, Mauá e José Bonifácio.

LUIZ ZANIN - Times que precisam de um psicanalista


Times que precisam de um psicanalista
LUIZ ZANIN
O Estado de S.Paulo - 16/08/11

Os muito objetivos que me desculpem, mas, no futebol, emoção é fundamental. Não estou falando nessa emoção que deveria ser o ingrediente normal de todos os jogos, mas no fator psicológico de cada clube e suas repercussões no desempenho do time, maior, a meu ver, que esquemas táticos e outros bichos.

Volto ao assunto, inesgotável, estimulado pelas declarações de Felipão que, como vocês sabem, usou de sua autoridade e abriu a caixa de Pandora. Lavou a roupa suja em público e afirmou que o time teria de reencontrar a paz, perdida depois do assédio do Flamengo ao Kleber. Pode ser só a ponta do iceberg, com licença desse lugar-comum. As divergências, especula-se, envolveriam também a ciumeira pelos salários do Gladiador, e o mais que se pode imaginar. O Palmeiras parece, mais uma vez, um clube partido, com tendências internas conflitantes. Isso atinge o rendimento em campo. O time parou. Este é o fato. O Palestra sofre da alma.

O mesmo pode ser dito em relação ao Santos, cuja ineficiência beira as raias do incompreensível. Outro dia dediquei uma coluna ao Paulo Henrique Ganso, mas ele não é o único que está devendo futebol na Vila. O time todo, com uma ou outra exceção, demonstra inapetência que quem acabou de comer uma feijoada. Não digo que tenham de disputar o título, o que já parece uma quimera dada a distância para os primeiros colocados, mas, pelo menos, deveria se livrar da posição indigna na tabela. Humilhante, claro, levando-se em conta que o time da Vila é o atual campeão paulista e da América. Não faz sentido.

Ou, por outra, talvez faça, desde que a gente analise os tais aspectos emocionais ou psicológicos. Palmeiras e Santos se encontram em posições antagônicas nesse aspecto. O que, paradoxalmente, leve ambos à paralisia.

O Palmeiras parece vítima da ausência prolongada de títulos - o que causa muita pressão num time de grande tradição e torcida. Gera uma ansiedade que, às vezes, põe tudo a perder. Outro dia, em entrevista ao Estado, feita pelos companheiros Bruno Lousada e Silvio Barsetti, Luxemburgo disse que o time estava preparado para ser campeão brasileiro em 2009, mas foi atropelado pela ansiedade do então presidente Luiz Gonzaga Belluzzo e acabou perdendo o título. "O Belluzzo mostrou inabilidade muito grande, jogou um Brasileiro fora por vaidade", disse. Vamos dar um desconto ao ego do Luxa (foi demitido) e reter apenas isso: muitas vezes um clube tem tudo para ganhar e perde para si mesmo. Quer dizer, perde para o seu emocional, para a sua cabeça mal resolvida. Se o Palestra fosse um indivíduo, recomendaríamos que deitasse no divã de um profissional experimentado e botasse os demônios para fora. Talvez assim deixasse de lutar contra si mesmo. Mas como psicanalisar um time?

Outro que mereceria o divã seria o Santos. Se o Palmeiras vive na ansiedade, o Santos tropeça no fastio. Tem todo o ar de quem já fez o seu dever de casa e sente que merece descanso. Se pudesse pedir moratória do Campeonato Brasileiro, acho que o faria sem hesitar. Brasileirão, só em 2012. Como não pode, e tem de cumprir suas obrigações, entra em campo com uma preguiça digna de Macunaíma. É a síndrome da barriga cheia, de quem já tem tudo e só pede sombra e água fresca. Cá entre nós, também acho que é assim, que depois do trabalho vem o repouso e não se deve viver na ansiedade constante da disputa. Acontece que futebol é desse jeito: é jogo, é competição, é pau puro. Acomodou, dançou.

Assim, o nosso hipotético psicanalista de futebol teria de resolver no Palmeiras a ansiedade por desempenho (síndrome que acaba criando situações constrangedoras em outros domínios) e deveria devolver o apetite perdido ao Santos. Não é fácil, deve-se reconhecer.

JOSÉ PAULO KUPFER - Abrir janelas


Abrir janelas
JOSÉ PAULO KUPFER
O Estado de S.Paulo - 16/08/11

Não há, para os próximos dias, previsão de eventos capazes de deflagrar movimentos excepcionais nos mercados mundo afora. Isso não quer dizer que não existam potenciais gatilhos para novas montanhas-russas nas cotações. Nem muito menos que a crise aguda tenha sido desarmada. A calma aparente não se confunde com qualquer hipótese de solução dos problemas.

Os horizontes continuam nublados nos dois lados do Atlântico. Quando se enxerga além da névoa, o cenário cada vez mais nítido nas economias maduras é o do baixo crescimento por um período longo.

Nos Estados Unidos, as famílias se concentram em reduzir dívidas, o que significa cortar consumo e, na esteira, desestimular o investimento das empresas. É de se perguntar, portanto, que poder teriam para reverter um quadro de aversão ao consumo e ao investimento, políticas fiscais e monetárias expansionistas, mesmo esquecendo que, nas duas pontas, a corda já esticou até o limite.

Na Europa, a situação ainda é mais complicada. Além dos problemas das dívidas e dos déficits dos governos, limitadores de políticas macroeconômicas expansionistas, há outras barreiras, como a do sistema de câmbio fixo, exigido pela moeda comum. Esse impasse, amplificado pela situação instável do sistema bancário e uma tensão social crescente, não permite nenhum tipo de otimismo.

A convergência no rumo do consenso de que haverá desaceleração de longo percurso nas economias maduras abre espaço ao debate das estratégias que o Brasil deveria adotar para evitar ser alcançado pela crise global. Resumindo a discussão numa única indagação: até que ponto a crise está abrindo uma oportunidade para que o País adote desde já um programa permanentemente adiado de redução dos juros?

É alvissareiro observar que a relutância a uma resposta positiva vem perdendo força à medida que se amplia a compreensão da inevitabilidade de uma retração prolongada, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos - e até na China. Mesmo no caso da economia chinesa, um enigma ainda não decifrado, dissemina-se a impressão de que também por lá, diferentemente do que ocorreu no primeiro capítulo da grande crise atual, a tendência é de desaceleração.

As divergências, no caso da China, giram agora mais em torno do tamanho do esfriamento da economia. As previsões, na média, apontam para um crescimento entre 6% e 8%, nos próximos anos, o que já seria uma desaceleração e tanto, para quem tem avançado por um longo período acima de 10% ao ano, com picos de 15%. Mas já existem avaliações de que, se for cumprir o objetivo de elevar o consumo interno de 35% do PIB para 50%, a China terá que se contentar com um ciclo de expansão de apenas 3% e 4% ao ano.

Não surpreende, por tudo isso, que menções a uma possível "década perdida" venham ganhando desembaraço. E que tais menções possam ser cada vez mais facilmente encontradas nas análises disponíveis. Não custa lembrar que uma década perdida significa, entre outras coisas, taxas referenciais de juros muito baixas por longo período. Nos Estados Unidos, aliás, será assim, com a prorrogação de taxas de juros perto de zero, pelo menos até meados de 2013, como o Fed determinou por escrito, depois da última reunião do seu comitê de mercado aberto.

Do ponto de vista brasileiro, sem entrar em outras considerações, só esse fato indicaria ter chegado a hora de estreitar o diferencial de taxas - no mínimo restabelecendo relações anteriores à crise. Mesmo quem defendia altas mais fortes de juros há tão pouco tempo está agora aceitando a perspectiva de manutenção das taxas - e até mesmo de um corte, embora com cautela. Janelas, enfim, estão se abrindo. Atacar o diferencial entre as taxas internas e externas pode apresentar uma série de vantagens. Em primeiro lugar, ajudaria no combate aos déficits externos, um dos principais canais de possível contágio da crise global para a economia brasileira, pela menor pressão de valorização do real.

Além disso, cortes cautelosos dos juros dariam um imediato sinal de alento ao mercado interno, permitindo talvez dispensar estímulos fiscais se surgirem dúvidas e quebra de confiança numa evolução razoável do nível de atividades - mesmo quando se sabe que os efeitos concretos da política monetária ocorrem com alguns meses de defasagem. Por último, mas não menos importante, contribuiriam para a desejável contenção dos gastos do governo, pela redução direta do serviço da dívida pública.

CELSO MING - Chicote neles


Chicote neles
CELSO MING
 O Estado de S.Paulo - 16/08/11

No século 5.º antes de Cristo, Xerxes, rei da Pérsia, ordenou que fosse construída uma ponte no Helesponto (atual Estreito de Dardanelos) para que seus exércitos pudessem passar da Ásia para a Europa. Ondas violentas demais atrapalharam os trabalhos. Furioso, Xerxes mandou açoitar o mar com 300 chicotadas. É o que nos conta Heródoto, em sua História.

É mais ou menos o que estão fazendo as autoridades da Europa e do Brasil. Na semana passada, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, irritado com ataques às cotações do banco francês Société Générale, proibiu vendas de ações a descoberto (sem posse prévia). E nisso foi acompanhado por Espanha, Itália e Bélgica. Hoje, em encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, Sarkozy pretende institucionalizar a proibição em toda a área do euro.

Duas semanas antes, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, instituiu um IOF de até 25% sobre operações líquidas vendidas em moeda estrangeira no mercado de derivativos, por acreditar que os especuladores são os grandes responsáveis pelo mergulho do dólar no câmbio interno.

Na última semana, as bolsas reagiram e Sarkozy mostrou satisfação pela eficácia da decisão tomada "contra os especuladores". Na verdade, as bolsas reagiram porque o Banco Central Europeu (BCE) fez o que não queria: recomprou cerca de 30 bilhões de euros em títulos da Itália e da Espanha e avisou que, na hipótese de rejeição dos títulos, o BCE voltaria a ser comprador de última instância.

Mantega, por sua vez, pareceu convencido de que suas 300 chicotadas no mercado de derivativos de câmbio inverteram a tendência do câmbio. E, no entanto, nos dias seguintes, a cotação do dólar subiu no câmbio interno em consequência do agravamento da crise global, não por ter coibido as ações dos especuladores. A valorização do real (de 1,43%), acontecida num mercado financeiro bem mais calmo como o de ontem, mostra que as causas são outras. Mas tanto Sarkozy como Mantega e Xerxes ficaram convencidos de que castigar o culpado aparente funciona.

A especulação existe e conta nos mercados. E é também capaz de radicalizar uma tendência. No entanto, a especulação apenas tira proveito de um desequilíbrio preexistente. As causas da atual instabilidade estão no forte endividamento dos países ricos, não na especulação com seus títulos de dívida. Combatê-la é agir contra o inimigo errado.

Os grandes bancos centrais são hoje a única fonte de liquidez. Mas vêm agindo à beira da irresponsabilidade, por terem passado a recomprar, com emissão de moeda, títulos de dívida sob forte descrédito, como se fossem tão bons como títulos emitidos pelo tesouro da Alemanha.

Isso foi feito pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) com dois programas, de US$ 900 bilhões, e começou a ser feito pelo BCE, que já emitiu perto de 100 bilhões de euros para recomprar bônus da Grécia, de Portugal, da Irlanda e, de uns dias para cá, também da Itália e da Espanha.

Enquanto a inflação não mostrar a cara, esse jogo dos bancos centrais pode continuar impunemente - embora não colabore para reduzir o endividamento público dos seus países. Mas, tão logo reapareça, terão de voltar à sua função primordial e, então, se o problema principal (grande endividamento dos tesouros) não estiver sanado, não haverá tomador de títulos públicos em última instância - e de nada adiantará açoitar os especuladores.

CONFIRA

"Não esperem nada"

Steffen Seibert, porta-voz da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, advertiu ontem que não sairá nada de espetacular no encontro a ser realizado hoje, em Paris, entre a alemã e o presidente da França, Nicolas Sarkozy. Talvez por ter sido previamente esvaziado e ninguém esperar demais, alguma novidade pode sair.

Não sai

O mercado financeiro gostaria de saber que a Alemanha finalmente concordou com a instituição de um título emitido pela área do euro. Mas esse assunto está fora da agenda, avisou Seibert. Uma emissão dessas exigiria uma espécie de tesouro comum que, por sua vez, obrigaria certa coordenação de orçamentos. E, para haver coordenação unificada, seria preciso um mínimo de unidade política, ou seja, capacidade de exigir que os sócios da área do euro cumpram o combinado.

Retificação

Em 2010, o Brasil importou 505,1 milhões de litros de etanol - e não 505,1 bilhões de litros, como saiu na Coluna de sábado.

MÔNICA BERGAMO - NOVA PAULISTA


NOVA PAULISTA
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 16/08/11

A cantora Marina Lima, que trocou o Rio de Janeiro por São Paulo há um ano, apresentou o show de seu novo CD, "Clímax", no Citibank Hall, no sábado. Na plateia estavam a atriz Marisa Orth e seu namorado, o músico Dalua, e o arquiteto Isay Weinfeld, responsável pela cenografia da turnê.

JARDIM DE CASA

Depois de ser assaltado no trânsito de São Paulo, o vice-presidente Michel Temer volta a ficar próximo da violência da cidade. Neste fim de semana, vizinhos dele no Alto de Pinheiros foram assaltados. Uma das casas da praça em que ele mora foi arrombada. Os ladrões levaram computadores e outros bens do imóvel.

TUDO CALMO
Temer passou o fim de semana em sua casa, em São Paulo. Mas não percebeu a ocorrência.

TUDO CALMO 2
Recentemente, vizinhos do vice-presidente reclamaram porque a PM deixava sempre uma viatura rondando a praça. Desta vez, não havia policiais por perto.

CARTILHA
O governo federal prepara campanha para defender a regulamentação de um teto para a aposentadoria dos funcionários públicos. Hoje ele chega a R$ 26.700. Pela proposta, será igualado ao do INSS (R$ 3.691,74). Se quiserem ganhar mais, os servidores terão que aderir a uma previdência complementar em que o governo contribuiria com até 7,5% do salário.

TABUADA
Nas projeções da Previdência, um servidor com 60 anos, 35 de contribuição e salário inicial de R$ 10 mil poderia se aposentar com benefício de R$ 11.276,00 caso aderisse ao plano oficial.

NA JUSTIÇA
Reynaldo Gianecchini recebeu uma boa notícia sobre a briga contra seu ex-empresário, Daniel Mattos, para quem doou uma cobertura no Rio. O ator diz que deu a ele o apartamento apenas para que fosse comercializado. Mattos afirma que foi um presente. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) permitiu que nos documentos do imóvel conste certidão em que Giane questiona a doação.

NA JUSTIÇA 2
Gianecchini pretende, com isso, dificultar a venda.

Fátima Mader, advogada de Daniel Mattos, afirma que a certidão não impede a venda do imóvel. "Até porque o apartamento já foi comercializado", diz ela.

OS CRAQUES, A SELEÇÃO E AS "BONITONAS"

Um cartaz da Adidas com uma foto publicitária e a inscrição "Parabéns, Lucas!" anuncia o aniversário de 19 anos do meia do São Paulo e da seleção, na noite de domingo, no clube Royal. Ele ganhou uma festa da agência 9ine, que cuida de sua imagem. A brincadeira na porta é que Neymar, prestes a ser pai, daria uma caixa de camisinhas ao aniversariante, que chega às 23h, com três seguranças. "Tenho que tomar cuidado. Quero ser pai só mais para a frente. Ter dois, três filhos, quantos Deus mandar", diz.

Ele comenta a má fase da seleção, derrotada pela Alemanha. "Claro que fica um clima chato. Leva tempo até o Mano [Menezes] colocar a cara dele no time." Fala também sobre a possibilidade de o treinador dar lugar a Luiz Felipe Scolari ou Vanderlei Luxemburgo no fim do ano. "Temos que fazer nosso trabalho, independente do treinador que escolherem. Deixa isso para a diretoria."

O corintiano Ralf, titular contra a Alemanha, diz que "nem Deus agradou a todo mundo" e que "o Mano é gabaritado. O que for melhor para a gente vai ser feito". Um amigo de Ralf "resolveu vir de última hora" e não estava na lista - 450 convidados, 300 de Lucas. "Sempre tem amigos dos amigos dos amigos", diz o são-paulino.

Júnior Pedroso, do estafe de Lucas, sai para socorrer uma amiga, que "está na lista do Neymar", mas não no computador da hostess. "Não pode entrar qualquer bonitona", reclama a assessora da festa. "Ela não é bonitona, é convidada."

Outras "bonitonas" desafiam o frio e a garoa com vestidos curtos e justos. Quatro delas procuram o "Léo", que, segundo funcionários da casa, é "um empresário que apresenta amigas para jogadores". Só uma, Noelle Andressa, está na lista. À coluna, ela se identifica como Lais Fernanda, 21, modelo, e diz que "esqueceram de colocar nossos nomes". Impedidas pelos seguranças de esperar na porta, as quatro vão embora. Felipe Andreoli, do "CQC", brinca com Neymar: "Está cheio de mãe de juiz lá dentro da festa".

CONSCIÊNCIA
A procura por testes rápidos de HIV aumentou 36% no primeiro semestre, no Centro de Referência em DST/Aids do Estado de São Paulo. Foram 3.407 exames. O índice de descoberta da doença foi de 4,8%.

CONFIANÇA
Chama atenção, no levantamento, o pequeno número de mulheres que procuraram o teste: 1.023, contra 2.384 homens. A Secretaria da Saúde atribui o resultado a uma confiança equivocada: as mulheres com parceiro fixo não se consideram vulneráveis ao HIV, segundo avaliação da pasta.

GALINHA PINTADINHA
A Galinha Pintadinha, sucesso infantil no site de vídeos YouTube, vai virar musical. Ernesto Piccolo dirige a adaptação de clipes de cantigas populares encenados por uma galinha azul para os palcos. Estreia em 2012 em São Paulo e no Rio de Janeiro, pela GEO Eventos.

CONECTADA
Gisele Bündchen será blogueira por cinco dias. A partir de quinta, a top dará dicas de moda no site www.comquelookeuvou.com.br. O autor da melhor mensagem enviada a ela ganhará R$ 100 para gastar em lojas da rede C&A.

CURTO-CIRCUITO

A mostra "Mary Carmen e a Poética dos Volumes" tem coquetel de abertura para convidados, amanhã, a partir das 19h30, no Espaço Cultural Citi, na avenida Paulista.

Marcia Barrozo do Amaral e a galeria Tramas participam do Salão de Artes.

Almir Sater faz show no dia 27, às 22h, no Credicard Hall. 12 anos.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

JANIO DE FREITAS - O crime na frente


O crime na frente
 JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SP - 16/08/11

Não se veem debates sobre iniciativas ou propostas de melhor resguardo dos que vivem sob risco agudo


O ASSASSINATO DA JUÍZA Patrícia Acioli bateu como um choque generalizado, e indutor da atribuição de sua ocorrência à firmeza da vítima contra a criminalidade violenta. O abalo, à parte o componente de comoção pelas circunstâncias de ser uma juíza moça e colhida sem defesa, exprimiu a força da surpresa com a escalada da criminalidade até a vingança contra a Justiça.
"É um atentado à independência do Judiciário", "Os projéteis atingiram também a dignidade de todos os brasileiros", "A democracia foi atingida no que há de mais importante em segurança para a nação, o Judiciário" - as manifestações foram sempre claras em seu sentido de reação ao inesperado.
O surpreendente nesse crime, porém, não é a convicção de vindita como causa, embora a polícia investigue também a possibilidade passional em sua origem. Surpreendente nesse crime é que seja um ato isolado. Surpreendente é que não ocorram há muito tempo, em conformidade com o nível da violência criminal no Rio e em cidades de São Paulo, os atentados a juízes que não se curvam aos seus riscos. E a promotores e procuradores que também ousam estar à altura do seu compromisso com a sociedade.
São eles uma multidão de pessoas expostas à violência dos sentenciados e comparsas. A proteção, nos casos mínimos de sua adoção, é precária já por dificuldades técnicas, e mais ainda por falta de meios para provê-la com melhor eficácia. A desproporção entre as possibilidades para um atentado e a segurança de seu pretendido alvo são assustadoras.
Em medida imprecisa, mas inegável, os que se ocupam dos processos e julgamentos criminais são também responsáveis por aquela desigualdade excessiva de condições. Não se veem debates sobre iniciativas ou propostas de melhor resguardo dos que vivem sob risco agudo. Há alguns anos, esteve em discussão a prática da audiência sem a presença física do juiz, feita por meio de TV, talvez com o réu no presídio. Os prós e os contras esvaziaram-se sem deixar rastro algum. Haveria outros recursos para preservar a identidade do juiz, mas nem por alto foram considerados. Como se os julgados em varas criminais fossem todos pacíficos.
Não há dúvida de que a magistratura do Rio e de São Paulo deve um agradecimento à criminalidade pela falta, em relação ao Judiciário, do espírito vingativo exercido entre os bandos.
O mesmo não precisam fazer inúmeros juízes em outras regiões do país. A conduta do Judiciário do Pará em processos escandalosos como o da mortandade em Eldorado do Carajás e o do assassinato da freira Dorothy Stang, entre tantos outros, é eloquente sugestão do que compromete o Judiciário, e o põe sob condenação moral, por efeito da desproteção dos incumbidos de julgamento. Com o Judiciário, é a Justiça que se torna foragida.
Se o assassinato de Patrícia Acioli sinaliza nova etapa da criminalidade urbana, é o caso de reconhecer que está à frente do Judiciário.

MÍRIAM LEITÃO - Os erros argentinos


Os erros argentinos
MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 16/08/11

O que acontece na Argentina é impensável no Brasil. Um governante que elevasse a inflação a 27% e ainda manipulasse o índice, certamente, não se reelegeria. A presidente Cristina Kirchner está sendo favorecida pelo crescimento econômico, pela viuvez - a imagem do marido morto é usada como parte da propaganda - e pela fragmentação da oposição.

Oficialmente, a inflação ficou em 10,9% em 2010, mas todos sabem que é um número fabricado no Instituto Nacional de Estadística y Censos (Indec), que tem estado sob intervenção da Casa Rosada há cinco anos.

Lá, não há tradição de institutos privados com boa reputação, como temos aqui a FGV e a Fipe. Os bancos e consultorias fazem cálculos que estão em torno de 25%. A previsão do Itaú é de que este ano a inflação será de 27%, caminhando para 30% e 35% nos próximos dois anos. Isso, apesar da queda do dinamismo econômico. O país deve crescer 6% este ano, menos do que os 9% do ano passado, mas reduzirá o ritmo para 3,5% e 3% nos próximos dois anos.

Por enquanto, o crescimento forte está retirando um pouco do desconforto econômico que a inflação produz. As categorias mais fortes estão conseguindo reajustes salariais de 30%. O poder de consumo tem se mantido, mas os desequilíbrios estão aumentando. Os argentinos estão mostrando que são mais lenientes com a inflação. Brasileiros e argentinos sofreram diante do mesmo inimigo, mas os brasileiros aprenderam. Aqui, seria inimaginável uma intervenção no IBGE para manipular o índice; e governo, empresas e famílias estão preocupados com a taxa de inflação, que está em 6,7%.

O Kirchnerismo estava com baixa popularidade quando o ex-presidente Nestor Kirchner morreu. As dificuldades de relacionamento com a Confederación General del Trabajo (CGT), de Hugo Moyano, eram cada vez maiores. A partir da viuvez, no entanto, Cristina recuperou fortemente sua popularidade. Manteve luto fechado, cercou-se dos dois filhos que lideram o movimento da juventude peronista e manteve sob controle os conflitos com o velho sindicalismo peronista, usando, entre outras coisas, o controle que o governo tem sobre o Judiciário. Moyano é acusado em alguns processos.

As primárias deste fim de semana foram uma eleição de fato. A amostra reproduz o eleitorado. Em outubro, haverá uma confirmação do resultado, porque ficou claro que há enorme distância entre a presidente e a oposição. Na comemoração, Cristina disse que a vitória era "dele", e os eleitores responderam que "ele"estava ali.

Em 1973, Héctor Cámpora foi eleito presidente com o lema Cámpora al gobierno, Perón al poder. O voto em Cámpora representava um voto "nele". No caso, ele era o próprio Juan Domingo Perón, que, muito vivo, quis exercer diretamente o poder. O governo Cámpora, que mobilizou a juventude daquela época, a geração de Cristina, durou 60 dias. Cumpriu seu papel de ser apenas uma ponte para a volta de Perón. O fim de tudo foi trágico, como se sabe. Por mais que os argentinos explorem na política a mística dos mortos, os vivos é que governam. Perón criou uma corrente política, um partido, mas o kirchnerismo é apenas uma facção desse partido.

A partir da morte de Kirchner, o que começou, de fato, foi o governo Cristina Fernandez. Ela usa de forma indisfarçável a imagem do marido na política. Quando vivo, era fonte de atritos; morto, tem sido santificado. A presidente aprofundou algumas escolhas perigosas que haviam sido feitas pelo casal: aumento de gastos para manter o país crescendo em qualquer conjuntura, uso das reservas para pagamento de dívidas, estatização dos fundos de pensão, e também protecionismo para agradar à indústria.

Esse crescimento turbinado e inflacionado tem fôlego curto e os primeiros anos do próximo governo serão difíceis, como disse ontem aqui neste jornal o jornalista argentino Joaquim Morales Solá.

Uma das decisões mais perigosas foi a de usar os recursos dos fundos de pensão, tanto de empresas públicas, quanto de empresas privadas, como se fossem recursos do governo. É uma bomba de efeito retardado. A Argentina tem feito escolhas insensatas do ponto de vista econômico.

A oposição se fragmentou, facilitando a vida de Cristina. Como o processo eleitoral é do voto em lista, abrir mão agora de concorrer para apoiar outro candidato seria abrir mão das candidaturas para o Parlamento também.

Cristina Kirchner se preparou para ter maior poder, ao usar as listas em cada província. Os governadores foram chamados ao palácio de governo e lá receberam os nomes dos candidatos na ordem que ela queria. Os primeiros lugares na lista do vencedor são garantia de mandato, nesse sistema que fortalece os caciques partidários.

Cristina usou esse poder para pôr nas cabeças das listas provinciais jovens militantes do movimento "La Campora", comandado por seus filhos Máximo e Florencia. Isso dará a ela mais controle do Congresso, mas mais distanciamento das lideranças tradicionais do partido.

Outro fator que impulsiona o bom momento econômico, o Brasil conhece bem: é o boom das commodities.

A Argentina é a terceira maior exportadora de soja, grande exportadora de milho, trigo e carnes. A seca provocou uma quebra de 10% na safra de soja, mas isso foi compensado pela alta dos preços.

Enquanto o país cresce, o governo vai elidindo seus problemas fiscais ou com a inflação ou com decisões como a estatização dos fundos de pensão. Os ricos repetem o que fizeram em outros surtos inflacionários: poupam em dólar em contas no Uruguai ou nas Bahamas.

FABIO GIAMBIAGI - Um ajuste fiscal convencional


Um ajuste fiscal convencional
FABIO GIAMBIAGI
O Globo - 16/08/2011

Divulgados os dados fiscais do primeiro semestre, é uma ocasião propícia para fazer uma análise do ajuste em curso, para avaliar até que ponto ele segue os cânones do que se pretendia implementar por ocasião do anúncio dos cortes em fevereiro ou se, pelo contrário, a realidade está se configurando distinta em relação aos planos oficiais.

Os dados sugerem que a sábia sentença de Churchill, de que "jamais se deve colocar um princípio em pedestal tão alto que não se possa abaixá-lo um pouco para se adaptar às circunstâncias", mais uma vez terá mostrado a sua validade. Recapitulemos o cenário existente no começo do ano: na ocasião, alegava-se que seria necessário um ajustamento fiscal, mas que ele seria diferente dos ajustes praticados em outras ocasiões, por governos associados a uma orientação supostamente mais liberal, uma vez que o investimento não seria cortado.

Havia quatro coisas que causavam certa espécie em tal conjunto de informações. A primeira era o erro de diagnóstico: até as pedras da rua sabem que antes de 1999 não havia ajuste fiscal e os dados da União, no site da STN, no item "Balanço orçamentário", provam que o investimento da União na média dos 4 anos 1999/2002 foi de 0,83% do PIB, contra uma média de 0,74% do PIB nos 4 anos 1995/1998. O mesmo critério, aliás, devido ao colapso do investimento em 2003, mostra que nos primeiros quatro anos do Governo Lula tal variável diminuiu para 0,64% do PIB. Em outras palavras, quem "arrochou" o investimento em relação ao governo anterior foi o Governo Lula I, e não o Governo FHC II.

A segunda causa de perplexidade acerca da racionalidade da retórica pró-ajuste adotada no começo de 2011 era o pano de fundo político. Discursos em defesa de "colocar ordem na casa" são habituais em começo de governo, quando a antiga oposição assume o poder, mas são pouco frequentes na presença de governos de continuidade, como é o caso da administração atual em relação à anterior.

A terceira causa de inadequação lógica na formulação do ajuste era o contexto em que isso se dava. Quadros de ajuste são defensáveis, mesmo se o governo é de continuidade, quando há um fenômeno novo em pauta. Às vezes um governo promete algo e depois se vê em dificuldades para cumprir as promessas, porque o quadro muda. Acontece nas melhores famílias. Nesse caso, basta explicar, pois o cidadão em geral entende que a viabilidade das propostas depende das condições de contexto. Ocorre que o quadro que estávamos vivenciando no começo de 2011 não diferia daquele que era viável imaginar por ocasião da campanha eleitoral de 2010. Cada um pode ter as preferências políticas que quiser, mas precisamos todos respeitar a lógica. Sendo o contexto de 2011, em que se tomaram as medidas, previsível à luz do cenário de dificuldades imaginado por dez entre dez analistas em 2010, de duas uma: ou as promessas de campanha eram viáveis - e nesse caso o ajuste seria desnecessário - ou o ajuste seria necessário, e nesse caso prometeu-se ao eleitorado ano passado um produto que não poderia ser entregue. Diga-se, a bem da verdade, que a mesma crítica cabe também à oposição, com sua proposta de aumentar o salário mínimo para R$600.

A quarta causa de desconforto é em relação ao futuro. O ajuste foi apresentado como uma forma de preservar a saúde fiscal do país para poder acelerar o ritmo de gasto em investimento no futuro. Ora, ou o aumento já contratado do gasto corrente para 2012, devido ao salto do salário mínimo em janeiro do ano que vem, vai fazer do aumento do investimento futuro mais uma promessa inexequível, ou, para que o investimento depois aumente, haverá na virada da esquina uma piora do resultado primário. Nesse caso, porém, o ajuste de 2011 acabaria daqui a cinco meses...

O fato, quando se olha para os números, é que no primeiro semestre as despesas de investimento caíram 5% em termos reais, e as despesas correntes aumentaram 5%, também em termos reais, usando o IPCA como deflator. Não houve corte algum do gasto agregado, que aumentou 4% reais. Estamos diante de um ajuste convencional: mais carga tributária na veia - a receita aumentou 13% reais! - e redução do investimento. Em outros tempos, dir-se-ia, trata-se de um ajuste "nos moldes do FMI"...

MERVAL PEREIRA - Apoio necessário


Apoio necessário
 MERVAL PEREIRA 
O GLOBO - 16/08/11

O movimento comandado pelo senador Pedro Simon, de apoio suprapartidário ao combate à corrupção no governo que a presidente Dilma vem realizando, é sintoma de uma situação política controversa de difícil solução. É inegável que a presidente tem encontrado na opinião pública uma receptividade grande a seus gestos, que parecem levar o governo para um confronto com a política fisiológica que dá sustentação à coalizão governamental.
Nem mesmo o fato de que ela foi beneficiária desse mesmo esquema para se eleger presidente da República parece afetar a credibilidade de sua ação.
Como se a população estivesse disposta a relevar seu conhecimento anterior da situação, e até mesmo sua convivência com esse mesmo esquema corrupto que ora parece rejeitar, desde que ela se disponha a acabar com ele.
Parece ser de entendimento público que a chefe da Casa Civil e depois candidata a presidente não poderia impedir que o ex-presidente Lula tratasse a pão de ló os mesmos políticos, mesmo que tenha sido eleita graças em boa medida à ação deles.
Ao mesmo tempo, e devido à percepção de que ela vem se comportando como uma traidora, a própria base aliada a vem pressionando para que retorne ao leito natural da política pragmática implementada por seu tutor, o ex-presidente Lula.
Foi por essa razão, aliás, que surgiu o movimento de apoio à presidente, para respaldá-la contra o que estaria se caracterizando como uma rebelião interna.
Mas esse apoio político, rejeitado pelo núcleo principal do PMDB e do PT, pode não ser de grande ajuda.
Na sessão de ontem, houve demonstrações das lideranças daqueles dois partidos de que o apoio ao combate à corrupção não é a prioridade deles, ao contrário do que parece ser para a sociedade.
Não é nada paradoxal que a presidente Dilma se fortaleça nas pesquisas de opinião com essa faxina ética, mas se enfraqueça dentro de sua própria base aliada.
Só demonstra a distância cada vez maior entre a sociedade e a classe política, diferença bem captada pelo marqueteiro João Santana, que parece ser o cérebro por trás dessa faxina ministerial.
Como não é uma política capaz de transformar em retórica de palanque essa força que a sociedade lhe dá, a presidente Dilma parece presa a uma armadilha que não tem saída fácil.
Embora tenha uma base política aliada que cobre cerca de 70% do Congresso, a presidente Dilma vem desagradando a seus apoiadores de tal maneira que hoje já não é possível saber a quantas anda sua base aliada real.
Por razões corretas, como a insatisfação com as grosserias presidenciais ou com sua maneira centralizadora de presidir a República, ou pelas piores razões, seus aliados estão hoje com o pé atrás em relação aos seus futuros políticos e não se entusiasmam muito com a perspectiva de ter Dilma como presidente em um segundo mandato.
Isso mal encerrada a metade do primeiro ano do primeiro mandato, o que é um péssimo sinal do que teremos pela frente.
Não chego a achar que ela virá a ter problemas para terminar seu mandato, como o ex-ministro José Dirceu andou comentando em rodas brasilienses - e depois desmentiu, como é próprio dos boquirrotos apanhados em indiscrições -, mas que terá dificuldades políticas no Congresso, isso terá.
Para a parte da base aliada que ainda faz política, a centralização das decisões não apenas retira poder de seus subordinados diretos, que não podem decidir com autonomia, como emperra a máquina pública.
Também a grosseria no trato pessoal ergue um muro que separa a presidente de seus assessores, tornando problemática a convivência no Palácio do Planalto.
Mas o mais grave, e nesse caso é preciso que a presidente tenha o apoio que ontem alguns senadores lhe ofereceram, é a reação contra a ação de limpeza que vem sendo feita, que fica assim limitada pelos interesses políticos que lhe tolhem os movimentos quando a faxina chega às portas do PMDB e do PT.
No caso do Ministério do Turismo, essa reação ganhou contornos de legalidade com a ação atrabiliária da Polícia Federal e, sobretudo, com o vazamento das fotos feitas pela Polícia Civil de Macapá.
Além de não haver razão para que os presos fossem fotografados sem camisa, as fotos foram tornadas públicas, numa ação de desmoralização que afronta os direitos individuais mesmo do maior ladrão.
Esses excessos só beneficiaram os presos, pois o foco da discussão passou a ser os abusos cometidos contra eles, e não os crimes de que são acusados.
Quando a presidente Dilma, com toda a razão, diz que a divulgação das fotos é "inaceitável", ela parece para setores mais radicais estar defendendo os acusados, quando na verdade está defendendo o estado de direito.
"Tenho o dever de afirmar que farei tudo que estiver ao meu alcance para coibir abusos, excessos e afrontas à dignidade de qualquer cidadão que venha a ser investigado. O meu governo quer uma Justiça eficaz, célere, mas sóbria e democrática, senhora da razão e incontestável nas suas atitudes e providências", ressaltou a presidente Dilma em uma declaração pública ontem que define bem sua posição.
Mas a inobservância desses princípios não pode ser pretexto para que as investigações não prossigam.

DORA KRAMER - Inversão de valor

Inversão de valor
 DORA KRAMER
O ESTADÃO - 16/08/11

A presidente Dilma Rousseff ficou “irritada” com a ação da Polícia Federal no Ministério do Turismo. “Furiosa”, chamou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, aos costumes e ele, por sua vez, “enquadrou” os subordinados da PF pela ocorrência de “exageros” na prisão de 36 suspeitos de corrupção na pasta.

A presidente teria ficado inconformada por não ter sido informada da operação e, desse modo, impossibilitada de evitar uma crise política na base aliada. Mais especificamente no PT e no PMDB, partidos aos quais era filiada parte dos envolvidos. Tipo da história mal contada para apaziguar insatisfeitos.

Se avisada com antecedência, a presidente faria o quê? Cancelaria a operação? Dentro da legalidade, impossível, uma vez que as prisões são e foram feitas por determinação da Justiça. Daria um alerta geral? Seria cúmplice na eventual fuga de um ou outro suspeito, acusada de obstrução da Justiça. Conversaria com os padrinhos de cada um, para tranquilizá-los? De nada adiantaria, pois as prisões seriam feitas do mesmo jeito. Note-se: por determinação da Justiça, não por capricho da Polícia Federal.

Ah, há o modo deselegante, o uso de algemas, a exposição das fotos dos suspeitos, a truculência, a agressão aos direitos individuais. Há tudo isso, mas nada disso no momento, nem o modus operandi da Polícia Federal, é mais grave que as descobertas que têm sido feitas sobre o atrevido modus vivendi dos aproveitadores das funções públicas. Ou, para dizer de forma menos polida mesmo correndo o risco de agredir a sensibilidades repentinamente à flor da pele, dos corruptos.

Numa absoluta (e absurda) inversão de valores, as reações à ação da PF em cumprimento a decisão judicial ganharam mais destaque nos últimos dias que os atos cometidos em altos gabinetes dos Ministérios dos Transportes, da Agricultura e do Turismo. Ficaram em segundo plano o superfaturamento, o pagamento de propinas, o tráfico de influência, o empreguismo, o nepotismo, o acobertamento, o favorecimento e malversações do gênero que grassam em repartições públicas federais como parte da rotina.

O lobista que transitava à vontade nas dependências do Ministério da Agricultura sob os auspícios de ninguém menos que o braço direito do ministro não é muito diferente do funcionário sem cargo formal e com acesso franqueado ao Ministério dos Transportes, que atuava sob o patrocínio do diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). No Turismo, era o vice-ministro em pessoa quem orientava a montagem de empresas de fachada para receber verbas públicas.

Há uma sistemática e há uma rede de ligações pessoais, partidárias e profissionais que precisa com urgência começar a ser desmontada. Esse é o ponto, é o foco do qual se pretende desviar a atenção geral sob a chancela da defesa do Estado de Direito.

Foi o tema de manifestação da presidente Dilma ontem, quando o primordial seria que comentasse as acusações de que o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, permitiu o uso eleitoral dos estoques da Conab, quando presidente da estatal, acobertou fraude em licitação na Agricultura e patrocinou pagamento irregular de dívida na presidência da Companhia Docas de São Paulo.

Todos os cargos ocupados por indicação do vice-presidente Michel Temer, seu amigo há 50 anos e recentemente locutor oficial de ato de desagravo a Rossi.

Tempo ao tempo
Em princípio, José Serra não será candidato à Prefeitura de São Paulo, preferindo se preservar para tentar a Presidência da República outra vez em 2014. Até porque pesquisas de opinião mostram que o eleitor paulistano não receberia bem uma candidatura a prefeito já previamente marcada pela possibilidade de renúncia (mais uma vez) no segundo ano de mandato. Serra sabe que se fosse eleito prefeito estaria irremediavelmente preso ao cargo até o fim. Entre os que têm mais chance de obter a legenda do PSDB, o candidato preferido por ele é o senador Aloysio Nunes Ferreira.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Um por todos
SONIA RACY
O ESTADÃO - 16/08/11

Está programado. Dilma anuncia a unificação de programas federais e estaduais, de combate à miséria, em um só cartão.

O fará em São Paulo, quinta-feira, ao assinar o Brasil Sem Miséria, pacto sudeste, com Alckmin, Sérgio Cabral e Renato Casagrande.

A presidente almoça, depois, no Bandeirantes.

Sampa

No mesmo evento, Alckmin pretende revelar programa conjunto de complemento de renda, que pode chegar a R$ 70.

Para tanto, seu secretário Rodrigo Garcia estava ontem em Brasília... costurando.

Mico-leão

O Ibama de São Paulo vive problemas internos com servidores terceirizados. Parte dos contratados pela Esuta, empresa de Fortaleza, está há oito meses recebendo salários com atraso. Benefícios como vale-transporte e depósito de FGTS também têm sido pagos fora do prazo.

Mico-leão 2

O Ibama informa: abriu processo administrativo para apurar o caso.

Tipo exportação

Cléo Pires e Bruno Mazzeo viajam para Miami no fim do mês. Vão apresentar Qualquer Gato Vira-Lata e Cilada.com no Brazilian Film Festival.

Se a moda pega...

Parceira dos "quatro grandes" do Rio, a Brahma criou um novo modelo de negócio. Está bancando, sem intermediários, os projetos de infraestrutura de Flamengo, Botafogo, Fluminense e Vasco.

Nem um só centavo passa pelos cofres dos clubes.

Passando o chapéu

O baile de gala da BrazilFoundation, dia 19 de setembro, em Nova York, está sold out. Montado para acontecer na Biblioteca Pública, tem como missão arrecadar recursos nos EUA para projetos sociais no Brasil. Serão quatro, os homenageados: Bernardo Paz, do Instituto Inhotim, Luciano Huck, do Instituto Criar, Renata Nascimento, da Comunitas, e Carlos Saldanha, diretor do longa Rio.

Andrea Dellal, chairman do evento deste ano, está na Big Apple cuidando dos preparativos da festa. Ao lado de Nizan Guanaes, co-chairman.

Casa nova

Solange Vieira fugiu do caos aéreo para entrar na crise econômica. A ex-Anac está no Itaú-BBA.

Mãos dadas

Jorge Gerdau, do Movimento Brasil Competitivo, assina hoje memorando com o BID.

Intuito? Promover fortalecimento da gestão no setor público.

Pêndulo

Pelo que se apurou, aliás, Gerdau está mais perto de colocar seu pé dentro da Usiminas.

E Benjamin Steinbruch, que também deseja comprar uma fatia da empresa, mais longe.

Ouvido engajado

O movimento Viva Vitão, organizado por amigos de Vitor Gurman, chegou aos palcos. Depois de apoio de times de futebol, ganhou o do grupo Monobloco.

No show de sábado, integrantes da bateria vestiam camisetas com o slogan "Não espere perder um amigo para mudar de atitude".

Upgrade

Thomas Kelly, cônsul americano, deixa São Paulo. Assume, em Washington, o posto de secretário adjunto para assuntos políticos militares. "Se tiver sorte, meu trabalho me trará de volta", destaca Kelly que, na condição de californiano, se sente em casa por aqui. "Os brasileiros são calorosos, pessoas acolhedoras e abertas. E muito otimistas. Todo mundo com quem converso acredita que seus filhos terão uma vida melhor que seus pais."

Lembra que a Amcham em SP é a maior câmara de comércio americana fora dos Estados Unidos e que nada menos que 350 empresas da Fortune 500 têm operações no Brasil. Além disso, o consulado paulista emite mais vistos do que qualquer outro no mundo. Substituto? Só no ano que vem. Kelly sai dia 27.

O que o senhor deixa para seu sucessor?

O distrito coberto pelo consulado abrange cinco estados, com 72 milhões de habitantes. Meu sucessor continuará o trabalho de construir pontes de entendimento e melhorar ainda mais o processo de vistos, ajudar a aumentar o interesse e o número de pessoas que desejam estudar nos EUA e vice-versa.

Qual o volume de vistos emitidos pelo consulado?

Em 2010, foram cerca de 320 mil somente em São Paulo. Mais do que qualquer outro posto diplomático dos EUA no mundo. E este ano promete: até julho, foram 228.514 vistos. Aumento de 32%. Estamos atendendo 2.300 solicitações por dia. Até o fim do ano imagino quase 500 mil.

Entre a chegada e a partida, que transformações percebeu? Assistimos à eleição histórica da primeira mulher presidente do Brasil e recebemos, além de vários funcionários do alto escalão, o presidente Obama no início da crise na Líbia. Ele não cancelou sua visita pela importância do Brasil. E é significativo o presidente ter escolhido vir para cá antes de a presidente visitar os EUA.

O que os Estados Unidos esperam do Brasil?

Consideram o País como um ator global, não apenas emergente, mas que já emergiu. Nosso relacionamento tem dimensão bilateral, mas o aspecto mais importante diz respeito à forma como trabalhamos em conjunto para resolver problemas do mundo. Vocês são, talvez, o primeiro país de dimensões continentais a se inserir no contexto global apenas com o uso do soft power - ideais, valores e diálogo.

A presença das empresas americanas está aumentando?

Definitivamente. A sensação é que converso, a cada semana, com um novo CEO americano interessado em investir aqui. Empresas de pequeno e médio porte, inclusive.

EDITORIAL - FOLHA DE SÃO PAULO - A imagem de Dilma

A imagem de Dilma
EDITORIAL
FOLHA DE SP - 16/08/11
Presidente colhe dividendos de popularidade com "faxina" na Esplanada, mas sua gestão mal começou a enfrentar os grandes problemas do país

A popularidade de Dilma Rousseff permanece alta, como verificaram pesquisas de opinião tanto do Datafolha quanto do Ibope: 48% de avaliações "ótimo" e "bom" para seu governo.
Os questionários, aplicados no final de julho e começo de agosto, não captaram o efeito da deterioração das expectativas econômicas com a corrida às Bolsas e o novo escândalo, envolvendo agora o Ministério do Turismo. Mas é pouco provável que esses eventos da semana passada pudessem prejudicar a imagem da presidente.
O vendaval que varreu os mercados financeiros do mundo, embora tenha sacudido também a Bovespa, por ora afeta pouco a economia nacional. A estimativa de crescimento do PIB para este ano pode ser revista de 4% para 3,5%, mas não há explosão inflacionária nem alta de desemprego à vista. Ao contrário: avalia-se que o repique da crise de 2008 oferece boa oportunidade para o Brasil começar a reduzir a taxa de juros.
A percepção do público é de um país em bonança, ainda que o poder aquisitivo tenha sofrido alguma perda com a alta de preços de serviços e de alimentos. E Dilma vai firmando a imagem -um tanto superfaturada- de governante disposta a combater a corrupção.
Como seu governo também é visto como continuidade da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, na visão de muitos ela estaria saindo melhor que a encomenda: um Lula sem mensalão, por assim dizer.
Chama a atenção que Dilma detenha avaliação popular tão positiva ao terminar seu primeiro semestre de governo (Fernando Henrique Cardoso e Lula, nessa altura dos seus, ficaram na faixa de 40% a 43%). Para ser rigoroso, sua administração ainda não começou. Nenhum grande plano seu viu a luz do dia, com exceção de pacotes publicitários como o Brasil sem Miséria.
Os futuros índices de popularidade de Dilma resultarão menos de sua imagem presente ou de suas iniciativas erráticas e mais dos atos de governo real que será obrigada a praticar. Ontem, a presidente vetou na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2012 um artigo que reservava verba para reajustar acima da inflação os proventos de aposentados do INSS. Por elogiável que seja tal disciplina fiscal, decerto não contribuirá para torná-la mais popular.
Mais decisões como essa terão de ser tomadas, nos meses vindouros. O arrefecimento da dinâmica econômica trará erosão paulatina da sensação de bem-estar.
Se os escândalos e denúncias de corrupção prosseguirem, cedo ou tarde afetarão o prestígio do governo. Para o público, ficará evidente que a "faxina" está aquém da sujeira acumulada em décadas de desmandos. Para a classe política incrustada no Congresso, Dilma verá agravada a fama adquirida de parceira iracunda e refratária a compromissos.
Até aqui, a presidente favoreceu a opinião pública em detrimento da base parlamentar. Se a primeira lhe faltar, terá de seguir o conselho de Lula e ceder à segunda.

MARCIA PELTIER - Pacto


Pacto 
MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 16/08/11

O governador Sérgio Cabral estará presente ao encontro, esta quinta-feira, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, da presidente Dilma com os governadores da região Sudeste. Cabral, Geraldo Alckmin, Antônio Anastasia e Renato Casagrande vão se comprometer a apoiar o governo no programa Brasil sem Miséria.

'Bond girl' na blitz

Quem passar no teste da Lei Seca, amanhã, dependendo do local da cidade onde estiver, poderá receber das mãos da Bond girl Michelle Yeoh – de 007 O amanhã nunca morre - um adesivo da campanha. É que a atriz oriental, natural da Malásia, é hoje embaixatriz da ONU de todas as campanhas de prevenção de acidentes de trânsito no mundo. Mas a bela não estará sozinha: ao seu lado, o marido, Jean Todt, presidente da FIA, Federação Internacional de Automobilismo.

Condecorada

Michelle participa durante o dia, no Intercontinental, do movimento Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2010. A atriz também trabalhou nos filmes O Tigre e o dragão, Memórias de uma gueixa e A Múmia: tumba do imperador dragão. Ela possui a comenda da Legião de Honra e o título de datin concedido pelo seu país, que equivale ao de dame na nobreza britânica.

Família empreendedora

O casal Salomão e Riva Crosman e seus filhos Bruno e Paulo estão apostando firme na expansão do setor de decoração no Rio. Eles abrem, hoje, a quarta loja Novo Ambiente e a primeira flagship carioca da italiana Kartell, famosa por seus móveis de policarbonato transparentes e coloridos assinados por designers como Philippe Starck, Patricia Urquiola e Piero Lissoni. Ligando uma loja a outra, da Redentor à Joana Angélica, haverá um tapete vermelho. A tarde terá comidinhas de Monique Benoliel e trilha do DJ Henrique Piraí.

Dupla

Michel Temer, que virá ao Rio quinta-feira para receber o título de doutor honoris causa da Academia Brasileira de Filosofia, virá acompanhado do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia. É que na ocasião será assinado um termo de cooperação técnica com a comissão de meio ambiente da Câmara para a criação do Centro de Altos Estudos em Sustentabilidade da academia.

Entre os conterrâneos

O acadêmico Carlos Nejar, orador da cerimônia, será, por sua vez, homenageado dia 30. Em sua terra natal, o Rio Grande do Sul, receberá o prêmio Personalidade do Ano RBS, na Expointer.

Supertenda

A 3ª edição do Salão Estadual de Turismo, que acontece em outubro nas areias da Praia de Copacabana, será dedicada à Região Serrana. A intenção é mostrar que 90% dos hotéis e instituições culturais de Petrópolis, Teresópolis e Friburgo já se refizeram dos estragos da chuva de janeiro. Pela primeira vez todos os 92 municípios do estado vão participar com estandes, abrigados por uma tenda de 4 mil m².

Malas prontas

A procura por pacotes para o Ano Novo, a pouco mais de quatro meses para o final do ano, está animando as agências de turismo. Segundo a Marsans Brasil, a demanda já é 35% maior do que no mesmo período do ano passado. A busca por roteiros domésticos e internacionais, aliás, vem crescendo desde o início de 2011, o que levou a empresa a colocar em prática um plano de expansão por franquias. Com uma rede própria de 36 lojas no Rio e em São Paulo, pretende chegar em 2014 com 200 unidades franqueadas.

Laser de fogo

A 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio condenou o Centro de Cirurgia Plástica e Reabilitação (CCPR) a pagar R$ 15 mil de indenização para Vanessa de Souza, que sofreu queimadura durante sessão de depilação a laser. A vítima contou, ainda, que teve febre e que as manchas demoraram dois anos para desaparecerem do seu corpo.

Livre Acesso

O colunista Gilberto Amaral festejou, ontem, os 52 anos de casamento com Mara com missa para a família na residência de Brasília, que tem altar para Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. JK foi um dos padrinhos do casamento.

O chef francês Cyril Bosviel, do hotel Le Royal Lyon Bellecour e professor do L’Institute Paul Bocuse, regerá um jantar, quinta-feira, no Blason, ao lado de Pierre Landry, chef da casa, dentro do projeto Les Grands Chefs.

O cantor e ator Igor Cotrim faz show com seu grupo Beep-Polares amanhã, na Nuth Barra.

Até o fim deste mês, o Sheraton Barra vai receber doações de edredom e cobertor novos em prol da ONG Ressurgir.

A TIM e a Warner Bros. Pictures fecharam parceria para premiar novos clientes da operadora. Hoje, 250 receberão ingressos para a pré-estreia em 3D de Lanterna Verde, no UCI New York City Center.

A marca carioca de moda Azul Mamão doou 70 kg de tecido para o Banco da Providência. Com a ajuda de costureiras voluntárias, parte do material será transformado em roupas para recém-nascidos da maternidade-escola da UFRJ. Outra parte seguirá para as Agências de Família do Banco da Providência.

Começa hoje, no Rio, o encontro nacional dos Comitês do Proler, o Programa Nacional de Leitura. Espalhados por 70 regiões do país e vinculado à Biblioteca Nacional, o Proler atende 400 municípios brasileiros.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito

LOURDES SOLA - O desafio americano: reinterpretando Churchill


O desafio americano: reinterpretando Churchill
LOURDES SOLA
O Estado de S.Paulo - 16/08/11

Momentos de grande significação política e cultural tendem a ser apreciados apenas em retrospecto. Já na economia ocorre o contrário: a prospecção do futuro pelos agentes de mercado assombra o presente e afeta as decisões econômicas e políticas futuras. Como avaliar, então, a conjunção de episódios extremos e sem precedentes como o rebaixamento dos títulos da dívida soberana dos Estados Unidos pela Standard and Poor"s e o impasse entre democratas e republicanos no Congresso americano? Ambos os episódios indicam que o timing e a percepção do que seja "risco político", esta dominante entre os agentes de mercado, prevaleceram sobre os dos demais atores envolvidos, políticos eleitos e o eleitor mediano.

Não é de surpreender, portanto, que o novo ciclo de crises na zona do euro tenha dado impulso a um quase consenso entre os analistas: a ênfase no déficit de liderança nos EUA e na Europa. Na mídia especializada, uma das capas da revista britânica The Economist diz tudo: Angela Merkel e Barack Obama são travestidos em quimono, por analogia com o declínio econômico do Japão. (Uma imagem de mau gosto, nas circunstâncias pós-terremoto-tsunami-radiação.) Há hoje duas variações desse mantra. Por um lado, os clamores contra a classe política americana, por um tipo de brinkmanship indiferente aos interesses do país e ao alcance sistêmico de suas decisões; por outro, mais cá do que lá, o reducionismo econômico leva à idealização das capacidades do governo da China - cujo sistema político e econômico é o mais opaco dos integrantes do G-20.

Essas análises padecem de uma dupla limitação: a qualidade da liderança é pensada em termos abstratos e também carecem de uma perspectiva temporal a partir da qual os episódios individuais são mais inteligíveis. Liderança importa, por isso vale a pena listar algumas questões que ajudam a ressituar o seu papel em Washington, em termos da arte do possível. Lembrando, antes, que essa arte se faz mais complexa em democracias, porque mais midiatizada por valores, por instituições que garantem pluralismo e concorrência política - e pela mídia. Seus resultados são inevitavelmente mais lentos. É assim que contextualizo o juízo fleumático de Winston Churchill motivado pela demora dos EUA em entrar na 2.ª Guerra: "Os americanos fazem a coisa certa depois de esgotar todas as outras possibilidades".

O primeiro passo é ter claro o que mudou desde 2008. Foi a natureza da crise que, de financeira e centrada no choque de descrédito de instituições privadas (e das agências de rating), passou a ter forte dimensão fiscal. Hoje é crise de governos. Isso obriga a uma redefinição das capacidades do Estado. Mas recapacitar o Estado em contexto democrático é um processo lento, que não se esgota na reestruturação do seu sistema de gastos e de financiamento. Envolve também uma mudança no padrão de relações com a sociedade e, no caso dos EUA, se faz num quadro doméstico de relativo equilíbrio entre os Poderes. Recapacitar o Estado nessas condições (deixo de lado seu papel internacional) é politicamente viável sob duas condições facilitadoras: que haja Estado e que seja possível às lideranças políticas criar um horizonte temporal de crescimento para um eleitorado polarizado. A primeira condição está presente nos EUA, mas não na União Europeia, que não é um Estado, mas uma construção política inacabada. Suas lideranças se confrontam com o desafio de empreender mais um ciclo de delegação de soberanias, agora fiscal, com a anuência dos respectivos eleitorados. O que está em questão aqui é a legitimação de um futuro Estado federado.

Será possível criar um horizonte temporal de crescimento para o eleitorado americano? A resposta requer que se situem algumas das mudanças que explicam a polarização do quadro político.

Pesquisas do Pew Center indicam a escala das transformações da sociedade americana a partir de meados dos anos 1980. Uma proporção crescente de americanos percebe sua sociedade como dividida em termos econômicos - entre "os que têm" e os "que não tem" -, incluindo-se na segunda categoria. Os dados sobre concentração de renda confirmam a percepção, mas seu caráter inédito deve ser analisado à luz das características distintivas da sociedade americana até então. Uma sociedade que nasceu ancorada em valores igualitários (entre os brancos), pautada pela rejeição de quaisquer indícios de divisão social em bases econômicas, porque avessa à "guerra de classes"; e um sistema de valores que reduz o fracasso e o sucesso a uma questão de responsabilidade individual.

O economista Raghuran Rajan (Valor, 5-7/8) aponta a causa dessa transformação: o hiato entre as exigências crescentes do mercado de trabalho nos últimos 20 anos em termos de capacitação profissional e as respostas precárias do sistema educacional. Importa que esse hiato tenha passado despercebido pelas classes médias e pelos políticos enquanto foi possível sustentar altos níveis de consumo com créditos ancorados na casa própria. Até o estouro da bolha imobiliária ficaram abaixo do radar de ambos os atores dois desdobramentos irreversíveis: o declínio da velha economia de empregos de baixa capacitação e bons salários e sua contrapartida, a emergência de "ricos" que são "trabalhadores ricos", não ociosos. Em tempos de vacas magras, estes são susceptíveis ao mantra republicano contra qualquer aumento de imposto: seu sucesso é questão individual.

Dos "have nots" não se pode esperar que entendam intuitivamente mais do que a perda de seu status, por morte súbita. A tarefa de explicar, criando um horizonte de crescimento e de reintegração ao sistema, cabe aos políticos. Já, porque "dar dinheiro aos banqueiros" é mais fácil de explicar em democracia, por ser esse um sistema com potencial autocorretivo, garantida a alternância no poder, os críticos aprendem.