sexta-feira, agosto 05, 2011

BARBARA GANCIA - Eu digo: "Go, go, go!"

Eu digo: "Go, go, go!"
BARBARA GANCIA 
FOLHA DE SP - 05/08/11

Imagine o bafafá que os frequentadores do pub de Camden não faziam ao redor da autora de "Rehab"?


TODO MUNDO já falou a sua, agora chegou a vez desta Darlene Glória do Itaim dar seu pitaco sobre a morte da Amy.

Bem, um favorzão sabemos que ela nos prestou: expôs a ignorância de críticos tapuias sobre a dependência de drogas. Todos querem ser Cameron Crowe, mas ninguém conhece o básico sobre o problema que ora mata (Syd Barrett, Keith Moon, John Bonham), ora conserva misteriosamente (Richards, Wood, Osbourne, Brian Wilson) os ídolos da juventude. Também vimos no episódio da perda de Amy que psicólogos e psiquiatras talvez não sejam os profissionais mais indicados para estar no front de batalha contra a doença.

É disto que estamos falando. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), alcoolismo e dependência química são do-en-ça, não fraqueza de caráter ou consequência de um trauma de infância.
Da mesma forma que você não julgaria um diabético por comer um doce, não há juízo moral a ser feito sobre a tragédia. Muito admira ainda estarmos nesse estágio da conversa, como se a parada que Amy enfrentou tivesse sido um clássico do futebol, em que metade da torcida se coloca a favor e a outra contra.

Não vamos nem comentar a canalhice do "Pânico". Tomara que nunca mais os deixem voltar ao Reino Unido e que recebam um carimbo no passaporte dizendo: "Visto recusado por conduta desumana".
Amy Winehouse não morreu jovem -e de causa 100% contornável- por ter sofrido maus-tratos na infância, carência afetiva, dor de corno ou por "não ter suportado o peso da fama", como li em algum lugar. Geralmente, o peso da fama é dulcíssimo, dor de corno passa logo, maus-tratos todos sofremos, a infância, com raras exceções, é um horror e Amy, acabei constatando no YouTube depois de sua morte, era uma florzinha, brincalhona, imatura, inocente, de bem com a vida, não parecia ter grandes problemas existenciais.

Morreu exclusivamente por conta de uma doença incurável, progressiva e mortal que acomete entre 5% a 12% (dependendo do estudo) dos bebedores adultos.

Tomava todas porque achava graça, não para curar dores ou preencher vazios. Bebia e se drogava porque, no início do processo, o barato é "bão" e casa beníssimo com gente gregária.

O problema é que você vai mudando a maneira de beber e de ingerir drogas, chega uma hora que quanto mais melhor, de preferência até apagar no sofá, na cama ou no banheiro da rodoviária.

Existem gradações na dependência, mas dava para perceber que a de Amy era barra pesada. Estava na cara que ela tinha começado cedo. Leva mais de cinco anos para o processo se instalar no metabolismo, menos para as mulheres.

E, hoje sabemos que, quanto mais cedo a pessoa começa a beber ou a tomar drogas, mais profunda e irreversível será sua degeneração.

Uma vez dependente, sempre dependente. Mas é importante saber que é possível mudar hábitos, pessoas e lugares e voltar a ter uma vida tão produtiva quanto encantadora.
Certa vez, Rita Lee contou-me que para ela constitui um problema ir a festas. Para agradá-la, porque ela é a Rita Lee, o pessoal vem e coloca "presentinhos" em seu bolso sem que ela peça ou mesmo se dê conta.

Me pergunto que tipo de bafafá os frequentadores dos pubs de Camden não deviam fazer em torno da presença fácil de quem escreveu o hit "Rehab".

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO - Em nome do chefe


Em nome do chefe
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 05/08/2011

Em reunião com dirigentes petistas no último fim de semana, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, na aparente tentativa de tranquilizar os aliados que andam com a pulga atrás da orelha por causa da faxina no Ministério dos Transportes, garantiu que o governo não tem a intenção de promover uma "caça às bruxas", mas, sim, "um clima de ir para cima, de cobrar sempre que houver algum tipo de erro". Traduzindo: se a mídia apresenta denúncias consistentes o governo não pode deixar de tomar providências para coibir a corrupção, a ladroagem, ou melhor, para corrigir "algum tipo de erro" e dar uma satisfação à opinião pública.

O erro, como se vê, não é cometer delitos, mas deixar-se apanhar com a boca na botija. Uma vez que Gilbertinho, como é carinhosamente chamado pela companheirada, é o seu mais fiel escudeiro e permaneceu no Palácio do Planalto exatamente para o leva e traz que interessa ao chefão, conclui-se que suas declarações traduzem exatamente o que o ex-presidente pensa a respeito dos escândalos de corrupção que têm abalado os primeiros meses do governo Dilma Rousseff. Nenhuma novidade para quem conhece a história do mensalão.

A grande novidade é a crescente visibilidade de Gilberto Carvalho, depois de oito anos de discretíssima atuação, dentro do palácio, como secretário do então presidente. Sua ligação a Lula é tão estreita e íntima, que seria natural imaginar que ele permaneceria fisicamente perto do chefe qualquer que fosse o destino deste depois de dois mandatos. Mas Gilbertinho permaneceu no Palácio, instalado em sala próxima à da nova presidente, onde tem cumprido, cada vez com maior desenvoltura, o papel de olhos, ouvidos e voz daquele que deixou de ser, mas, de fato, continua se comportando como o supremo mandachuva. Na verdade, Gilberto Carvalho foi imposto a Dilma pelo patrono de ambos, no quadro do compreensível esquema que orientou a montagem da primeira equipe de seu governo. Ou seja, a sucessora aceitaria, por dever de lealdade, algumas "sugestões" do retirante.

Como resultado desse peculiar arranjo, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República sente-se à vontade para manifestar opiniões que, claramente, se opõem ao que pensa aquela que oficialmente é sua chefe. Essa é uma evidência que se vem deliberadamente revelando nos contatos informais do ministro-secretário com repórteres que cobrem o Palácio do Planalto e com outros jornalistas que têm acesso a seu gabinete. E cada vez menos os recados de Gilberto Carvalho são protegidos pelo off the record. Dias atrás, quando Dilma já havia deixado claro que pretendia afastar todos os envolvidos nas denúncias de corrupção nos Transportes, inclusive o diretor-geral do Dnit, Gilberto Carvalho manifestou de forma igualmente clara aos jornalistas a convicção de que pelo menos a demissão do notório Luiz Antonio Pagot deveria ser empurrada com a barriga até que o indigitado retornasse das férias que havia solicitado exatamente para se colocar temporariamente a salvo de punição. Dilma não cedeu à pressão e Pagot, que havia ameaçado sair atirando se sua demissão fosse confirmada, acabou regressando mais cedo das férias e pedindo ele próprio para sair - pelo menos por enquanto, com a arma no coldre.

Essa desenvoltura sem precedentes de Gilberto Carvalho se manifesta também em questões relativas ao PT. Repetindo em alto e bom som o que seu chefe tem defendido no partido - com a clara intenção de ficar livre para indicar nomes de sua preferência, como Fernando Haddad em São Paulo - o secretário-geral da Presidência condenou publicamente a realização de prévias para a escolha dos candidatos petistas à sucessão municipal do próximo ano. Com o contraditório argumento de que o partido não pode "pôr os projetos pessoais acima dos coletivos", garantiu que a realização de prévias seria, agora, "um desastre" para o PT.

O comportamento, em assuntos do governo, do colaborador que teve de aceitar certamente não deixa a presidente satisfeita. Mas ela sabe que esse é um sapo que precisa engolir.

GILLES LAPOUGE - Exportação de desgraças


Exportação de desgraças
GILLES LAPOUGE
O Estado de S. Paulo - 05/08/2011

No início do mês de agosto o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, sairia de férias de verão. Tranquilo. Feliz. Mas no dia 1.º de agosto ele entendeu bruscamente que a economia espanhola não se comportava muito bem.

Aliás, andava tão mal que Zapatero, não sem heroísmo, adiou suas férias e permaneceu em Madri para evitar uma falência do país. Aproveitou para anunciar que as eleições gerais previstas para março de 2012 seriam antecipadas para 20 de novembro.

Quase no mesmo momento, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, descobriu também, e horrorizado, que em 15 dias o custo dos empréstimos com prazo de 10 anos pela Itália subiu 6% (o dobro da taxa de juros paga pela Alemanha). E Berlusconi concluiu que as coisas também não andavam muito bem. E teve uma ideia. Fez um discurso no Parlamento.

A leviandade dos dois dirigentes é extraordinária (poderíamos dizer o mesmo no caso de outros dirigentes europeus e, especialmente, os lunáticos funcionários da União Europeia em Bruxelas).

Essas pessoas são cegas e surdas. Há dois meses, os jornalistas vêm anunciando que a crise do euro, depois de massacrar a Grécia, estava em busca de outras presas - Portugal e Irlanda, mas também Espanha e Itália.

Todo mundo já sabia disso, exceto Berlusconi e Zapatero. É verdade que estes dois infelizes trabalham demais. Sem dúvida não têm tempo para ler os jornais, informando há várias semanas sobre a bomba caindo sobre suas cabeças.

No entanto, bastava examinar os números para saber que o vendaval já chegara por ali. A Itália, um país engenhoso, tem uma dívida de 2 trilhões, que representa 120% do seu Produto Interno Bruto (PIB). Como sair desse profundo buraco? Sobretudo quando o crescimento, como em todo o resto da Europa, salvo a Alemanha, continua muito débil - a previsão para 2011 é de 0,8%.

O fato de a Itália não ser a única economia numa situação tão frágil não é uma circunstância que vai atenuar o seu drama, mas sim agravá-lo.

Se a Itália, ou a Espanha, ou a França ou a Irlanda estão sem fôlego é porque, entre outras razões, o motor da exportação arrefeceu, na medida em que todos os países estão condenados a uma desaceleração e austeridade. Como vender produtos para países que não têm mais recursos?

Isso nos leva a refletir como a globalização é uma faca de dois gumes, "a pior e a melhor coisa do mundo". Em períodos de "vacas magras", a felicidade de uns multiplica a infelicidade de outros. Para quem os italianos poderão vender as maravilhas da sua indústria? Para a Grécia, que está arruinada? Para a Espanha, que está de "língua de fora"? Para a França, que está estagnada? Ou a Irlanda, com 20% de desemprego?

Talvez para os Estados Unidos, país enorme, rico. Sim, mas, sem chance. Os Estados Unidos também estão extenuados. No primeiro trimestre, o país cresceu 1,9%. Não foi um grande avanço, mas gerou otimismo. Na realidade, o crescimento foi, ao ritmo anual, de 0,4%. A previsão para o segundo trimestre é de 1,3%, mas há razões para duvidar, se levarmos em conta os recentes indicadores: emprego em queda, encomendas reduzidas para a indústria, despesas das famílias estagnadas.

No caso da Europa, o horizonte se torna cada vez mais sombrio.

Ora, se a Itália ou a Espanha caírem na rede dos especuladores, como essas grandes economias poderão ser socorridas, se o salvamento da pequena e pobre Grécia já esgotou os recursos disponíveis da União Europeia? E o euro continua a encarecer, o que é mais um castigo para a Europa. Os próximos meses serão duros.

Com tudo isso, seria saudável aproveitar o ciclone para refletir sobre o conceito e a realidade da globalização. Ela foi concebida para aumentar o fluxo de riquezas entre as bolsas, os mercados e o comércio do mundo inteiro.

Ora, descobrimos hoje (o que já foi descoberto há muito tempo por todo mundo, salvo os políticos, economistas e analistas financeiros) que a globalização, quando se aplica a países extenuados, em vez de aumentar o fluxo de riqueza entre eles, provoca exatamente o contrário. A exportação de riquezas é substituída pela exportação de desgraças.

TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

EDSON ROGATTI - A delicada situação das Santas Casas


A delicada situação das Santas Casas
EDSON ROGATTI
O ESTADÃO - 05/08/11

Com a iminência, esperamos todos, da votação da regulamentação da Emenda Constitucional (EC) 29 pelo Congresso, é oportuno analisar a situação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, que formam uma rede fundamental para a sustentação do Sistema Único de Saúde (SUS).

O setor filantrópico de saúde é composto por quase 4 mil unidades no Brasil. Todas elas, no momento, enfrentam dificuldades financeiras provocadas pela parcela de sua operação destinada ao atendimento público, que em média é de mais de 80% da capacidade total.

Os hospitais têm um déficit anual de R$ 4 bilhões no atendimento ao SUS. Em 2010, empregaram R$ 12 bilhões na assistência gratuita e receberam R$ 7,9 bilhões do governo. A sobrevivência só tem sido possível pela mitigação do prejuízo com receitas particulares, que em muitos casos vêm da própria população, em forma de doações.

O centro do problema é a defasagem da tabela de procedimentos do SUS. Esse documento determina quanto o governo deve pagar por cada intervenção realizada nos pacientes da rede pública. Nele está estabelecido, por exemplo, que o hospital receba R$ 450 por um parto. Mas o custo real é de R$ 900.

Essa subavaliação ocorre em todos os itens da tabela. No geral, o déficit é de 40%, ou seja, para cada R$ 100 gastos, os hospitais recebem R$ 60. E isso ocorre há anos.

As Santas Casas e Hospitais Beneficentes são responsáveis por 1/3 do sistema de saúde do País. Todos os anos realizam 185 milhões de atendimentos ambulatoriais gratuitos. No Estado de São Paulo, respondem por 33 mil dos 65 mil leitos existentes. Também é importante lembrar que 70% das unidades estão localizadas em municípios com até 30 mil habitantes, onde, em grande parte, são a única alternativa de atendimento público.

Os filantrópicos permitiram a criação do SUS, uma das maiores conquistas sociais do Brasil, já que o Estado não dispunha à época, e não dispõe hoje, de uma estrutura capaz de suportar a universalização da assistência. Para vencer esse obstáculo, a administração pública estabeleceu um acordo com a rede beneficente, que pôs seus hospitais à disposição do projeto. Essa parceria público-privada é a espinha dorsal do SUS e o colapso das Santas Casas e Hospitais Beneficentes põe em risco o sistema.

Privado de direito, o setor filantrópico pode ser considerado público de fato. Sua missão e a filosofia dos seus gestores e funcionários são servir a população, principalmente os mais carentes. A maioria dos seus hospitais utiliza mais de 90% da capacidade no atendimento gratuito, embora a legislação exija apenas 60%.

Mas está mais difícil para as Santas Casas cumprirem esse papel social. Algumas fecharam as portas e muitas estão diminuindo o número de atendimentos para o SUS como forma de atenuar o déficit operacional.

É importante esclarecer que a reivindicação do setor filantrópico não é por lucros, já que as instituições não têm esse fim. Não se trata de um negócio. O alerta é para a necessidade de um fluxo de receitas que cubra as despesas. Quando um hospital deixa de atender um paciente do SUS, não o faz porque não é vantajoso, mas porque não é possível.

É imperativo que o Congresso aprove leis que garantam recursos para a saúde. As autoridades não podem mais adiar a regulamentação da EC 29.

Ao mesmo tempo, é urgente retomar uma interlocução produtiva entre governo e entidades em busca de equilíbrio financeiro. E a partir da premissa de que não é possível permitir o distanciamento dos filantrópicos da saúde pública, estabelecer compromissos, aparar arestas e voltar a produzir em conjunto.

Chegou a hora de reafirmar, com bases realistas, o pacto que viabilizou a criação do SUS, ferramenta que permite ao Estado cumprir seu dever constitucional de prover saúde para a população. Temos essa obrigação com os brasileiros e as instituições filantrópicas não pretendem fugir da responsabilidade.

DIRETOR-PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DAS SANTAS CASAS E HOSPITAIS BENEFICENTES DO ESTADO DE SÃO PAULO

RUY CASTRO - Racha na cláusula pétrea

Racha na cláusula pétrea
RUY CASTRO 
FOLHA DE SP - 05/08/11

RIO DE JANEIRO - Não se trata de faxina nem de higienismo. A epidemia de crack quebrou uma cláusula pétrea há muito instituída em clínicas de tratamento de dependência química: a de que não adianta internar uma pessoa sem o seu consentimento.
A ideia era a de que, com esse consentimento, o dependente se propunha a aguentar os primeiros dias de abstinência, em que seu organismo, subjugado ao fornecimento da droga (álcool, maconha, cocaína, ácido, inalantes, comprimidos, o que fosse), se rebelaria violentamente contra a súbita interrupção. E, com a ajuda dos profissionais (medição constante de pressão e coração, eventual uso de tranquilizantes leves ou medidas de contenção radical), poderia ultrapassar essa etapa, até seu organismo voltar ao ponto de equilíbrio.
Com as drogas "convencionais", essa etiqueta da internação pode e deve ser praticada. Por mais cruéis os efeitos da abstinência, sempre haverá um período mínimo de negociação orgânica, em que o paciente poderá entender o que lhe está acontecendo. Já com o crack, isso não é possível.
A velocidade com que ele atua no organismo e vê seu efeito desaparecer, exigindo logo uma nova dose, e a dependência a jato que isso provoca impedem qualquer negociação. Uma vez dependente, cessa a possibilidade de trégua entre o usuário e o produto -ele precisa ser atendido continuamente, sem o que se torna desesperado, agressivo e perigoso para si mesmo ou para os outros. Se duvida, dê uma volta -à distância, de preferência- por uma cracolândia.
Nos anos 60, acreditava-se que a droga seria uma opção pessoal e privilégio de poucos, pessoas que a usariam para "expandir a mente", e ninguém teria nada com isso. Mas não há leitores de Aldous Huxley na cracolândia e, em pouquíssimo tempo de uso da droga, já não lhes resta mente para expandir.

VINÍCIUS TORRES FREIRE - 2008, a crise jamais acabou


2008, a crise jamais acabou
VINÍCIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 05/08/11

Fim da fantasia da volta do crescimento, colapso europeu e pânico entre bancos derrubam mercado

OS COLAPSOS em vários mercados financeiros seriam um prenúncio do apocalipse maia de 2012? Da segunda vinda da Grande Recessão?
A resposta é assunto de profeta. O que deve de uma vez por todas ficar claro, porém, é que não se sai sem dor de catástrofe como a de 2008: a bandalha da finança desregulamentada com governos que o dinheiro grosso comprou ("capturou", como diz a economia política).
As euforias do início de 2010 e de 2011 eram apenas isso: festa de investidores que viam os preços dos ativos financeiros se valorizarem rapidamente, dada a oferta colossal de dinheiro barato pelos bancos centrais, em especial o dos EUA.
A economia real estava mesmo na lama: setor imobiliário em depressão, famílias na grande pindaíba (superendividadas), desemprego abissal, salários estagnados ou cadentes, bancos reticentes em emprestar, empresas cheias de caixa, mas reticentes em investir. O caldo engrossou de novo, agora, porque:
1) caiu a ficha de que os EUA não estão crescendo nada: indústria, serviços, consumo e renda estagnaram em julho. Pior, revisões de dados mostraram que a recessão fora mais profunda, e a recuperação, ainda mais pífia do que o sabido;
2) ficou ainda mais claro, depois do acordo de redução do deficit público nos EUA, que não virá estimulo adicional via gastos do governo. Na eurolândia, muito mais quebrada e "ortodoxa" do que os EUA, a hipótese de haver estímulo fiscal (gasto público) é ainda mais improvável. Logo, de onde virá o piparote para a retomada da demanda (consumo), do crescimento?;
3) o "pacote de socorro" para a Grécia, apesar da bajulação da mídia financeira mundial, era pouco e se acabou. O mercado continuou achando que a Grécia vai calotear;
4) mais grave, a perspectiva de crescimento pífio provocou ainda mais descrença na capacidade da Itália de pagar suas dívidas (se o país cresce menos e a poupança do governo não aumenta, aumenta também o peso relativo da dívida);
5) dada a percepção de que Grécia, Portugal e, talvez, Itália, irão para o vinagre, os donos do dinheiro passaram a cobrar retorno ("juros") ainda maiores para deter títulos da dívida desses países, o que pode apressar a quebra deles;
6) dado tal cenário, bancos europeus voltaram a temer o risco de quebra de seus pares: o empréstimo interbancário ficou mais difícil. Passou a faltar oxigênio na praça.
Isto posto, o Banco Central Europeu avisou que vai voltar a comprar títulos da dívida de Portugal e Grécia (indiretamente, os financia), mas não de Itália e Espanha (o que apavorou ainda mais os mercados).
O BCE avisou ainda que vai emprestar dinheiro para bancos com pouco oxigênio (isto é, reconheceu o início de pânico entre bancos).
Por fim, o "governo da Europa" reconheceu que é preciso mais dinheiro para cobrir rombos (na Itália e sabe-se lá onde mais): reconheceu que o caldo entornou.
O resto da história de ontem é "psicologia da manada". Houve fuga em massa para títulos do governo dos EUA e da Alemanha. As curvas de juros da dívida desses países estão ficando "achatadas", em tese prenúncio de recessão.
Mas pode não vir colapso imediato. O mais provável, por ora, é uma lenta saída do lamaçal de 2008. Coisa que pode levar 5, 10 anos.

TUTTY VASQUES - "Playboy" quer que Jobim abra o jogo


"Playboy" quer que Jobim abra o jogo
TUTTY VASQUES
O ESTADÃO - 05/08/11

Cheio de si, Nelson Jobim conseguiu, enfim, que a Dilma também ficasse cheia dele. Não foi fácil! Para se fazer entender, precisou virar uma espécie de Jorge Kajuru do governo: sabe aquele jornalista que se notabilizou no meio esportivo por cavar a própria demissão esculachando patrões e patrocinadores que lhe abriam o microfone no rádio e na TV? Jobim refinou o estilo de chutar o balde ao perder o emprego por declarações à revista Piauí. Chiquérrimo!

O ex-ministro da Defesa não vai partir para o ataque, não precisa disso! Está assim de revistas querendo falar com ele, e nem todas interessadas no rescaldo político de sua demissão. Parte da mídia quer, inclusive, mudar de assunto sem perder o gosto por inconfidências tão em voga nas últimas conversas da imprensa com Jobim.

Parece, inclusive, que a Playboy só estava esperando ele deixar o governo para chamá-lo às falas. Na última reunião de pauta da revista concluiu-se que um papo franco sobre sexo com o ex-ministro pode dar mais leitura do que as últimas entrevistas com Fábio Jr. e Sandy na publicação. A conferir na edição de setembro!

Pagando cofrinho

"OS EUA SAEM DESTA CRISE COM O DEFAULT DE FORA!"
Maria Conceição Tavares economista.

Igual manequim
Ideli Salvatti está toda prosa! Adorou ter sido chamada de "fraquinha" por Nelson Jobim na revista Piauí. Antes de reduzir o estômago, a ministra cansou de ouvir as pessoas dizerem que ela estava "forte".

Mal comparando

Barack Obama reclama de barriga cheia! América por América, a situação do clube mineiro é muito pior do que a da América dos americanos!

Cargo de Confiança

E o José Genoino, hein?! Também dança do Ministério da Defesa com a saída de Nelson Jobim do governo? Estava indo tão bem como assessor especial, né não? Não fez rigorosamente nada para perder o emprego, coitado!

Por que não?

Tramita discretamente na Câmara de Vereadores de São Paulo projeto de lei para a criação do Dia do Orgulho Assexuado. Se até os héteros vão ter data de autoestima...

Boato infame

Os militares estavam ontem inquietos à toa na caserna! Nem passou pela cabeça da presidente Dilma entregar o Ministério da Defesa ao PR para fazer as pazes com o Blairo Maggi.

Sem confusão

São tantas as fusões que será preciso tomar cuidado para, na hora H, não fundir a Schin com a Drogasil ou a Kirin com a Droga Raia. O pessoal do Cade tá ligado!

Agenda positiva

Acima de todas as previsões do tal "Plano Brasil Maior" do governo federal, está nevando neste inverno mais que o dobro registrado ano passado na Região Sul. Essas coisas a oposição não vê - ô, raça!

ALON FEUERWERKE - A (des)arrumadora


A (des)arrumadora
ALON FEUERWERKE
Correio Braziliense - 05/08/2011

É admirável Dilma ter obrigado as autoridades acusadas de malfeitos a comparecer ao Congresso para prestar contas. Merece aplausos. Mas é também evidente que ela vai surfando com o objetivo de livrar-se dos pedaços que a incomodam na herança

Algo parece bastante desarrumado na condução política do governo Dilma Rousseff. E aqui não vai qualquer observação sobre ministros, ou ministras, porque conduzir politicamente o governo é tarefa indelegável do presidente da República.

Ou da.

Consta que o agora ex-ministro da Defesa andou falando mal da colega da articulação política, desdenhou da capacidade de ela cumprir a tarefa.

Desmentir é de praxe, mas na política a verdade e a verossimilhança dançam de rosto colado. Na glória e na desgraça.

Ministros falarem mal uns dos outros para jornalistas (com o compromisso de não publicar, claro) é mais previsível e corriqueiro em Brasília do que a seca.

Talvez algum dia as mudanças climáticas façam chover torrencialmente aqui nesta época do ano. Mas nesse dia continuará a haver, com 100% de certeza, algum primeiro escalão atrás da imprensa para falar mal de outro.

O que importa a opinião de Nelson Jobim sobre Ideli Salvatti? O mesmo tanto que a opinião dela sobre ele. Nada. E qual a importância de a chefe da Casa Civil "não conhecer Brasília"?

Ela não é a secretária de Turismo do Governo do Distrito Federal. É a ministra-chefe da Casa Civil. Com a caneta na mão, certamente encontrará quem lhe explique rapidamente tudo o que deve saber. E o que não.

Como um dia alguém explicou ao próprio Jobim.

Perceba o leitor a desimportância do tema. Eu nem deveria estar escrevendo sobre isso. Para não desperdiçar o seu precioso tempo com desimportâncias. Aliás, a respeito das ditas cujas, quem deu o tom correto foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, animal político até o último átomo.

Quando discorreu sobre o (ir)relevantíssimo tema de quem votou em quem na eleição.

A presidente da República degusta nas semanas recentes um cardápio variado de encrencas. Todas elas compatíveis com sintomas de envelhecimento governamental.

Porque o governo Dilma é novo, mas também velho, visto que ela aceitou a hegemonia absoluta do vetor de continuidade.

Agora, colhe os resultados. Ou então ela própria os provoca, ao abrir caminho para a amplificação das crises.

Justiça se faça, é admirável ela ter obrigado as autoridades acusadas de malfeitos a comparecer ao Congresso Nacional para prestar contas. Merece aplausos. É uma bela contribuição aos hábitos políticos nacionais.

Mas é também evidente que Dilma vai surfando nas ondas — as importantes e as desimportantes — com o objetivo de livrar-se do pedaço, ou dos pedaços, que a incomodam na herança.

E, assim, o método que parece uma bagunça pode ser lido como portador de alguma racionalidade. Inclusive no uso inteligente da opinião publicada.

E o desimportante adquire estatura ao lado do importante.

Comecei esta coluna notando que algo parece bastante desarrumado na condução política do governo Dilma. E que a responsabilidade nesses casos é sempre do chefe.

Quem está desarrumando o governo é a própria.

Num extremo, o subestimador dirá que ela vem engolfada pelas ondas sucessivas. No outro, o superestimador defenderá a suposta genialidade estratégica da chefe do governo.

A verdade, como sempre, deve estar em algum ponto intermediário.

A presidente, antes de tudo, parece ciosa do poder dela. Numa combinação de instinto, intuição, cérebro e fígado vai ajudando a desfazer o que recebeu, vai empurrando para fora do barco quem cujo peso representa risco para a embarcação.

E, unindo o útil ao agradável, lança ao mar também quem se acha mais capaz do que ela de ocupar o posto de comando.

O risco é sabido. Reunir no campo adversário uma massa crítica com capacidade de desestabilizar o governo.

Com o grau de confiança que exibe, Dilma certamente avalia baixo esse risco.

Inclusive porque as cisões na oposição oferecem múltiplos possíveis pontos de apoio do lado de lá.

CELSO MING - Derreteu

Derreteu 
CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 05/08/2011

A pesada intervenção de grandes bancos centrais nos mercados de câmbio disseminou ontem a percepção de que a economia global passa por forte contração e enorme perda de riquezas.

O Banco do Japão (BOJ) iniciou o dia com pesadas compras de dólares (US$ 12,6 bilhões) no mercado, para tentar estancar a valorização do iene.

O Banco Nacional da Suíça já havia começado, na véspera, operação equivalente, para tentar impedir a valorização do franco. O Banco da Inglaterra também avisou que seguiria na operação de recompra de 200 bilhões de libras em títulos da dívida inglesa.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, criticou asperamente a iniciativa do BOJ, observando que essas intervenções têm de ser coordenadas; não podem ser unilaterais. E, a despeito da posição contrária das autoridades monetárias da Alemanha, avisou que reiniciaria a recompra de títulos de dívida de Portugal e Irlanda, que vêm perdendo preço nos mercados. O BCE já detinha em carteira 78 bilhões de euros em títulos de dívida de países do bloco, especialmente desses dois. Além disso, reabriu leilões de liquidez ilimitada com vencimento em seis meses.

As declarações e as decisões tomadas por Trichet foram recebidas como sinal tanto de que as condições da economia global pioraram muito como, também, de falta de coordenação entre os senhores do mundo. Falta de coordenação talvez seja uma expressão pouco adequada. Os contra-ataques dos grandes bancos centrais à forte valorização de suas moedas passaram a impressão de que a tal guerra cambial, denunciada em setembro de 2010 pelo ministro Guido Mantega, seja agora bem mais descarada.

Foi o que detonou o pânico nos mercados. As cotações das ações despencaram em todas as bolsas (veja o Confira). Paradoxalmente, o dólar, que há cinco semanas era submetido a enorme hemorragia no mercado cambial, ontem se valorizou 1,7% ante o euro; 0,5% ante o franco suíço; 1,0% ante a libra esterlina; e 1,3% ante o real. Ou seja, de um dia para o outro, o que era ativo anêmico, voltou a ser visto como porto seguro dos aplicadores. Para coroar a intervenção dos bancos centrais, falta saber o que fará o Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Estão abertas as apostas para que seja anunciada mais uma rodada de recompra de títulos do Tesouro dos Estados Unidos, uma terceira operação de afrouxamento quantitativo.

Por trás de tudo, está o entendimento de que a paradeira da economia dos países ricos é mais profunda e será mais prolongada. Estancamento do consumo e da produção (e não necessariamente retração) implica quebra de arrecadação, perda de postos de trabalho e maiores despesas públicas com seguro-desemprego.

É um equívoco afirmar que o Brasil passará incólume por mais esse furacão. A economia está mais sólida, é verdade, conta com quase US$ 350 bilhões em reservas e está bem menos dependente de suprimentos externos de capital. Mas os ataques predatórios tendem a crescer, as receitas com exportações tanto de manufaturados como de commodities podem cair ou subir mais devagar.

Em 2008, o então presidente Lula alardeou que a solidez da economia brasileira rebaixou os vagalhões da crise à condição de mera "marolinha". Não dá para garantir que esse efeito se repetirá. Mas, depois do turbilhão, o País tende a ficar melhor do que a média do resto do mundo.

Confira

Desmancha no ar
"Tudo o que é sólido se desmancha no ar." Essa é uma das frases mais lembradas do Manifesto Comunista de 1848, assinado por Marx e Engels. Foi a sensação que os mercados deixaram ao longo do dia de ontem. A tabela mostra quanto caíram os índices de sete das mais importantes bolsas de valores do mundo apenas nos quatro primeiros dias úteis de agosto.

De olho no Fed
Os mercados esperam agora que o Fed abra novamente sua caixa de ferramentas. Vai ser suficiente?

WASHINGTON NOVAES - Do Chifre da África às antigas utopias


Do Chifre da África às antigas utopias
WASHINGTON NOVAES
O Estado de S. Paulo - 05/08/2011

É inevitável que venha à mente, nestes dias em que se lê o noticiário terrível sobre a seca no "Chifre da África" e sobre os conflitos que cercam o nascimento da 54.ª nação africana - o Sudão do Sul, separado do norte -, o livro O Coração das Trevas, em que Joseph Conrad retratou com exatidão os dramas inacreditáveis que cercavam e cercam etnias africanas postas em confronto na disputa por recursos naturais, fruto das divisões artificiais de terras impostas pelos interesses dos países colonizadores. "O horror! O horror!", diz o personagem de Conrad.

"O horror! O horror!", repete-se agora, ao ler que 2 milhões de pessoas morreram nos conflitos entre o norte islâmico do Sudão e o sul cristão e animista; ao saber que 80% da população do sul, pelo menos, é constituída de analfabetos; que 90% dos 9 milhões de habitantes vivem com menos de meio dólar por dia - embora o país seja rico em petróleo (uma das causas da guerra) e ainda terá de acertar com a antiga matriz como continuar a exportá-lo por um duto controlado ao norte. Sem falar na fome das nações vizinhas - Djibuti, Etiópia, Quênia, Somália, Uganda -, atormentadas pela pior seca em 60 anos, com mais de 500 mil pessoas já em campos de refugiados, 10 milhões passando fome.

Tudo se repete, como na guerra entre Congo, Ruanda e Burundi, que deixou alguns milhões de mortos em disputa de água e terras. Pode repetir-se no Sudão do Sul, com suas 200 etnias enfrentando a seca mais grave em mais de meio século. Com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) bradando que precisa aplicar na região US$ 1,6 bilhão até o fim do ano para impedir que morram 800 mil crianças - mas enfrentando a resistência de militantes islâmicos, que tentam impedir a entrega de ajuda humanitária. Até mesmo na capital, onde a fuga aos conflitos armados fez a população crescer de 200 mil habitantes em 2006 para 1 milhão. E ainda será preciso fazer sentar à mesma mesa sul e norte para discutir pendências financeiras, demarcação de áreas de fronteira, gestão do petróleo.

Que se fará para mudar todo um continente, eliminar conflitos por recursos naturais entre milhares de etnias juntadas ou separadas por interesses dos antigos colonizadores? Que fazer para superar os conflitos de base religiosa, o racismo mesmo? Como reinventar o mundo para que a divisão de recursos entre continentes, países, grupos seja mais equânime? Como evitar que 80% dos recursos planetários sejam consumidos nos países industrializados, com menos de 20% da população mundial? Pior ainda, como evitar que 1 bilhão de pessoas passem fome todos os dias, enquanto, segundo a FAO, um terço dos alimentos no mundo se perde ou é desperdiçado - 1,3 bilhão de toneladas por ano (670 milhões nos países ricos, 630 milhões nos demais)? E ainda sabendo que a produção mundial de alimentos terá de aumentar em 70% até 2050, para atender a mais de 9 bilhões de pessoas.

Como reinventar o mundo, superar o racismo? O escritor Henry Miller (Trópico de Câncer, entre outros livros), que pregava a necessidade de caminhar nessas direções, dizia que a nova civilização que teremos de fundar não será apenas mais uma - será a síntese de vários formatos experimentados pelo ser humano ao longo de sua trajetória pela Terra. Talvez a máquina desapareça, pensava ele - mas não antes que tenhamos descoberto a natureza do mistério que nos liga à nossa criação. As instituições, tal como as conhecemos hoje, deixarão de existir. E os povos fluirão livremente pela face da Terra, em grupos mais ou menos permanentes. Instigante.

E o racismo? O professor Kabengele Munanga, da USP, exilado do Zaire (atualmente denominado República Democrática do Congo), já dizia há mais de 20 anos, num seminário na Bahia, que a base do racismo não está na negação da diferença (entre etnias, cor da pele, etc.): está "no temor da semelhança"; porque "é pelo fato de saber que eu posso fazer as mesmas coisas que ele, posso ocupar o lugar dele, que o racista me discrimina, persegue e mata". É por caminhos como esse que se esquece que os direitos humanos são de todos, acrescentava o escritor Joel Rufino dos Santos.

Todas essas coisas têm de estar muito presentes no momento em que o mundo se vê, mais uma vez, à beira de uma crise sem precedentes, em que o centro da questão parece estar no descolamento entre a realidade concreta e os valores monetários em circulação - estes, em torno dos US$ 600 trilhões, quando toda a produção do mundo está na casa dos US$ 62 trilhões anuais. Como dar garantia real a cada aplicação financeira? Como disciplinar o giro vertiginoso dos papéis, em busca de solidez (como já foi comentado aqui, um contrato de soja brasileira no mercado futuro mundial pode mudar de mão até 40 vezes antes de se concretizar; nossa safra que será plantada daqui a um mês e meio já está em boa parte negociada)? E se os Estados Unidos não tiverem como garantir a sua dívida trilionária? Por onde caminharemos?

É preciso repensar tudo. E relembrar uma passagem do escritor Rubem Braga. Para ele, a lição básica é não nos refugiarmos em abstrações. Só existem - escreveu ele - pessoas e coisas e relações entre elas. Se formos capazes de não nos escudarmos, não nos defendermos de pessoas e coisas, se nos deixarmos atingir por elas, se tomarmos tudo pessoalmente, jamais nos desviaremos dos "caminhos do coração". E eles é que devem contar. Difícil, nestes tempos em que, mais e mais, as pessoas se refugiam atrás de computadores. Mas não há alternativas eficientes para as palavras do grande mestre da crônica.

E retornando ao começo destas linhas, vale a pena lembrar também Jean-Paul Sartre, que descobriu num campo de concentração que a solidariedade não é apenas um dever moral - é um fato; estamos ligados a tudo e a todos (inclusive ao carcereiro), queiramos ou não, gostemos ou não. A África é aqui mesmo, nosso futuro dependerá do que acontecer lá.

MERVAL PEREIRA - Mudança estratégica


Mudança estratégica
 MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 05/08/11

Tão importante quanto a demissão do ministro Nelson Jobim foi a escolha de Celso Amorim para substituí-lo no Ministério da Defesa. Jobim já tinha caído na boca do povo brasiliense depois da sucessão de episódios que inviabilizou sua permanência no cargo e estava sendo chamado no PMDB de “o avesso de Neymar”, por ter feito três gols contra seguidos no espaço de poucos dias.
Nessa toada futebolística, dizia-se que o ex-ministro Nelson Jobim era tão cheio de si que se considerava em condições de virar o jogo, mas ficou demonstrado que “não era esse Flamengo todo”, que levou três gols do Santos, mas acabou vencendo por 5 a 4.
Jobim perdeu o jogo do poder imediato, mas pelo menos deixa o governo por divergências e não por incompetência ou corrupção. Ao contrário, fez um grande trabalho à frente do Ministério da Defesa, tendo elaborado um Plano Estratégico de Defesa que deu nova dimensão à ação das Forças Armadas.
Se não tem espaço dentro do PMDB, como, aliás, nunca teve, por sua independência política, que às vezes se confundia com arrogância, Jobim terá ampla acolhida no PSDB, onde sempre teve amigos, se quiser continuar na política partidária.
A decisão de colocar o ex-chanceler Celso Amorim no Ministério da Defesa dá bem a importância do movimento no quadro político.
Ao mesmo tempo em que coloca alguém ligado ao ex-presidente Lula, que fora o avalista de Jobim no Ministério da Defesa, a presidente Dilma dá uma dimensão de grandeza política à substituição que certamente contentará os militares.
Lula fez algo semelhante ao nomear o vice-presidente José Alencar para o mesmo cargo na saída do também diplomata José Viegas, uma saída tumultuada por questões políticas delicadas. Viegas politizou propositalmente sua saída do cargo para mostrar que houvera indisciplina na nota oficial do Exército sobre supostas fotos do jornalista Vladimir Herzog publicadas na imprensa, que virtualmente defendia métodos de órgãos de repressão política da ditadura, inclusive a tortura.
Naquela ocasião, Lula não deu apoio a Viegas e contemporizou com a indisciplina de oficiais superiores. Mais adiante, o ministro da Defesa Waldir Pires contemporizou com a indisciplina de sargentos controladores de voo, no episódio do apagão aéreo, e o presidente Lula desautorizou o comando da Aeronáutica.
As relações entre políticos e militares têm sido delicadas, e fantasmas do passado já repetiram como farsa antigos confrontos. Um convite ao ex-guerrilheiro e deputado José Genoino para falar na ESG provocou reação de militares mais radicais.
Hoje, Genoino é assessor do ministro da Defesa, nomeado por Jobim, e não há indícios de descontentamento.
Há o inconveniente de se colocar um diplomata para chefiar os militares, pois o fato de pertencer a uma carreira de Estado, assim como os militares, incomoda-os.
Parece claro que há uma dificuldade de encarar o reaparelhamento das Forças Armadas como uma necessidade do Estado brasileiro, e não uma militarização do país. Mas o novo ministro tem uma visão internacional da política que pode ser muito útil às necessidades dos militares.
A presença das tropas brasileiras no Haiti, por exemplo, era um ponto importante da política externa brasileira na gestão de Amorim à frente do Itamaraty, para estender a liderança regional do país para a América Central.
Desde que assumiu em 2004 o comando da Força de Paz da ONU no Haiti, a pedido dos Estados Unidos, o governo brasileiro jamais admitiu formalmente, mas vê uma boa oportunidade para reforçar sua pretensão de obter uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
A importância estratégica que o Brasil ganhou com a atuação no Haiti o fez ampliar sua reconhecida liderança regional: o que acontece nas Américas tem que ser do nosso interesse, é a definição do Itamaraty.
Há uma concordância entre os estudiosos: os militares, hoje, preocupam-se mais com o seu reaparelhamento, ou com a defasagem salarial, do que com questões políticas.
A possibilidade de ocorrer um apagão aéreo, por exemplo, fora prevista em relatório de 2003 do então ministro José Viegas, que alertou para a falta de investimentos na segurança de voo e a consequente sobrecarga no sistema de controle de tráfego aéreo.
A compra dos caças supersônicos, que está emperrada desde o governo Fernando Henrique Cardoso, é um assunto que Celso Amorim conhece muito bem porque envolve a atuação diplomática dos três países envolvidos nas negociações finais: Estados Unidos, com os Boeings; Suécia, com os Grippen; e a França, com os Rafale.
O ministro Amorim, quando à frente do Itamaraty, cuidou dessas demandas e teve diversas conversas com autoridades estrangeiras sobre o assunto, inclusive a secretária de Estado Hilary Clinton, que enviou uma carta através do Itamaraty garantindo, em nome do governo americano, a transferência de tecnologia para a Aeronáutica.
As demandas militares atingem não apenas a Aeronáutica. A necessidade de renovação de equipamentos existe também na Marinha e no Exército, para o que é classificado por especialistas de “recuperação operacional das Forças Armadas”.
Nós não temos pendências com nossos vizinhos e não sofremos ameaças de invasões externas, mesmo que existam setores que consideram a Amazônia sempre ameaçada. Mas, na avaliação de especialistas, estamos em grande desvantagem com as novas tecnologias e equipamentos mais modernos.
O Ministério da Defesa tem parte importante na preparação para sediar grandes competições esportivas, a Copa do Mundo ou as Olimpíadas, ou grandes eventos internacionais como a Rio + 20, pois é responsável pela aviação civil e pela proteção do território nacional contra eventuais ameaças do terrorismo internacional.

JOSÉ SIMÃO - Ueba! Obama brinda com sidra!

Ueba! Obama brinda com sidra! 
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 05/08/11

E já tem americano só aplicando em inferninhos, em piranhas; porque lá a bolsa roda, mas não cai!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Socuerro! Quero me enfiar numa garrafa térmica. Temperatura: oito graus. Sensação térmica: quero morrer! Rarará! Com esse frio o dedo fica duro e o peru encolhido. Não devia ser o contrário?
E como disse aquele gaúcho: "Hoje acordamos igual ao Obama, numa fria. Um grau abaixo de zero!".
E a crise americana? A CRAISE! O Buraco Obama! Com essa crise até Wall Street mudou de nome. Não é mais Wall Street, agora é AI AI STREET!
E o Obama fez aniversário! Nessa crise? Deve ter sido Miojo com Ki-suco. Ou então: pão com ovo, xachicha no môio e sanduíche de carne louca! Rarará! E brinde só com sidra!
E com essa crise já tem americano entrando como clandestino em Governador Valadares. Já tem americano fugindo pra Cuba! Dando ré na balsa!
E sabe o que o Obama devia fazer pra conter a queda das Bolsas? Imitar o Lula: criar o Bolsa Bolsa! E como disse uma amiga minha: "Contanto que não caia a minha Vuitton". E aí caiu a bolsa duma perua e ela gritou: "Cadê o meu vibrador? Cadê o meu vibrador!".
E já tem americano só aplicando em inferninhos, em piranhas; porque lá a bolsa roda, mas não cai! Rarará!
E a foto do Obama completando 50 anos? Compara com uma foto de cinco anos atrás! Tá velho. O poder envelhece! Veja uma foto do Sarney há 50 anos. Tá o mesmo! Rarará!
E um amigo me contou que o Corinthians tá treinando com bola de boliche!
E eu adoro essa expressão da crise americana: teto da dívida. Como diz um amigo meu: eu não estou mais quebrado, o teto da minha dívida é que está baixo. Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
E mais uma série de Predestinados! Na empresa dum amigo meu tem um motoboy: Joaquim Avanço. Avanço o sinal. Avanço no paralama. E avanço em tudo que é retrovisor.
E a nutricionista Monica Beyrutt. Só pra proibir a gente de comer beirute! E o proctologista em Santos: Sergio CONSOLO!
E este é um antipredestinado; técnico em informática AUDIFAX da Silva. Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

ANCELMO GÓIS - Biotônico Fontoura

Biotônico Fontoura
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 05/08/11

Gilberto Carvalho, ministrochefe da Secretaria-Geral da Presidência, foi atuante nesse episódio da queda de Jobim. Logo cedo, entrou em contato com a revista “Piauí”, que só hoje chega às bancas, pedindo uma cópia da matéria na qual o ex-ministro chama Ideli Salvatti de “fraquinha”.

Depois... 
Ainda arranjou tempo para uma brincadeira. Mandou comprar um frasco do Biotônico Fontoura, o vetusto fortificante, e o enviou para a ministra das Relações Institucionais.

Bispo Amorim
Glauber Rocha, que era amigo de Celso Amorim, costumava dizer que, no Brasil, só três coisas funcionam: Itamaraty, Exército e Igreja.
O ex-chanceler só falta virar cardeal.

Aliás...

Amorim vai chefiar as Forças Armadas 28 anos depois de ter sido demitido pela ditadura militar do comando da Embrafilme. É que a estatal financiou o filme “Pra frente, Brasil”, de Roberto Farias, que denunciou tortura nos porões do regime.

Palavra de André 
André Esteves, o banqueiro, minou a delegação brasileira no encontro do BID ao dizer que, dos chamados países Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), só a terra de Dilma cresce com redução da desigualdade social. Nos demais, a distância entre ricos e pobres só aumentaria. Lula, presente, ficou prosa.

Clube dos 80
Zagallo, o Velho Lobo, entra dia 9 para o clube dos 80 anos, que já tem FH, João Gilberto, Zuenir Ventura, Paulo Casé, Reis Veloso e Ruy Guerra. Para celebrá-lo, o “Programa do Sócio”, do canal Premiere, exibirá um especial. Merece.

As voltas que...

Veja as voltas que o mundo dá. Um grupo de artistas, a maioria cineastas, coleta no blog censuranao.word-press.com assinaturas contra a censura ao filme “A serbian film — Terror sem limites”. Entre os signatários do abaixo- assinado, está o ex-ministro
Fernando Lyra, 72 anos.

‘Je vous’...
O boa-praça Lyra era ministro da Justiça em 1985, quando foi proibido o filme “Je vous salue, Marie”. Na época, foi contra a censura.
Mas prevaleceu a opinião do então presidente José Sarney.

Aliás...
Minas, uai, berço dos inconfidentes, reage a esta censura. A Associação Mineira de Críticos de Cinema vai exibir o fime hoje na marra, às 20h30m, no Galpão Cine Horto.

Picanha fatiada
As churrascarias Porcão de Niterói e da Ilha, no Rio, não pertencem mais ao grupo. Os sócios formalizaram ontem a decisão de, digamos, fatiar a picanha. Continuam com a marca Porcão as filiais de Ipanema, da Barra e do Flamengo (Porcão Rio’s). As outras
duas passam a se chamar Churrascaria Família Mocellin — que, apesar da divisão, continua sócia do grupo.

Andy no Brasil
Andy Garcia, o ator cubano de Hollywood, vem ao Brasil estes dias filmar uma última cena do filme “Open road”, de Márcio Garcia, em Vitória. Segunda, será entrevistado por Jô Soares, na TV Globo.

Só no tablet
Um grupo de jovens cariocas criou uma revista exclusiva para iPad, o tablet da Apple. A “NOO”, seu nome, trata de temas como viagens, gastronomia, noite, música, artes e tecnologia. Saúde dos presos Cabral inaugura hoje a primeira UPA exclusiva para presos,
no Complexo de Gericinó.

Cena carioca 
Ontem à tarde, a dona de um apartamento para alugar na Avenida Sernambetiba, de frente para o mar da Barra, ao entrar no imóvel, teoricamente vazio, deu de cara, lá dentro, com um casal fazendo... nheco-nheco! O flagrante-delito da saliência virou caso de polícia — e todo mundo foi parar na 16a- DP, no bairro.

FERNANDO DE BARROS E SILVA - Ai, que machões!

Ai, que machões! 
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SP - 05/08/11

SÃO PAULO - Em matéria de política, o vereador Carlos Apolinário é um grande adepto do troca-troca.
Já esteve no PMDB, passou por um tal PGT, frequentou o PDT e hoje se abriga no DEM. Apesar disso, Apolinário é um homem de convicções. Acaba de conseguir aprovar o Dia do Orgulho Heterossexual, que o mobiliza desde 2005.
De 55 vereadores, 31 machões votaram a favor da data comemorativa -um monumento à homofobia chancelado pela casa legislativa da maior cidade do país. Não deixa de ser um exemplo triste mas também cômico de sucupirização explícita da Câmara Municipal de São Paulo.
Cada um dos marmanjos recebe por lá R$ 15.033 mensais de salário, mais R$ 16.359 de verba de gabinete para custear despesas várias. Somando-se a bolada com a verba dos assessores, cada vereador custa aos cofres públicos R$ 115 mil por mês.
Esses senhores gravitam em torno de seus interesses, à margem da formulação de políticas públicas ou do planejamento estratégico da cidade. Operam no balcão, muitos deles especialistas em criar dificuldades para vender facilidades.
Não lhes faltou tempo nem energia para aprovar esse disparate, de fazer corar Jece Valadão. Os heterossexuais não são uma minoria, nem quantitativa nem sob o aspecto comportamental. Não existe discriminação -piadas, humilhações, ameaças e agressões, físicas ou morais- a casais ou pessoas hétero.
Mas essa não é apenas uma lei inútil. Trata-se de uma iniciativa nociva, que, a pretexto de "resguardar a moral", atiça o preconceito, incorporando-o ao calendário oficial da cidade. Seria como inventar o Dia da Consciência Branca.
Ao reivindicar um direito que nunca esteve ameaçado, o que se visa é bombardear direitos inexistentes ou em gestação. Essa fascistada representa menos uma data a ser celebrada do que um passe livre para que nos demais 364 dias do ano o macho ameaçado pela própria homofobia possa exercitar as várias faces da sua intolerância.

ILIMAR FRANCO - Insubordinação

Insubordinação 
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 05/08/11

Os comandantes militares abandonaram o ex-ministro Nelson Jobim (Defesa) logo após tomarem conhecimento das declarações à revista“Piauí”. Emissários informaram à presidente Dilma que, para os militares, Jobim “passou dos limites” e que sua conduta era a de um “insubordinado”. Anteontem à noite, a presidente Dilma alertou as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil): “O Jobim andou fazendo outras declarações. Elas não são boas”.

A via crucis da demissão
A presidente Dilma Rousseff chegou ao Planalto ontem pela manhã com a decisão tomada de demitir Jobim. Ela fez uma rápida reunião com os ministros Ideli Salvatti, Gleisi Hoffmann, Helena Chagas (Secom) e Gilberto Carvalho (Secretaria-geral). Irritada, a presidente avaliou eventuais substitutos. Mas, por se tratar do terceiro gol contra do ex-ministro, eles também se divertiram com a situação. A presidente também pediu para ler a reportagem da revista “Piauí”, tendo recebido o texto pouco antes do meio-dia. No almoço, Dilma disse aos seus ministros que já tinha o nome do novo titular, mas não disse quem era. Celso Amorim sempre foi o preferido dela para o cargo, antes de Jobim aceitar continuar na função.

"Não sei o que deu na cabeça desse rapaz” — Francisco Dornelles, senador (RJ) e presidente do PP, sobre o ex-ministro Nelson Jobim

UNABOMBER. As declarações inusitadas do ex-ministro Nelson Jobim (Defesa) já não causam apenas irritação no Planalto. Já viraram motivo de galhofa. Ontem de manhã, num dos gabinetes do Palácio, se contava a seguinte piada: “A ministra Ideli Salvatti (“a fraquinha”) ganhou cinco frascos de Biotônico Fontoura e a ministra Gleisi Hoffmann (“que não conhece Brasília”) pediu para o marido (o ministro Paulo Bernardo) um GPS de presente”.

Fofa
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), escorregou ontem no caso Nelson Jobim. Pela manhã brincou: Ideli não é “fraquinha”, mas “gordinha”. À tarde, antes de ir ao Planalto, ligou para corrigir sua fala: “Eu falei fofinha”. Ah! Bom!

Ele não é o único
O ex-ministro Nelson Jobim não é o único peemedebista que gosta de falar mal do governo e dos ministros petistas. Outros integrantes
do partido, ocupando importantes cargos federais, também praticam esse perigoso esporte.

O DEM decidiu chutar o balde

 Inspirado no Tea Party americano, o DEM decidiu que vai tentar obstruir todas as votações no Congresso. A cúpula do partido, reunida na manhã de quarta-feira, tomou a decisão após concluir que “não tem como interferir na pauta de votações”, “não tem força para convocar uma CPI”, e “não pode convocar um ministro do governo quando quiser”. A obstrução à votação da MP que facilita liberar recursos emergencias em casos de calamidade, na noite de anteontem, foi só o começo.

Termômetro

 A ida ou não de Fernando Haddad às plenárias do PT, no fim de semana, será um indicativo de sua real disposição para disputar a
prefeitura de São Paulo. Ele ainda não conversou com o presidente do PT paulistano, Antonio Donato.

Financiador
 O senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que retirou sua assinatura da CPI dos Transportes e colocou de novo, doou R$ 705 mil para
o comitê financeiro do PR em Tocantins. Ele é o primeiro suplente do senador João Ribeiro (PR-TO).

 O PRESIDENTE Lula, ontem, em Bogotá, na reunião empresarial Brasil-Colômbia, ao defender a criação de um banco sul-americano de investimentos: “A América do Sul não precisa mais da espada de Simon Bolivar, precisa de crédito”.
 O MAIOR BANQUEIRO da Colômbia, Luiz Carlos Sarmiento Angulo, defendeu, na mesma reunião, um acordo de livre comércio entre o Brasil e a Colômbia, e a integração das Bolsas de Valores.
● EX-DEPUTADO pelo PR, João Caldas (AL) está filiado agora ao PSDB do governador Teotonio Vilela.

FERNANDO GABEIRA - Copa do Mundo e suas armadilhas


Copa do Mundo e suas armadilhas
FERNANDO GABEIRA
O Estado de S.Paulo - 05/08/11

Os países que disputam a primazia de realizar uma Copa do Mundo o fazem na esperança de projetar uma boa imagem. A escolha do Brasil para sediar o evento significa uma grande oportunidade. É como se fosse um pênalti, representa uma grande chance de marcar o gol. Às vezes, entretanto, perde-se um pênalti.

O britânico Simon Anholt, criador da ideia de marca de países, algo que ele mesmo considera sujeito a todo tipo de picaretagem, advertiu, em entrevista à BBC, que o Brasil pode prometer, e muito, e por causa disso decepcionar na Copa.

A festa do sorteio das chaves foi uma bola fora. Estive no Largo do Machado, onde se concentraram os manifestantes que pedem transparência na Copa. Impossível não reconhecer a justeza do pedido. A festa foi um modelo de opacidade autoritária. Ninguém foi consultado sobre o investimento de R$ 30 milhões pagos por cariocas e fluminenses, uma vez que o Estado e cidade do Rio dividiram os custos. A avaliação do prefeito Eduardo Paes é de que os gastos compensam por divulgarem a imagem do Rio em todo o planeta. Como explicar que a iniciativa privada não se tenha interessado por ela, se tinha tão grande poder de divulgação? Por que Panasonic, Nike, Coca-Cola não se apresentaram para dividir custos?

A ideia de que o mundo estaria de olho no Rio é falsa. O mundo interessa-se é pelo sorteio das chaves. Mas, como na loteria, o que importa é o resultado, não o ato de sortear. Há inúmeras possibilidades de recuperar a informação ao longo do dia. Hoje muita gente no planeta sabe que França e Espanha estão na mesma chave e desconhece, por exemplo, que Ivete Sangalo mora num país tropical, abençoado por Deus, etc.

O fechamento do Aeroporto Santos Dumont por quatro horas também não resultou de nenhuma consulta. Reconheço que as autoridades acham que isso é para o nosso bem. Acreditam que a Copa trará melhorias para todos, logo, todos podem sacrificar-se um pouco por ela. O problema da visão autoritária é este: ela decide por nós. Milhões são destinados ao Maracanã, às construção do Itaquera, à festa do sorteio. O que fazer com a parte considerável da população que gostaria de ver o dinheiro empregado na solução de problemas reais?

A maneira como o prefeito Eduardo Paes justificou a festa na Marina da Glória, área que está em poder do bilionário Eike Batista, também não reflete a opinião de todos. Ele quer que o Rio seja a cidade da Copa. Acontece que a ideia geral é que o Brasil será o país da Copa, utilizando várias cidades para hospedá-la. Por que gastar dinheiro para substituir o País e ofuscar as outras?

Os milhões foram gastos numa festa que dava exclusividade à TV Globo, tanto que outras emissoras tiveram a credencial negada. Se os contribuintes fossem ouvidos, certamente condenariam essa cláusula do contrato. Num evento pago pela iniciativa privada, ninguém questionaria a exclusividade. Mas os patrocinadores eram públicos e deveriam tratar os meios de comunicação em pé de igualdade.

Dizem que a presidente Dilma ficou irritada com isso. O que significa, no jargão jornalístico, que ela quer distanciar-se da decisão. Toda vez que o governo faz algo errado e é preciso salvar a reputação do presidente, alguém divulga que ficou muito irritado.

Os patrocinadores, apesar de não nos terem consultado, foram Sérgio Cabral e Eduardo Paes, ambos aliados de Dilma. Por que não chamá-los a um canto e perguntar: que história é essa? Na Copa, a presidente não é apenas uma convidada. É a anfitriã.

Os manifestantes na rua pediam a queda de Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Dilma procurou distanciar-se dele, convidando Pelé e se apoiando nele, para evitar incômodas associações.

Eis outra armadilha da Copa. O futebol, com sua magia, tende a atenuar as mágoas provocadas pela corrupção. Mas pode também agravá-las, tanto no caso da Fifa como no do governo.

Pelo menos cinco dos Ministérios de Dilma estão sob suspeita de corrupção. Aparecem denúncias quase todos os dias e no fim de semana ficam mais robustas, nas revistas e edições dominicais.

Por seu turno, os aliados Sérgio Cabral e Eduardo Paes acham que a amizade com a Globo os autoriza a tomar decisões sem consulta ou mesmo a desprezar outros meios de comunicação. Não compreendem que a Globo é uma instituição. Se a opinião pública condenar os erros de condução na Copa, a própria emissora vai lançá-los ao mar. E não serão os primeiros que ela lança ao mar, na História recente do Brasil.

O próprio inventor da marca de um país e do ranking das marcas, Simon Anholt, na entrevista à BBC, revela que esteve no México prestando assessoria ao governo e que a imagem do país não foi tratada de forma superficial, mas dentro de uma perspectiva de solução de problemas reais e crescimento do turismo. A ideia subjacente é a de tirar proveito da marca, e não ser enganado por quimeras provincianas.

Dilma-Cabral-Paes são experientes o bastante para saber que os jornalistas estrangeiros não se contentam com as notícias oficiais nem com a representação estética da Globo. Eles vão examinar aeroportos, viajar pelas estradas, conversar com o ministro do Turismo. Esse, então, será um momento sublime.

Depois do encontro com o ministro Pedro Novais, vão se interrogar se o Brasil está gastando dinheiro só pelo amor ao futebol ou tem algum plano sério de recuperá-lo na frente. Vão acabar no Maranhão, também abençoado por Deus, bonito por natureza e governado pela família Sarney. Essa previsão é uma decorrência natural de quem acompanha o trabalho da imprensa. Foi assim na África do Sul e será assim em todos os países que sediarem a Copa.

Com esse mergulho no Brasil real, os jornalistas talvez não tenham o bom humor do prefeito do Rio, que, ao receber uma medalha da Fifa, olhou para ela e disse a Joseph Blatter: você sabe que vou derretê-la, não?

Blatter ganhou uma chave do Rio. Foi mais discreto. Disse que ia mantê-la, embora não seja estranha à Fifa a arte de derreter.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Realidade
SONIA RACY
O ESTADÃO - 05/08/11

Vinte e quatro horas antes do pânico geral que acometeu ontem os mercados, o Banco Safra captou lá fora R$ 800 milhões, a juros de 10,25% ao ano.

Trata-se da maior captação externa privada, em reais, da história do Brasil. Sorte, competência ou ambos?

Pressão

Miou a ideia de "acordão" para lançar candidato único na eleição da OAB-SP, ano que vem. Apesar de ter havido discussões nesse sentido entre Luiz Flávio D"Urso e Antônio Cláudio Mariz, o presidente da ordem mandou, ontem, e-mail claro para a coluna: lançará candidato próprio.

E mais: frisou não haver "disposição para negociar tal acordo agora ou no futuro".

Pressão 2

Indagado pela coluna, Mariz mostrou-se "estupefato" com a notícia. "Estou surpreso que ele tenha mudado de postura sem ao menos me comunicar". A intenção, conversada recentemente entre ambos, era a de unificar a classe em SP.

100% viral

Alexandre Padilha, ministro da Saúde, deve ficar de olho no Facebook. Movimento exigindo vacinação grátis contra HPV tomou conta da rede, reunindo mais de 600 mil pessoas.

Dados do ministério mostram: uma em cada cinco mulheres é portadora do vírus e 137 mil novos casos de câncer são diagnosticados anualmente por causa do HPV. Custo da imunização na rede privada? Cerca de R$ 1.200.

Corrida eleitoral

Bruno Covas não tem pressa em mudar seu título de eleitor de Santos para São Paulo, como gostaria Alckmin. O secretário, que ainda não se apresentou como candidato à Prefeitura, tem até outubro para transferir o documento.

Urubuzada

Está no forno a produção de 1981 - O Ano Rubro-Negro. Dirigido por Edu Rajabally e Eduardo Monsanto, traz depoimentos emocionados sobre a principal conquista do Flamengo: o título mundial de clubes, que completa 30 anos em dezembro.

Boi na linha

Atenção. Estão sendo enviados, pelo celular, torpedos falsificados do Faustão. A mensagem informa que a vítima foi "contemplada"com R$ 160 mil. E que o ganhador deve ligar, de telefone fixo, para um número com 13 dígitos...

Portuga

Antonio Grassi, da Funarte, viaja em setembro para Lisboa. Vai visitar, entre outros, o Instituto Camões, na tentativa de viabilizar o Ano do Brasil em Portugal, previsto para 2012.

Como a crise portuguesa andou ameaçando o evento, Grassi pretende otimizar algumas estruturas brasileiras em Lisboa, como o Rock In Rio: "Já marquei reunião com o Roberto Medina. Quero usar a infra dos shows para nossos espetáculos ", contou à coluna anteontem.

Portuga 2

Simultaneamente, por aqui os brasileiros terão uma série de eventos culturais portugueses.
À frente de alguns projetos de literatura, Inês Pedrosa, da Casa Museu Fernando Pessoa, está em busca de parcerias com instituições brasileiras. Quer trazer escritores portugueses ao País para conferências.

Estado laico, sociedade não

Em meio à difícil e explosiva situação no Oriente Médio, a embaixada americana promoveu, anteontem, jantar ecumênico na casa do cônsul Thomas Kelly, localizada nos Jardins, em São Paulo.
Tudo para comemorar o ramadã. Sentaram-se à mesa amistosamente representantes das religiões islâmica, cristã judaica e até da persa bahá''í. A partir das 17h20, logo depois de o sol se por, a prática muçulmano religiosa dita jejum por 30 dias durante todo o dia. Somente à noite, seguidores de Maomé podem comer e tomar água.

Jantaram todos distribuídos por seis mesas montadas na varanda. Não sem antes assistirem aos xeques Armando Hussein, da Sociedade Beneficente Muçulmana, Jihad Hassam Hammadeh, da Assembleia Mundial da Juventude Islâmica da América Latina, e Houssan el Boustani, missionário pela paz mundial, estenderem seus tapetes na ampla sala. E rezarem voltados para Meca.

O que acha da prática? "Todas as religiões têm uma rotina pela qual seus fiéis conseguem refletir e chegar mais próximos a Deus. Nós também temos nosso jejum de reflexão", responde o rabino Ruben Sternschein, da Congregação Israelita Paulista. Elogiando, à exemplo das outras 40 pessoas presentes, a iniciativa dos anfitriões. "Os americanos cumprem um papel no mundo na busca de justiça e paz, e São Paulo faz parte do movimento", justificam os xeques Armando, Jihad e Houssan, secundados pelo rabino.

Nessa busca, qual a melhor maneira de alcançar a paz: impondo-a de cima para baixo ou por meio de conscientização da população? O rabino acredita que o segundo caminho seria o mais correto. Entretanto, alerta existirem momentos na história quando ele não produz resultados.

"É o segundo ano que fazemos isso", explica Kelly, ao lado de seu xará e chefe, o embaixador Thomas Shannon. "É na diversidade que se encontra a força", pondera o representante maior dos EUA no Brasil, que veio de Brasília especialmente para o evento. "A miscigenação no País, bem como a que existe nos EUA, dá o sentido de fraternidade e respeito às diferenças".

Nos discursos, chamaram atenção palavras como "perseguir a paz", "democracia", "liberdade", que se somavam a uma outra bastante usada pelos islâmicos presentes: "justiça". Ao final, frase de Raul Meyer, da Casa de Cultura de Israel, sinalizou a importância do congraçamento, praticado pela Casa Branca durante o ramadã: "O Estado é laico, a sociedade não".

Em tempo: diversos oradores se desculparam pelos erros de... Português.

CLAUDIA SAFATLE - Mundo pode estar numa "corrida para o fundo"


Mundo pode estar numa "corrida para o fundo" 
CLAUDIA SAFATLE
VALOR ECONÔMICO - 05/08/11
O mundo pode estar caminhando para uma "espiral negativa". Um círculo vicioso onde a austeridade fiscal traria mais desemprego, menos consumo privado, queda da arrecadação de impostos, recessão.

O acordo do governo dos Estados Unidos com o Congresso para aumentar o teto da dívida pública pacificou temores imediatos, mas criou a percepção de que a política fiscal restritiva decorrente do acordo pode desacelerar em mais 0,5 ponto percentual o já baixo crescimento da economia americana esperado para 2012 e agravar o já elevado nível de desemprego.

A isso se agrega a crise de confiança que se esparrama pela Europa e que ameaça se tornar uma crise financeira, com danos para o sistema bancário da Zona do Euro, carregado de títulos dos governos, o que acentua o risco de estagnação ou mesmo de uma recessão global.

Foi com base nesse quadro dramático que o governo brasileiro tomou medidas duras para o mercado de derivativos cambiais na semana passada e anunciou, nesta semana, um programa de incentivos fiscais para garantir alguma competitividade à indústria.

Medidas são para proteger o país, diz Barbosa

"Situação extraordinária requer medidas extraordinárias", comentou o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Ele foi um dos artífices da MP 539 que, no dia 27, deu um duro golpe no mercado de derivativos. A MP instituiu o IOF de 1% sobre as variações das posições vendidas em câmbio dos bancos, empresas e fundos e paralisou o mercado, comprometendo inclusive as operações de hedge cambial.

Barbosa também esteve no centro da concepção do programa Brasil Maior, que pretendeu assegurar condições mínimas de competitividade da indústria no mercado mundial, onde ele prevê que a concorrência ficará mais acirrada. "Não se trata de uma volta aos anos 70", disse. A crise internacional está gerando um grau elevado de desconfiança e o Brasil, dos Bric, é o país mais aberto para receber fluxos de capitais externos e apreciar ainda mais a taxa de câmbio. "Com essas medidas queremos proteger nossa demanda", disse o secretário.

Com os olhos na tela do celular que estampava as quedas nas bolsas de valores, ontem, pelo mundo e aqui, ele avaliou: "Está se consolidando, hoje, o risco de uma desaceleração ou, até, de uma recessão americana. E há uma grande incerteza financeira na Europa." Assinalou que comungava dos mesmos temores que têm sido apontados pelo economista Paul Krugman, de uma volta prematura da contração fiscal, tal como ocorreu em 1937, abortar a recuperação econômica nos Estados Unidos (que levou o país à depressão até a Segunda Guerra). Resultado de uma polarização das forças políticas do país que deixou o mundo em estado de perplexidade.

"É o mito da contração fiscal expansionista", citou Barbosa, referindo-se à crença de que uma política de corte do gasto público gera um ambiente de grande confiança, capaz de animar o gasto e o investimento privado e de reativar as forças da economia. "Nem a "The Economist" acredita mais nisso", disse, reportando-se à edição da revista britânica do dia 14 de julho, que trouxe um texto intitulado " A história mostra que austeridade e crescimento não andam juntos".

Os EUA, que demandariam mais estímulos fiscais, vão ter que cortar gastos. A Europa, que tem um grave problema de demanda, quer resolver a crise pelo lado da oferta. "Estão indo para uma linha onde não há o agente do crescimento", comentou o secretário.

Liquidez elevada e juros muito baixos devem perdurar no mundo ainda por um bom tempo, pelo menos por todo o próximo ano, estimulando operações altamente alavancadas em derivativos e em commodities, explicou. Isso motivou as medidas cambiais.

"O governo sentou à mesa de operação e quer saber o que os investidores estão fazendo. Não há nada proibido. Apenas queremos saber", disse Barbosa. Ainda estão frescos na memória do governo os efeitos colaterais da crise de 2008, que derrubaram empresas altamente alavancadas em derivativos que apostavam na apreciação do real. "Queremos dar ao Conselho Monetário Nacional uma visão sistêmica dos movimentos individuais nesse mercado." Ele reconhece que o mercado de derivativos tem importantes funções, dentre elas a de proteger os exportadores do risco cambial, mas acredita que ele gera, também, "externalidades negativas" que o governo quer evitar.

As conversas dos dirigentes da BM&FBovespa, Febraban e Cetip com o Ministério da Fazenda, para dar aplicabilidade à medida, prosseguem. O secretário admitiu desde o primeiro dia que poderão ser feitas as adequações necessárias à implementação da MP, mas nega mudanças no mérito da decisão. "Na primeira reunião eles nos pediram 60 dias de prazo. Demos o prazo, estamos avaliando e não há qualquer medida iminente."

Sobre o risco de uma migração desse mercado para fora do país, Barbosa comentou: "Pode ocorrer de uma parcela do mercado, mas não de todo ele." Ainda que haja a possibilidade de uma fatia importante dessas operações migrar, ele foi claro: "Esse é um risco que estamos dispostos a correr para não ter que perder empregos aqui e perder, também, setores industriais inteiros por conta de uma apreciação temporária do câmbio - por excesso de alavancagem - mas longa o suficiente para produzir efeitos permanentes na economia."

Diante de tantos perigos, o governo reafirma que a economia está preparada para enfrentar mais essa crise, mas sabe que ninguém passa incólume por ela. Ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, lembrou que o arsenal de medidas tomadas na avalanche de 2008 está à disposição para ser resgatado caso seja preciso.

MARCIA PELTIER - Pechincha eletrônica

Pechincha eletrônica 
MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 05/08/11

As classes A e B andam pesquisando como nunca os preços na hora de comprar um produto novo. Pesquisa feita pela Ipsos revela que até 38% dos consumidores mais abastados avaliam com muita cautela os valores na hora de levar um novo celular, computador ou TV. O quesito qualidade ou marca aparece em segundo plano, com 25%. A maioria dos consumidores acredita que a vida útil do eletrônico é curta.

Contemporizador

A escolha de Celso Amorim para o Ministério da Defesa contempla o PMDB, apesar de o ex-chanceler não ser um homem de atuação partidária. Amorim foi muito ligado a Renato Archer e Ulysses Guimarães e é muito próximo de Sarney, de quem, durante seu governo, foi o presidente da Embrafilme. Ao mesmo tempo, desfruta de grande amizade com Lula.

CEF da elite

Representante no Rio da Christie’s International Real Estate, a Júdice & Araújo criou um departamento específico para atendimento a clientes classe A em busca de crédito imobiliário. Em apenas 45 dias de funcionamento, as simulações atingiram os R$ 25 milhões, dos quais metade se concretizou em negociações.

Interesse oriental

Os imóveis de alto padrão no estado, aliás, vêm atraindo cada vez mais a atenção de estrangeiros, principalmente franceses, ingleses e americanos, muito em função da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. No site da mesma J&A, no entanto, os chineses já surgem com destaque.

Órbita chique

O Copacabana Palace vai ser palco da comemoração dos seis pousos do homem na Lua, segunda-feira. A festa vai contar com a presença do astronauta americano Eugene Cernan e do primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes. Eugene, hoje com 77 anos, participou de três missões espaciais, como piloto da Gemini IX, da Apollo X e como comandante da Apollo XVII. Por ter sido o último a entrar no módulo lunar para o regresso à Terra, em 1972, Eugene é considerado o último homem a deixar sua pegada na superfície do satélite terrestre. O evento é organizado pela Omega, cujos relógios foram utilizados por toda a tripulação de astronautas.

Benefícios previdenciários

O primeiro-ministro do Canadá Stephen Harper, que chega a Brasília segunda, virá iniciar um diálogo de parceria estratégica, com a criação de um fórum de altos executivos Brasil-Canadá para aproximar os setores privados dos dois países. Ele também assinará acordo para liberação de rotas aéreas e outro que possibilitará, a quem tenha contribuído para os sistemas previdenciários brasileiro e canadense, somar os tempos de serviço.

Bom gosto

Harper pediu para conhecer as obras arquitetônicas de Oscar Niemeyer em suas horas livres em Brasília.

Numa telona próxima

O filme de Hugo Carvana Não se preocupe, nada vai dar certo, estreia nesta sexta com 121 cópias em todo o país já inscrito para dois festivais: o 15º Brazilian Film Festival, dia 23, em Miami, e o V Festival CineMúsica de Conservatória, em setembro. Na pré-estreia carioca, quarta-feira no Odeon, Tarcísio Meira não compareceu, derrubado por uma virose. Ângela Vieira, que havia faltado ao lançamento paulista por causa de um tombo que levou em casa, foi de cadeira de rodas.

Concorrência calórica
O apresentador Luciano Huck e técnico de vôlei Bernardinho venderam suas participações na Yoggie. O setor de frozen iogurtes sofre com a forte competição dos sorvetes, a meses do verão.

Amantes do cinema

Antoine de Baecque, que foi um dos principais críticos da revista Cahiers du Cinéma, chegando ao cargo de editor-chefe de 1996 a 1998, lança no cineclube da Maison de France, segunda, seu livro Cinefilia. Hoje professor universitário, ele debaterá na mesma noite com o público o filme O desprezo, de Godard, cineasta sobre o qual escreveu inúmeros artigos.

Livre Acesso

Veronica Sabino, filha do escritor Fernando Sabino, vai cantar ao lado de Roberto Menescal na inauguração da exposição Encontro Marcado com Fernando Sabino, este sábado, no Espaço Criança Esperança, no Morro do Cantagalo. Com entrada gratuita, fica aberta ao público até dia 28.

Com investimento de aproximadamente US$82 milhões em 1,5 mil projetos sociais, o Instituto C&A completa 20 anos de atuação nesta sexta. Entre as ações comemorativas estão a realização de um seminário e o lançamento de uma publicação sobre o programa Voluntariado, que conta atualmente com a participação de mais de 5 mil funcionários da C&A.

Nesta sexta, o agito na Barra vai ser na Nuth, onde um time de sete DJs de house music vai tocar na noite promovida pelo site Tá Em Todas, de Bruno Guerra. Após a festa, um café da manhã será servido para a galera do after hour.

O site Mais de 50, com mais de 140 mil internautas cadastrados, promove almoço-dançante, neste sábado, em Laranjeiras.

A Ademi-RJ homenageia, nesta sexta-feira, no Jockey Club Brasileiro, o prefeito Eduardo Paes pelo projeto de revitalização da Zona Portuária.

A multimarcas Marycota, em Icaraí, lança, terça-feira, coleção de camisetas ilustradas com frases e poesias da estilista Adriana Rodrigues e abre exposição do designer de joias Diogo Dalloz, A forma mágica do gelo.

O artista plástico Evandro Júnior é o único brasileiro convidado a expor na New York International Gift Fair, uma das maiores feiras especializadas em artigos para decoração do mundo, que acontece de 13 a 17. Evandro já fechou vários negócios por meio do catálogo virtual da feira, tendo vendido para lojas em Los Angeles, Louisiana e na Califórnia.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito

MÔNICA BERGAMO - COISA NOSSA

COISA NOSSA
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 05/08/11

A top brasileira Camila Alves, mulher do ator norte-americano Matthew McConaughey, astro de filmes como "Sahara", "O Casamento dos Meus Sonhos" e "Tempo de Matar", esteve em São Paulo há cerca de 15 dias para fotografar a nova campanha da marca de acessórios Datelli. A modelo, que é do interior de Minas Gerais e mora nos EUA com o marido e os dois filhos, Levi e Vida, lamentou ter apenas três dias para ficar no Brasil.

TOQUE DE MIDAS
Está em gestação a união de dois titãs do audiovisual: José Padilha ("Tropa de Elite" 1 e 2) e Daniel Filho ("Se Eu Fosse Você" 1 e 2), donos das maiores bilheterias da retomada, discutem a formação de um fundo para a produção de filmes que levariam seus selos de qualidade. Os dois já arrastaram mais de 20 milhões ao cinema.

FUNDO GARANTIDOR
Pela ideia em discussão, o fundo daria segurança a investidores, já que um filme de retumbante sucesso garantiria outros que não fossem tão populares. E a fórmula asseguraria um fluxo permanente de recursos para várias produções.

COMEÇO
"A gente está trabalhando nisso também", admite Padilha. "Mas estamos em estágio embrionário."

MEIO
Numa outra frente, Padilha negocia com várias produtoras - inclusive a de Daniel Filho - para a criação de uma distribuidora.

FIM
O PT identificou as digitais dos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL) na coleta de assinaturas para uma CPI dos Transportes. Depois da confusão criada, eles teriam valorizado o próprio passe trabalhando para impedir a comissão. "Isso não procede, pelo contrário", diz Renan. "Trabalhamos duro para evitar a CPI."

MEIA VOLTA
Um dos senadores que teria atendido a um pedido de Jucá e de Renan para, num primeiro momento, apoiar a CPI teria sido João Durval (PDT-BA). Ele primeiro assinou e depois retirou sua rubrica do requerimento que criava a comissão. Diz que fez isso porque "pensou melhor". E nega que tenha participado de armação, o que seria "impossível", de acordo com sua assessoria.

SHALOM
Chegou ao fim a união de David Feffer, do grupo Suzano, e de Ana Feffer.


Por três décadas, os dois formaram um dos casais mais festejados de SP.

DESFILE DE DEBUTANTE
A grife Bobstore fez um desfile para comemorar seus 15 anos no hotel Unique. Na passarela, modelos como Izabel Goulart e Renata Kuerten. Na plateia, as atrizes Camila Morgado e Paola Oliveira e a apresentadora Daniela Cicarelli.

CURTO-CIRCUITO

Camila Hungria e Renata D'Elia lançam "Os Dentes da Memória" hoje, a partir das 19h, na Livraria da Vila dos Jardins.

Gui Amabis apresenta o show "Memórias Luso Africanas" no projeto Prata da Casa do Sesc Pompeia. Na terça, às 21h. 18 anos.

A grife infantil Tyrol realiza bazar em sua loja do Tatuapé com descontos de até 85%. Começa no domingo e vai até o dia 14.

Eliane Costa, da Petrobras, lança o livro "Jangada Digital" hoje, às 20h, em Salvador. No encerramento do 7º Enecult.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY