terça-feira, junho 14, 2011

CARLOS HEITOR CONY - Congestão republicana


Congestão republicana
CARLOS HEITOR CONY
Folha de são paulo - 14/06/11


RIO DE JANEIRO - De repente, apesar da fama de machão ou de machista, o Brasil se descobre governado por mulheres. Na chamada República Velha, até 1930, uma situação como a de agora era impensável, seria até mesmo um escândalo, comprovada ficava a falência masculina para nos guiar e reger.
Outro escândalo que abalou nossos alicerces foi a declaração de um candidato presidencial que prometia ser um gerente do Brasil, uma vez que nosso problema era de gestão e não de política: Adhemar de Barros nunca chegou lá.
Tudo tem sua hora e vez. Dona Dilma (eleita) e dona Gleisi (nomeada) fazem questão de acentuar que não chegam a ser políticas, mas gestoras. E, como gestoras, elas transferem a articulação política para outra dama que, estranhamente, até a véspera, fazia a gestão de pescados e não exatamente da política dos pescados.
Sempre admirei a rapidez com que uma autoridade em ferrovias, com uma penada no "Diário Oficial", passe a ser especialista em recursos hídricos (não sei se ainda existe tal ministério, mas entre os quase quarenta que agora temos, é possível que ainda exista).
Nada contra a competência das três novas mandatárias, Dilma, Gleisi e Ideli. Pessoalmente, tenho respeito e admiração por elas. E como todos os brasileiros, mesmo os que não gostam do PT, torço para que tudo dê certo.
Mas, como lembrei em crônica da semana passada, o caso do velhinho do Iseb que, após erudita noitada de debates sobre os rumos da nacionalidade, declarou que tudo estava confuso, eu também temo que não dê certo.
Não por culpa das "três mulheres do sabonete Araxá", que rendeu a Manuel Bandeira um dos seus melhores poemas, mas por aquilo que o finado Jânio Quadros chamava de "apetites". Com tanta gestão é possível que aconteça uma congestão republicana.

ILIMAR FRANCO - Tensão permanente


Tensão permanente
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 14/06/11


A ocupação dos cargos de segundo e terceiro escalões é um foco constante de atrito na base do governo Dilma. Este será o maior desafio da nova articuladora política, ministra Ideli Salvatti. As indicações dos aliados estão congeladas no Planalto. As coisas não andam por causa do PT. Ocorre que cada aliado nomeado corresponde à demissão de um petista. O PT tem apenas 24% das cadeiras no Congresso e ocupa 70% destes cargos.

Plano nacional anticrack
O governo federal pretende anunciar, na segunda-feira, um novo plano de combate ao crack. A Secretaria Nacional Antidrogas vai apresentar o mapa do crack no Brasil. A pesquisa é da Fiocruz. A secretária Paulina Duarte, se vencer a queda de braço com o Ministério da Saúde, anunciará também medidas de repressão e recursos extraordinários para o tratamento dos dependentes. As verbas serão para ampliar o número de leitos do SUS, destinados à desintoxicação, e para financiar comunidades terapêuticas, visando à abstinência dos pacientes. Estima-se que existem hoje no país dois milhões de consumidores de crack.

"Não me arrependo das lutas que tive de enfrentar, mas sempre ganhei mais batalhas conciliando do que divergindo” — Ideli Salvatti, ministra, ao tomar posse na pasta de Relações Institucionais

PRIMEIRA MISSÃO. A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) cumpriu ontem à noite a primeira tarefa política que recebeu da presidente Dilma Rousseff. Sua prioridade: deter a luta interna e colocar ordem na bancada petista na Câmara. Ideli teve uma conversa com o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, para tratar da divisão da bancada do PT na Casa. A ministra vai procurar outros petistas. 

O interlocutor
O DEM tem um motivo especial para comemorar a queda de Antonio Palocci. Ele era o principal interlocutor do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, no processo de formação do PSD. O DEM acredita que agora o PSD perderá gás. 

Na contramão
Um grupo de deputados estava em missão, no Piauí, quando saiu que Ideli Salvatti assumiria as Relações Institucionais. O presidente do PT mineiro, Reginaldo Lopes, checou e avisou: “Não precisam ficar preocupados, não está confirmado”.

Mobilização do Norte e do Nordeste

Os 16 governadores das regiões Nordeste e Norte decidiram se unir e encaminhar uma proposta comum de reforma tributária ao ministro Guido Mantega (Fazenda). Eles querem que o governo federal garanta suas receitas intactas, mesmo depois de o STF declarar inconstitucional parte das leis regionais de incentivos fiscais. Eles vão atuar em conjunto também no Senado, na revisão das alíquotas do ICMS, e na Câmara, nos projetos que redefinem a divisão do FPE.

Escolinha social
A ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social) vem ao Rio amanhã assinar um termo de compromisso com seus 92 municípios
para melhorar a gestão dos programas sociais. A iniciativa integra o programa Brasil sem Miséria.

Memória digital 
A OAB do Rio, o Arquivo Nacional e o Ministério Público realizam hoje, em São Paulo, “Ato de Repatriação do Acervo do Brasil Nunca
Mais”. Essas entidades vão apoiar a digitalização de um milhão de documentos da ditadura militar.

 O PMDB está intrigado com a demora da presidente Dilma para anunciar o líder do governo no Congresso. Enquanto não sai, o deputado Mendes Ribeiro (PMDBRS) fica sujeito ao sol, às chuvas e às trovoadas. 
 CONSTA QUE a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) encomendou uma pesquisa. Quer medir a temperatura dos eleitores sobre a sucessão na prefeitura de Porto Alegre (RS).
● O COPOM aumentou os juros, mas a Fazenda continua atenta às cotações do dólar. A equipe econômica diz que ainda tem cartas na manga para usar contra a especulação.

EDITORIAL - O ESTADÃO - A trapaça boliviana


A trapaça boliviana
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 14/06/11

Contando, como sempre, com a passividade dos países vizinhos, o presidente da Bolívia, Evo Morales, inventou uma forma surrealista de aumentar a arrecadação de impostos. Decreto promulgado em La Paz na semana passada premia com a legalização os ladrões e receptadores de veículos sem documentação que circulam naquele país, se pagarem um tributo especial no prazo de 15 dias. Com isso, estima-se que o governo boliviano poderá arrecadar o equivalente a R$ 320 milhões. Bem a seu estilo populista-confiscatório, Evo Morales justificou a medida como um benefício para os mais pobres, pois "todos têm direito a ter seu próprio carro". Trata-se de um claro incentivo à criminalidade, que não pode passar sem protesto por parte do Brasil, de onde provém a imensa maioria dos carros e caminhões furtados ou roubados.

Veículos roubados em todo o País, quando não são recuperados pela Polícia, vão para o desmanche de peças ou acabam na Bolívia ou no Paraguai. A ação policial nessa área está longe de ser satisfatória. Segundo cálculos da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados (Fenaseg), 377.250 veículos foram furtados no Brasil em 2010, sendo resgatados 47%, ou 176.381. Com isso, milhares de cidadãos são prejudicados, alguns deles, como os caminhoneiros, perdendo o seu meio de subsistência. Além disso, as indenizações que as seguradoras devem pagar estão em contínuo crescimento. Preocupada, a Fenaseg encaminhou ofício ao Itamaraty salientando que a decisão tomada pelo governo boliviano representa uma ameaça à segurança pública, contribuindo para o aumento da violência, já que equivale a um salvo-conduto para veículos roubados em outros países.

Informa-se que os governos do Brasil, Chile, Paraguai e Peru vão enviar listas de veículos roubados para evitar que sejam legalizados. Mas isso pouco ou nada valerá. Os veículos contrabandeados não têm a placa original e os ladrões raspam os números de identificação dos chassis. Na realidade, as autoridades policiais preveem que o contrabando aumente a curto e longo prazos. Nos últimos dias, notícias vindas da Bolívia dão conta de que cresceu o fluxo ilegal de carros para o país vizinho provenientes do Brasil e do Chile. A expectativa é de que, com o precedente aberto, o governo de La Paz promova, de tempos em tempos, outros festivais de legalização de veículos roubados para cobrir rombos nos cofres públicos. A alegação do governo boliviano de que, depois dessa "anistia", agirá com mais rigor contra o contrabando de carros não passa de desculpa esfarrapada.

O roubo e contrabando de carros está estreitamente ligado ao tráfico de drogas e de armas, inclusive o que é comandado de dentro dos presídios, com ramificações em vários Estados. Os veículos funcionam menos como meio de transporte de drogas do que como moeda de troca para aquisição de cocaína.

A situação é particularmente delicada em Mato Grosso, que tem 953 km de fronteira com a Bolívia, sendo 750 km de fronteira seca, em zonas urbanas e rurais. Lá foram registrados 2.568 furtos e 2.030 roubos de veículos em 2010. Além disso, é por Mato Grosso que os carros surripiados em outros Estados atravessam as fronteiras. O comandante do Grupo Especial de Fronteira, que atua em municípios vizinhos à Bolívia, informa que 300 veículos foram recuperados em 2010, mas, se persistir o indulto de Morales aos criminosos, a recuperação de carros será comprometida.

O ato malandro do presidente Evo Morales é contestado em seu próprio país. A oposição pretende recorrer ao Tribunal Supremo de Justiça e motoristas profissionais, que se sentem lesados, prometem greve. Os já frágeis pilares da economia de mercado na Bolívia também serão abalados. Os importadores e revendedores de veículos praticamente não terão mercado. Será extremamente difícil encontrar clientes dispostos a pagar o preço normalmente praticado de um automóvel ou caminhão enquanto existir oferta de carros roubados, vendidos com desconto e, ainda por cima, legalizados.

MIRIAM LEITÃO - Portão 13


Portão 13 
MIRIAM LEITÃO
O Globo - 14/06/2011


O piloto se desesperou: “Senhores passageiros, já falei com Deus e todo mundo, e ninguém sabe a que horas vamos decolar. Não sei mais o que dizer aos senhores.” Foi um dos momentos inusitados da confusão aérea do sábado. Não era culpa da nuvem vulcânica, empurrada por ventos para o oceano. Era apenas um nevoeiro normal em São Paulo que fechou Congonhas por algumas horas.

Qualquer aeroporto do mundo pode fechar por algumas horas. A confusão que vi em Congonhas era desproporcional ao tamanho do atraso. O que detona um caos como aquele?

- Primeiro, faltam no controle aéreo brasileiro programas mais modernos e inteligentes de aproximação, pouso e decolagem. Se os programas não fossem tão velhos, as aeronaves poderiam pousar apesar das condições meteorológicas. O Brasil precisa comprar tecnologia de ponta de sinalização de torre de controle. Segundo, precisa haver melhor gestão de atendimento em terra; melhor sistema de informação. Imagina um gringo perdido com aquele som péssimo e ninguém para informar? Ele perde o voo - diz Paulo Fernando Fleury, do Instituto Ilos.

Fleury, especialista em logística, já perdeu voo dentro de aeroporto por causa das costumeiras trocas de portão.

Uma menina de menos de 10 anos passa por mim apressada.

- Mãe, nosso voo passou para o piso inferior. O piso inferior, mãe! - diz, já ligada, como se fosse adulta.

Mais de duas da tarde do sábado, meu voo tinha sido cancelado, eu estava sentada perto do portão de um voo que teria que ter saído às 12h20m. No portão estava escrito “embarque próximo”. E assim ficou o aviso, subvertendo o sentido da palavra “próximo” por uma hora. Depois, piorou; o nome Rio de Janeiro sumiu e apareceu a palavra Ilhéus. Não era possível trabalhar, porque todo mundo tinha que seguir o comportamento da menina e ficar ligado em tudo, tentando ouvir o ruído do som no meio do burburinho.

Tinha chegado ao aeroporto de Joinville pouco depois das 7h. Não havia nevoeiro em Joinville. Nem avião. O pátio, inteiramente vazio. Congonhas, fechado; o avião não tinha decolado, portanto, não tinha pousado e não decolaria. Por enquanto.

- Esse é um dos problemas. O Brasil organizou-se no sistema de Hub. Alguns aeroportos originam todos os voos ou são escalas obrigatórias, como Congonhas. O problema é que se houvesse uma tecnologia moderna de pouso e decolagem eles fechariam com menos frequência e isso evitaria problemas que ocorrem em sequência - explica Fleury.

A certa altura, as malas e a escada foram levadas para a pista de pouso. Nada da aeronave. Quando, afinal, decolou rumo a São Paulo, parecia que apenas uma parte da manhã estava perdida, mas o pior estava por vir. O avião não conseguia pousar pelo engarrafamento do trânsito aéreo. Isso acontece com frequência. Os aviões ficam esperando a hora de entrar na fila de pouso. Depois que pousou, foi o tempo de esperar a escada e o ônibus em Congonhas. No caminho até o terminal, a pista engarrafou de ônibus e tratores que puxam escadas. Era o caso de um semáforo. Houve um momento em que um trator atravessou o caminho do meu ônibus. O motorista parou em tempo, felizmente.

O saguão parecia uma praça de guerra, com monte de gente andando em todas as direções, ninguém para dar informação. Vi uma tripulação perdida e a acompanhei com os olhos, curiosa. De repente, alguém de dentro do portão grita:

- Oi gente, é por aqui, por aqui!

As informações eram dadas pelos passageiros:

- O avião já pousou, mas não se sabe o aeroporto.

O especialista no tema Respício do Espírito Santo conta que uma resolução baixada recentemente proíbe que um voo de Congonhas pouse em Guarulhos:

- Por isso, se Congonhas tem problema, o voo tem que ir para Viracopos, que também fecha muito, então tem que ir para Ribeirão Preto ou outro aeroporto. Pior que esperar é ir para outro local. Quanto custa para quem passa horas no aeroporto? Quanto custa em termos de estresse do controlador de voo, da tripulação? Quanto custa para a empresa aérea?

Quando o nome Rio de Janeiro sumiu do letreiro do portão e apareceu Ilhéus, decidi ir ao painel central. Lá, encontrei duas pessoas com o uniforme da companhia pela qual eu voaria. Estávamos com a mesma cara de desalento e descobrimos juntos que na frente do nosso voo estava escrito “procurar a companhia”.

- Como procuro a companhia?

- Nós somos da companhia.

- Percebi pelo crachá, mas não queria constrange-los. Onde posso buscar informação?

Eles apontaram o dedo para o tumulto lá adiante em torno de um balcão.

Impossível chegar perto, ouvir qualquer orientação. Eram camadas de pessoas nervosas. Fiquei lá à deriva, até que ouvi o grito de um dos tripulantes que tinha encontrado no painel:

- Míriam, é no portão 13, corre, corre.

Era meu dia de sorte. Consegui chegar no Rio às 17h30m, dez horas e meia depois de entrar no primeiro aeroporto.

VINICIUS TORRES FREIRE - A BOLHA DOS IMÓVEIS ERA BOLHA

A BOLHA DOS IMÓVEIS ERA BOLHA
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/11


Retração na venda de casas e de material de construção acaba de desmoralizar a história da "bolha" no Brasil

Havia uma bolha no mercado imobiliário brasileiro. Ou melhor, havia o rumor de bolha, pelo menos até fevereiro, quando começaram a aparecer números que mostravam o arrefecimento das vendas de imóveis na cidade de São Paulo e números menos animados das vendas de material de construção.
No início de maio, notava-se aqui que o "indicador de sentimento" (conversas informais, apenas) dos empresários do setor era que a euforia havia passado. Pois passou mesmo. Saber o motivo da calmaria já é tarefa mais difícil.
Não temos dados estatisticamente confiáveis nem sobre preços de imóveis em São Paulo, por exemplo. Inexiste uma medida de preços interessante de acompanhar quando se pretende descobrir uma bolha pelo telescópio: a evolução relativa de preços de imóveis e aluguéis, inexiste. Economistas e pessoal do setor comem esse mingau pelas beiradas, olhando dados de vendas de material de construção civil no varejinho, no atacado e para a construção pesada, vendas de imóveis novos etc.
Esta Folha noticiou que a venda de imóveis novos caiu quase 44% no primeiro quadrimestre deste ano (em relação a 2010). Os preços, porém, subiram de 20% a 47%, a depender do número de dormitórios.
A concessão de crédito imobiliário, segundo o Banco Central, continua crescendo ao ritmo de mais de 80% sobre o ano passado (comparação mês a mês), embora não saibamos para onde vai o dinheiro.
Mas o jeitão dos números, vagos e em parte contraditórios, permite perguntar se houve mesmo uma queda grande na demanda ou esgotamento da capacidade de oferecer imóveis ou um pouco dos dois.
Nos primeiros cinco meses do ano, as vendas no varejo de material de construção cresceram 2,5%, segundo pesquisa feita pela Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) com o Ibope.
As informações sobre o andamento da construção civil e seu comércio, de resto, não servem para avaliar o ritmo do mercado imobiliário porque, obviamente, é difícil discernir qual o motivo de altas e tombos. A queda do consumo de material se deveu ao ritmo lento das obras "fora do mercado", subsidiadas, do Minha Casa, Minha Vida, o programa de habitação incentivado pelo governo? Veio da redução forte do ritmo de investimentos públicos (como em saneamento)?
O corte de despesas do governo atingiu, como de hábito, mais o investimento ("obras") que as de custeio. Estados e municípios têm segurado gastos, mostram as estatísticas fiscais -também seguraram obras de esgoto, escolas etc.?
A alta das taxas de juros e outras dificuldades no crédito, inadimplência maior inclusive, devem estar tolhendo o "consumo formiga" (varejo) de material de construção, uma fatia grande do mercado brasileiro. Mas a alta dos juros para o consumidor já teria segurado a construção de casas novas? A importação de material de construção mais caro, devido ao real forte, deve estar fazendo estragos nessa indústria.
Enfim, parece claro que o conjunto do setor de material de construção deu uma freada abrupta. Sobre imóveis, está difícil de saber, embora a hipótese de bolha, num mercado de financiamento tão primitivo como o brasileiro, pareça ainda mais débil do que sempre.

JOSÉ SIMÃO - Ueba! Dilma monta o Periquitério!


Ueba! Dilma monta o Periquitério!
JOSÉ SIMÃO 
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/11

Tiraram a Ideli Salvatti da Pesca. Ela tava assustando os peixes. Tava pescando no berro! Rarará!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Manchete do Twiteiro: "Justiça manda soltar 439 bombeiros e esvazia o armário da Luma de Oliveira". Manchete do Piauí Herald: "Galvão Bueno é internado com depressão pós-Ronaldo". Coitado, não tem mais nenhum R pra gritar. Roooonaldo, Ruuuubinho! Rarará!
E essa: "Dilma desmonta o paulistério". E monta o PERIQUITÉRIO! Ueba! Mais uma periquita. Mais uma maritaca pit bull: Ideli Salvatti. A filha do ET de Varginha com a Mãe do Sarampo! Rarará! Tiraram a Ideli da Pesca. Ela tava assustando os peixes. Tava pescando no berro! E como diz o chargista Aroeira: "Homem no governo Dilma é cota!".
E pede pro novo ministro da Pesca criar o Vale Vara: toda mulher terá direito a um ricardão enquanto o marido for pescar!
E a Ideli Salvatti (salvatti quem puder) virou ministra das Relações Institucionais. Ufa! Ainda bem! Já imaginou se fosse relações sexuais? Rarará!
Ideli Salvatti para o Ministério das Relações Sexuais. E diz que o Palofi devia ser condenado a ficar num quarto escuro com a Ideli. AÍ, A GENTE LIGAVA A LUZ! Rarará! E eu já sei como vão ser os quatro anos do governo Dilma: um monte de piada machista!
E a Ideli era perfeita para o Ministério da Pesca. Porque quando ela estava nervosa, ou seja, sempre, o povo gritava: "Tá nervosa, vá pescar!". Rarará! E adorei o novo penteado dela, parece uma holandesa. A holandesa da Batavo! Rarará!
E o novo ministro da Pesca? Experiência profissional: pescou um lambari no pesque e pague! Serve! Tá empossado! E pra que serve o Ministério da Pesca? Pra ficar contando mentira de pescador. Rarará! Ministério da Minhoca!
O Brasileiro é Cordial. Mais uma placa do Gervásio na empresa em São Bernardo: "Se eu souber que algum caixa-prego daqui está preparando festinha junina no pátio da empresa, vou fazer esse jeca tatu virar miss caipirinha em cima do verdadeiro pau de sebo. Conto com todos. Assinado: Gervásio". Rarará!
E mais um pra minha série Os Predestinados. Dentista em São Paulo: Luiz Tiradentes de Abreu! Abreu a boca ele tira os dentes. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!


MERVAL PEREIRA - Tutela


Tutela
 MERVAL PEREIRA

O Globo - 14/06/2011

A aprovação de uma vasta maioria - nada menos que 64% dos entrevistados pelo Datafolha aprovam sua interferência no governo Dilma - legitima a atuação de Lula nos episódios políticos recentes e confirma que a percepção generalizada é a de que o governo Dilma não passa de um interregno ditado pela legislação brasileira, que impediu que Lula disputasse um terceiro mandato consecutivo.

A solução mal ajambrada encontrada pela presidente Dilma Rousseff para sair da crise provocada pela demissão de Palocci é uma tentativa de dar marca própria a um governo que parece refém de dois agentes políticos, o próprio ex-presidente Lula e o PMDB.

O discurso de posse da ministra Ideli Salvatti no posto de coordenadora política do governo ressaltou um insuspeitado lado negociador, que até agora era tido como inversamente proporcional ao seu mais conhecido e público espírito guerreiro, que identifica em um adversário político o inimigo a ser derrotado.

Menos mal que as palavras tenham sido escolhidas com o cuidado de quem sabe que o que se teme em sua atuação é o contrário do que ela deveria ser no comando das relações institucionais do governo, e pelo menos no discurso a ministra Ideli mostrou- se pronta a desconstruir a imagem que dela tem a maioria dos políticos.

Ato contínuo, demitiu o segundo homem do ministério, um adversário político seu dentro do PT de Santa Catarina, para demonstrar que afabilidade tem limites.

O episódio da saída da Casa Civil de Antonio Palocci afetou a credibilidade da presidente Dilma, mesmo que a avaliação geral de seu governo continue dentro dos mesmos níveis anteriores, em torno de 50%.

Eles revelam, no entanto, o mesmo quadro que encerrou a eleição de 2010: um país dividido entre os que apoiam o governo e os que o rejeitam, de maneira mais radical - apenas 10% dos entrevistados, mas número em crescimento -, ou desconfiam dele - 38% o consideram apenas regular.

Esse índice regular, por sinal, pode ser computado como positivo ou negativo, dependendo de quem leia a pesquisa, ou dos critérios técnicos que variam de instituto para instituto.

São eleitores, no entanto, que na teoria estão à disposição da oposição. Se levarmos em conta que 60% dos entrevistados consideram que o episódio Palocci prejudicou a imagem da presidente, e só um terço aprova seu comportamento durante a crise, teremos aí uma base para atestar que sua figura de líder saiu maculada da primeira crise que enfrentou.

Para 57%, Dilma conhece, sim, a lista dos clientes de seu ex-ministro. Essa convicção aumenta à medida que cresce o nível financeiro dos ouvidos: 67% na faixa entre cinco e dez salários, 80% entre os acima de dez salários.

A indecisão da presidente no episódio marcou os eleitores: na pesquisa anterior, 79% dos ouvidos achavam Dilma uma pessoa decidida, hoje este número é de 62%.

Até a inteligência e a sinceridade da presidente estão colocadas em dúvida pelo episódio: eram 9% os que a achavam pouco inteligente, hoje já são 20%, enquanto chega a 22% o número de pessoas que a acham insincera.

A insegurança do eleitorado também aumentou nos últimos meses: 51% acreditam que a inflação continuará a subir, e apenas 33% acreditam que o poder de compra vai subir.

Se juntarmos essas desconfianças com o entusiasmo com que veem a intervenção de Lula nas ações do governo, temos uma mistura explosiva num governo que tem dentro de casa dois partidos se digladiando pelo poder e insatisfeitos com as decisões da presidente, algumas vezes mais pelas virtudes reveladas por suas decisões do que por defeitos identificados pelos fisiológicos dos dois partidos.

O controle do apetite da base aliada, por exemplo, é uma boa iniciativa da presidente Dilma, assim como seu comportamento sóbrio até o momento, que, contrastando com o narcisismo de Lula, havia produzido um ambiente político mais relaxado no país até a crise envolvendo Palocci - que proporcionou a explicitação das indecisões da presidente e a atuação desembaraçada de Lula.

A carta que enviou ao ex-presidente Fernando Henrique, pela comemoração dos seus 80 anos, é um exemplo de civilidade que ela já havia dado ao convidá-lo a participar, com outros ex-presidentes, de um almoço em homenagem ao presidente dos EUA, Barack Obama.

Assim como se recusou a comparecer ao almoço, também até o momento Lula não se dignou a enviar os cumprimentos ao seu antigo aliado político e amigo, que a política distanciou.

Mas as palavras de Dilma têm sentido mais amplo que a pura protocolar homenagem ao aniversariante ilustre.

Ela, em poucas linhas, desconstrói toda uma estratégia política montada em muitos anos de embate entre PSDB e PT, atribuindo a Fernando Henrique o que nem mesmo seus aliados tiveram a coragem de admitir nas campanhas eleitorais, no pressuposto equivocado e mesquinho de que elogiá-lo tiraria votos.

A presidente Dilma Rousseff elogiou por escrito: “(...) o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica. Mas quero aqui destacar também o democrata. O espírito do jovem que lutou pelos seus ideais, que perduram até os dias de hoje. Esse espírito, no homem público, traduziu-se na crença do diálogo como força motriz da política e foi essencial para a consolidação da democracia brasileira em seus oito anos de mandato”.

Ao lado do reconhecimento público, por atos a presidente Dilma vem fazendo uma revisão de conceitos, aceitando a privatização como a melhor solução para a modernização de nossa infraestrutura, especialmente as estradas e os aeroportos do país.

Sepulta assim anos de mistificação política petista, parecendo querer superar a dicotomia em que nossa política está ancorada, talvez para buscar um governo eficiente e moderno que a possa libertar da tutela lulista.

XICO GRAZIANO - Metáforas infelizes

Metáforas infelizes
XICO GRAZIANO
O Estado de S.Paulo - 14/06/11


A agricultura esteve em voga na política destes dias. Melhor dizendo, participou das conversas. Vejam que curiosas frases foram ditas:

Do senador Demóstenes Torres, em entrevista à revista Veja: "Vivemos em um momento crítico, de total submissão. No final das contas, o Congresso se comporta bovinamente".

Do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, questionado a respeito de sua posição atual sobre as drogas: "Só quem é burro não muda de opinião diante de fatos novos".

Do jovem Dayvini Nunes, dono do apartamento alugado pelo ex-ministro Antônio Palocci: "Eu não tenho como bater de frente com essas pessoas. Sou um laranja".

A alusão pejorativa à agricultura tem se tornado, há tempos, uma característica típica da oratória brasileira. Não se conhece outra nação onde a linguagem carregue tamanho preconceito contra o campo. Triste povo que, mesmo sem o perceber, achincalha seus agricultores.

A lista das figuras de linguagem depreciativas do mundo rural soa enorme. "Vá plantar batatas" é uma das mais antigas. Diz-se que a frase nasceu na época gloriosa de Portugal, quando a navegação e a pesca emprestavam prestígio à sociedade, restando desdém pela vida sofrida na agricultura. Tida como alimento vulgar, a solanácea calejava e sujava as mãos dos que a produziam.

Alimento básico da civilização inca, a batata encantou os colonizadores espanhóis, que logo a levaram para a Europa. O sucesso de sua aceitação leva muita gente a pensar que o alimento tem origem alemã. Uma das razões decorre do fato de que, em 1740, Frederico II, o Grande, baixou norma obrigando seus súditos na Alemanha a consumirem batatas para enfrentar a constante ameaça da fome. Ainda hoje, sobre seu túmulo, no Palácio de Sans-Souci, depositam-se batatas para lembrar o gesto pátrio.

Nem sempre facilmente se explica a origem das metáforas negativas utilizadas com gêneros agrícolas. A própria batata, que mereceria uma homenagem, serve ao desabono.

Descascar um abacaxi, outro exemplo, não exige tanto esforço assim para justificar algo penoso, conforme a linguagem popular utiliza na descrição de missão inglória. Mas pegou.

O caso da laranja sempre me pareceu o mais estranho. No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa se encontra que laranja, em economia, remete a indivíduo, nem sempre ingênuo, utilizado em práticas fraudulentas contra o fisco ou com dinheiro ilícito. Ser "laranja" significa, portanto, um disfarce do mal.

Mas qual seria a motivação semântica do termo? O engana trouxa recai sobre a laranja por ser ela azeda? Ou por causa da coloração amarela por fora, na casca, e branca por dentro, no bagaço? Ninguém duvida que o Palocci esconda algo estranho nessa história de sua grana milionária. Só não entendo eu qual o alegórico pecado da fruta.

Já o coitado do burro sai injustiçado sempre que, aos olhos de uma pessoa, outra não toma boas decisões. Dizer, entretanto, que fulano é burro afronta a natureza, pois o asinino é um animal bem inteligente. Cauteloso, o bicho fez história no transporte de cargas em terrenos difíceis e encostas íngremes, onde um cavalo facilmente despencaria. O burro, ou sua mulher, a mula, empacam por astúcia, não por teimosia.

Fernando Henrique, um homem sabidamente perspicaz, está correto. Quem não muda nunca de opinião é dogmático, perde razão. As Ideias e seu Lugar intitula um dos seus ensaios mais instigantes sobre as teorias do desenvolvimento. Ter ele caído na armadilha da linguagem preconceituosa mostra o quanto o vício está incorporado nos ditos populares. Para mostrar sua flexibilidade intelectual poderia alternativamente ter dito: "Não sou uma pedra"! Parada no mesmo lugar.

Do burro ao boi. O Congresso Nacional, aos olhos do povo, parece uma casa de doidos. O senador Demóstenes Torres, porém, teve alguma inspiração ao contrário, ligada à mansidão, para caracterizar em sua entrevista o lado bovino daquela Casa. A submissão do Congresso ao poder do Executivo é um sério problema apontado por ele, motivo de preocupação dos democratas republicanos. Agora, achar que toda boiada é lânguida significa desconhecer a complexidade da pecuária. Cutuca touro bravo pra ver!

Certo desprezo ao caipirismo se esconde no preconceito urbanoide contra o campo. Nas festas juninas o desdém aparece disfarçado nos exagerados fetiches do caboclo, tais como o chapéu de palha desfiado do tipo espantalho, aquele dentinho pintado de preto para parecer banguela, o sapatão velho de bico furado. Em vez de homenagem, refletem um horroroso mau gosto que deforma a visão das crianças sobre os homens do interior, depreciando-os, igualando-os todos ao triste personagem Jeca Tatu. Pedagogia zero.

O passado escravocrata e latifundiário, aliado aos problemas ambientais do presente, como o desmatamento, certamente ajuda a cultivar na opinião pública uma imagem negativa da nossa agricultura. Vista caolhamente, suas mazelas se destacam, as glórias se escondem. Nesse olhar deformado, o atraso ido subjuga a modernidade rural.

A ideologia urbana, auxiliada por infelizes metáforas, transforma o positivo em negativo, criando uma maldade que ridiculariza o mundo rural. Poderia ser diferente. Bastaria as pessoas se apegarem às jocosas figuras de linguagem. O Palocci caiu do cavalo. Fernando Henrique mexeu com um vespeiro. Demóstenes cutucou a onça.

Louco da vida com as autoridades alemãs, que equivocadamente jogaram sobre as costas dos agricultores espanhóis a culpa por aquele surto bacteriológico, bradou o representante da Espanha, Francisco Sosa-Wagner, brandindo nas mãos um exemplar do legume: "É preciso recuperar a honra do pepino".

Tá certo o homem!

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Motim consular
SONIA RACY
O ESTADÃO - 14/06/11


Caiu batata quente nas mesas de Dilma e Antonio Patriota. Na forma de forte mobilização de funcionários do Ministério das Relações Exteriores, locados nos EUA, insatisfeitos com suas condições de trabalho.

Motim 2
Batizada de "Operação Despertar", a ação começou no início de maio com uma carta-documento, de 26 páginas, pedindo que a presidente se "sensibilize" e aceite discutir reajuste salarial, a questão da "instabilidade jurídica", por conta da "Lei de Conveniência", e também o direito a um terço de férias, 13º salário e FGTS. A carta, com 205 assinaturas de empregados de consulados, missão da OEA e escritório financeiro em NY, fala em "níveis impossíveis de sobrevivência" e perda da "dignidade como trabalhadores". 
Ontem, funcionários locados em Londres finalizavam carta com suas reivindicações.

Motim 3
Indagada, a assessoria de Patriota confirma ter recebido o pleito americano. O Itamaraty vai atendê-los? Ao estilo da diplomacia brasileira, a resposta: "Estudamos a viabilidade de reformulação da política de pessoal para este tipo de contratado".

Cesta de cultura
O projeto Europalia Brasil, acertado pela Funarte em 2009, irá realmente sair do papel. Foi aprovada, ontem, a captação de cerca de R$ 28 milhões para a realização do festival que acontecerá na Bélgica. O projeto prevê 115 shows, 90 palestras, 37 exposições...

Poder da rede
Depois de ter o barco de pesquisa derrubado por um jet ski, sábado na lagoa de Marapendi, no Rio, o Instituto Jacaré agiu. Colocou no Facebook fotos do indivíduo - que estava em área de conservação ambiental - pedindo sua identificação. O viral se espalhou, a ONG o localizou e entrou com procedimentos legais contra ele.

Balanço das ondasA Cosac Naify ousa. Convidou todos os seus autores que participarão da Flip para um coquetel, quinta, em uma escuna. Ancorada no cais de Paraty.

Levante nostálgico
Em protesto à demolição do prédio da comunicação da PUC, o centro acadêmico, com ajuda de ex-alunos, organiza arraial de despedida na sexta. Com direito a quadrilha.

InspiraçãoOrlando Silva volta a África do Sul na próxima semana para conferir o legado deixado pela Copa. Organiza comitiva para acompanhá-lo.

TrocoA indústria de embalagens plásticas prepara resposta contra a proibição das sacolinhas nos supermercados. Vai bater na tecla de que as ecobags não são tão higiênicas como se pensa, adianta Alfredo Schmitt, presidente da associação do setor. Busca-se um nome de credibilidade que aceite defender a causa, disputada por três agências de publicidade.

CafezinhoSerá nesta quinta-feira a primeira reunião entre Dilma e Murilo Ferreira, da Vale.

H2O

Sem alarde, a Danone está arrendando uma série de minas de água mineral, tanto em São Paulo como em Minas. A empresa foca no aumento de participação deste mercado, basicamente por meio da sua Bonafont. A Aldeinha, de Itapecerica da Serra, foi uma das encampadas.

Consultada, a Danone preferiu não se posicionar sobre a estratégia de expansão do negócio.

Corda bambaA atuação de Gilmar Tadeu não estaria agradando os players paulistas da Copa 2014. O secretário especial da Prefeitura para o mundial não teria conseguido manter em sigilo prazos e estratégias definidas na última reunião sobre o evento, feita a portas fechadas, na semana passada. Onde compareceram representantes do Corinthians, Odebrecht, governo do Estado e Prefeitura.

Somando amigos
Ao festejar seus 80 anos, Fernando Henrique Cardoso não somou só anos. No jantar de sexta-feira na Sala São Paulo, organizado por Clóvis Carvalho, com ajuda de Andrea Matarazzo e apoiado pela iniciativa privada, compareceram mais de 400 pessoas. Estavam empresários do porte de José Cutrale, José Roberto e José Ermírio de Moraes, Luiz Nascimento e Fernando Botelho. Bem como vários banqueiros, entre eles, André Esteves e Ricardo Espirito Santo.

Intelectuais como Leôncio Rodrigues e Francisco Weffort e ministros do STF, como Gilmar Mendes, Ellen Gracie e Marco Aurélio de Mello, também se acomodaram pelo salão. Alguns acompanhados das mulheres, outros não.

No coquetel antes do jantar, muitas conversas sobre o passado circularam no ambiente festivo, mas algo nostálgico. Embaixadores que trabalharam com o ex-presidente, como Marcos Azambuja, Luiz Felipe Lampreia, Sergio Amaral e Rubens Ricupero, relembravam episódios. Integrantes da área econômica (ver fotos), responsáveis pelo Plano Real, nem tanto.

O ambiente foi dividido em quatro cores, conforme estabeleceu a promoter Ana Carvalho Pinto. Na entrada, cada convidado recebia um cartão colorido identificando o setor onde iria se sentar. Bem organizado, não houve confusão.

Na mesa de FHC, além dos filhos, estavam José Serra, José Safra, Aécio Neves e Nelson Jobim. Renata e Tasso Jereissati foram também acomodados no setor verde, destinado basicamente a políticos.

Os discursos foram curtos. FHC falou sobre sua vida, família e amigos. Serra destacou que gostaria que o aniversariante estivesse presente na sua comemoração de seus 80 anos. Jobim agradeceu as oportunidades que o ex-presidente lhe deu e Aécio ressaltou a trajetória do homenageado.

Pelas mãos do Buffet França, a entrada escolhida foi salmão crocante, seguida de prato de vitela com funghi. De sobremesa, doces e sorvetes. Os vinhos, tanto o tinto como o branco, eram chilenos. E a champanhe, M. Chandon nacional.

Na frente

A performance Ilíada & Odisséia: ritmo & poesia, curadoria de Cacilda Teixeira da Costa, será apresentada no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, sexta e sábado. No Teatro Cacilda Becker, dia 23.

A individual de Iole de Freitas abre quinta-feira. Na Galeria Raquel Arnaud.

O salão Design São Paulo começa amanhã. Na Oca.

Thomas A. Shannon, embaixador, comemora 235º aniversário da independência dos EUA. Dia 1º de julho, na Amcham.

Jair Rodrigues canta na festa de 16 anos da ESPN hoje, na cervejaria São Jorge.

Mesmo no escuro a Câmara Municipal de São Bernardo Campo não parou semana passada. A sessão em homenagem Luiz João Marotti, professor de folclore, foi presidida por Gilberto França a luzes de um... lampião a gás. Em clima pra lá de intimista.

FERNANDO DE BARROS E SILVA - Tempo nublado


 Tempo nublado
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/11
SÃO PAULO - O governador do Ceará, Cid Gomes, acaba de defender a volta de Lula ao poder. Em entrevista ao programa "É Notícia", da RedeTV!, disse ao jornalista Kennedy Alencar: "Se eu fosse a Dilma, faria tudo para estar bem em 2014 e convidaria Lula para ser o candidato".
Seria, segundo o irmão de Ciro Gomes, uma "forma de gratidão" por parte de quem "se elegeu pela força de Lula". Vindas de um expoente do PSB, um partido aliado, são palavras que corroem a presidente. São também palavras que dizem muito mais sobre junho de 2010 do que sobre outubro de 2014.
O que motivaria Cid? A disputa com o PMDB por espaço no poder, muito provavelmente. Mas, além disso, o governador é o primeiro a vocalizar algo que está na cabeça e tem orientado o comportamento de muita gente graúda na base aliada.
Michel Temer e seu PMDB, o governador Eduardo Campos (PE) e o próprio Lula, cada um com seus interesses, se movimentam politicamente a partir da premissa tácita de que Dilma tem prazo de validade.
Com a oposição desdentada, o problema da presidente passa a ser a aposta dos "amigos" da onça que a veem como uma líder vulnerável ou uma governante "de transição".
Estava escrito desde o início que os inimigos reais de Dilma estavam no interior do bloco governista. O que há de novo é a explicitação disso com apenas seis meses de mandato. Tudo em política é reversível, obviamente, mas a passagem sem escalas da lua de mel para o envelhecimento precoce é gritante.
Note-se que há um descompasso entre o ambiente político envenenado e a popularidade de Dilma, que segue alta. Muito embora a deterioração das expectativas em relação à economia, captada agora pelo Datafolha, seja um bom termômetro de que a aprovação à presidente pode declinar mais adiante.
É cedo para falar em "sarneyzação". E pessoalmente Dilma é muito superior. Mas este consórcio de poder "articulado" por Temer e Ideli Salvatti não anuncia tempo bom.

JOÂO PEREIRA COUTINHO - Champanhe e ópio


Champanhe e ópio
JOÂO PEREIRA COUTINHO
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/11


"....Oscar Wilde morreu em 1900 num quarto do Hôtel d'Alsace, em Paris. E ainda hoje, segundo informações recentes do jornal "The Daily Telegraph", é possível repetir a experiência.
Falo de dormir no quarto, não de morrer nele. O hotel mudou apenas de nome: é simplesmente L'Hotel e fica na rue des Beaux-Arts. Experimente.
Mas o "Telegraph", com generosidade britânica, não se limita a oferecer preços para o quarto (R$ 1.000 a noite). Também oferece a lenda que o acompanha.
Em 1897, Wilde deixou a prisão de Reading Gaol depois de cumprir pena por "graves indecências" com rapazes. Cruzou o canal da Mancha. Instalou-se em Paris.
Mas a doença -não a sífilis, avisa o jornal, mas uma intratável infecção auditiva- começou a galopar pelo seu corpo. A morte tornou-se inadiável.
São conhecidos alguns episódios desse fim. Episódios apócrifos, talvez, como o momento em que Wilde contemplou as paredes do quarto e disse: "Eu e o papel de parede estamos a travar um duelo de morte: um de nós tem de ir".
Mas Wilde lembrou-me Kevorkian, ou vice-versa, pela forma como um e outro encaravam o fim.
No caso de Wilde, as dores eram insuportáveis. A medicação já não funcionava. O que fazer?
O escritor teve a resposta: champanhe e ópio. Haverá melhor forma de amaciar a dor antes da cortina descer de vez? A frase"I'm dying beyond my means", tão perfeita e bela quanto intraduzível, também faz parte da lenda.
Eis a minha posição sobre doenças terminais: quando nada mais resulta, champanhe e ópio. Ou, em linguagem moderna, adormecer a dor para que o corpo, a seu tempo, parta para onde só ele sabe.
...."

MÔNICA BERGAMO - REGIME MÉDICO


REGIME MÉDICO
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/11


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve mesmo vetar os inibidores de apetite no Brasil. A medida, proposta em fevereiro, causou tanta celeuma e resistência na comunidade médica que o órgão reabriu discussões sobre o tema. "Não foram apresentados até agora dados, estudos ou argumentos que mudassem a opinião da nossa área técnica", diz Dirceu Barbano, presidente da agência.

NA DÚVIDA

A Anvisa realiza hoje painel com especialistas para uma das últimas discussões sobre o tema. "É possível que apareçam elementos que respondam às dúvidas da área técnica. Mas, se permanecerem dúvidas quanto à segurança dos remédios, como o Estado poderá autorizá-los?", diz Barbano. Devem ser vetados emagrecedores como anfepramona, femproporex e mazindol.

TUDO IGUAL
Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza, que acaba de comprar as lojas do Baú, diz que, mesmo que algumas unidades sejam fechadas, não haverá demissões. "A gente sempre mantém os funcionários [quando adquire lojas]. E até aumenta." No Nordeste, ela dobrou os empregos nas unidades que comprou, de 2.300 para 4.500, afirma.

TEMPERATURA

Trajano, no entanto, sentiu o reflexo da política do governo para esfriar a economia. "Eu diria que, a partir da segunda quinzena de abril, a coisa deu uma acalmada."

É COISA NOSSA

E ela afirma que, ao encontrar Silvio Santos para fechar a compra, não conseguiu separar o homem de negócios do apresentador. "Parece que você está chegando perto de alguém que conhece desde criancinha."

NO PÁREO

O deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) vai lançar sua pré-candidatura à Prefeitura de SP. Ele decidiu concorrer às prévias no PSDB.

FIM DA LINHA

E Fábio Feldmann, de saída do PV (Partido Verde), diz que deixará a vida partidária e não seguirá Marina Silva (PV-AC) num eventual novo projeto. "Fui deputado três vezes, tenho várias leis aprovadas. Já me realizei. Deputados de opinião não existem mais", decreta. Hoje, para ser eleito, um candidato precisa ter "de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões, apoio de prefeito ou de alguma igreja".

CAMA FEITA

O presidente do comitê de Belo Horizonte para a Copa de 2014, Tiago Lacerda, reagiu às declarações do secretário paulistano para o Mundial, Gilmar Tadeu, de que a capital mineira "não está pronta" para sediar a abertura do torneio. Lacerda diz que a iniciativa privada está investindo R$ 1,8 bilhão em 44 novos hotéis e que o governo federal tem tomado as iniciativas para melhorar os aeroportos, "problema de todas as cidades-sede".

JAZZ NO PARQUE

A cantora americana Sharon Jones se apresentou no sábado, no BMW Jazz Festival. Foram ao Auditório Ibirapuera a atriz Patrícia Pillar, a cantora Daniela Mercury e Monique Gardenberg, que dirigiu o festival.

FHC 80

Os 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foram comemorados ao lado dos filhos Paulo Henrique e Beatriz com festa na Sala São Paulo. Estiveram lá intelectuais, ministros e ex-ministros e empresários como o empreiteiro Marcelo Odebrecht, André Esteves, do Pactual, Fábio Barbosa, do Santander, Luiz Nascimento, da Camargo Corrêa, José Ermírio de Moraes Neto, do grupo Votorantim, e Joseph e Vicky Safra.

FICA, FREVINHO
O chef Alex Atala, o secretário municipal da Cultura, Carlos Augusto Calil, e o arquiteto Paulo Mendes da Rocha aderiram ao "Beirutaço", movimento pela permanência do restaurante Frevo na rua Oscar Freire, cujo imóvel foi vendido. "O Brasil já entendeu que o progresso a qualquer custo é um regresso", diz Atala.

NA CASA DE TAVARES

A casa na rua da Consolação onde viveu José Tavares de Miranda, jornalista que editou a coluna social da Ilustrada em parte dos anos 1970 e 1980, vai virar restaurante especializado em comida brasileira. O lugar se chamará Tavares e será comandado por Ivo Abrahão, ex-Nakaza. Abre em julho.

CURTO-CIRCUITO

André Diniz e Camila Espinosa abrem a galeria Urban Arts hoje, às 19h, nos Jardins.

O diretor Paulo Morelli lança o software Story Touch, no Espaço Unibanco, às 21h30.

Giancarlo Bolla e André Boccato abrem a mostra "Menus da Belle Époque em Paris", no Bar des Arts Itaim.

A Fox e a Moonshot Pictures fazem festa da série "9mm: São Paulo", hoje, às 20h, no Hot Seria!.

A Victor Hugo faz café da manhã, hoje, às 8h30, para apresentar nova coleção.

O bar C do Padre reabre hoje, a partir das 19h, no largo da Batata.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI

ARNALDO JABOR - A única vez que vi João Gilberto


A única vez que vi João Gilberto
ARNALDO JABOR
O Estado de S.Paulo - 14/06/11

João Gilberto fez 80 anos na sexta-feira passada, mas eu só o vi pessoalmente uma vez. Foi 17 anos atrás, no ensaio de um show no Ibirapuera (acho que era aniversário de São Paulo). Eu tinha virado jornalista, depois que o Collor acabou com o cinema em 1991, e me mandaram fazer uma reportagem sobre a preparação do show. E lá fui eu, na noite fria do parque, esperar João Gilberto chegar, enquanto o palco era montado. Já contei isso, na época, mas "vale a pena ler de novo".
Vinte e três horas. Começa um boato de que João não virá para o ensaio nesta noite ventosa, angustiando tietes e organizadores que esperam ver/ouvir aquele "homem-suspense", com seu jeito eclesiástico, seu ar de professor de ética, que, aliás, sempre me provocou uma sensação de culpa: "Estarei errado, comparado ao rigor artístico de João?" De certa forma, todos estamos.

Aí, chega a terrível notícia: João não virá! Mas, mesmo assim, ninguém arreda o pé. João provoca uma espécie de fé nas pessoas, que o esperam ali, entre carpinteiros malhando o cenário e uivos das caixas de som. Espera-se esse homem com a fome de alguma revelação.

Eis que, à meia-noite em ponto, faz-se um grande silêncio no parque: João Gilberto materializa-se no palco! Surgiu do nada. Ao seu lado, o irmão Vavá e o amigo do peito Krikor Tcherkessian, armênio delirante que tem arranques de paixão com a música brasileira.

E aí, percebo que o ensaio e o show do dia seguinte são partes de um fio só, não interrompido. Ninguém fala mais; um carpinteiro sussurra ao diretor Fernando Faro: "Posso bater este prego?" "Pode..." As marteladas vêm aveludadas, tímidas, respeitosas e param. João lança a voz pela noite como os primeiros traços de um quadro numa tela negra. Sua música é a pura modulação do silêncio que se instalou. Ele começa Canta Brasil. Todos se imobilizam - Daniela Thomas, emocionada, pinta cores de Matisse no cenário; a equipe de Walter Salles Jr., que filma o evento, comunica-se por telepatia e as câmeras flutuam como "ETs" mudos. Eu olho João mais de perto e vejo que ele veste calças jeans, paletó marrom e tênis branco marca Pé de Atleta e vejo intrigado que seu irmão Vavá, calvo e ungido como um frade, também usa tênis Pé de Atleta. Sinto que ali estava um indício precioso para desvelar um pouco do seu cotidiano tão misterioso. Por que Pé de Atleta? Terão os irmãos comprado tênis brancos, em doce fraternidade do dia a dia? O tênis branco fazia João mais real.

Subitamente, ele se levanta e, pisando macio no tênis, mergulha na escuridão do parque, para ouvir o teste de som, do outro lado da praça, a mais de cem metros. Corro atrás, como bom repórter principiante.

E aí, começa o mágico momento do encontro: eu, trêmulo, no meio das folhagens do parque, descubro deslumbrado que ele me conhece: "Oh... Arnaldo... Arnaldo... vejo você na televisão..." Só minha mãe me chamava de Arnaldo e, agora, seu filho, mamãe, estava ao lado do mito. Os testes do som vinham do palco e João me pergunta: "Arnaldo... (ele parecia ter prazer em escandir as sílabas meio humorísticas de meu nome), Arnaldo, que você está achando do som?"

Eu arrisco: "Os graves estão reverberando e há um vazio..." João concorda, de estalo: "É isso! Tem um vazio... Falta qualquer coisa! Tens razão, Arnaldo; a frase tem início e fim, mas não tem meio! O som não tem meio. Ouve: "Essa mulata quando dança é luxo só" - a gente ouve "mulata e só"..."

João se vira para os técnicos: "Falta o meio do som..." O chefe arrisca uma explicação tecnopoética de que o vento esgarça o som e que, no dia seguinte, no calor dos corpos da praça cheia, o som ficará denso.

Súbito, João já está no microfone (a memória me vem por cortes bruscos) e começa a cantar Ronda, de Paulo Vanzolini, que vira um gemido clássico sobre a solidão absoluta e eis que surge Rita Lee no escuro da noite ("O que vou cantar não sei... quebrei o braço; foi o tombamento do Ibirapuera... ah ah...") e senta num canto do palco enquanto Krikor soluça em meu ouvido: "Ele é o Pelé da música... o mundo o ouve de joelhos!" Aí, chega o Caetano de um show no Anhangabaú e se junta discretamente a todos que ali se movem, ciciando, com passos camuflados. Tenho vontade de perguntar: "Há perigo?.." Há, sim, há o perigo de se quebrar a fina lâmina do silêncio, de desagradar a João.

Mas, ele está agora eufórico, cantando em falsete caricato o Dobrado de Amor a São Paulo, de Vinicius e Haroldo Tapajós, com o conjunto Quatro por Quatro. Depois, quando João canta Lua Cheia, todos já estão imóveis, como se o João fosse um passarinho que pudesse voar. Alguém me segreda: "Acho que o show já é só isso; amanhã ele nem vem..."

Mas, logo depois Caetano, meio tímido, passa Coração Vagabundo, que João repassa mais lento e mais baixo e Coração Vagabundo vira um réquiem e Rita Lee canta "cola teu rosto no meu rosto" e João emenda com Nada Além e o "além" soa como se João conhecesse o "país não descoberto" que vem depois da morte.

Enquanto isso, eu penso, aflito: "Perguntar o que, ao João?" Mas, só me ocorrem banalidades, toda ideia me parece rasteira, vulgar. Nervoso, decido perguntar algo que me revele mais segredos do cantor misterioso, algo "essencial", de que os tênis brancos Pé de Atleta talvez já fossem uma pista.

De repente, vejo que João está indo embora. Apavorado, corro atrás dele, sem saber o que lhe perguntar: música, vida pessoal, política? Paro ao seu lado: "E aí, João?" Ele sorri, esperando. Atrapalhado, me sai pela boca a tal "pergunta essencial": "E aí, João... ah... ah... para onde vai o Brasil?" Ele faz uma pausa, me olha fundo e diz: "Você sabe, Arnaaaaldo...." e some na noite.

João sabia o rumo do País e, bom sinal, não parecia preocupado.

Quando ele se foi, rompeu-se o silêncio, restaurou-se a realidade e alguém berrou aliviado: "Vamos comer num japonês!?"

Foi a única vez que estive com João Gilberto, em 80 anos.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Roupa íntima contra câncer trará perda de R$ 300 mi
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/11


O setor têxtil estima prejuízo anual de cerca de R$ 300 milhões, caso seja sancionado pela presidente Dilma o projeto de lei que determina que as roupas íntimas vendidas no país tenham etiquetas com alertas sobre câncer.
O projeto foi aprovado em maio pela Comissão de Constituição eJustiça da Câmara dos Deputados e já havia passado pelo Senado.
O prejuízo calculado pelo setor considera o custo de cada etiqueta (de R$ 0,07 a R$ 0,10) e despesas operacionais, como frete, estoque e impostos recolhidos.
São cerca de 8.000 empresas que fabricam lingeries no país, com produção de cerca de 1 milhão de peças por ano, estima a Abit (associação da indústria têxtil).
"Uma calcinha não pode ser comparada a um cigarro, que é o produto que provoca o mal à saúde. A medida é inócua e cria dificuldades para os fabricantes, além de aumentar o preço ao consumidor final", diz o empresário Ronald Masijah, da Darling, e presidente do Sindivestuário (sindicato da indústria do vestuário).
Para atender a essa determinação, o empresário diz que teria de comprar máquinas para colocar as etiquetas e contratar funcionários.
Oswaldo Oliveira, diretor do grupo Rosset (da marca Valisère), lembra que não há consenso nem no CRM (Conselho Regional de Medicina) sobre as dicas de prevenção.
"O que o projeto faz é impor mais uma penalidade ao setor, que enfrenta dificuldades para ser competitivo."

TERCEIRIZAÇÃO MILIONÁRIA

A IBM Brasil e o grupo Algar fecharam um contrato de serviços com valor superior a R$ 100 milhões.
O acordo, que terá duração de pelo menos dez anos, prevê que a IBM Brasil seja responsável pela administração de recursos humanos, contabilidade e compras de 6 das 16 empresas da Algar.
A intenção do contrato é aumentar os níveis de automatização e padronizar os processos internos da Algar, de acordo com Marcelo Bicalho, um dos vice-presidentes do grupo, que teve faturamento bruto de R$ 3,4 bilhões no ano passado.

ESCRITÓRIO DOURADO

A incorporadora e construtora Bueno Netto investe R$ 300 milhões em um edifício comercial na esquina das avenidas Berrini e Bandeirantes. O empreendimento, com VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 500 milhões, segundo a empresa, terá 68 mil m2 de área construída e 33 andares.
Cerca de 70% das vendas foram feitas no pré-vendas e as obras, no terreno de 11,5 m2, começaram no final de maio. "O edifício será mais do que "AAA", com certificação ambiental Golden Green", diz o presidente Adalberto Bueno Netto.
No local serão erguidas cinco torres, uma delas de salas comerciais e outra residencial, numa incorporação de Cyrella, CCP e Bueno Netto/Bncorp (joint venture com o Bank of America Merrill Lynch).
"Em seis meses, começamos o último prédio."
O edifício, com 20 elevadores, se destaca pela variedade de oferta de espaços, que vão de conjuntos de 366 m2 a 2.350 m2.
"O mercado ainda é favorável para prédios corporativos de alto padrão, em todas as áreas de São Paulo", diz Bueno Netto.
"Houve um claro movimento de regionalização de escritórios, pelo problema do trânsito em São Paulo."

GALPÃO VALORIZADO

O valor do aluguel de galpões em São Paulo é o mais caro da América Latina, segundo estudo da consultoria CB Richard Ellis.
O preço médio do metro quadrado na capital paulista por ano é de US$ 138,59.
O custo da locação de galpões só é maior em Tóquio, Londres e Cingapura, de acordo com a pesquisa.
"Desde 2005, o valor do aluguel do setor cresceu 20% ao ano no Brasil", afirma o diretor da consultoria Marcos Montandon Junior.
A valorização do real e a falta de oferta de novos espaços são os principais motivos para o preço alto, de acordo com Montandon Junior.
"O valor da locação deve subir mais 15% a 20% nos próximos dois anos e depois estabilizar."
Para pagar valores menores, empresas alugam galpões antes do fim das obras, segundo a consultoria.

Carga tributária no Brasil é leve para renda alta, diz estudo
O Brasil tem uma das menores cargas tributárias para pessoas com salários altos (que recebem cerca de US$ 200 mil por ano), de acordo com estudo da rede internacional de consultorias e auditorias UHY.
Dentre os 18 países analisados, o Brasil tem o quarto melhor salário líquido para trabalhadores de renda alta.
Um assalariado desse perfil recebe aqui 74% do seu salário bruto. Em países como Itália e Holanda, esse número fica em torno dos 54%.
O superintendente da UHY Moreira Auditores no Brasil, Paulo Moreira, lembra que a baixa carga tributária sobre pessoas de renda alta atrai mão de obra especializada.
Por outro lado, os assalariados brasileiros de baixa renda recebem 84% de seu salário bruto.

CONCORRÊNCIA DIRETA

A maioria dos pequenos empresários diz concorrer diretamente com médias e grandes empresas, segundo pesquisa do Sebrae-SP.
O estudo aponta que 65% deles dizem acreditar que competem com as maiores.
Desses, 10% se dizem beneficiados pela concorrência, já que são estimulados pela competitividade.
Por outro lado, 33% deles afirmam se sentir prejudicados. Eles apontam o preço mais baixo oferecido pelas grandes empresas como o principal problema na concorrência direta.
Para o estudo, o Sebrae escutou 4.000 pequenos empresários em todo o país.

Plásticos 

Após período de testes na região Sul, a norte-americana Rubbermaid expandirá a sua atuação no Brasil. O carro-chefe é a linha de potes, com encaixe da tampa na base do produto.

Contratação 

O nível de emprego na construção civil cresceu 1,34% no país em abril ante março. No primeiro quadrimestre, o setor contratou 125,2 mil pessoas, alta de 4,4%, mostra o SindusCon-SP.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION, LUCIANA DYNIEWICZ e CLAUDIA ROLLI