domingo, maio 22, 2011

CONDENADA PELO MENSALÃO - REVISTA VEJA


CONDENADA PELO MENSALÃO
REVISTA VEJA

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J. R. GUZZO - Direitos baratos


Direitos baratos
J. R. GUZZO
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LYA LUFT - Chancela para a ignorância


Chancela para a ignorância
LYA LUFT
REVISTA VEJA

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CARTA AO LEITOR REVISTA VEJA - Preconceito contra a educação


 Preconceito contra a educação
CARTA AO LEITOR 
REVISTA VEJA
Uma reportagem desta edição de VEJA relata as reações provocadas pela revelação de que o livro Por uma Vida Melhor foi distribuído à guisa de material didático a 500 000 alunos de escolas públicas pelo Ministério da Educação. Nele, apregoa-se que não existem o certo e o errado no emprego da língua portuguesa. Que a norma culta urbana - ou seja, o modo correto de falar e escrever, segundo as regras da gramática - é apenas mais uma forma de expressar-se. De fato, existem outras maneiras de comunicar-se. O problema não está na eficiência da comunicação entre pessoas igualmente incultas, e sim na inclusão desses cidadãos no universo linguístico que produz filosofia, ciência e literatura - e que, assim, lhes possibilita pensar com mais profundidade acerca das realidades objetiva e subjetiva e, claro, conseguir um bom emprego e ascender profissionalmente. Esse universo é o da norma urbana culta. No livro, Heloisa Ramos, uma das autoras, diz que quem "fala errado" pode ser vítima de "preconceito linguístico". Esse sofisma não só tenta desqualificar as regras gramaticais, como procura estabelecer o preconceito contra quem segue os fundamentos do bom português. O pano de fundo dessa fraude intelectual é a concepção ideológica segundo a qual só o povo é detentor do verdadeiro conhecimento. O lado perverso desse desvario é que, com isso, se justifica o não fornecimento, as pessoas que mais precisam deles, dos códigos que lhes permitiriam alcançar uma vida melhor. A procuradora da República Janice Ascari, do Ministério Público Federal, resumiu a gravidade da questão: "Vocês estão cometendo um crime contra os nossos jovens, prestando um desserviço à educação já deficientíssima do país e desperdiçando dinheiro público com material que emburrece em vez de instruir. Essa conduta não cidadã é inadmissível, inconcebível e, certamente, sofrerá ações do Ministério Público".

A discussão arcana sobre o "falar popular" ocupa um escaninho secundário na sociolinguística e seria um enorme favor aos brasileiros que estudam e trabalham se nunca tivesse deixado seu porão acadêmico. Mas deixou, em prejuízo de alunos já tão pouco predispostos ao estudo da gramática e atolados em um sistema educacional que, ao final do ensino básico, produz 62% de jovens que mal sabem ler e 89% que não sabem fazer as operações aritméticas básicas. Isso em um país que ainda abriga 14 milhões de analfabetos; em um país cuja economia tem 1 milhão de vagas nas empresas que não podem ser preenchidas porque os candidatos não apresentam qualificação técnica para ocupá-las; em um país que aparece na 53 posição entre os 65 avaliados pelo Pisa, o mais rigoroso teste comparativo internacional de desempenho escolar.

Ao contrário do que pensam ideólogos da educação como Heloisa Ramos, a educação formal é libertadora. Que o diga a americana Ursula Burns, de 52 anos, entrevistada das Páginas Amarelas desta edição. Negra, filha de faxineira, ela se tornou presidente da Xerox, gigante mundial da documentação digital e uma das 500 maiores empresas do planeta. "Minha mãe exigia apenas que os filhos tivessem bom desempenho na escola", diz Ursula. Um contraste melancólico com o caso brasileiro.

MERVAL PEREIRA - Poder fragilizado


Poder fragilizado
MERVAL PEREIRA
O Globo 22/05/11

A operação que está em curso para o Executivo tentar controlar o incêndio político provocado pelas denúncias sobre a “consultoria” que o hoje Chefe do Gabinete Civil Antonio Palocci mantinha quando era deputado federal e coordenador da campanha presidencial da atual presidente Dilma Rousseff, de 2006 a 2010, explicita, tanto quanto o fato em si, a fragilidade do Legislativo como poder atuante, e a característica perversa do nosso “presidencialismo de coalizão”, termo cunhado pelo cientista político Sérgio Abranches para explicar a maneira como nos organizamos politicamente a partir de um sistema presidencialista que tem resquícios de parlamentarismo legados pela Constituição de 1988.
Mesmo com uma ampla maioria parlamentar, o Executivo se movimenta para “adoçar” a boca dos muitos deputados e senadores descontentes com o não cumprimento de promessas de cargos e salários no segundo escalão do governo com o preenchimento de presidências e diretorias de estatais, autarquias e bancos oficiais.
Diz-se que o descontentamento é “suprapartidário” e abrange parlamentares dos dois maiores partidos da coalizão PT, PMDB, indo além para as bordas da aliança, atingindo siglas de tendências diversas: PSB, PC do B e PR.
Outro cientista político, Luiz Werneck Vianna descreveu recentemente esse fenômeno que chamou de “circuito perverso”, que faz com que parlamentares governistas desfrutem acesso aos recursos públicos e influência entre os agentes responsáveis pelas políticas públicas.
Como conseqüência, constata Werneck Vianna, “reforça-se a dissociação entre representantes e representados, e se reduz a cidadania a uma massa de clientes”.
Esse circuito que leva ao desfiguramento da representação popular tem vários caminhos: ou o deputado permanece no Legislativo atuando como intermediário entre interesses particulares e o Executivo, através de “consultorias” ou outras formas de atuação, ou tenta galgar um lugar no próprio Executivo, de onde poderá movimentar sua máquina política.
Ou ainda permanece na base governista fazendo pressão política a cada votação importante para transformar seu apoio em nomeações.
É o que está acontecendo neste momento no Congresso, onde o governo precisa de sua “maioria defensiva” para tentar barrar uma CPI para investigar a “consultoria” de Palocci ou mesmo evitar uma convocação para que se explique em uma das Comissões existentes.
O enfraquecimento da figura do até então ministro mais poderoso do governo Dilma retira dele a capacidade de negociação, como se vê na etapa final da tramitação do Código Florestal.
Não que a base governista tivesse condições de resistir à maioria suprapartidária que se formou a favor do texto do relator Aldo Rebelo, mas o que já era frágil enfraqueceu-se mais ainda, sendo até mesmo discutível se a presidente Dilma terá condições políticas de arrostar essa maioria vetando eventuais destaques que sejam aprovados em plenário.
A quarentena a que se submeteu a presidente, diante de um quadro de pneumonia que tudo indica foi minimizado pelos relatórios médicos com intenções de não conturbar o ambiente político, também agrava a situação, formando um quadro de apatia governamental propício aos aventureiros de sempre.
A postura dos deputados e senadores – com as exceções de praxe – que se colocam em posição subalterna ao Executivo, ora brigando por vagas no Ministério, ora se utilizando de suas prerrogativas para ganhos pessoais, é uma deturpação dos valores do presidencialismo e indica uma tendência ao patrimonialismo e ao fisiologismo.
A disputa de poder político fica restrita ao comando do Executivo, que coopta os aliados não com propostas de governo, nem com projetos de poder, que este é destinado à cúpula petista. Um sinal claro é que, no núcleo decisório do governo Dilma, não há ninguém eleito pelo voto, embora todos sejam da máquina partidária petista.
Um parlamentar que vai para o Ministério nessas condições, ou negocia seu apoio em troca de favores, abre mão de exercer um papel efetivo como membro de um dos poderes da República para aceitar papel secundário diante de outro poder.
A desagregação cada vez maior dos partidos políticos, e a abrangência da base governista, um agrupamento disparatado de partidos que não fazem liga programática, mas fisiológica, leva a que a negociação política obedeça cada vez mais a interesses pessoais, e os políticos fiquem apenas com a aparência de poder.
Como não estamos no parlamentarismo, a maneira como os partidos negociam seus pedaços de poder os transforma em meros coadjuvantes, que não palpitam - e nem desejam - nas diretrizes que porventura vierem a ser adotadas pelo governo a que aderiram por mero desfrute do poder.
Assim como para exercer um cargo técnico, como o de presidente do Banco Central, um político eleito tem que abrir mão de seu mandato – foi o caso de Henrique Meirelles, que renunciou ao mandato de deputado federal por Goiás - todos os políticos que se digladiam por uma vaga na Esplanada dos Ministérios deveriam renunciar aos mandato para servir ao Poder Executivo.
Mas raros são os que têm essa percepção ou essa visão da política. A maioria quer um ministério para, a partir dele, fazer política própria, e não para ajudar a implementar um programa de governo previamente aprovado nas urnas.
Da mesma forma, também o Executivo arma seu ministério com diversos ministros que simplesmente nunca despacham com a presidente, resultando que de um grupo de 37 membros, apenas meia dúzia tem realmente importância para os rumos do governo.

DORA KRAMER - Sangria desatada


Sangria desatada
DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 22/05/11

Com maioria cuja fortaleza é celebrada de norte a sul, de leste a oeste, espanta que o governo precise recorrer a estratagemas típicos de oposição para evitar uma derrota em plenário, como fizeram os líderes governistas na Câmara dias atrás ao obstruir a sessão e derrubar o quórum para a votação do novo Código Florestal.

É igualmente espantoso que, com toda sua capacidade de aniquilar a oposição que fez a história do mito Lula, o PT no poder necessite recorrer a expedientes exorbitantes para impedir que requerimentos de convocação do ministro Antonio Palocci sejam postos em votação, correndo a trancafiar salas para evitar reuniões de comissões na Câmara e mandando o guarda da esquina atrás de deputados a arrancar cartazes das paredes da Casa.

Assim como é intrigante que toda lisura existente no processo de enriquecimento do ministro da Casa Civil nos últimos quatro anos em que esteve deputado federal necessite da contratação de serviços de emergência em comunicação e mobilização do governo inteiro numa operação dita de contra-ataque.

Ou essa maioria não é aquilo tudo o que se diz ou o crescimento do patrimônio de Antonio Palocci não está tão acima de qualquer suspeita como alegam seus defensores, que há dias tentam dar o caso por encerrado a golpes de gestos truculentos e de retórica falaciosa.

Quando a semana começou, havia uma reportagem da Folha de S. Paulo mostrando que Palocci acumulara, entre 2006 e 2010, bens imóveis no valor de R$ 7,5 milhões e havia também uma expectativa de que o ministro conseguisse comprovar a licitude do patrimônio.

A semana termina sem a devida explicação e com muito mais: o governo movendo mundos e fundos para evitar que o ministro se explique, notícias sobre faturamento de R$ 20 milhões na consultoria do ministro só no ano eleitoral de 2010 e uma empreiteira com contratos no setor público dizendo-se cliente de Palocci.

À lista acrescente-se a suspeita do uso da votação do Código Florestal como moeda de troca com a tropa de defesa no Congresso, a proposta de criação de uma CPI e uma grande quantidade de requerimentos de convocação a serem apresentados na Câmara e do Senado.

No campo político, a contraofensiva governista obedece ao velho roteiro de criar uma realidade paralela em que transitam conspiradores interessados em desestabilizar a República e opositores empenhados em promover um "terceiro turno" das eleições.

Logo entrará em cena o espetáculo "nós contra eles", com forte inclinação a criminalizar o noticiário.

Um forrobodó digno de grave crise, onde não há nada de grave a não ser o fato de a evolução patrimonial do ministro continuar sem explicação.

A reação defensiva do governo é desproporcional às manifestações de confiança na lisura de Palocci.

Por que impedi-lo de falar ao Congresso? Quando ministro da Fazenda, acusado de frequentar uma casa de lobby em Brasília, Antonio Palocci tomou a iniciativa de se explicar.

É bem verdade que na ocasião mentiu, como se viu adiante pelo depoimento do caseiro da referida residência, Francenildo Costa, testemunha da presença constante de Palocci no local.

A propósito, Francenildo, quando suspeito de receber um dinheiro "atípico", no mesmo dia exibiu o extrato da conta com o depósito feito... pelo pai. Lançada no ar na tarde de uma sexta-feira, no sábado a acusação já não viu a luz do dia.

Desse modo simples é que se enterram suspeitas.

Uma no cravo. A emenda da senadora Marta Suplicy ao projeto de criminalização da homofobia, criando uma exceção para "manifestação pacífica de pensamento decorrente de ato de fé", tem o evidente objetivo de conquistar o apoio das bancadas evangélicas.

Diante das reações contrárias, a senadora já admite retirar a emenda. O que, de um lado, pode satisfazer às ponderações (justas) de que a exceção é uma brecha à aceitação da intolerância, de outro reacenderá a rejeição dos evangélicos capitaneados no Senado por Marcelo Crivella e na Câmara por Anthony Garotinho.

Ambos da base do governo.

ALBERTO TAMER - Vamos esquecer a China?


Vamos esquecer a China?
ALBERTO TAMER
O Estado de S.Paulo - 22-05/11

Como? Esquecer a China? Sim, mas apenas como parceiro comercial que só importa do Brasil commodities e, para nós, exporta produtos industrializados sem transferir tecnologia. O Brasil deve conquistá-la como fonte de investimentos diretos, e não apenas na área de matérias-primas. Há pouco mais de cinco anos, a China nem figurava entre os investidores nos registros do Banco Central. Agora, caminha para a liderança. Desde 2003, foram US$ 37 bilhões.

O ministro do Comércio chinês, Chen Deming, que esteve aqui com 40 representantes de 40 empresas estatais, anunciou US$ 1 bilhão só este ano. Otimista, o governo fala em US$ 8 bilhões. Há previsões de que chegue a US$ 40 bilhões em 2014. Os números estão inflacionados, mas, descontando exageros, não há duvida de que eles estão interessados no mercado brasileiro. Pode até haver surpresas agradáveis.

A questão é saber o destino desses recursos. A China investe no mundo todo em petróleo, minérios e agricultura. Precisa garantir o futuro e já armazena imensos estoques estratégicos. E o Brasil tem tudo. Querem repetir aqui o que já fazem na África há alguns anos.

O comércio. Quanto ao comércio, a China se cala. O ministro Chen disse que vai estudar as queixas contra as barreiras chinesas aos produtos industrializados do Brasil, mas não criou expectativa de mudança. Quando pressionado, respondeu com a face mais ingênua do mundo que o Brasil teve superávit de US$ 1,6 bilhão no primeiro quadrimestre do ano, sem esclarecer que foi por causa do aumento dos preços das commodities.

Diante da insistência dos ministros do Desenvolvimento e Relações Exteriores, acrescentou: "Não vamos tocar no superávit. Estamos de braços abertos para os produtos brasileiros". Ou seja, eles vão continuar importando as matérias-primas que precisam, para atender à demanda de um crescimento de 9%. Seguirão fazendo estoques estratégicos para compensar a dependência do mercado externo. E onde encontrariam parceiro tão cordato que importa até equipamentos pesados e exporta soja, petróleo e celulose?

60% mais barato. Chen Deming deixou bem claro que a China quer matéria-prima e não vai mudar a política comercial por causa do Brasil. Os parceiros de verdade da China são os Estados Unidos e a Europa, com mais de US$ 200 bilhões cada um. Os chineses podem fazer algumas concessões isoladas, mas sabem que a indústria brasileira simplesmente não pode competir.

O professor Antonio Correa de Lacerda, em artigo publicado esta semana no Estado, foi muito claro: estudos mostram que o yuan está desvalorizado em 40% sobre o dólar e o real valorizado em 20%. Ou seja: "um produto fabricado na China em dólares americanos, que é a base de comparação internacional, tem um preço cerca de 60% menor que o fabricado no Brasil". Isso apenas no câmbio, sem contar os custos menores decorrentes do desrespeito chinês às leis de patentes e propriedade intelectual, meio ambiente, salários baixos e custos trabalhistas, lembra Lacerda.

O antidumping? Para a pesquisadora do Ipea, Fernanda De Negri, a adoção de medidas antidumping é paliativa. Não funciona. "Faz 20 anos que setores industriais estão reclamando e faz 20 anos que eles não ganham competitividade. Não adianta dar salvaguarda sem cobrar ganho de competitividade", diz a pesquisadora. "Existem fronteiras tecnológicas importantes em vários setores industriais. O Brasil teria mais condições de competir com os chineses investindo nesses setores do que dando salvaguardas", afirma ela. Nunca se disse tudo em tão poucas palavras.

É a hora. E aqui entra esse novo interesse chinês - que começou só no segundo semestre de 2009 - em investir no Brasil. Onde? Só em commodities, de baixo valor agregado? O ministro Aloizio Mercadante afirmou que está preocupado com o perfil desses investimentos. Ele quer que os chineses transfiram tecnologia para que possamos no futuro produzir esses produtos acabados aqui. Assim, vamos continuar a exportar matéria-prima, mas produzindo itens de valor agregado internamente também.

TUTTY VASQUES - Sob o céu de maio


Sob o céu de maio
TUTTY VASQUES
O Estado de S.Paulo - 22-05/11

Deve ter alguma coisa a ver com o alinhamento de Mercúrio, Vênus, Marte e Júpiter com a Terra no céu de maio. De uma hora pra outra, a temperatura caiu, o Palocci ficou rico, o diretor executivo do FMI atacou uma camareira de hotel em Nova York, o Schwarzenegger anunciou que teve um filho com a empregada da família, a implosão do estádio Mané Garrincha não deu certo, o cineasta dinamarquês Lars von Trier declarou-se em Cannes fã de carteirinha de Adolf Hitler, Júlio Medaglia foi readmitido na TV Cultura, Donald Trump desistiu de concorrer à presidência dos EUA. Deu a louca no mundo!

Não sei se existe algum estudo sobre a influência dos astros no teor do noticiário, mas há muito tempo os jornais não surpreendiam tanto seus leitores quanto nas últimas três semanas. Do "enterro" relâmpago de Bin Laden, logo no primeiro dia do mês, à estreia do beijo gay na teledramaturgia brasileira, o metrô virou coisa de pobre em São Paulo e a Câmara do Rio desistiu da compra de carros de luxo para vereadores.

Tem sido um susto atrás do outro! Essa semana, do nada, Sérgio Cabral liberou publicamente o uso de farda e de carros oficiais por homoafetivos da PM e do Corpo de Bombeiros do Rio na parada gay de Copacabana. Dia seguinte, a emenda de um oficial indignado saiu pior que o soneto do governador em manchete de duplo sentido: "Homem meu não vai!" Pode?

Naquela mesma tarde, a rainha da Inglaterra foi vista saindo de uma cervejaria na Irlanda, Rivaldo fez as pazes com Carpegiani, o boato da gravidez da primeira-dama Carla Bruni se confirmou, pela primeira vez a Globo perdeu no ibope da manhã para a Record.

Quando a gente pensou que já tinha visto de tudo em maio, o MEC invadiu o noticiário para anunciar a abolição dos erros de português. Tomara que junho chegue logo, né?

País que vai pra frente

O Brasil não para de crescer! Numa progressão maior até que a evolução patrimonial do ministro Antonio Palocci, o desmatamento da Amazônia aumentou cinco vezes no bimestre março/abril em relação ao mesmo período do ano passado. Essas coisas a oposição não vê - ô, raça!

Aí tem!

Pediu demissão ontem, sem mais nem menos, a empregada da casa da filha de Dominique Strauss-Kahn residente em Nova York, onde o ex-diretor executivo do FMI cumpre, desde sexta-feira, prisão domiciliar.

Nota 10

Tiririca vai pedir revisão de prova àquele promotor que duvidava de seus conhecimentos da língua portuguesa. Está certo de que, pelas novas normas gramaticais adotadas pelo MEC, dificilmente o Ministério Público encontrará erros em seu texto.

Pensando bem...

Se é para ficar em cana no Brasil, Cesare Battisti vai acabar pedindo a própria extradição para a Itália. Ou será que as cadeias de lá são piores que as nossas?

Acredite se quiser

Os vírus transmitidos em mensagens eletrônicas podem ter chegado às cartas convencionais. Dez mil funcionários dos Correios encontram-se em licença médica.

Pior que é verdade!

Desde que o Lula deixou a Presidência da República, o Corinthians não ganha nada. "E ainda me chamavam de pé-frio!", desabafou o ex-presidente com dona Marisa.

Sem preconceito

Em defesa de Arnold Schwarzenegger, pode-se ainda dizer que, na hora do sexo, ele não discriminava "gente diferenciada" em sua cama.

Boato infame

Sérgio Cabral não chegou a cogitar a criação de uma UPP-Gay no Rio.

E não se fala mais nisso, ok?

Inexpugnável

Blindado pelo governo, Antonio Palocci ganhou apelido novo no Palácio do Planalto: Caveirão!

CAETANO VELOSO - Por uma vida melhor


Por uma vida melhor
CAETANO VELOSO
O GLOBO - 22/05/11

Quero ler o livro de Heloisa Ramos por inteiro. Estou na Bahia gravando a voz de Gal com Moreno no estúdio Ilha dos Sapos, de Carlinhos Brown (que fica no Candeal, um bairro com muitas características de favela mas que transpira tranquilidade e autoestima, o que se deve ao trabalho da Timbalada de Brown na área): não tive tempo de procurar o livro e estudá-lo. Fico com as notícias exageradas da imprensa, que estamparam manchetes alarmistas sobre o MEC ter aprovado uma cartilha que “ensina a falar errado”, e os artigos de Bagno e Possenti, os sociolinguistas que parecem crer que a língua é viva hoje, mas que também parecem negar que as normas vigentes são criação do povo (“o inventalínguas”) através dos séculos.

Os linguistas estão certos ao denunciarem a açodada reação dos jornais: estes tratam um comentário feito numa página como se fosse a totalidade dos ensinamentos do livro. Mas os jornais são jornais: têm de excitar, entusiasmar, fazer indignar-se seus leitores, enquanto os informam. Não é absurdo que tenham tomado o breve comentário como sintoma de um problema grande que o livro pode representar. A pressa com que os sociolinguistas, em atitude verdadeiramente esnobe, desqualificam os jornalistas por conhecerem menos bem a norma culta do que eles próprios sugere uma euforia de superioridade,um deslumbrament de qualificação científica quemais aponta para uma vaidadearrogante do que para o alegado pendor igualitarista. No fim das contas, ouvimosecos das odes ao português de Lula que eram mantra da campanha petista (a qual começou faz décadas e nunca terminou, nem mesmo com o metalúrgico cumprindo dois mandatos e fazendo a sucessora), o que, por sua vez, remete aos cargos distribuídos aos companheiros.

Não entendo que se queira ensinar linguística ou sociologia aos alunos de alfabetização. De qualquer idade. É auspicioso que se informem os professores sobre as descobertas dessas disciplinas. Mas ao aspirante ao letramento, quanto mais firmeza simples melhor. Possenti está certo ao afirmar que ninguém precisa ensinar quem diz “os peixe” a dizer “os peixe”. Ensinam-se as regras de concordância da norma culta. A menção à legitimidade da forma em que o plural se exprime apenas (e satisfatoriamente) no artigo é só uma demonstração do professor de que ele não acha que o aluno “é burro” ou que a forma que usa é “errada”. O mestre, depois de anunciar a equivalência essencial das duas formas, alertaria o estudante para o fato de que o uso de uma delas pode levá-lo a ser vítima de “preconceito linguístico”. Mas quem busca alfabetizar-se tem sede de conhecer os mecanismos da gramática vigente neste ponto da história. E explicações complexas não fazem avançar o aprendizado. Esses linguistas têm grande ciúme do sucesso que fazem os professores de gramática que, oferecendo aquilo de que tem sede a grande massa, ocupam espaços em jornais e tempo no rádio e na TV. Deduzem — e alardeiam — que estes são representantes dos esquemas de dominação de classe. A busca de lógica na criação da gramática — de uma mínima lógica que mantém a língua de pé e a faz mais capaz — é tida como imposição de gramáticos vilões. Ora, se a gente diz “se suicidar”, vendo que é logicamente errado (por pleonástico) mas admitindo que o povo consagrou a forma pronominal do verbo, e se os mestres, do primário à universidade, ensinam assim, é prova de que o que fazemos é adotar as mudanças que pegam. Milhões seriam os exemplos de fatos semelhantes. Se o inglês é uma espécie de “português popular às avessas”, por deixar o artigo inalterado e indicar o plural apenas no substantivo (“the books”, enquanto dizemos “os livro”), devemos louvar a hegemonia do inglês (e sua combinação de altíssima entropia com capacidade de acolher repertório de outras línguas)? Ou o quê?

O fato é que a novidade de livros didáticos legitimarem formas como “os peixe” não pode deixar de ser notícia espalhafatosa. Pelo simples fato de que esse assunto interessa, surpreende, indigna, excita, alegra e exalta semianalfabetos que desejam aprender, jornalistas bem ou medianamente letrados, pais de família preocupados com o futuro dos seus filhos, professores de gramática — e linguistas semi- ou ultra sofisticados (para usar aqui o hífen à moda inglesa). Ou seja, dos sem-poder aos mais poderosos. Os linguistas não estão entre os primeiros. O Brasil, a Terra em Transe de Glauber, que é o país que pôs Lula no mapa-múndi (ele é nominalmente citado no livro de Khanna por uma fala sua sobre vontade política), não pode aparecer aos próprios olhos como um exemplo de nação linguisticamente preconceituosa. William Bonner dando a notícia sobre o livro de Heloisa não tem nada de monstruoso. Os sociolinguistas petistas, por sua vez, não são meros esnobes inúteis ao reagir como se assim fosse: há algo de bom em termos esse tipo de alerta. Contanto que não deixemos a confusão (inclusive essa minha aparente indefinição aqui) atrapalhar nosso desejo de criar uma vida melhor.

Sandra de Sá cantando com Seu Jorge no Municipal semana passada é resposta melhor a tudo isso. Para não falar em Djavan, Milton, Sandy, Olodum Mirim, Guto Graça Mello, e, sobretudo, Bethânia. Tem momentos em que parece mesmo que temos recursos para fazer o que devemos. E o que devemos é salvar o mundo com a nossa (como diz Khanna) nacionalidade forte. Por que fazer por menos?

ETHEVALDO SIQUEIRA - Os desafios da regulação


Os desafios da regulação 
ETHEVALDO SIQUEIRA
O ESTADO DE SÃO PAULO - 22/05/11

Para as comunicações, o maior problema futuro talvez seja a adequação da lei e da regulação, pois legisladores e reguladores parecem não compreender corretamente nem no tempo certo as profundas mudanças ocorridas na tecnologia nos últimos anos, em especial aquelas decorrentes da expansão da internet em escala planetária.

Poucos especialistas conhecem tão bem esse desafio quanto Ben Verwayeen, ex-presidente da British Telecom e atual presidente executivo ou CEO (Chief Executive Officer) da Alcatel-Lucent. Por sua experiência na indústria e numa das maiores operadoras europeias, tem uma visão ao mesmo tempo clara e didática do problema. Eis a seguir alguns dos pontos mais significativos da entrevista que esse executivo concedeu ao Estado em sua recente visita Brasil.

Para Verwayeen, o primeiro grande aspecto desse desafio é a diversidade de infraestruturas nas áreas de telefonia (redes fixas), comunicação sem fio (redes móveis) e internet, com seu protocolo dominante (IP). Embora se apoiem em infraestruturas diferentes e tenham conteúdos diferentes, essas três formas de telecomunicações se convergem cada vez mais.

Novo cenário. Vejamos o que ocorre em cada área. Na radiodifusão tradicional ou nos serviços de TV por assinatura, o destinatário está em casa ou no carro, como simples receptor da comunicação de voz, vídeo, áudio ou música. Na telefonia fixa, o usuário está em casa ou no escritório, e se comunica basicamente por meio de voz e dados.

Com as comunicações móveis, o usuário está em movimento e passa a utilizar a internet, com seus laptops, netbooks, iPods, smartphones, iPads ou tablets. Eis aí a grande revolução: o usuário móvel pode receber praticamente quaisquer conteúdos - sejam de voz, dados, imagens e até conteúdos de jornais, revistas, rádio e TV.

Na visão de Ben Verwayeen, a grande revolução veio com a internet. Sua infraestrutura é diferente. Seu conteúdo é diferente, porque é o mais variado possível. E o protocolo IP integra tudo: livro, jornal, revista, rádio e televisão.

Por isso, prevê, a TV do futuro será a IPTV. Hoje, já temos a TV conectada, com acesso crescente à internet. Esse processo é irreversível, não tem volta, só se intensifica. É claro que os radiodifusores resistem, protestam e se opõem às mudanças de regras que os órgãos reguladores são obrigados a fazer.

Essa resistência existe, também, nos jornais mais conservadores. "É claro que, para essas mídias tradicionais, o novo desafio é o modelo de negócios. A maioria dos veículos busca resposta a esta pergunta: como viabilizar a publicidade na internet?"

Ben Verwayeen preocupa-se, de forma especial com o papel das agências reguladoras e dos legisladores: "O regulador precisa ver o lado do usuário. E é bom destacar um aspecto fundamental: os que mais precisam de atenção não são os mais velhos, cujos hábitos terão que ser adaptados aos novos tempos, mas os adolescentes e os adultos mais jovens, que já nasceram nesse novo ambiente digital. É para eles que o regulador precisa preparar os serviços e toda a evolução, pois são os jovens que irão viver nesse novo mundo das comunicações móveis, em banda larga, com interatividade crescente".

Cocriação. O presidente da Alcatel-Lucent fala com entusiasmo sobre o futuro da comunicação móvel, com os avanços recentes na área das estações radiobase, hoje em processo de mudança tecnológica acelerada, em particular com a miniaturização extrema dos equipamentos. O melhor exemplo é o LightRadio, pequeno cubo de apenas alguns centímetros que poderá substituir as enormes estações radiobase (ERBs), com enorme redução de custos de investimento e de consumo de energia.

Em quanto tempo deverá ocorrer a migração das ERBs tradicionais para essa tecnologia? Ben Verwayeen é realista: "Não esperamos que o mundo vá migrar de repente ou em alguns meses para a nova tecnologia. É mais lógico esperar uma longa transição, com um trabalho conjunto entre fabricantes e operadores, no processo que podemos chamar de cocriação".

Eis aí uma palavra que seduz os especialistas que olham para o futuro: cocriação. Para Ben Verwayeen, ela é a que melhor representa o momento que vivemos nas tecnologias da informação e da comunicação. "A cada dia que passa, temos que trabalhar mais próximos do cliente, do usuário ou do consumidor. É com eles que devemos dialogar e pensar juntos, para cocriar. É o que estamos fazendo, em diversos lugares, a começar da China, analisando os resultados e ouvindo sugestões das operadoras, nossas clientes".

No final desta década, por volta de 2020, há expectativa de uma demanda gigantesca de banda de frequências, quando o mundo deverá estar utilizando cerca de 50 ou 60 bilhões de dispositivos de comunicação móvel. Para Ben Verwayeen, esse é mais um entre os grandes desafios que o mundo terá de enfrentar. Esses bilhões de dispositivos móveis atuarão tanto na comunicação homem-homem, como homem-máquina e máquina-máquina. A maior importância dessas novas formas de comunicação serão aquelas ligadas diretamente ao ser humano, como no uso de sensores, que poderão enviar um comando da estrada para o veículo e evitar um erro humano e um desastre de sérias consequências.

MARCELO GLEISER - Sobre a vida após a morte


Sobre a vida após a morte
MARCELO GLEISER 
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/05/11

Do ponto de vista científico, vida após a morte não faz sentido,embora a esperança de que ela exista seja muito compreensível

Já que no domingo passado escrevi sobre o fim do mundo (era para ter sido ontem), é natural continuar nossa discussão refletindo sobre vida após a morte. especialmente nesta semana, quando o famoso físico Stephen Hawking falou do assunto em entrevista ao jornal inglês "The Guardian". "um conto de fadas para pessoas que têm medo do escuro", disse.
Mantendo a discussão ao nível "científico", o que podemos falar sobre experimentos que visam detectar vida após a morte?
eis o que escrevi sobre o tópico em meu livro "Criação Imperfeita": "quando ingressei no curso de física da PUC do Rio em1979, era a encarnação perfeita do cientista romântico, com barba, cachimbo e tudo.
Lembro-me, com um certo embaraço, do meu experimento para 'investigar a existência da alma'. Se a alma existia, pensei, tem que ter uma natureza ao menos em parte eletromagnética, de modo a poder animar o cérebro. e se eu convencesse um hospital a dar-me acesso a um paciente em coma, já prestes a morrer? Assim, poderia circundá lo com instrumentos capazes de detectar atividade eletromagnética.
Talvez pudesse detectar a cessação do desequilíbrio elétrico que caracteriza a vida [...] Por via das dúvidas, o paciente deveria também estar deitado sobre uma balança bem precisa, caso a alma tivesse peso." Continuo:"Na verdade,minha incursão no terreno da "teologia experimental" era mais brincadeira do que algo que levei a sério. Porem, minha metade vitoriana charlatã, devo dizer, tinha ao menos um predecessor.
em 1907, um certo Dr. Duncan MagDougall de Haverhill, em Massachusetts, conduziu uma série de experimentos para medir o peso da alma.emborasua metodologia fosse altamente duvidosa, seus resultados foram mencionados no prestigioso "New York Times":"Médico crê que alma tem peso", afirmou a manchete. O peso era em torno de 21,3 gramas, embora tenha havido algumas variações entre os poucos pacientes investigados. Como grupo de controle, ele pesou 15 cães, mostrando que eles não sofriam qualquer mudança de peso. O resultado não o surpreendeu, pois suspeitava que só humanos têm almas."
Os experimentos de Mag Dougall inspiraram o filme "21 Gramas", com Sean Penn fazendo o papel de um matemático à beira da morte.
De volta a Hawking, devo dizer que concordo com ele. Tudo o que sabemos sobre como a natureza opera indica que a vida é um fenômeno bioquímico emergente que tem um início e um fim.
Do ponto de vista científico, vida após a morte não faz sentido: existe a vida, um estado complexo da matéria em que um organismo interage ativamente com o ambiente, e existe a morte, um estado em que essas interações tornam-se passivas.
Morte é ausência de vida. (Mesmo o vírus só pode ser considerado0 vivo dentro de uma célula anfitriã.) É perfeitamente compreensível querer mais do que algumas décadas de vida, ter esperança de que existe algo mais.
Porém, nosso foco deve ser no aqui e no agora, e não no além. O que importa é o que fazemos coma vida que temos, curta que seja.Após ela, o que persiste são as memórias naqueles que continuam vivos.

JOÃO UBALDO RIBEIRO - A era do bedelho universal


A era do bedelho universal
JOÃO UBALDO RIBEIRO
O Estado de S.Paulo 22/05/11

Ou muito me equivoco, ou nunca passamos por um período tão rico em normas e prescrições quanto o presente. Acho que deveria até silenciar sobre o que, segundo li num jornal, vigora na Suécia, porque, para tudo quanto é novidade adotada na Suécia (menos a ausência de mordomias oficiais, pois quanto a isto preferimos nosso atraso mesmo), aparece logo um alegre querendo implantá-la aqui. Refiro-me ao fato de que lá, de acordo com o jornal, o homem que fizer sexo sem camisinha é considerado réu de estupro. Não lembro se isso ocorre mesmo quando a parceira concorda ou se os casados têm de obter um alvará especial, mas essa história de Suécia pega muito nos progressistas nacionais, de maneira que deve ser bom negócio começar a comprar ações de fabricantes de camisinhas.

Podemos ainda não ter adotado o estupro descamisado como figura delituosa, mas já marchamos para a existência de cuecas, calcinhas e sutiãs ilegais, ou seja, os que não tiverem etiquetas nos lembrando, conforme o caso, a necessidade de exames periódicos de próstata, útero e mamas. Como a lei ainda não foi regulamentada, é possível que venham a ser criados fiscais de roupa de baixo, com o direito de exigir, sob pena de pesada multa, a verificação da legalidade até do mais provecto ceroulão ou do mais venerável calçolão. Em matéria de geração de empregos, é uma medida de larguíssimo efeito, capaz de aliviar a pressão sobre os inúmeros militantes dos partidos da base aliada ainda desempregados. E é claro que a ideia deverá prosperar para outras áreas, pois o cidadão não sabe cuidar de si mesmo e precisa de orientação constante para não pôr em risco sua saúde ou a do semelhante, mesmo quando não queira ou não ache que está correndo risco nenhum.

A tecnologia necessária para o muito que poderá ser feito somente no setor de roupa de baixo desafia a imaginação, mas antecipo que pelo menos se adotará, por exemplo, a certificação da dedada. O homem que estiver em dia com seu exame de próstata deverá, antes de envergar a cueca, passar um cartão magnetizado nela, o que provará, junto à autoridade competente, o cumprimento desse dever médico. Se o sujeito não passar o cartão, ou se ele estiver vencido, a cueca começará a apitar sem cessar, forçando o infrator a submeter-se ao exame imediatamente ou a ter um problema com um índio querendo apito que esteja por perto. O mesmo, naturalmente, acontecerá com a calcinha da negligente que esquecer o exame de colo de útero e com o sutiã da réproba que não fizer mamografia. Para os recalcitrantes, as peças de roupa podiam acrescentar também avisos luminosos e assim saberemos que aquela senhora cujos peitos piscam em várias cores é na verdade alguém que vergonhosamente não cuida de sua saúde como o governo estabelece. E por que não um monitor eletrônico do governo em cada cueca e cada calcinha? Hoje em dia, qualquer um pode estar onde quiser, sem que o Estado se faça presente quando necessário, até mesmo para a cobrança de futuros tributos indispensáveis para o governo manter-se. Por exemplo, monitor indicando motel, dez por cento de taxa de sexo - a popular caixinha do corno.

Tão fantasticamente avança a tecnologia, que o Estado vai ingressar, mais dia menos dia, num terreno irresistível, que é o de regular a vida sexual do cidadão. Como está, sem normas e sujeita a todo tipo de distorção, preconceito e noção errônea, a vida sexual dos brasileiros segue desgovernada e sem parâmetros claros para se orientar. Isso só pode resultar em sérios problemas de saúde e de comportamento, no terreno delicado que já foi eloquentemente definido como nosso "plus". Ousaria mesmo dizer que os brasileiros e brasileiras, de todas a camadas sociais, não dispõem de padrões normais em que enquadrar sua conduta sexual, sendo, pois, infelizes, mesmo que não saibam.

Tenho certeza de que, na cabeça de algum tecnocrata, germina um mundo ideal, onde ninguém tivesse problemas sexuais, mediante a aplicação de medidas para as quais já existe tecnologia, ou está prestes a ser criada. Resta apenas definir o que é certo, o correto. A convicção de que existem verdades científicas imutáveis, inabaláveis e indiscutíveis, inclusive quando envolvem valores, parece bem arraigada nos tecnocratas que ora mandam em nós, da farmácia ao aeroporto. Ou seja, bastaria uma comissão especial ser formada pela Anvisa, para a coleta das últimas verdades científicas aplicáveis. Viriam daí a conjunção carnal otimizada e o complexo conceito legal de "ortocópula" ou, no dizer d"outros, "ortocoito". Todo brasileiro e toda brasileira, como agora se diz, teriam direito ao ortocoito, devendo dirigir-se ao posto de saúde mais próximo no caso de um discoito, ou, pior ainda, uma cacocópula. Certas práticas heterodoxas precisariam receber autorização especial, até que ficasse demonstrada compatibilidade com o ortocoito. Os celulares podiam ser programados (acho que alguns já podem) para monitorar funções orgânicas, tais como batimentos cardíacos, pressão arterial e respiração, assim denunciando com uma sinetinha que a mulher de alguém estava fingindo orgasmo. Não valeria dizer que fazia parte do brinquedo e que o casal estava satisfeito assim mesmo. Seriam os falsos felizes, para cuja inclusão na normalidade trabalharia um exército de técnicos e voluntários.

Sei que vocês pensam que brinco, mas não brinco. Brinco somente um pouco e o que parece mera fantasia pode muito bem não ser. Outro dia, li sobre uma hipotética "sociedade sem mentiras", tornada possível pela disseminação ilimitada de detectores de mentiras sofisticados, práticos e, ao contrário dos antigos, eficazes. Ingênuo, quem pensa que isso é bom. Já não vamos poder nos refugiar nem dentro de nós mesmos. E enlouqueceremos, claro.

RAUL JUSTE LORES - Fortaleza USP


Fortaleza USP
RAUL JUSTE LORES
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/05/11

A USP quer mais segurança, mas sem a Polícia Militar. Até a próxima greve estourar, muitos ali vão exigir mais dos cofres públicos, mas sem admitir que a sociedade discuta como pagar a conta.
O Brasil mudou, mas a melhor universidade brasileira parece uma fortaleza conservadora antimudanças.
É tabu discutir cobrança de mensalidade, financiamento, participação da iniciativa privada e outras urgências -maior diálogo com o mundo, o acesso de mais estudantes vindos da escola pública e o fomento à inovação.
Enquanto o ProUni preenche a capacidade ociosa e enriquece várias universidades privadas, sem muito histórico de investimento em pesquisa ou formação de professores, as públicas estão carcomidas e sem fundos.
O gargalo de mão de obra é uma das mais sérias ameaças ao crescimento sustentado da economia brasileira. Mas governo e empresários reagem com pouca ação.
Nossos concorrentes no mundo emergente têm pressa para dar um salto acadêmico.
Na China, a Faculdade de Direito Transnacional em Shenzhen contratou um ex-presidente da Universidade Cornell como seu diretor. O governo quer graduandos "à altura dos melhores dos EUA".
A Índia tem os seus MITs desde os anos 50, mas só agora consegue promover o retorno de engenheiros indianos que conquistaram os EUA.
Há 128 mil chineses estudando em faculdades americanas -para a elite chinesa, mesmo o mimado filho único precisa se sacrificar para estudar em Harvard ou Yale.
Brasileiros são apenas 8.000, pouco mais que os colombianos nos EUA. Índia, Turquia, Taiwan, Vietnã e México também superam o número de brasileiros.
Dos 10 países com maior número de universitários nos EUA, 8 são asiáticos. A Malásia está atraindo filiais das maiores universidades britânicas para um polo de educação, vizinho a Cingapura, para aproveitar a demanda.
A China abriga 265 mil estrangeiros em suas universidades, 18 mil deles com bolsas do governo, que quer internacionalizar seus campi.
No Vietnã, a Universidade de Hanói até dá cursos inteiramente em inglês. "Nossos alunos serão competitivos no mundo", diz o reitor, sem aparentar trauma histórico.
Um professor estrangeiro que tente lecionar na USP, mesmo com diploma de Stanford, dificilmente vai resistir ao calvário burocrático.
Talentos uspianos parecem resignados ao imobilismo e aos recursos limitados.
A produção de patentes é pequena, a posição em rankings internacionais, decepcionante. Mas, no superprotegido ambiente universitário, passar por avaliação externa ainda soa a reprovação.

DANUZA LEÃO - Responda, se tiver coragem



Responda, se tiver coragem
DANUZA LEÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/05/11

Até porque a felicidade é sempre coisa do passado ou do futuro -ah, como foi bom, ah, como vai ser bom


VOCÊ É FELIZ? A essa pergunta, tão curta e aparentemente tão simples, ninguém responde rápido, nem que sim nem que não.
A resposta costuma ser tipo "bem, quando penso na situação da maioria dos brasileiros, não dá para dizer que eu seja infeliz". Não foi essa a pergunta, as pessoas sempre se enrolam.
É difícil mesmo, até porque a felicidade é sempre coisa do passado ou do futuro -depois que o apartamento for comprado, as férias foram maravilhosas, quando a filha se casar, quando arranjar um namorado ou quando me separei, ah, como foi bom, ah, como vai ser bom. Sempre antes ou depois.
As pessoas têm um certo pudor de confessar que são felizes; somos todos supersticiosos, e se queixar um pouco da vida faz parte, para não despertar a inveja dos amigos e a ira dos deuses. E mais: na hora em que se é feliz não se tem consciência do que está acontecendo -complicada, essa tal de felicidade.
O que não se deve é confundir: acontecem às vezes momentos maravilhosos em lugares deslumbrantes, com pessoas incríveis, e se imagina que aquele é um dos grandes momentos da vida, se imagina até mesmo que aquilo é a felicidade.
Anos depois, desses momentos só vai sobrar uma foto, se sobrar, e na memória, quase nada; no coração, nem pensar. Bom mesmo é ser feliz e perceber; quando você come um chocolate bem gostoso, é melhor achar bom na hora ou dois anos depois?
Para isso é preciso um certo treino: o dia de hoje, por exemplo, está sendo bom, ruim ou regular? Pense um pouco: aconteceu alguma coisa boa desde que você acordou? Não? Mas nada mesmo? Será?
Para começar, você acordou, abriu os olhos e viu a luz do dia; quando abriu a torneira, tinha água, o jornal estava na porta, e os gatos brincando. E mais: com um dia inteiro pela frente, dá para tomar certas decisões, do tipo "hoje vou ser feliz". Já é um começo.
É bem verdade que às vezes a vida não dá trégua, mas com o tempo a gente aprende a se defender, e uma boa estratégia é evitar qualquer discussão, e dizer sim a tudo.
Quando ouvir um "você engordou um pouco", diga que é verdade, e que está péssima -dizer que está péssima atrai as simpatias gerais.
Ache graça em tudo o que disserem e peça opinião sobre tudo: do namorado com quem não sabe se deve se casar ou abandonar para sempre até qual a melhor dieta -o que não quer dizer que vai seguir quaisquer dos conselhos.
Com isso está comprando seu sossego, isto é, sua felicidade, o que não tem preço.
E sua personalidade, suas opiniões, onde ficam? Ora, não há nada mais insuportável do que pessoas que têm opinião; bom mesmo são as que concordam com a gente o tempo todo.
E pensando bem, não custa nada dizer sim, sim, sim. Afinal, não é um preço assim tão alto para que todos sejam felizes.
E você? Bem, querer que todos sejam felizes e você também é querer demais, mas mesmo assim, não custa lembrar: ser feliz, ao contrário do que dizem, não é pecado.
PS - O grande escândalo do diretor do FMI me fez pensar. A arrumadeira entrou para arrumar o quarto; ele, que estava no banheiro, abriu a porta (nu) e viu a moça.
Imagino que seja preciso um tempo para que o desejo masculino aconteça; tempo suficiente para ela sair correndo (e à visão do personagem em questão, nu, mais correndo ainda).
Lembro de Mike Tyson que, anos atrás, convidou uma moça para subir em seu quarto de hotel; ela, pobre inocente, aceitou, depois o acusou de tentativa de estupro, e o lutador foi condenado a seis anos de cadeia. Ah, essa América puritana.

JANIO DE FREITAS - Palocci explica Palocci


Palocci explica Palocci
JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/05/11

Palocci promete para esta semana a explicação para seu atual atentado contra o bom andar governamental


ANTONIO PALOCCI, o homem-bomba, tem explicação para tudo. O que complicou nas atividades com o grupo de amigos, quando prefeito de Ribeirão Preto, não foi falta de explicações. Tanto que, passados alguns anos bem apropriados para o esquecimento, obteve as convenientes absolvições. O que complicou no escândalo quando ministro da Fazenda de Lula também não foi falta de explicações, no seu estilo. Fiel a si mesmo, ao menos a si, Palocci promete para esta semana a explicação pedida pela Procuradoria-Geral da República para seu atual atentado contra o bom andar governamental. O que vai complicar é o de sempre: a busca alheia de explicação factual ou documental para a explicação à maneira palocciana.
Sob a simpatia sorridente, com aquele ar de bebê dado a muitos volumosos não anabolizados, Roberto Gurgel é o terceiro na estirpe de procuradores-gerais, inaugurada por Cláudio Fontelles e continuada por Antonio Souza, que aliam firmeza, independência e serenidade (esta reviravolta na Procuradoria-Geral da República foi o que de melhor aconteceu às funções institucionais no país). Pois bem, do "olhar cuidadoso" que disse dirigir à notícia das incursões imobiliárias de Palocci, Roberto Gurgel passou a uma breve referência pessoal, paralela ao pedido de explicações mandado ao ministro: recebida a resposta, virá a análise da necessidade, ou não, de investigações ou mesmo de inquérito.
Explicações de Palocci, eis a segunda carga de explosivos. A nota que atribuiu a um assessor já deixou os traços paloccianos, como o relato completo dos bens feito à Comissão de Ética da Presidência da República, que se viu na constrangida contingência de informar que, completo, não era. E mais buracos, que nessas coisas o ex-ministro da Fazenda não é econômico.
Por falar em economia, há pouco apareceu a figura de um sobrinho viageiro a quem Palocci, "por não ser economista", pôs na direção formal de sua consultoria Projeto. Mas o registro e a direção de consultoria, mesmo se econômica, não requerem diploma em economia. O uso de nome alheio é uma prática comum para esconder a presença e a responsabilidade verdadeiras. Sugestão, por si só, da existência de motivo para o encobrimento.
O problema das explicações outra vez devidas por Palocci é que só valem se coincidirem com a explicação não apenas dada, mas provada pelo outro lado. O que promete surgirem "consultorias verbais" sem fim.
A Amil, uma das comadres do governo no seguro-saúde, já veio com sua parte de socorro ao consultor Palocci. Afirma que o contratou para palestras a seus clientes e executivos sobre a maneira de evitar a gripe aviária. Em sua especialidade de contato permanente com centenas ou milhares de médicos de todas as especialidades, a Amil escolheria, para prevenir a saúde de clientes e de seus executivos, um médico dedicado à política e a governos por mais tempo do que seu convívio real com a medicina.
Entre as características pessoais de Palocci está a de ser muito caseiro. Fechada por um depoente inesperado a casa civil que mantinha em Brasília com seu grupo de Ribeirão Preto, Palocci veio a acomodar-se na Casa Civil do Planalto. As repórteres Maria Lima e Isabel Braga, do "Globo", narraram que um dos presentes a uma reunião palaciana, quinta-feira, ouviu de Dilma Rousseff que vai "segurar Palocci no cargo "até o fim'".
Parece que a presidente não esclareceu, ou não prevê, "até o fim" de quê ou de quem. Embora as hipóteses não sejam muitas.

FERREIRA GULLAR - Saia justa


Saia justa
FERREIRA GULLAR
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/05/11

A conclusão inevitável a que se chega é que a morte de Bin Laden tem limitadas consequências práticas


APÓS OS atentados de 11 de Setembro de 2001, a eliminação de Osama bin Laden tornou-se uma questão de honra para o presidente dos Estados Unidos, fosse ele quem fosse.
É evidente que a inusitada audácia do terrorista, ao alvejar pontos de alta significação simbólica do poder norte-americano, atingiu o orgulho e a segurança da nação, sem falar no massacre de milhares de inocentes.
Se se leva em conta que, depois disso, Bin Laden aparecia com certa frequência na televisão do país formulando novas ameaças, o resultado inevitável era, no povo, o pavor de que, a qualquer momento e em qualquer lugar, o terror o atingisse de novo e, no presidente, a necessidade de por fim àquilo, ou seja, devolver ao país, a qualquer preço, a tranquilidade e a autoestima.
Consegui-lo era uma missão irrevogável e o tornaria o salvador da pátria. Bush, apesar de todo o empenho, não o conseguiu.
Obama, ao ser informado de que o esconderijo do inimigo número um da nação fora descoberto, não hesitou, diante da oportunidade que a história lhe oferecia. A informação de que Bin Laden fora localizado era uma possibilidade, mas não uma certeza. No entanto, qualquer que fosse o risco a correr, desistir estava fora de cogitação.
Por isso, o passo seguinte foi assegurar o modo de chegar até a casa-fortaleza e cumprir a missão.
Pensaram em simplesmente lançar um foguete sobre o esconderijo e destruí-lo. Isso não apenas mataria indiscriminadamente quem ali estivesse, como tornaria difícil comprovar que Osama bin Laden fora eliminado. Venceu a proposta de invadir a casa.
Isso posto, passou-se aos meios de que se valeriam e à discussão de um problema político: deviam realizar uma ação militar em território do Paquistão sem a permissão de seu governo?
Obama diria, mais tarde, ao anunciar o fato, que obtivera a permissão do governo paquistanês, o que depois foi negado. De qualquer modo, jamais revelaria o objetivo de tal missão, que não revelou nem para sua mulher.
A possibilidade de vazamento de tão decisiva tarefa aconselhava total sigilo. Se tal possibilidade está presente em toda e qualquer circunstância, ninguém em sã consciência se arriscaria a confiar no governo paquistanês, infiltrado de aliados da Al Qaeda.
Bastava o fato de que Bin Laden ali se instalara e vivia, sem ser incomodado, nas vizinhanças de um quartel do Exército e a poucos quilômetros da capital do país.
Quem quer que tivesse por missão dar fim a Bin Laden jamais revelaria qualquer coisa às autoridades do Paquistão. Assim fizeram os norte-americanos e atingiram seu objetivo.
Foi, na verdade, um ajuste de contas, porque o terrorismo de Al Qaeda nunca significou uma possibilidade de mudança no equilíbrio de poder no mundo, uma vez que se trata muito mais de uma seita de fanáticos, movidos pelo propósito de impor à humanidade uma visão fundamentalista do islamismo.
Sem base territorial, sem Exército, tudo o que pode fazer é tramar e executar atentados contra o "inimigo": os países capitalistas ocidentais e, especialmente, o mais poderoso deles, os Estados Unidos.
Falando à Globonews, o jornalista inglês Robert Fisk, que entrevistara Bin Laden três vezes, antes e depois do 11 de Setembro, nos deu uma imagem bastante verossímil dele: vaidoso, convencido da missão de impor ao mundo a vontade de Maomé, atribuía-se o feito de ter destruído a União Soviética e a certeza de que faria o mesmo com o império norte-americano.
Vivendo desligado do que se passava no mundo, não se dava conta da complexidade da realidade internacional, chegando a afirmar que em breve haveria uma revolta do povo americano que acabaria com o regime capitalista nos Estados Unidos.
Para que isso acontecesse, bastaria consumar os atentados que planejava. Não se dava conta de que os golpes eventuais do terrorismo, por mais audaciosos que fossem, não teriam a capacidade de alterar a correlação de forças econômica, política e militar em escala mundial.
A conclusão inevitável a que se chega é que a morte de Bin Laden tem limitadas consequências práticas, como, aliás, o próprio terrorismo, particularmente agora, quando os povos árabes se levantam clamando por democracia.

SUELY CALDAS - Presidente, diga a que veio


Presidente, diga a que veio
SUELY CALDAS

O Estado de S.Paulo - 22/05/11

Uma boa notícia no front: o governo federal espera concluir e enviar ao Congresso, até junho, proposta para desonerar a folha de salários das empresas. A ideia é trocar um imposto (parte da contribuição previdenciária) por outro (sobre o faturamento da empresa). Não será mera troca de seis por meia dúzia, se tal exercício matemático for feito com inteligência e resultar em justiça tributária, distribuição mais equilibrada de encargos entre diferentes setores da economia e se o governo não aproveitar para enriquecer seu caixa.

A desoneração da folha é parte relevante das reformas trabalhista e tributária: ajuda a incluir trabalhadores hoje excluídos de direitos, reduz o custo das empresas de produzir no Brasil, atrai investimentos privados e expande o emprego. É tudo de bom, desde que feita com equilíbrio e cuidado para não piorar o déficit da Previdência e, ainda, não aumentar a já pesada carga tributária. É boa a ideia de diferenciar alíquotas do novo imposto por setores, desonerando exportadores e os que usam mão de obra intensiva e onerando os de capital intensivo que geram menos empregos. É algo na direção de melhor justiça tributária. Mas esperemos as regras. A ver.

A presidente Dilma Rousseff quer usar a estratégia de tocar as reformas em fatias, em vez de apresentar pacotes acabados. A primeira fatia é a da folha de salários. Trata-se de uma estratégia pragmática que tenta anular trapalhadas do passado do PT de demonizar as reformas. Mas não está nos planos de Dilma mudar regras - nem pontuais nem empacotadas - para desarmar a bomba que a cada ano multiplica o déficit previdenciário. A reforma da Previdência é difícil, é verdade, mas tocá-la é obrigação de um governante consciente e responsável, que não mira só sua popularidade. E, quanto mais demorar, pior será para um país como o Brasil, onde a população idosa (felizmente) tem crescido de forma acelerada. Os países europeus demoraram e hoje enfrentam oposição agressiva nas ruas e falta de dinheiro para pagar aposentadorias.

A decisão de reduzir o custo do trabalho deve ser festejada nem tanto pelo conteúdo das mudanças - ainda pouco conhecidas e não testadas -, e mais pela atitude de agir de olho no futuro, corrigindo estruturas que o tempo tornou ultrapassadas. Falta ao governo Dilma um programa, um rumo na direção de modernizar certas estruturas do País - o que FHC começou, mas não teve tempo de terminar, e Lula simplesmente ignorou, movido pelo interesse político de não abalar sua sagrada popularidade.

Dilma tem só cinco meses de governo. Mas já deveria ter apresentado aos brasileiros um plano de voo que seja - que pode até mudar de rota aqui e ali, mas é essencial para orientar decisões privadas que empurrem o País ao progresso. Seu anúncio era esperado na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no final de abril, mas Dilma se limitou a divulgar os programas de erradicação da pobreza e capacitação profissional. Deixou de fora o saneamento básico, de que a população pobre é tão carente.

Seu governo deve ao País um programa de desenvolvimento focado, sobretudo, em remover os gargalos na infraestrutura, obstáculos ao tão proclamado desenvolvimento sustentado, sem riscos de recuos. Nesse setor a impressão é de que o governo age desorientado, a reboque dos acontecimentos, sempre correndo para apagar incêndio. É o caso dos aeroportos: Lula deixou rolar e nada fez, Dilma demorou a descobrir que a Infraero não dava conta, decidiu privatizar faltando três anos para a Copa e, agora, vive a encrenca de não conseguir concluir as obras a tempo. Em vez de reduzir, surpreende-se com um crescimento acelerado do desmatamento na Amazônia e corre para criar um gabinete de crise. Deixa a inflação prosperar e, diante da ameaça de descontrole, recorre a paliativos, não ataca o mal pela raiz.

Lula fez quase nada em infraestrutura. Politizou as agências reguladoras, transferiu poder para os ministérios e daí mesmo é que não saiu nada para melhorar a regulação e fomentar o investimento privado. Está na hora de Dilma dizer a que veio.

MÔNICA BERGAMO - anjo mau


anjo mau
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/05/11

Gabriel Braga Nunes, que substituiu Fábio Assunção em "Insensato Coração", volta à Globo após cinco anos na Record e é chamado de malvado por causa do vilão Léo


"Sempre vejo tudo o que você faz, sou sua fã! Mas eu estava torcendo para você vir para a Globo fazer um mocinho e você é mau", diz Arlete Pires, 72, para o ator Gabriel Braga Nunes durante uma pausa das gravações da novela das nove da Globo, "Insensato Coração". Ela, que é mãe de um dos atores coadjuvantes da trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, acompanhava os bastidores da novela no estúdio do Projac, no Rio, na última quarta-feira.

Gabriel, 39, diz à repórter Lígia Mesquita que ouve "umas 38 vezes" por dia as pessoas dizerem "como você é mau!", desde que começou a interpretar o vilão Léo Brandão. E, nos últimos dias, tem sido avisado sobre a aproximação de sua antagonista, Norma, interpretada por Gloria Pires. "As pessoas brincam: "Ela tá chegando, cuidado"." Os comentários, afirma, não atrapalham nunca. "Eu trabalho para provocar ódio. Acho que tem uma identificação gostosa das pessoas com os vilões. Onde pega com o Léo é que ele é um psicopata, não sente culpa. E ao mesmo tempo as pessoas acham ele fofo."

Formado em teatro na Unicamp, ele começou a fazer televisão na Globo na novela "Anjo Mau", mas passou os últimos cinco anos na emissora concorrente, a Record. Lá, estrelou cinco produções -em três delas foi protagonista. Em dezembro, o diretor Dennis Carvalho o convidou para retornar à TV dos Marinho para uma missão de última hora: substituir Fábio Assunção na novela. O ator, que em 2008 foi internado numa clínica de reabilitação por problemas com drogas, já havia começado a gravar suas cenas no folhetim quando pediu para sair. Ele alegou "não ter disponibilidade para cumprir a carga horária" do protagonista.

"Eu já tinha diversos indícios de que esse trabalho seria legal. Um vilão do Gilberto, a direção do Dennis, um personagem do Fábio, que é um dos caras que eu mais admiro pessoal e profissionalmente. Não conhecia ele muito bem, mas no ano passado fizemos um filme juntos ["O País do Desejo", de Paulo Caldas, em que interpretam irmãos]. Enfim, o Léo vinha com vários atestados. Achava que o momento não era ideal porque precisava de umas férias, mas não tive como dizer não." Ao longo da conversa com a coluna, ele elogia diversas vezes autor e diretor. E gesticula, passa a mão nos cabelos e termina frases com "sacou?".

Enquanto almoça um carpaccio com salada verde em um restaurante italiano de Ipanema, explica por que até hoje só assina contrato por obra nas emissoras em que trabalha. "É uma necessidade de controle de cada passo. E me agrada mais a ideia de ser convidado do que ser escalado. É muito difícil fazer uma coisa que você não tá a fim, levar um personagem durante dez meses que não tem a ver com seu momento de vida. Sempre tive receio de contratos longos. O que não significa que eu seja contra. Só significa que, quando eu fizer, ele precisa ser interessante."

Questionado se o assédio aumentou da última trama para a atual, responde com números. ""Poder Paralelo" [da Record] tinha média de 11 pontos [de audiência no Ibope]. E até aqui estamos tendo uma média de 38 [em "Insensato Coração']. Três vezes mais. Tá dito."

"Gostei muito de fazer "Poder Paralelo". Hoje tô numa empresa que está há muitos anos fazendo novela. É difícil dizer isso em termos comparativos de emissora, por isso estou evitando. É uma comparação infeliz, não dá pra botar isso em termos de Globo e Record, sacou? Vai ficar uma coisa tendenciosa. Torço muito e acho que o início da produção de teledramaturgia na Record é muito importante. Foi muito bom pra mim e possivelmente pode ser ainda. E vai ser muito bom pra muita gente." Encerra o debate: "Você está insistindo nessa questão".

Sobre o retorno à Rede Globo, diz: "Posso falar da produção em que estou. É muito estruturada, profissional, tem know-how. Temos poucos imprevistos, os horários são respeitados. Eu funciono com horários, a espera me atrapalha demais. Muitas vezes tenho um mau dia por conta de duas horas de espera". No momento atual, afirma, "acordo de manhã e vou trabalhar feliz".

Um motorista busca o ator paulista no restaurante para o levar ao Projac. No percurso de uma hora, checa e-mails no iPhone e lê notícias. "Olha, um site está dizendo que o Léo vai ser assassinado." Chega ao estúdio às 16h, de calça jeans com alguns rasgos, camisa e All Star brancos, um anel em forma de caveira e uma pulseira de correntes prateadas. Vai para o camarim e sai com o terno do personagem. Passa rapidamente pela maquiagem e aguarda sua vez de entrar em cena. Anda de um lado para o outro e relê rapidamente o texto. "Não preciso de concentração. Sou como um suco de laranja já concentrado e natural."

A paixão pela TV foi algo que, diz, "demorou 15 anos para acontecer" e o levou a deixar o teatro de lado. "Eu era contra a televisão, mas me apaixonei. No ano passado fiz três filmes ["O País do Desejo", "O Homem do Futuro" e "Garibaldi'] e senti falta de TV artisticamente, não tô falando de dinheiro. Gosto de novela, no entanto acho que já estou num lugar em que você precisa pensar bem um personagem, porque hoje tem muita história boba. E novela boba é muito cansativa."

O diretor pede para Gabriel se posicionar, pois o ensaio vai começar. No estúdio estão Gloria Pires, Herson Capri, José de Abreu, Tarcísio Meira, Paola Oliveira e Eriberto Leão, entre outros.

O ator conta que seus maiores conselheiros são os pais, a atriz Regina Braga e o diretor teatral Celso Nunes. "Nem sempre eles acompanham o que faço, não tem essa coisa assim tão família perfeita. Mas gosto de conversar com os dois", fala. "Fiz a peça "À Margem da Vida" com minha mãe e foi um dos momentos fortíssimos como ator. Tivemos uma química impressionante. É uma das maiores químicas de cena que já encontrei na vida [risos]. A outra é a Paloma Duarte, minha ex-namorada. Fiz três novelas com ela e parecia que a gente tava em casa." Os dois terminaram recentemente o relacionamento. Antes de Paloma ele namorou a cantora Danni Carlos, participante do reality show "A Fazenda".

Gabriel vive em um flat no Leblon, no Rio, por conta do trabalho, mas não abre mão de sua casa em São Paulo. "Nos dez anos em que não tive minha base lá fiquei carioca demais [gargalha]."

A invasão de privacidade e a superexposição a que muitos artistas estão sujeitos, principalmente no Rio, não o incomodam. "Não faz parte do meu repertório [pensar em superexposição]. Sou ator! Meu repertório são os trabalhos que tenho. Eu moro na Dias Ferreira [rua cheia de paparazzi]. Preciso te dizer mais? Isso não é um assunto pra mim. Quando você trabalha com comunicação de massa, não pode ter incômodo com superexposição."

CARLOS ALBERTO CAIO DANTAS - Os cursos noturnos e a segurança na USP


Os cursos noturnos e a segurança na USP
CARLOS ALBERTO CAIO DANTAS
O Estado de S.Paulo - 22/05/11
A organização geográfica das atividades na Cidade Universitária é fundamental para a reformulação dos serviços de segurança

O trágico assassinato do estudante Felipe Ramos de Paiva, do curso de Ciências Atuariais, na Cidade Universitária, deve precipitar a busca de soluções para o problema dos cursos noturnos na USP, no qual o da segurança tem caráter primordial. Deve-se, no entanto, evitar soluções pontuais e imediatistas.

A extensão territorial da Cidade Universitária e a maneira aleatória com que foram construídos os prédios dos institutos e faculdades colocam obstáculos sérios para uma solução tanto dos problemas de segurança quanto dos acadêmicos e administrativos no período noturno. Os instrumentos de apoio ao ensino não funcionam no período noturno como no diurno: as bibliotecas, em geral, fecham às 21h; os serviços de apoio à graduação e os de secretaria e sessões de alunos também não funcionam durante todo o período das aulas.

Na maioria dos câmpus das universidades americanas, as aulas teóricas são ministradas quase que exclusivamente em um prédio ou conjunto de prédios vizinhos. Para essa área se deslocam quase todos os estudantes. Aulas de laboratório são dadas nas unidades em horários convenientes.

A adoção de um sistema de uso do espaço nesses moldes na Cidade Universitária daria condições para a implantação de um efetivo sistema de segurança, mantendo-se uma guarda fixa nessa área e uma móvel nas outras cujo horário de atividades deveriam ser comunicados previamente. Essa reorganização do espaço físico facilitaria também a reformulação dos currículos e dos serviços de apoio acadêmico aos estudantes, principalmente para os do noturno.

Hoje em dia é quase impossível montar uma grade curricular flexível e interdisciplinar, pois a dispersão geográfica atual das unidades no câmpus torna inviável o deslocamento dos estudantes.

A discussão sobre a segurança na Cidade Universitária é antiga. Na gestão Hélio Guerra Vieira, este articulista foi membro de uma comissão do Conselho Universitário da USP encarregada de propor diretrizes para um plano de segurança do câmpus. Essa comissão entrevistou-se com o secretário de Segurança na época, Manoel Pedro Pimentel, e elaborou um documento que foi entregue ao reitor. Uma das recomendações era a de constituir guarda universitária que não portaria armas, mas que seria treinada por membros da Polícia Militar, que também lhe dariam retaguarda. Para esse fim, seria firmado convênio entre a USP e a Secretaria de Segurança. A guarda foi constituída, mas o convênio e o treinamento da guarda não foram realizados.

Soluções de caráter acadêmico precisam ser precedidas pela ampliação dos serviços acadêmicos no período noturno e, primordialmente, pela reformulação dos serviços de segurança, para os quais é fundamental a reorganização geográfica das atividades no câmpus.

FOI PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO DA USP DE 1994 A 1997

JOSÉ SIMÃO - Ueba! Neymar vai ter gansinho!


Ueba! Neymar vai ter gansinho!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/05/11

E o Neymar vai ser papai! Diz que ele engravidou a menina porque não deu aquela paradinha. Rarará!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Direto do País da Piada Pronta: "Lula dá palestra na Ambev". Na Ambev? Então não foi palestra, foi degustação! E ele fez permuta? Recebeu em espécie? Diz que ganhou R$ 200 mil. Líquido! Rarará!
E esta do Jornal da Cidade de Bauru: "Descoberta! Planta do cerrado cura úlcera e até câncer". Como é o nome da planta? Pau de tucano.
Por isso que o Serra só fala em saúde. Pau de tucano pode curar úlcera. Mas um tucano inteiro DÁ úlcera! E aqui em São Paulo a gente leva pau de tucano desde os tempos do Covas. Rarará!
E o Flamengo agora está com dois times: um pra jogar no Rio e outro pra jogar fora. E o Dentinho vai pra Ucrânia! Só que lá não tem Mulher Samambaia. Tem Mulher Gelo. E Mulher Gelo é bom porque derrete à toa!
E em homenagem às pessoas diferenciadas, o estádio do Corinthians vai se chamar Diferenciadão! E a estrela da semana: PALOFI! Com aquela cara de Nhá Barbina! Aumentou 20 vezes o patrimônio em quatro anos.
E comprou um apê de R$ 6,6 milhões! Ministro da Mansão Civil! Muda o nome pra Palácio. Antonio Palácio! Ou então Jesus: o milagre da multiplicação.
"Senhor Jesus, acabou o peixe e o pão." E o Jesus: "Peraí que eu dou um jeito, PALOOOOFI". Rarará! Multiplica aí! E adorei a defesa dele. Se defendeu com muita propriedade.
E a manchete do "Piauí Herald": "Palocci aumentou em dez vezes a língua presa". Não consegue mais falar nem obséquio e nem estetoscópio. "Por obféquio, me pafa o esfefoscópio." E quando ele fala Sudam e Sudene? Fudam e Fudene. Nova dupla sertaneja. Fudam e Fudene! Rarará!
Agora ele tá com a língua e o rabo plesos! O Palofi tem a língua plesa e a Dilma, língua de sogra! Rarará!
E o Neymar vai ser papai! Com aquele topete vassoura de churrasqueira. Ele parece o seu Galeão Cumbica. Da "Escolinha do Professor Raimundo"!
Diz que ele engravidou a menina porque não deu aquela paradinha. Rarará! Engravidou a menina porque não sabe usar o ganso!
E o diretor do FMI? Preso por agressão sexual. Sacanagem é com o FMI mesmo! E a ex-amante que se chama Piroska? Piroska Nagy!
Ele se chama Kahn. Muda o nome pra Krau. Krau na piroska, krau na camareira, krau no Terceiro Mundo e se cansou de dar krau no Fernando Henrique Boca de Suvaco!
Como diz o chargista Duke: "FMI agora é Fornicar Mulher Ilegalmente!" Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA


Arquibancada
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/05/11

Na semana em que o ministro do Esporte acusou São Paulo de "ainda não ter atingido o seu limite" no esforço para realizar a abertura da Copa de 2014, Geraldo Alckmin recebeu pesquisa que indica amplo apoio da população à decisão do governo estadual de não colocar dinheiro público na construção de estádio privado, optando por investir na infraestrutura do entorno. Segundo levantamento encomendado pelo Palácio dos Bandeirantes, 70% dos paulistas endossam essa política mesmo que o jogo inaugural venha a ser levado para outra praça. Dias atrás, a Odebrecht disse ao governador que o "Itaquerão", até recentemente orçado em R$ 650 mi, custará cerca de R$ 1 bi.

Comparações 
Comentário de um remanescente da administração passada: uma crise com o principal ministro de Dilma não é igual a uma crise com o principal ministro de Lula. Primeiro, pela diferença de quilometragem entre os dois presidentes. Depois porque nenhum ministro -nem mesmo Antonio Palocci- teve, no reinado de Lula, a centralidade do atual chefe da Casa Civil na equipe de Dilma.

Baixa 
A bancada do PV na Câmara está de luto diante dos apuros de Palocci. Os verdes contavam com o ministro, agora enredado em seus próprios problemas, para suavizar os termos do relatório elaborado pelo deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) sobre o novo Código Florestal, cuja votação foi marcada para a próxima terça-feira.

Me aguarde 
Pouco antes da reunião de sexta no Planalto sobre código, um participante disse a Dilma: "Acham que a senhora anda muito sumida". E ela: "Vai voltar já a normalidade".

Monitoramento 
De acordo com pessoas próximas a Franklin Martins, o ex-ministro foi ao encontro de Dilma, na sexta, disposto a sondá-la sobre o andamento do polêmico marco regulatório das comunicações, capitaneado por ele no final do governo Lula e engavetado pela nova administração.

Repaginado 
O governo discute incluir, na fase 2 dos projetos do "Minha Casa Minha Vida", melhorias nas unidades adaptadas para portadores de deficiência. As novas unidades poderão contar, ainda, com muros e sistemas de aquecimento.

Exportação 
De um deputado aecista, sobre o quebra-cabeças tucano: "Esperto é o Geraldo. Liquidou a presença do Serra no PSDB de São Paulo e agora quer colocá-lo na presidência do Instituto Teotônio Vilela".

Tô fora 
Alckmin acalentou a ideia de instalar Serra no ITV como forma de equilibrar as forças. Mas, diante da resistência estridente da dupla Aécio Neves-Sérgio Guerra, resolveu submergir.

Fotossíntese 
De início refratário à ideia de disputar a sucessão de Gilberto Kassab, o secretário Eduardo Jorge (Meio Ambiente) já admite a colegas do PV que sua candidatura, confirmada a preferência do prefeito paulistano, seria "natural".

Calendário 
Além do risco de indenizar os consórcios cujos contratos estavam assinados, a manutenção da licitação da Linha 5-Lilás do metrô foi definida sob a perspectiva de conclusão da obra em dezembro de 2014, crepúsculo do atual mandato.

Rota do sol 
Em análise na Artesp, agência reguladora de transportes, a PPP da duplicação da Tamoios terá modelagem definida até o dia 3. Alckmin planeja anunciar o cronograma da licitação durante a segunda edição de seu governo itinerante, em São José dos Campos.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio

"O governo tem sua razão quando diz que Palocci é "caso encerrado". Afinal, encerrar é cercar, bloquear, prender, vedar..."
DO DEPUTADO FEDERAL CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), sobre o esforço do Planalto para sepultar sumariamente qualquer iniciativa do Congresso de investigar a multiplicação do patrimônio do ministro da Casa Civil.

contraponto

Amor, supremo amor

Na sessão do STF que reconheceu a união homoafetiva, Ricardo Lewandowski citou debate que ocorrera anos antes na Corte. Marco Aurélio Melo pediu aparte:
-Esse caso era diferente. Ali se discutia a pensão de um homem que era casado e tinha uma concubina.
Carlos Ayres Britto interveio:
-E havia ainda outra curiosidade sobre esse caso...
Todos se voltaram para o ministro, que prosseguiu:
-Os nomes! Ele se chamava Valdemar do Amor Divino. E sua concubina era Joana da Paixão Luz.
Com o plenário às gargalhadas, Britto concluiu:
-Estava escrito nas estrelas que se encontrariam!