domingo, maio 15, 2011

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Cravo e canela
SONIA RACY
O ESTADO DE SÃO PAULO - 15/05/11

Se vivo fosse, Jorge Amado faria cem anos em 2012. A data, claro, não passará em branco. Já está certo que o escritor será homenageado no carnaval de Salvador. Com direito a trio elétrico e desfile de seus personagens no circuito Barra-Ondina.

Com apoio da Renault, segundo seu primogênito, João Jorge Amado.

Expansão

A Art Basel, maior feira de arte contemporânea do mundo, decidiu. A Hong Kong Fair, recentemente adquirida pela primeira, foi marcada para 5 de fevereiro.

Forno e fogão
Regina Braga e Marta Góes foram anfitriãs de jantar para os irmãos Linda e José Alberto Nemer. Os dois compraram a casa onde viveu Elisabeth Bishop, em Ouro Preto, e revelaram que a escritora americana adorava cozinha. "Não começava receita sem balança ou reloginho", contou Zé Alberto.

Regina atua e Marta escreveu Um Porto para Elisabeth Bishop, que reestreou sexta.

Medo
O touro Pesadelo, como o nome sugere, tirou o sono de desafiantes no Jaguariúna Rodeo Festival, que termina hoje. Até sexta, derrubou 17 dos 25 homens que tentaram domá-lo.

Detalhe: o melhor animal em provas de montaria vale R$ 1 milhão e só entra em cena ouvindo a trilha de... O Exorcista.

Maratona

A sauna gay 269 fechará as portas. Motivo? O dono do imóvel quer o prédio de volta. Como despedida, haverá uma "Virada Sexual". Inspirada nos moldes da Virada Cultural paulistana.

Responsabilidade social
A Petrobrás comemora. É a 1ª no ranking de sustentabilidade das maiores empresas de energia da América Latina da Management & Excellence.

Jon Rose, da ONG Waves for Water, depois de surfar na pororoca do rio Amazonas, faz expedição: doará 200 unidades de seus filtros de água portátil para comunidades ribeirinhas. Com apoio da Nextel, Ambev e da agência Loducca. A partir de amanhã.

Coca-Cola Brasil fechou parceria com AfroReggae e Coopcal para coleta de materiais recicláveis no Desafio da Paz, corrida que acontece hoje no Complexo do Alemão. Também sai hoje a Caminhada para o Crohn e Colite, no Ibirapuera. Para marcar o Dia Internacional das Doenças Inflamatórias Intestinais. Já dia 29, o Walk The World 2011, no Parque do Povo, contra a fome e a desnutrição de crianças. Promovido pela TNT e a DSM.

Cerca de 3 mil crianças carentes vão invadir o Hopi Hari hoje. Trata-se do Dia de Sonho, em que o parque cede gratuitamente passaportes para os pequenos.

O Carnafacul, megashow universitário, ajudará a campanha O Câncer de Mama no Alvo da Moda. A MB Produções reverterá R$ 1 de cada abadá vendido para a causa. No Anhembi, dia 21[ ].

Os institutos São Paulo Contra a Violência e Norberto Bobbio uniram esforços. Implantaram projeto para introduzir conceitos de direitos humanos nas escolas. Em quatro colégios do Butantã.

Ponto para Marcelo Rosenbaum. Abre, dia 21, biblioteca no Parque Santo Antonio. É o projeto A Gente Transforma.

Detalhes nem tão pequenos...

1. O que se passa na "cabeça" da moça vendo "a banda passar"?

2. Difícil é acertar a chave que cabe na fechadura correta...

3. Lançamento literário é o melhor lugar para lançar tendências de moda. Como o estilo espanhol de Carmencita.

4. O outono não é problema para a convidada da exposição.

5. Com a diva Gisele Bündchen em São Paulo, todos usam as armas que têm para chegar mais perto do glamour.

6. E quem não gosta de uma manha de gato?

ANCELMO GÓIS - Quem tem... tem


Quem tem... tem
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 15/05/11

O Grupo de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco) subiu a Serra Fluminense com as polícias Civil e Militar para prender traficantes em Teresópolis, RJ, quarta passada. Na operação, um dos promotores recebeu uma ligação:
— Ele está fugindo. Está indo para o aeroporto do Rio agora!

Mas...

O fujão, na verdade, era um conhecido político local, que pensou ser alvo da operação. 

O que é isso, Jobim?
A Corte Especial do STJ vetou a transferência, cada um para um lado, dos sargentos Laci Marinho de Araújo e Fernando Figueiredo, casal de homossexuais assumidos. O primeiro havia sido transferido para Osasco, SP; outro, para São Leopoldo, RS. O STJ considerou que a transferência fora motivada por discriminação.

Um banco para ele 
Henrique Meirelles, ex-presidente do BC, vem sendo sondado para entrar de sócio num banco de investimentos. 

Grande hotel 
Parece que o grupo BHG, divisão de hotelaria do GP, desistiu de vez de comprar o antigo Hotel Rio Palace (atual Sofitel). O empresário Guilherme Paulus, da CVC, pode ser o próximo interessado. 

Reage, Ana 
A ministra Ana de Hollanda lança dia 1ode junho, em Manaus, 903 microprojetos culturais voltados para a Amazônia. 

As esganadas
Jô Soares está escrevendo um novo livro. “As esganadas” é um romance que gira em torno de mulheres que comem demais: 
— As gordas vão ficar danadas da vida comigo. Mas, como eu também sou gordo, não há problema.

Funk do Ecad 
Bater no Ecad está na moda. Quarta, às 13h, dezenas de MCs, liderados por Rômulo Costa, vão protestar em frente à entidade, na Av. Almirante Barroso, no Centro do Rio. Reclamam que nunca receberam um real de direitos. 

Tempos modernos 
O braço brasileiro da Walmart se reúne dia 18 com frei David, da Educafro, entidade de defesa dos negros. A rede quer evitar problemas como o que ocorreu com as Lojas Americanas, alvo de protestos da Educafro, dia 1ode maio, após um negro ser espancado
por seguranças de uma filial em Campo Grande, MS. 

Mas...
Nos EUA, a Walmart também é alvo de processos parecidos. Um deles é de um grupo de mulheres que alega ter recebido menos salários e promoções do que colegas do sexo masculino.

Mulher com mulher
A campanha “Rio sem homofobia” vai ser lançada amanhã pelo governo do Rio. A ideia é reforçar a mensagem contra a homofobia maciçamente em todos os meios de comunicação. Haverá cartazes sobre lésbicas (veja a reprodução), gays e travestis em cenas cotidianas. 

A vitória da vida 
O Rio começou 2011 com um recorde na área de segurança. Em janeiro, fevereiro e março, nenhum policial morreu em serviço. Desde 1998, quando a estatística começou, nunca um ano começou tão seguro para os policiais. O dado estará no novo relatório do Instituto
de Segurança Pública, que será divulgado amanhã. 

Passa-se o ponto

Geuse Galera, mãe do jogador Roger, do Cruzeiro, fechou seu restaurante, Líquido, na Rua Barão da Torre, em Ipanema. Seria trauma pela tentativa de assalto numa rua próxima, em que foi baleada no braço e seu namorado morreu com cinco tiros, dia 2 de março.

Cena carioca

Papo entre dois funcionários da limpeza, uma mulher e um homem, na copa de uma grande empresa, dias atrás, no Rio: 
— Pensei que você estivesse com dengue. Sua placenta não estava muito baixa? — perguntou a mulher.
— Sei lá, o que é placenta?
Há testemunhas.

MARIO VARGAS LLOSA - A hora da verdade


A hora da verdade
MARIO VARGAS LLOSA
O Estado de S.Paulo - 15/05/11

Embora eu não seja crente, tenho muitos amigos católicos, sacerdotes e leigos, e um grande respeito pelos que procuram viver segundo suas convicções religiosas. O cardeal Juan Luis Cipriani, arcebispo de Lima, em compensação, me parece representar a pior tradição da Igreja, a autoritária e obscurantista. Sua recente autodefesa, Os direitos humanos irrenunciáveis, publicada no dia 1.º em Lima, justifica as críticas que, em nome da democracia e dos direitos humanos, ele com frequência recebe, sobretudo de setores católicos mais liberais.

Em seu texto, ele desmente que tenha dito que "os direitos humanos são uma "cojudez" (palavra peruana equivalente a besteira)" e afirma que, na verdade, aplicou tal grosseria apenas à Coordenadoria de Direitos Humanos, uma instituição dirigida por uma ex-religiosa espanhola, Pilar Coll, que nos anos das grandes matanças cometidas pela ditadura fujimorista realizou uma admirável campanha de denúncia dos crimes que se cometiam sob o pretexto da luta contra o Sendero Luminoso.

O cardeal Cipriano desmente também que durante a ditadura tivesse guardado silêncio diante de um dos crimes coletivos mais abjetos cometidos por Fujimori e seus cúmplices: a esterilização, mediante enganos, de cerca de 300 mil camponesas, que, por ordem do ditador, tiveram as trompas ligadas por equipes do Ministério da Saúde, que assegurou-lhes que se tratavam de simples vacina ou de uma medida que só as impediria temporariamente de procriar.

Como é que ninguém se inteirou no Peru de que o arcebispo havia considerado reprováveis esses atropelos? Porque em vez de protestar publicamente ele se limitou a fazê-lo em privado, isto é, sussurrando discretamente seu protesto na orelha do ditador. O cardeal não costuma ser tão discreto quando se trata de protestar contra os PRESERVATIVOS, para não falar do aborto ou contra aqueles que no segundo turno das eleições peruanas apoiam Ollanta Humala.

Campanha suja. Por exemplo, por eu o haver feito, ele me admoestou de maneira tonitruante do púlpito da catedral de Lima. Ele me pediu "mais seriedade" e protestou. Como eu me atrevo a dar conselhos aos peruanos sobre em quem devem votar? O cardeal está nervoso e se esquece que ainda há liberdade no Peru e qualquer cidadão pode opinar sobre política sem pedir permissão nem a ele nem a ninguém. Claro que as coisas mudarão se for eleita a senhora Fujimori, a candidata que ele bendizia naquele mesmo ofício no qual me proibia de opinar.

Não é somente o arcebispo de Lima que se excede nesses dias de campanha e guerra suja no Peru. Uma famosa fujimorista, também do Opus Dei, como o monsenhor Cipriani, Martha Chávez, ameaçou publicamente o presidente do Poder Judiciário, o doutor César San Martin, eminente jurista que presidiu o tribunal que condenou Fujimori a 25 anos de prisão por crimes contra os direitos humanos.

No entanto, o mais inquietante são as tentativas de expurgar os meios de comunicação, principalmente os canais de TV e jornalistas independentes, que resistem a se converter em propagandistas da candidatura da filha do ex-ditador. O caso mais famigerado foi o de Patricia Montero, produtora geral, e José Jara, produtor de noticiário, ambos do Canal N, demitidos depois que os diretores consideraram que eles tinham "humanizado" o candidato Humala em reportagens - gostariam que o animalizassem, talvez?

Essas demissões provocaram uma verdadeira tempestade de críticas, entre elas as dos mais prestigiosos jornalistas do próprio Canal N, em defesa de seus colegas, e ameaças de demissões em massa caso continue a caça às bruxas. Isso parece ter paralisado, por enquanto, a dispensa da prestigiosa e experiente jornalista do Canal 4, Laura Puertas, também censurada.

Finalmente, uma denúncia publicada no dia 4 no diário La Primera indica que o governo, apoiado por empresários da mineração, havia encomendado dos serviços de inteligência do Estado um "plano lençol" destinado a destruir a campanha de Humala com métodos delituosos - grampo telefônico, operações caluniosas filtradas para a imprensa para minar seu prestígio e o de seu círculo familiar usando mercenários e provocadores - com os quais, em 1990, o governo conspirou contra mim quando fui candidato à presidência. A denúncia provém, ao que parece, de militares e civis do serviço de inteligência contrários ao uso do órgão para fins políticos alheios a sua missão específica.

Reflexão. Tudo isso merece uma reflexão. Se essas coisas começam a ocorrer agora, em plena campanha eleitoral, não é fácil imaginar o que ocorreria caso a senhora Fujimori ganhe as eleições e a ditadura fuji-montesinista recupere o poder ungida e sacramentada pelos votos dos peruanos? Os jornalistas decentes e responsáveis expulsos de seus postos não seriam cinco (também foram demitidos três da Radio Lider), mas dezenas. E as rádios, os canais de TV e os jornais seriam convertidos, como estiveram durante os oito anos de infâmia que o Peru viveu, em órgãos de propaganda encarregados de justificar os desmandos e o tráfico de poder, encobrindo injúrias e caluniando seus críticos.

Não só o juiz San Martin seria vítima de sua probidade. Todo o Judiciário se veria, uma vez mais, submetido a um crivo implacável para afastar de seus cargos ou reduzir à total inoperância os juízes que resistirem a ser meros instrumentos dóceis do governo.

Repartições públicas, Forças Armadas e empresas privadas seriam outra vez incorporadas ao sistema autoritário para que, de novo, o país inteiro ficasse à mercê do punhadinho de foragidos que, entre 1990 e 2000, cometeu o mais espetacular saque do erário e os crimes mais horrendos contra os direitos humanos de nossa história.

Os que querem semelhante futuro para o Peru não são muitos, mas são poderosos. Como estão assustados com a perspectiva de que Humala vença as eleições e cometa os desaforos de Hugo Chávez na Venezuela, estão dispostos a qualquer coisa para assegurar o triunfo de Keiko Fujimori. Extraordinário paradoxo: para evitar o socialismo, que venha o fascismo. E tudo isso em nome da liberdade, da democracia e do livre mercado.

Na verdade, a alternativa que o Peru tem nas eleições do dia 5 é salvaguardar a imperfeita democracia política que temos há dez anos e uma política de mercado e de abertura para o mundo que fez crescer nossa economia de maneira notável ou voltar a um regime ditatorial que restabeleceria no governo os que, em cumplicidade com Fujimori e Montesinos, destruíram o Estado de direito, enriqueceram cometendo falcatruas e, durante oito anos, cometeram crimes horrendos sob pretexto de combater a subversão. A meu ver, diante dessas alternativas, Keiko é a pior opção.

Humala assumiu um "compromisso com o povo peruano" que convém ter muito presente, não só na hora de votar nele, mas, sobretudo, quando ele chegar ao governo, para recordá-lo sempre que ele pareça se afastar de alguma de suas promessas. Não haverá reeleição. Serão cumpridos os tratados firmados e não haverá estatizações. O respeito ao pluralismo informativo será total.

Tudo isso é perfeitamente compatível com a democracia. Esse compromisso não depende apenas da vontade de Humala. Depende dos que o apoiam deixarem claro que são a essas políticas que damos nosso apoio. Seguiremos firmes exigindo seu cumprimento. / TRADUÇÃO CELSO PACIORNIK

É GANHADOR DO NOBEL DE LITERATURA

ILIMAR FRANCO - É jogo duro


É jogo duro 
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 15/05/11

O PMDB já escalou o relator do Código Florestal no Senado. Será Luiz Henrique (PMDB-SC). A escolha não favorece os ambientalistas. Quando era governador, Luiz Henrique sancionou lei estadual reduzindo a área de proteção nas margens dos rios de 30 para 5 metros. O PV entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF, que ainda não foi julgada. Em discussão, a autonomia dos estados para alterar a legislação ambiental.

Tem mais confusão pela frente
Após resolver o impasse do Código Florestal no Congresso, o governo vai enfrentar nova batalha legislativa. Na sequência, o Ministério de Minas e Energia vai enviar o projeto do novo código mineral. Um debate prévio já está sendo feito no governo, no Congresso e entre os governadores. Os estados querem dobrar o valor dos royalties que recebem hoje pela exploração mineral. As empresas alegam que o pedido dos governadores é muito salgado e alguns empresários chegam a ameaçar com demissões. O governo federal está com medo de
pagar a conta, sendo obrigado a reduzir impostos para que os estados recebam mais.

"A Petrobras precisa entender que suas ações afetam a pesca, e, se isso ocorre, tem de haver compensação. Não pode haver a compensação somente quando vaza” — Ideli Salvatti, ministra da Pesca

HERANÇA MALDITA. O senador Jorge Viana (na foto), do PT do Acre, está pagando pelas brigas compradas por seu irmão, o exsenador Tião Viana (PT-AC), que disputou a presidência do Senado com José Sarney (PMDB-AP). Jorge não foi indicado para nenhum posto de destaque. E, agora, o PMDB não aceita nem que ele seja presidente da Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas. Quer dar o cargo para o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). “O Jorge está sofrendo bullying”, disse um aliado do petista.

Sinal dos tempos

Depois de anos trabalhando para o PSDB e o DEM, o cientista político Antonio Lavareda está dando consultoria para Netinho de Paula (PCdoB- SP), que se prepara para disputar a prefeitura de São Paulo no ano que vem.

Operação abafa
Alvo de denúncias de fraude na distribuição de direitos autorais, o Ecad está fazendo lobby junto aos deputados para adiar a audiência pública, marcada para a próxima quarta- feira, na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara.

Mesmos problemas

A presidente Dilma recebe a Contag na quarta-feira, durante o Grito da Terra. Os anos passam e alguns temas não saem da pauta do movimento. Um é a atualização dos índices de produtividade, para fins de reforma agrária, que depende do Executivo. Outro é a PEC do Trabalho Escravo, que determina a expropriação de áreas onde for encontrado trabalho análogo à escravidão. A proposta está parada na Câmara.

Tragédia grega
Como os tucanos Cícero Lucena e Cássio Cunha Lima serão agora colegas de bancada no Senado, o presidente do PSDB, Sérgio
Guerra, tenta fazer as pazes entre eles. Lucena é contra o apoio ao governador Ricardo Coutinho (PSB-PB).

Fora de órbita
Apesar de o Brasil se dizer aberto a novas propostas, o governo está fechado com o avião Rafale francês. Um membro do governo explicou que não dá para formalizar negócio com tantos recursos envolvidos num ano de contenção fiscal.

 EM CAMPANHA. A líder do PSB, deputada Ana Arraes(PE), é candidata ao TCU. Ela tem a simpatia do expresidente Lula. A vaga, que cabe à Câmara, vai abrir com a aposentadoria do ministro Ubiratan Aguiar.
 AMIGOS do presidente do PDT, o ministro Carlos Lupi (Trabalho), garantem que é impossível, por suas ligações pessoais e políticas com a presidente Dilma Rousseff, que Ciro Gomes entre no partido para concorrer à Presidência da República em 2014.
● O PSB está dividido sobre a saída do deputado Gabriel Chalita (SP) do partido. Uns querem pedir seu mandato ao TSE, outros querem deixar para lá.

JOÃO UBALDO RIBEIRO - Passem o saleiro


Passem o saleiro
JOÃO UBALDO RIBEIRO
O Estado de S.Paulo - 15/05/11

Quase todo mundo é intimidado por números e "verdades científicas". O sujeito apoia uma asnice em estatísticas que não ocorre a ninguém questionar e aquilo é aceito sem maiores indagações. É o que sucede, por exemplo, com as afirmações taxativas, que ouvimos pela televisão, segundo as quais a lei seca no trânsito já salvou (meu número é chutado, não lembro agora os deles, mas não vêm ao caso) 4.228 vidas este ano, ou qualquer coisa assim. Eu pergunto como é que se sabe isso? Procuram-se no domingo os vivos que circularam de carro no sábado e pergunta-se se eles deixaram de beber na noite precedente por causa da lei seca? E, se tivessem bebido, inevitavelmente morreriam? Como é que se sabe, e com tanta precisão, quantas mortes haveria, sem a lei seca? Já tentei achar a fórmula que eles aplicam, mas é difícil.

A mesma coisa acontece com as novidades publicadas nas páginas de ciência dos jornais. Todo dia alguém revela algo antes desconhecido e achamos mais um consolo, nesta vida sobre a qual sabemos tão pouco e na qual só temos certeza mesmo da morte. Uma verdade científica parece nos dar a sensação de que o mundo, afinal, pode ser parcialmente explicado - se não a Criação, pelo menos o seu funcionamento. E, se pode ser explicado, pode ser também parcialmente controlado, embora de vez em quando a natureza nos faça ver que não é bem assim.

Suspeito que, para a maioria dos leitores de jornais e revistas, os cientistas são uma espécie de comunidade de intelectos superiores, distinta do restante de humanidade e imune às fraquezas comuns. Do jeito que falam nas descobertas e afirmações científicas, é de se crer que algumas pessoas acham até que os cientistas moram num lugar à parte, talvez num grande complexo de habitações e laboratórios, onde imperam as verdades objetivas, imparciais e indiscutíveis.

Mas, como suas contrapartidas na "vida civil", os cientistas são de carne e osso, gostam de dinheiro e querem ter sucesso. Têm família para sustentar e expectativas a preencher. Um número enorme não faz pesquisa pura, mas aplicada. Não sei que porcentual deles (para começar, talvez não haja uma definição unanimemente aceita para a categoria) é assalariado de grandes empresas de alimentos industrializados, entidades que congregam grupos econômicos e laboratórios de medicamentos. Todos eles são sujeitos a pressões e estresse e alguns deles, novamente como no resto da população, não estão acima de distorcer, manipular ou interpretar tendenciosamente resultados, para atingir os objetivos de seus empregadores, para vender livros ou para ganhar fama.

E a verdade científica (sosseguem, que não vou entrar na bobajada sobre física quântica que atrai tanta gente, aqui é só o ramerrão mesmo) vive mudando, como todos testemunhamos, praticamente a cada dia. Assim de cabeça, todo mundo lembra o ovo, endeusado antigamente, demonizado contemporaneamente e agora redimido e até recomendado. E o tempo em que manteiga era veneno absoluto, devendo ser substituída pelas hoje abominadas margarinas. Ouvi, faz muito tempo, uma conversa sobre como o apogeu da exaltação da margarina se deu numa época em que havia grandes excedentes de produção de milho, ingrediente delas, e buscava-se um meio de desovar essa produção. Não tenho certeza de que a informação é exata, mas, se não for, muitas outras, parecidas e esquecidas, certamente serão.

De novo me arrisco a estar errado, mas vocês estão bem lembrados de todo o terrorismo feito por causa da gripe inicialmente chamada de suína? Ia ser um novo flagelo da humanidade e não se passava um dia sem informações alarmantes de alguma parte do mundo, relatos de mortes suspeitas, casos de contágio em massa e assim por diante. E a campanha de vacinação no Brasil, principalmente entre os idosos, não teve lá tanto sucesso, a convocação precisou ser muito reiterada. Claro, claro, são coisas de quem acredita em conspirações (eu às vezes acredito), mas o fato é que muita gente, inclusive cientistas, ganhou dinheiro com essa gripe. E nunca se vai de fato saber se quem lucrou com a gripe não colaborou com o clima de quase pânico instalado, ou pior.

Não se fala muito mais nisto, mas o exame da dedada, para dar um exemplo em outra área, envolve duas "verdades científicas" diametralmente opostas. A Organização Mundial de Saúde desaconselha aos homens (ou seja, acha prejudicial que se faça) o exame da dedada e declara inútil a medição do PSA. Os urologistas dizem que a verdade científica é deles e a OMS está errada. Como leigo, não sei em quem botar fé, mas um diabinho mordaz me sopra cá um comentário sobre a opinião dos urologistas. A 500 contos a dedada, malda ele, qualquer um sustenta que ela é indispensável.

Finalmente, aproveitem o domingo e encarem uma feijoada com todas as carnes e embutidos salgados. Há nova verdade científica sobre o sal, saída na semana passada. Um estudo publicado na revista da Associação Médica Americana concluiu que o sal não tem nada do vilão em que o transformaram. Ele agora não causa mais problemas de pressão arterial. Aliás, pelo contrário, pois o estudo afirma que os que comem pouco sal são os que correm maior risco de derrames e ataques cardíacos. Ou seja, os muitos entre vocês que já se acostumaram à comida sem graça e a nem chegar perto de um salgadinho sofreram em vão e ainda ficaram em maior risco do que os que ingerem sal a gosto. É bom não adiar a desforra muito tempo, porque daqui a pouco emite-se nova verdade sobre o assunto, as verdades duram cada vez menos. Mas devem vir outras boas por aí e já espero que a banha de porco seja reabilitada, vou ficar de olho no site do National Pork Producers Council.

ETHEVALDO SIQUEIRA - O milagre dos superchips


O milagre dos superchips
ETHEVALDO SIQUEIRA

O Estado de S.Paulo - 15/05/11

A eletrônica sempre tem novidades. Hoje temos uma das melhores, leitor. Em poucos meses, a nova geração de chips ou microprocessadores de 22 nanômetros (nm) irá revolucionar o desempenho de laptops, tablets e smartphones.

Esses equipamentos serão muito mais rápidos, mais leves e mais finos. Seu consumo de energia será menos da metade dos atuais e as baterias terão carga para muito mais horas de trabalho, sem necessidade de recarregar. Os jogos eletrônicos ganharão mais velocidade, mais realismo e beleza. Os monitores de nossos notebooks e tablets terão imagens muito mais nítidas, coloridas, de alta definição. O desempenho dos servidores será mais rápido e confiável, além de economizar energia.

Essas são apenas algumas das vantagens práticas que serão proporcionadas pela nova geração de chips e transistores 3-D, anunciada pela Intel no dia 4 de maio.

A empresa apresentou a avançada arquitetura de processadores, baseada na estrutura tridimensional dos transistores 3D Tri-Gate, responsável pela introdução dos primeiros chips ou microprocessadores Ivy Bridge, os primeiros de 22 nm, que deverão dar nova vida aos aparelhos eletrônicos portáteis e fixos, desde os menores, como os handhelds, que cabem na palma da mão, até os servidores mais poderosos baseados em computação em nuvem.

A nova tecnologia de produção dos transistores 3D e chips de 22 nm equivale, segundo a Intel, ao maior salto da microeletrônica nos últimos 50 anos, uma inovação revolucionária na história dos microprocessadores.

Imagine o grau de complexidade de um desses microprocessadores, que abrigam cerca de 10 bilhões de transistores numa pastilha de silício do tamanho da unha de nosso polegar - reunindo 20 milhões desses transistores 3-D no pingo de uma letra "i" como esta.

O grande salto. Que significado têm os novos chips ou microprocessadores de 22 nm? Vale lembrar que um nanômetro (nm) equivale a um bilionésimo do metro ou um milionésimo do milímetro. A designação de 22 nm indica a largura do canal de circulação dos elétrons. Quanto menor for esse canal, maior será a velocidade de processamento dos chips e maior economia no consumo de energia.

Mais importante do que essa redução das dimensões do canal para 22 nm, explica a Intel, é a técnica tridimensional utilizada na fabricação dos transistores. Até aqui, a indústria de microeletrônica trabalhava com a tecnologia denominada planar, para a fabricação de transistores sobre superfícies planas ou 2-D.

Com o transistor 3-D Tri-Gate, em lugar de conexões e canais planos, a Intel criou um novo tipo de estrutura, 3-D, para o canal condutor.

A transição para os transistores 3-D Tri-Gate mantém o ritmo do avanço tecnológico, alimentando a Lei de Moore pelos anos futuros. Entre os resultados práticos mais positivos dessa nova geração, está a combinação sem precedente da melhoria do desempenho com a redução de consumo de energia.

O novo transistor. Nas palavras do presidente da empresa, Paul Otellini, "os cientistas e engenheiros da Intel reinventaram uma vez mais o transistor, utilizando desta vez a tridimensionalidade (3-D), o que é algo extraordinário, avançando de forma decisiva em novos patamares da Lei de Moore".

A chamada Lei de Moore decorre de uma previsão feita em 1965 por Gordon Moore, um dos fundadores da Intel, estimando que o número de componentes de um chip dobraria a cada 18 ou 24 meses. Essa previsão tem sido mantida praticamente há quase 50 anos, a ponto de receber o apelido de "Lei de Moore".

Para o professor João Antonio Zuffo, um dos maiores especialistas brasileiros em microeletrônica, criador do Laboratório de Sistemas Integráveis da USP, "a nova geração de chips da Intel representa, de fato, um salto tecnológico expressivo, especialmente, ao passar das técnicas planas de fabricação para as tridimensionais".

A Intel havia apresentado as características de uma nova linha de processadores, denominados Sandy Bridge, em setembro de 2010 no evento Intel Developer Forum (IDF), anunciada em janeiro do ano passado no Consumer Electronics Show, em Las Vegas.

Competição. Com o novo salto tecnológico, a Intel se capacita a entrar nas áreas de processamento gráfico, como nas comunicações móveis e de imagens tridimensionais. Com isso, a competição mundial deve tornar-se ainda mais acirrada, entre a Intel e empresas como AMD, Nvidia, ARM, Texas, IBM e Qualcomm..

Esses competidores, em breve darão o salto dos transistores 3-D. Na verdade, o mundo dispõe hoje de uma nova geração de superchips, como, por exemplo, o chip Tegra 2, da Nvidia e o Fusion, da AMD. Essa nova geração de superchips é destinada, principalmente, a aplicações mais sofisticadas de geração de gráficos, de jogos eletrônicos, de vídeo de alta definição e mobilidade em telecomunicações.

Um superchip típico é um system-on-a-chip, multinúcleo, de 32 nanômetros, que, além de outros recursos, economiza energia. Para se ter do ideia do avanço dos superchips, é bom lembrar que a unidade de processamento gráfico (GPU) do Tegra 2, da Nvidia, assegura o desempenho simultâneo de 128 processadores paralelos e tem poder computacional de 518 gigaflops (bilhões de pontos flutuantes por segundo).

SUELY CALDAS - Calote em ascensão


 Calote em ascensão
SUELY CALDAS

O Estado de S.Paulo - 15/05/11

As pessoas param de pagar suas dívidas por razões diversas. Em certos momentos, porque a inflação cresce e sua renda mensal não a acompanha; em outros (ou simultâneo), porque os juros aumentam, os prazos encurtam e a prestação não cabe mais no orçamento; ou ainda porque o devedor é um consumista voraz e irresponsável e se endivida mais do que pode. E há os enforcados, que contraem dívida nova para pagar dívida velha, numa bola de neve perigosa e arriscada (o Brasil fez isso nos anos 70/80 e acabou na moratória de 1987 e consequente suspensão de créditos ao País).

Nossas estatísticas sobre inadimplência não são alarmantes, mostram que o brasileiro comum costuma honrar compromissos. Mas há exceções, e algumas surgem de forma endêmica em situações que fogem ao controle do indivíduo e decorrem de transtornos e desacertos na condução da política macroeconômica. Parece ser essa a situação que vivemos hoje. O Banco Central percebeu o descontrole do crédito e decidiu restringi-lo, em dezembro, com ações macroprudenciais. Esperava também que produzissem efeito sobre a inflação. Pouco conseguiu no crédito e, até agora, nada na inflação.

Indicadores variados denunciam o crescimento da inadimplência. Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apurou que 51,5% das famílias brasileiras não têm dívidas, mas, na Região Norte, 54,2% delas admitem não ter como pagar seus débitos. Além disso, 38,6% das famílias inadimplentes confessam não ter condições de pagar contas atrasadas, o que o Ipea considera "preocupante". Preocupada também está a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que aconselhou seus 800 mil filiados a apertarem o crédito e se prevenir contra o calote no comércio. Pesquisa da Kantar Worldpanel para a Associação Paulista de Supermercados constatou que 53% das famílias brasileiras têm gastos acima da renda, o que estimula a saída pelo crescente endividamento. Já a Serasa Experian, que acompanha passo a passo o crédito ao consumo, revela que, de janeiro a abril, a inadimplência do consumidor cresceu 20,3% em relação ao mesmo período de 2010. E em abril as dívidas não bancárias em atraso (cartão de crédito, financeiras, lojas em geral e contas de água e luz) registraram alta de 55,6% em relação a abril de 2010. Em seu relatório, a Serasa atribui o crescimento do calote ao aumento da inflação e ao maior endividamento das pessoas.

A inflação ascendente que o País vive hoje é a má herança do governo Lula que o governo Dilma promete tratar com rigor, mas permite escapar pelas beiradas. Seu efeito sobre o endividamento das pessoas pode ser perigoso e conduzir o orçamento da família ao descontrole. Aluguel da casa em alta, prestações mais caras de eletrodomésticos, aumento dos juros no cartão de crédito e no cheque especial, tarifas de luz, água, telefone e carnês de escola reajustados. O valor das contas do mês da classe média cresce junto com a inflação, mas a renda da família estaciona e o orçamento familiar estoura. O que fazer? A solução é recorrer ao crédito consignado e tentar economizar nos gastos cotidianos. Mas os alimentos estão mais caros, as passagens de ônibus e do metrô também. É esse o cenário que explica o crescimento da inadimplência hoje.

O dinamismo do crédito é bom, dá suporte ao investimento, faz a economia crescer, prosperar e as pessoas comprarem bens mais caros, que não poderiam fazê-lo à vista. O que não é bom é deixar escapar as condições para o sistema de crédito funcionar de forma saudável, com inadimplência mínima. Aqui, a taxa de juros já é anormal, comparada à de outros países. Se a inflação descontrola, o sistema de crédito cai doente.

Guido Mantega responde que não estamos sós, que inflação em alta é problema de todos os países emergentes. Não é. Nos últimos 12 meses a inflação na Colômbia somou 2,8%; no México, 3%; no Peru, 3,3%; e no Chile, 3,4%. Nenhum desses países precisou sacrificar o crescimento: o FMI projeta para eles taxas de expansão do PIB acima de 4,5% em 2011. No Brasil a inflação está em 6,51% e o PIB não deve ultrapassar 4,5%.

CELSO LAFER - A Fapesp no limiar dos seus 50 anos


A Fapesp no limiar dos seus 50 anos
CELSO LAFER
O Estado de S.Paulo - 15/05/11

São Paulo foi pioneiro, no nosso país, no reconhecimento da importância do respaldo à pesquisa, vale dizer, das atividades voltadas para a descoberta de novos conhecimentos que ampliam o entendimento e o poder de uma sociedade sobre seu destino. A Constituição paulista de 1947, no seu artigo 123, estipulou que "o amparo à pesquisa científica será propiciado pelo Estado" e previu o modo de efetivá-lo por meio de uma fundação que teria anualmente uma renda especial de sua privativa administração não inferior a 0,5% do total da receita ordinária estadual.

O artigo teve sua origem em documento preparado pela comunidade científica paulista. Encontrou guarida na constituinte estadual. Seus paladinos foram os deputados Lincoln Feliciano, do PSD, e Caio Prado Jr., do PCB, que deixaram de lado divergências partidárias para patrocinar o interesse público. A "ideia a realizar" do amparo à pesquisa consagrada na Constituição paulista de 1947 precede, assim, a criação de órgãos federais com intento similar, na década de 1950.

A maturação da fundação prevista na Constituição estadual levou seu tempo. Foi obra do governador Carvalho Pinto, que a incluiu no seu Plano de Ação. Foi ele que teve a iniciativa do projeto que se transformou na Lei 5.918, de 18/10/1960, a qual autorizou o Executivo a instituir a Fapesp, e a instituiu efetivamente pelo Decreto 40.132, de 23/5/1962, consagrando a diretriz de que o amparo à pesquisa é uma política pública de Estado de longo prazo, e não de governos, que requer a sustentabilidade de recursos regulares e autonomia administrativa.

Na concepção da Fapesp que o governo Carvalho Pinto pôs em marcha, em interação com a comunidade acadêmica e o Poder Legislativo, cabe realçar a precisão conferida ao "amparo à pesquisa", preconizado pela Constituição. Destaco: a de que a Fapesp deveria apoiar a pesquisa, e não fazer pesquisa; a de que deveria fornecer elementos de orientação e auxílio financeiro, sem interferir com a personalidade do investigador ou da instituição; a de que o âmbito da sua ação deveria ser limitado apenas pela idoneidade dos projetos e pela extensão dos recursos disponíveis; a de que não cabia restrição quanto ao gênero da pesquisa realizada; a do reconhecimento da interdependência da pesquisa básica e da pesquisa aplicada; a da limitação das despesas administrativas a um teto de 5% do orçamento da fundação para assegurar que os recursos, provenientes do contribuinte paulista, fossem aplicados tendo em vista os fins; a da republicana prestação de contas - contrapartida da autonomia - não apenas aos órgãos de controle da administração pública paulista, mas também à comunidade mais ampla, mediante relatórios anuais de suas atividades; a do empenho na objetividade e imparcialidade na avaliação das solicitações apresentadas, pela análise dos pares, o que ensejou a integração da comunidade acadêmica ao processo decisório da Fapesp.

Essas diretrizes estão consubstanciadas nos estatutos da fundação, aprovados pelo Decreto 40.132, de 22/5/1962. Continuam em vigor e retêm plena atualidade graças ao mérito de sua concepção. Paulo Vanzolini, que teve papel decisivo na sua redação, declarou por ocasião dos 40 anos da instituição: "A Fapesp, para mim, se resume num nome, Carlos Alberto Alves de Carvalho Pinto" - explicando que o governador não cozinhou o assunto em banho-maria, teve cabeça, decisão, calma e competência no trato da matéria. É por isso que em sua homenagem, e com a presença do governador Geraldo Alckmin, o auditório da Fapesp receberá dia 23, no início das comemorações dos 50 anos da instituição, o seu nome. Homenagem merecidíssima, pois a Fapesp que se deve ao seu descortino público é um marco na institucionalização do apoio à pesquisa no Estado e no País, comparável à criação, em 1934, da USP, no âmbito da estruturação da universidade brasileira.

A sustentabilidade das atividades da Fapesp viu-se subsequentemente reforçada com a estipulação do pagamento em duodécimos da sua parte na receita anual do Estado e a elevação do seu porcentual para 1% na Constituição estadual de 1989 (artigo 271), que explicitamente adicionou à sua missão o desenvolvimento tecnológico (iniciativas dos deputados Fernando Leça e Aloysio Nunes Ferreira).

A Fapesp começou modestamente. Examinou, em seu primeiro ano de ação, 507 projetos e aprovou 57 bolsas e 265 auxílios à pesquisa. Entre elas, as da dra. Vitória Rossetti, que propiciaram o controle do cancro cítrico, que ameaçava a agroindústria do Estado. Com o tempo, o patamar da instituição foi se elevando para efetivar as finalidades previstas na sua concepção e contribuir para aprimorar os paradigmas da organização da pesquisa de instituições públicas e privadas que atuam no nosso Estado. Disso são exemplos os projetos temáticos e os programas de apoio a centros de excelência (Cepids) que respaldam a continuidade por prazos mais longos de pesquisas mais complexas. É o caso também de pesquisas abrangentes com estrutura organizacional complexa e em rede, como o Biota, voltado para o estudo da biodiversidade de São Paulo e seu uso sustentável.

Em 2010 a Fapesp desembolsou R$ 780,3 milhões no apoio à pesquisa - 36% na formação e no aprimoramento de recursos humanos (bolsas) e 64% para o apoio direto à pesquisa. Nesse mesmo ano foram contratados 11.555 novos projetos. Saúde, biologia, engenharia, ciências humanas e sociais, agronomia e veterinária foram as cinco áreas de conhecimento que receberam o maior volume de recursos.

O valor agregado do conhecimento individualiza o Estado de São Paulo no cenário nacional. É uma marca da presença paulista num mundo globalizado, que contou com a decisiva ação da Fapesp ao longo dos 49 anos de sua existência, na linha de uma visão estratégica constitucionalmente preconizada e superiormente institucionalizada, pelo governador Carvalho Pinto.

GAUDÊNCIO TORQUATO - A democracia plugada


A democracia plugada
GAUDÊNCIO TORQUATO
O Estado de S.Paulo - 15/05/11

O dado impacta: já há mais de 2 bilhões de pessoas conectadas às redes sociais eletrônicas, quase um em cada três habitantes do planeta. A cada minuto, milhares de novos internautas ingressam no circuito tecnológico da informação, enquanto a assinatura de telefones celulares já passa da marca dos 5 bilhões. O mundo está plugado.

O fenômeno suscita estudos, debates e análises nas frentes de pesquisas sobre comportamento social, mas um aspecto chama a atenção pela importância que passa a ter para o desenvolvimento político das nações. A questão pode ser posta desta maneira: a Era da Informação Total, caracterizada pela interligação das comunidades mundiais por meio das infovias da web, contribuirá para o aperfeiçoamento da democracia? Ou, se quisermos puxar a questão para o território brasileiro, o que significa a existência no País de 45 milhões de internautas, número que lhe confere posição destacada no mapa mundial das redes? Poderemos contar com a melhoria dos padrões políticos, na hipótese de que parcela acentuada do eleitorado comece a socar os primeiros tijolos de uma democracia participativa plugada na eletrônica?

Vale recordar, de início, que a política, desde eras remotas, acompanha os fios da comunicação. Um ente se agarra ao outro, na extraordinária simbiose que amalgama o poder da palavra e a força das ideias. Na Antiguidade, os ideários fluíam pelo gogó e pelo gestual dos governantes, rito de que são ícones Demóstenes (384-322 a.C.), político que venceu a gagueira forçando-se a falar com seixos na boca e se tornou o maior orador grego, e Cícero (106-43 a.C.), advogado e mestre de civismo, famoso também pelo discurso contra o conspirador Catilina e considerado o maior orador romano. Da ágora, a praça central de Atenas, e do Fórum romano, o discurso político avolumou-se, saindo do Estado-cidade para o Estado-nação e agregando força na esteira dos ciclos históricos da comunicação: a era Gutenberg, no século 15 (criação da imprensa), a Galáxia Marconi (invenção do rádio, em 1896), que impulsionou a escalada de demagogos como Hitler e Mussolini, até chegarmos ao Estado-espetáculo, adornado com as luzes televisivas, a partir dos anos 1960, e com a imagem esbelta de John Kennedy. Nesse ciclo, a estética impõe-se à semântica e os atores políticos passam a incorporar elementos dramáticos ao desempenho, redundando não raro em performances mirabolantes com a finalidade de cativar e mobilizar as massas.

A política no Estado moderno ganha operacionalidade com a implantação do governo representativo pela Constituição francesa de 1791 ("os representantes são o corpo legislativo e o rei") e o corpo social faz-se representar por um grupo de pessoas que passam a agir de acordo com a "vontade geral". O modelo, porém, passou a sofrer questionamentos. A crítica era a de que o sufrágio universal não teria sido capaz de melhorar a condição de vida de milhões de pessoas. Lançava-se ali a semente da representação de grupos específicos, derivando daí a democracia de grupos e facções, de que são exemplo, na atualidade, os Estados Unidos. Aí, o voto enraíza-se nas localidades, servindo de escudo de grupos e setores. É também de Bobbio a crítica de que a democracia não tem cumprido suas promessas, entre elas, a educação para a cidadania, a justiça para todos e a segurança social. Não sem razão, a democracia representativa atravessa tempos continuados de crise, com o desvanecimento de partidos e doutrinas, o arrefecimento das bases, o declínio dos Parlamentos, fatores que, em contraponto, contribuem para fortalecer o Poder Executivo.

É dentro dessa moldura que se encaixa a "civilização eletrônica". No vazio entre o universo político e a esfera social, emergem novos polos de poder, a partir das entidades de intermediação social e, ultimamente, das redes sociais. O portentoso aglomerado que navega na internet é um caleidoscópio do pensamento social, particularmente de segmentos que trafegam no meio da pirâmide (ou do losango, como já se descreve o formato da geometria social brasileira). Encaixa-se na metáfora da pedra jogada no meio do lago, criando marolas que se desdobram até as margens. Não se nega que a "sociedade eletrônica" vive a infância, época das primeiras descobertas e da curiosidade. Banha-se de águas lúdicas. Daí não se poder ainda falar em democracia participativa, eis que milhares de internautas se valem das redes para enviar mensagens pessoais, postar fotos, divulgar vídeos, baixar músicas, instalar aplicativos e até namorar. A matéria política, que aparece a conta-gotas, indica que o revigoramento do espírito público tem muito caminho pela frente. Por enquanto não dá para apostar no "potencial revolucionário" das tecnologias modernas da informação.

Se o engajamento político da sociedade não adere à dinâmica das redes, é porque a esfera representativa também não tem sabido delas se utilizar. O forte da tecnologia eletrônica é a capacidade de gerar interação dos elos do sistema, políticos e eleitores. O que se observa, pelo menos no caso brasileiro, é o uso da web para veiculação unilateral de mensagens, a maioria de caráter autopromocional, a revelar o "chapa-branquismo" de nossa política. Quando o sistema for usado em prol do jogo interativo, poder-se-á acreditar numa base social envolvida com a política. Essa, aliás, parece ter sido a intenção de José Serra ao criar o seu site. O tucano dispõe de tempo livre para fustigar as frentes do governo. O risco é o de ficar confinado à gaiola individualista, que, ao menos até o momento, tem caracterizado a ação dos políticos conectados ao sistema.

Dito isso, vamos à resposta para a questão inicial: as redes sociais podem, sim, vir a melhorar os padrões da política brasileira na medida em que seus participantes façam a lição de casa. A começar pela maneira de entender e operar a tecnologia da informação. Deitar nelas apenas para cochilar de pouco adiantará.

DANUZA LEÃO - Sabedoria


Sabedoria
DANUZA LEÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/05/11

Não se queixe, não reclame, não chore, não se descabele, apenas espere -porque sempre passa


SE ALGUÉM perguntar se sua vida foi, até agora, um sucesso ou um fracasso, o que você vai responder? Detalhe: dinheiro não tem nada a ver, ser famosa e ter aparecido em capas de revista também não. Então o que é ter tido uma vida de sucesso? Bem, depende de cada um.

Todos nós já ouvimos, da boca de uma mulher modesta, a frase "criei meus filhos, estão todos encaminhados, posso me considerar realizada". E quem nunca ouviu, de pessoas que aparentemente têm tudo -por tudo entenda-se família, saúde, dinheiro, amor, mesmo que não seja verdadeiro, e não necessariamente nessa ordem-, mas vivem eternamente infelizes, tentando, inutilmente, entender o significado da vida?

Temos todos -quase todos- excelentes razões para achar que nossa vida foi gloriosa ou um vale de lágrimas. Você, por exemplo, já deve ter passado por ótimos e por péssimos momentos; quais ficaram na sua cabeça, ou melhor, no seu coração? Os melhores ou os piores?
É difícil fazer essa avaliação; às vezes a gente se acha uma pessoa privilegiada, outras vezes uma pobre coitada. Depende de quais valores naquele momento são os seus, pois dependendo da hora, eles também mudam.

Houve um tempo em que seus sonhos se resumiam a passar a vida viajando pelo mundo, num turbilhão que não deixasse tempo nem para pensar; isso sim, seria a felicidade -só que não foi.
Depois houve um outro momento em que tudo que quis foi encontrar um bom marido, mesmo meio sem graça, mas que tivesse hora certa de chegar em casa, e um bando de crianças em volta perturbando bastante o seu juízo para não ter tempo de pensar se era feliz ou infeliz. Isso sim, seria a felicidade -só que também não foi.

Aí achou que o importante seria a realização pessoal, independente da vida sentimental -ou melhor, de um homem. Isso sim, seria a verdadeira felicidade. Também não foi, mas conseguiu o que parecia impossível: viver sem ter que estar permanentemente apaixonada, ou melhor, sem inventar que estava apaixonada. Hoje, se alguém perguntar se sua vida foi -até agora- um sucesso ou um fracasso, continuaria sem saber responder.

Foram muitos os bons momentos, tão felizes e tão inesquecíveis, que prefere até esquecer. Quanto aos maus momentos, foram também tantos, que faz tudo para não lembrar, e às vezes até consegue.
Se houvesse uma maneira de apagar tudo, passar uma borracha, não lembrar nem do bom nem do ruim, zerar -é, zerar tudo, como seria bom.

Agora, pelo menos, já sabe; às vezes acorda feliz, sem nem saber por que, sai de casa, na primeira esquina tropeça e fica no pior humor da vida. Já no dia seguinte acorda péssima, um amigo telefona e fala de maneira carinhosa, e a vida se torna, de repente, deliciosa de ser vivida. É essa certeza de que tudo pode mudar em minutos, segundos, que nos ajuda a segurar, quando tudo fica difícil.
Quando as coisas estiverem indo mal, pense em quantas outras vezes elas estiveram tão mal quanto, às vezes até pior -e depois passou.

Não se queixe, não reclame, não chore, não se descabele, apenas espere; apenas espere, com aquela quase resignação que parece até indiferença, que vê tantas vezes nos olhos dos mais velhos, que sabem que vai passar -porque sempre passa.
A essa resignação se pode chamar sabedoria ou experiência -o que, no final, é mais ou menos a mesma coisa.

MARCELO GLEISER - O fim do mundo, de novo


O fim do mundo, de novo
MARCELO GLEISER
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/05/11 

Se existe um risco imediato de destruição, ele não vem do céu, de cometas ou de asteroides assassinos, mas de nossas próprias mãos


PARECE QUE o mundo vai acabar.
De novo. A data definida pelo americano Harold Camping, um fundamentalista cristão de 89 anos, é resultado de cálculos e numerologia obscura, usando eventos bíblicos e catástrofes naturais. Camping previu o Apocalipse antes, em 1994. Mas desta vez está certo, diz ele.
Recentemente, cerca de 50 pessoas juntaram-se a Camping em Washington para espalhar a notícia. Entre eles, um oficial do Departamento de Segurança Interna que tirou férias especialmente para isso."Tenho de voltar no dia 23,mas não será preciso, pois no dia 21 sumirei", disse ao"Washington Post".
Nesse meio-tempo, um ateu está se oferecendo para tomar conta dos animais domésticos que ficarem para trás, já que eles não vão para o céu. Já tem mais de mil clientes.
Ironicamente, os céus estão oferecendo uma série de espetáculos neste mês, com vários alinhamentos planetários visíveis no hemisfério Sul. Como em tempos imemoriais, esses alinhamentos costumam ser interpretados como sinais apocalípticos. Em 11 de maio, Mercúrio, Vênus e Júpiter convergiram numa região com apenas 2,05 graus de diâmetro.
Como referência, a Lua cheia ocupa meio grau. Portanto, os planetas se juntaram no equivalente a quatro luas cheias, uma visão belíssima. No dia 21, o dia da previsão de Camping, Mercúrio, Vênus e Marte estarão numa região com apenas 2,13 graus de diâmetro.
Em 1186, os cinco planetas conhecidos então (até Saturno) alinharam-se nos céus, causando pânico por toda a Europa. Inúmeros outros fenômenos celestes, de eclipses a cometas e chuvas de meteoros, fizeram o mesmo no decorrer da história.
E continuam assustando as pessoas desnecessariamente. Os céus foram sem previstos como sagrados.
Portanto, fenômenos inesperados e misteriosos eram interpretados como mensagens de deuses prontos para punir os pecadores. Conforme discuto em meu livro "O Fim da Terra e do Céu", essa tradição apocalíptica não se reserva apenas a fanáticos religiosos. Cientistas também participam ocasionalmente, se bem que sob a luz de argumentos racionais e testáveis.
De fato, é importante considerarmos o risco de um asteroide ou de um cometa com mais de um quilômetro de diâmetro colidir com a Terra (possível, mas realmente muito improvável), ou de o Sol explodir (isso ocorrerá, em aproximadamente 5 bilhões de anos), ou de o próprio Universo ter um fim (terá, continuando sua expansão indefinidamente, enquanto as estrelas morrerão e se apagarão, se bem que existem outras alternativas).
Começos e fins são parte integral do discurso científico desde o nascimento da ciência moderna no século 17. Newton previu o fim do mundo para 2060. Halley, famoso pelo cometa homônimo, sugeriu que o Dilúvio foi causado pelo impacto de um cometa contra a Terra.
Felizmente, podemos afirmar com confiança absoluta que alinhamentos planetários não trarão o Apocalipse e que o Sol, mesmo que volta e meia lance enormes bólidos de matéria em nossa direção, continuará fundindo hidrogênio em hélio de forma relativamente pacata por muito tempo. Se existe ameaça mais imediata, ela não vem dos céus, mas das nossas próprias mãos.

VINÍCIUS TORRES FREIRE - Dilma caça um boizinho no pasto


Dilma caça um boizinho no pasto
VINICIUS TORRES FREIRE 
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/05/11

Governo recorre a outra terapia alternativa para a inflação e reafirma política econômica "heterodoxa" 

HOUVE NUNS dias deste maio a conversa de que a política econômica de Dilma Rousseff passava por um revertério, aflito que estaria o governo com as notícias porém previsíveis de inflação desgarrada.
A virada estaria evidente, por exemplo, numa mudança de tom do Banco Central, que teria voltado a enfatizar o recurso a juros mais altos, além de outros indícios mais nebulosos, na verdade ectoplasmáticos, de "retorno à ortodoxia".
Mas enquanto esse zunzum ainda zunia, Dilma decidiu caçar uns boizinhos no pasto. O governo resolveu controlar o preço de combustíveis por meio de uma empresa meio estatal, a BR Distribuidora.
"Caçar boi no pasto" é uma referência à iniciativa do governo de José Sarney e do PMDB, em 1986, de procurar escondida nas fazendas a carne que faltava nos mercados. Devido ao fraudulento Plano Cruzado de combate à inflação e seus preços tabelados, houve tanto explosão do consumo como desincentivo ao abastecimento. Faltava carne.
Caçar boi no pasto por um tempo foi metáfora para a atitude de recorrer a populismo em vez de corrigir problemas de fundo na economia.
Fazer "política de preços" em geral cheira a mofo e a cravo de defunto. Note-se com um pouco de sarcasmo histórico que sabe-se pelo menos desde o tabelamento geral de Diocleciano (301 AD), imperador romano, que tal coisa dá em besteira.
Voltando à vaca fria no pasto, não se pode dizer, pois, que um governo dado a controle de preços esteja se arrependendo de ortodoxias recentes, como conter o crédito por meio de medidas administrativas.
No mais, nem o Banco Central mudou sua política, como ficou ainda mais claro em entrevistas e discursos do presidente da casa. Alexandre Tombini tem reafirmado mais ou menos o que dizia a última ata do Copom -vamos esperar como a inflação vai vir para ver como fica a política monetária.
Manter juros altos por um período "suficientemente prolongado", como se dizia lá na ata do BC, pode significar apenas mais uma alta de 0,25 ponto percentual, ficando as taxas nessas alturas até 2012. A política do BC parece "data dependent": deve reagir a novos indicadores em um cenário muito incerto da economia do mundo e do Brasil.
No curto prazo, essa mistura adúltera de tudo que é a política econômica pode dar certo. Um controle de preços ali, um estrangulamento normativo de crédito aqui, um ajuste fiscal de afogadilho acolá, tudo isso pode esfriar a inflação.
Um pouco de "sorte" ajudaria. Tropeços moderados da economia mundial podem derrubar preços importantes. E a economia está bem mal parada nos EUA e na Europa.
Observe-se ainda que, embora feio, o governo Dilma não está mal acompanhado no que diz respeito ao combate heterodoxo ou esquisitinho à inflação. O mundo quase inteiro está fazendo coisa parecida.
Pode se tratar de um erro universal. Mas há alguns bons motivos no recurso a "terapias alternativas".
Os remendos podem, TALVEZ, ajudar a travessia de um período difícil, curto. Mas não resolvem problemas como escassez de mão de obra e infraestrutura, gasto público excessivo ainda a perder de vista, dívida pública alta, economia indexada, meta de inflação alta demais por tempo demais etc etc. Trata-se apenas de remendos.