terça-feira, maio 03, 2011

ANCELMO GÓIS - Troca de telefone


Troca de telefone
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 05/04/11

Neymar, o menino-craque do Santos, garoto-propaganda da Nextel, está fechando com a Oi. A negociação lembra um pouco Zeca Pagodinho em 2004, quando o cantor trocou a Schin pela Brahma. 

Beleza brasileira 
O economista Marcelo Neri, numa pesquisa sobre desigualdades a ser divulgada hoje pelo Centro de Políticas Sociais da FGV-RJ, revela novos números do mesmo fenômeno: a redução da pobreza nos governos Itamar, FH e Lula. A pobreza caiu 16% ano passado,
e 67,3%, desde o Real. 

Quinze minutos
Sexta, por volta de 19h, no Galeão- Tom Jobim, Maria, a simpática vencedora do “Big Brother”, da TV Globo, foi abordada por um casal, que perguntou: “Você pode tirar uma foto?” A big boa, sorridente, respondeu: “Claro.” E já ia fazendo pose, quando o rapaz, sem a reconhecer, disse: “Não... Você pode tirar uma foto da gente?” Há testemunhas. 

Concerto adiado
 
Por causa da crise com os músicos, a Orquestra Sinfônica Brasileira não fará mais o concerto de 11 de maio, na Sala São Paulo, para comemorar os 100 anos da alemã Basf no Brasil. 

No mais

Existem hoje mais de uma dúzia de organizações terroristas espalhadas pelo mundo, além da Al-Qaeda. O terror deve sobreviver.
Mas a morte de Bin Laden foi uma grande derrota da insanidade humana.

Terror de Lima Jr.
Walter Lima Jr., o cineasta, está produzindo um filme em de terror, em 3D, intitulado “O outro lado do vento”. É uma adaptação do conto
“A outra volta do parafuso”, de Henry James, americano naturalizado britânico.

Farra latina
Terça passada, a primeiradama de El Salvador, a brasileira Vanda Pignato, jantava no Piantella, em Brasília, com seis pessoas, inclusive o marqueteiro João Santana. No fim do jantar, Santana, que fez a campanha do presidente salvadorenho, puxou a carteira,
mas Vanda o deteve: “Deixa comigo, estou em viagem oficial.” Ah, bom!

Segue...
Enquanto isso, no país do marido, a oposição pedia CPI para investigar quem pagou o jatinho que levou à Disney o presidente Mauricio Funes e sua família. 

Água para elefantes 
Acredite. A Sextante vendeu 40 mil exemplares de “Água para elefantes” nos 15 dias que antecederam a estreia do filme inspirado no livro, sexta passada. A editora prepara uma 3aedição com 25 mil exemplares.

Censura municipal

Com apoio de nove colegas, o vereador de Macaé, RJ, Julinho do Aeroporto, do PMDB, pediu a cassação do colega petista Danilo Funke. É que o político transmitiu, pelo Twitter, a votação do plano de cargos e salários dos professores, revelando, assim, o voto de cada vereador. 

Revista às tropas 
Sexta agora, Nelson Jobim, ministro da Defesa, visitará o Morro do Alemão, no Rio, ocupado pelas Forças Armadas. Teresa na novela
Teresa Cristina, a cantora que a Lapa doou ao Brasil, vai fazer uma participação na novela “Insensato coração”, da TV Globo. No capítulo, que vai ao ar dia 10, Teresa canta no Bar do Gabino e é tietada pela vilã Eunice (Deborah Evelyn). 

Em falta
A camisa de Fred, o ídolo tricolor, que foi artilheiro do Campeonato Carioca, está esgotada na Flu Boutique, na sede do clube, em Laranjeiras. 

Paz roubada 
O escritor Alcione Araújo finaliza o romance “Ventania”, em sua casa, no Leblon, no Rio, a duras penas. Diz que o cãozinho de um vizinho o atormenta noite e dia, latindo por causa do dono, que não para em casa. 
— Existe a Sociedade Protetora dos Animais, mas não existe uma sociedade protetora dos homens nem dos escritores — diz Alcione, que vai entrar com ação contra aquele que roubou sua paz. É. Pode ser.

ILIMAR FRANCO - Selando a paz


Selando a paz
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 03/05/11

Depois de meses de guerrilha, por causa das nomeações na Funasa, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) e o líder do PMDB, Henrique Alves (RN), devem acertar os ponteiros hoje. Eles devem jantar juntos com o novo presidente da Funasa, Gilson Queiroz Filho, e a nova diretoria. O objetivo é convencê- los, já que disputavam espaços entre si, a trabalharem juntos de agora em diante. 

Contra Serra, Marta é candidata
Este não era seu projeto inicial, mas a senadora Marta Suplicy (PT-SP) tem dito que é a única no partido capaz de derrotar o tucano José Serra na campanha para a Prefeitura de São Paulo. Argumenta que tem obras para mostrar na cidade, que administrou entre 2000 e 2004. Seus adversários, no entanto, citam a alta taxa de rejeição da ex-prefeita. A senadora precisa ainda conquistar para essa tese
o ex-presidente Lula. Os petistas dizem que ele é quem vai articular e definir a candidatura petista na capital de São Paulo. E, nas últimas vezes em que tratou do tema, sempre se posicionou por um nome novo.

Um ‘consenso’ forçado vai se chocar com a realidade no plenário: haverá disputa, ainda que seja majoritária a ‘santa aliança’ da oposição ruralista com a maioria da base do governo” — Chico Alencar, deputado (PSOL-RJ), sobre a votação do Código Florestal

BICADA.
 O ex-vice-governador paulista Alberto Goldman está cobrando, em seu blog, que o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, saia em defesa do ex-governador José Serra, por este estar “injustamente sendo acusado de contribuir para a formação do PSD”. A reação decorre de uma nota, assinada por Guerra, que defende o governador Geraldo Alckmin “das análises maldosas de que ele seria o responsável pelos problemas do PSDB no diretório da capital paulista e a saída de vereadores”.

Mais um
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, também vai deixar o PSB. Skaf conversou com integrantes da cúpula do PMDB na semana passada e ontem, por telefone, confirmou para o vicepresidente Michel Temer que vai se filiar ao partido.

Divisor
O grande embate na votação do novo Código Florestal, marcada para hoje, será a obrigatoriedade ou não das propriedades de até quadro módulos fiscais de terem reserva legal. O relatório de Aldo Rebelo (PCdoB- SP) derruba a exigência.

Recado
Numa roda de senadores, falando sobre o risco de seu caso ir para o Conselho de Ética, Roberto Requião (PMDB-PR) saiu-se com esta: “Eu fui pioneiro em muitas coisas na minha vida, mas, desta vez, vou ceder o lugar para o Aécio.” A “brincadeira” tem sido reproduzida por senadores do PMDB quando o assunto vem à tona. Requião tomou o gravador de um repórter e apagou seu conteúdo. Aécio, pego em uma blitz, recusou-se a fazer o bafômetro e estava com a carteira vencida.

Nas alturas
Um grupo de alpinistas que trabalham em plataformas de petróleo offshore vai instalar os novos vitrais da Catedral de Brasília, cuja reforma é patrocinada pela Petrobras. A previsão é que os trabalhos comecem amanhã e vão até agosto. 

Esquenta
A Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, faz workshop eleitoral quintafeira no auditório Nereu Ramos, na Câmara. Com a palavra
os estrategistas eleitorais Pete Giangreco (Barack Obama) e Mark McKinnon (George W. Bush).
 ADIAMENTO. A ex-senadora Marina Silva (PV-AC) está em campanha para adiar a votação do novo Código Florestal, marcada para hoje. 
 O PREFEITO de São Paulo, Gilberto Kassab, está construindo uma ponte entre o ex-presidente do PFL Jorge Bornhausen e o Palácio do Planalto.
 O VICE-GOVERNADOR do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), acaba de emplacar o superintendente da Funasa no estado, Marcos Monfarreg, na diretoria de Administração da instituição.

MÍRIAM LEITÃO - Questão Aberta


Questão Aberta
MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 03/05/11

Procurá-lo era a única opção deixada pelo 11 de Setembro; matá-lo não encerra a questão. A morte de Osama bin Laden aumenta a incerteza num ano de intensidade cortante. Para a economia, 2011 tem o ambiente que especuladores adoram e o setor real teme: a conjuntura fluida, incerta. Ontem foi dia de mercado volátil. O petróleo caiu, subiu e caiu, mas a situação é de tensão sem data para acabar. 

Há inúmeros fatos novos mudando a geopolítica da região. Esta semana será fechado o acordo Hamas-Fatah. Este é o primeiro resultado da nova política externa, mais independente, do Egito, após a queda de Hosni Mubarak. O número dois da al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, é egípcio e na juventude foi da Fraternidade Islâmica, que se fortaleceu nas manifestações da Praça Tahir. É bem verdade que ele se radicalizou, enquanto a Fraternidade Islâmica se tornou um grupo moderado. Por vários motivos e movimentos, o Egito pode voltar a ter a centralidade que já teve no tabuleiro cada vez mais complexo da região. 

O país também já avisou que abrirá a passagem de Rafah para Gaza, a fim de permitir ajuda humanitária para a população da região dominada pelo Hamas. Em cada um desses fatos, joga-se o futuro de uma região que começou a mudar com velocidade estonteante, desde o movimento iniciado na Tunísia e, depois, no Egito. 

O que todos sabem é que não basta matar Osama bin Laden. É preciso desarticular a rede que sustenta financeira e politicamente a al-Qaeda. Há inúmeras outras facções jihadistas nesta holding de terror que virou a al-Qaeda. Ainda que seja muito difícil acabar com o terrorismo, ele se robustecia a cada dia em que Bin Laden não era encontrado. 

Duas guerras depois, é descoberto e morto, não nas cavernas do Afeganistão dos talibãs, não no Iraque que um dia foi de Saddam Hussein, mas numa cidade de tamanho médio no Paquistão, que tem sido o aliado americano na região. Bin Laden é ícone, portanto, sua morte tem um valor simbólico importante para os Estados Unidos na luta contra o terror. A morte enfraquece o grupo neste primeiro momento e pode provocar disputas pela liderança. Mas um líder morto tem valor para seus seguidores, que o transformam em "guerreiro e herói", como já faziam ontem para assim atrair mais militantes para a organização terrorista a médio prazo. 

O que afinal funcionou foi uma operação de inteligência planejada com antecedência e não qualquer das duas guerras iniciadas por George Bush. O presidente Obama tem um óbvio trunfo eleitoral na mão, mas andará no fio da navalha porque se houver um atentado nos Estados Unidos neste período, só a escalada em qualquer das guerras é que elevará seu prestígio diante do eleitor americano. O professor de Relações Internacionais Arthur Bernardes do Amaral, da PUC-Rio, acha que o risco de uma revanche jihadista aumentará com o tempo, mas que agora os controles de segurança antiterror em todos os países serão reforçados. 

Por mais complexa e perigosa que seja a al-Qaeda, ela é apenas um dos elementos de uma série de eventos em curso, de questões em aberto. O ditador do Yemen, Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos, neste fim de semana avisou que desistiu de sua decisão de sair do poder. O Yemen é um dos maiores redutos da al-Qaeda. Na Síria, o banho de sangue continua, sem que haja algum horizonte de solução. 

Até junho, haverá um novo país na África, o Sudão do Sul. O Sudão como está hoje tem o dobro do tamanho do Egito, dois milhões de km. A população já escolheu a divisão - será Sudão do Norte, capital Cartum; Sudão do Sul, capital Juba; mas falta decidir um pequeno detalhe: com quem ficará a rica província petrolífera de Abyei? O Sul diz que é sua; o Norte não retira as tropas que cercam a área. 

Há dois fatos decisivos já marcados no calendário de 2011. Em setembro, os 22 países árabes levarão para a Assembleia Geral da ONU a proposta de constituição do Estado Palestino e têm dito que já reuniram mais de 100 votos. Israel, de Benjamin Netanyaho, não gosta, evidentemente, do que vê à sua volta. O governo americano prometeu que até o fim de dezembro fará a retirada da maior parte das tropas que estão hoje no Iraque. Ontem, alguns analistas econômicos consideravam que aumentou a possibilidade de retirada das tropas dos dois países e isso melhoraria a perspectiva fiscal americana. Mas com o aumento da tensão na área, o governo americano fará o que planejou ou não? 

Tudo isso é combustível mais do que suficiente para encher o tanque da elevação do preço da gasolina. Segundo o professor Helder Queiroz, do grupo de economia da energia da UFRJ, não há perspectiva de queda sustentada do preço do petróleo. Pode haver volatilidade, como ontem. O especialista em petróleo da SWL corretora, Eric Scott Hood, diz que nada indica que o preço possa cair, porque a situação no Oriente Médio é de tensão sem data para acabar. 

Nem só de preço de petróleo vive a incerteza na região do Norte da África, Golfo, Oriente Médio. O mais importante lá é a luta por uma nova história para a região, para países islâmicos, árabes ou não, tribais como a Síria e a Líbia, ou com um estado forte como a Tunísia e o Egito. O que interessa à juventude, que tem se arriscado nas praça, é a modernidade de um governo eleito, mais conexão com o resto do mundo e uma economia que lhes dê emprego e perspectivas. Frustrado esse sonho, haverá muito mais riscos para o mundo. 

ANNA RAMALHO - Sem lesões


Sem lesões
ANNA RAMALHO

JORNAL DO BRASIL - 03/05/11

O Brasil vai sediar, pela primeira vez, o Congresso Isakos 2011, principal encontro dos maiores cirurgiões do mundo em medicina esportiva. A 8ª edição do fórum, sob a presidência de um ortopedista brasileiro, o paulista Moises Cohen, acontece no Rio, entre os dias 14 e 19. 

Com lesões


Um estudo do Comitê Olímpico Internacional mostrou que, nas Olimpíadas de Pequim, 10% dos atletas tiveram algum tipo de lesão durante os jogos. Um quarto delas ocorreu durante os treinamentos e o restante durante as competições. A sobrecarga de treinamento foi a causa de 22% das lesões.

De cama


A pneumonia ‘leve’ de dona Dilma já ganhou um apelido: Rui Falcão.

Sua Excelência não engoliu a escolha do moço para a presidência do PT.

Solidário


O ex-presidente Lula também não gostou, mas entrou em campo para acalmar a presidente que, como todos sabemos, quando fica furiosa, não há Rivotril que dê jeito.

E mais

O deputado João Paulo Cunha, padrinho da eleição de Falcão, está na lista negra dos dois: a presidente e seu antecessor.

Samba de elite
Mart’nália vai se apresentar para a elite da elite do Rio de Janeiro: dia 14, canta na festa de 60 anos de Cristina Isabel Gouvêa Vieira, mulher do presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira e irmã de Silvia Amélia, a baronesa de Waldner. A festança será na casa do Humaitá, feudo da família.

Made in USA

Paula Toller está em Nova York fazendo compras de acessórios que serão usados no show da banda Kid Abelha, dia 14, no Rio. A apresentação faz parte da turnê de retorno do grupo.

Em bom português

Eduardo Suplicy viaja hoje para Portugal onde dará palestra no Fórum de Lusofonia, na III Bienal de Culturas Lusófonas. Na quinta-feira pela manhã, faz palestra sobre o tema “Unidos na diversidade, solidários na adversidade”. 

Repertório
À noite, se tudo correr nos conformes, vai à Alfama pra ver se aprende a cantar um fado, ora, pois.

É recorde


Segundo o Ministério da Agricultura, as exportações do agronegócio brasileiro bateram recorde, em 2010, com vendas que somaram US$ 76,4 bilhões. O valor é 18% maior do que o registrado em 2009 – US$ 64,7 bilhões.

Números altos

As importações, por sua vez, aumentaram 35,2% passando de US$ 9,9 bilhões, em 2009, para US$ 13,4 bilhões em 2010. Com isso, a balança comercial do agronegócio registrou superavit de US$ 63 bilhões 2010 – US$ 8,1 bilhões a mais do que em 2009.

Raspadinhas

O ministro Gilmar Mendes e o procurador da República, Paulo Gonet lançam, amanhã, no espaço cultural do STF, a sexta edição do livro "Curso de Direito Constitucional". 

Ferreira Gullar inicia, também amanhã, uma série de quatro encontros na Casa do Saber, com o tema Obras-primas da pintura e da escultura.

ANTONIO DELFIM NETO - O governo e a inflação


O governo e a inflação
ANTONIO DELFIM NETO
Valor Econômico - 03/05/2011

O Brasil está vivendo um momento complicado. Por um lado, há dúvida geral, ampla e irrestrita sobre a natureza do processo inflacionário que atinge, em grau maior ou menor, todos os países do mundo. E, por outro, há uma perplexidade entre os economistas que têm consciência da precariedade dos modelos macroeconômicos sofisticados que utilizamos há pelo menos 20 anos. Deles temos extraído, impropriamente, recomendações "normativas" que refletem, muito mais, como gostaríamos que a economia funcionasse do que ela mostrou que funciona. Curiosamente, a única exceção - a ilha de certezas nesse mar de incertezas - é a convicção religiosa de alguns "falcões" que continuam a pensar-se como portadores de uma verdadeira "ciência monetária" que indicaria a mezinha eficiente.

Todo processo inflacionário se explica por uma combinação variável de três causas:

1ª) um desequilíbrio persistente entre a oferta e a demanda global de bens e serviços;

2ª) por uma desancoragem (por múltiplas razões, inclusive a anterior) da "expectativa" inflacionária;

3ª) por um "choque de oferta" interno ou externo.

No caso brasileiro é preciso acrescentar uma "jabuticaba": o processo de indexação ainda generalizado que sobrou como resíduo do bem sucedido Plano Real e para cuja eliminação se fez muito pouco (de fato, acrescentou-se mais veneno) nos últimos oito anos.

No regime de câmbio flutuante, quando o choque externo é um grande aumento das relações de troca (combinado com um imenso diferencial entre a taxa de juros real interna e a externa), ele é "filtrado" por uma valorização da taxa de câmbio. Quando essa valorização começa a produzir a destruição de importantes atividades internas é natural que as autoridades econômicas tentem controlar o processo, mas não podem fazê-lo sem criar outros problemas. No momento, por exemplo, as intervenções no mercado de câmbio nos levaram praticamente a uma taxa fixa de câmbio, o que diminui os riscos e estimula ainda mais a arbitragem cambial. Tal política de curto prazo é claramente incompatível, no longo prazo, com a liberdade de movimento de capitais.

O cabo de guerra entre os "falcões" e o governo parece estar amainando, desde a última declaração do Banco Central que o ajuste dos juros será suficientemente prolongado para promover a convergência da taxa de inflação para o centro da meta de 2012. Além disso, os números fiscais parecem indicar que o governo vai mesmo executar sua promessa de reduzir o crescimento das despesas de custeio e transferências para baixo da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), dando mais conforto à política monetária.

É preciso dizer que nunca (pelo menos na minha percepção), o Banco Central explicitou a ideia de que iria substituir a política de juros e apoiar-se, apenas, em medidas macroprudenciais. Para quem estava disposto a entendê-lo o Banco Central disse que iria usá-las como coadjuvantes para facilitar os ajustes com menor custo social (e para o Tesouro). Com elas procuraria elevar a taxa de juros real e diminuir a expansão do crédito em setores específicos, reduzindo o aumento da Selic. Esta é injeção na veia no custo da dívida pública. E isso, aparentemente, está sendo conseguido: A taxa de juros real produzida pela Selic (que importa mais para o custo da dívida pública) tem sido mantida constante, mas a taxa de juros real do setor privado que controla o consumo e boa parte dos investimentos (não privilegiado por programas especiais), tem se elevado. Este ano a despesa com juros da dívida pública deve beirar a R$ 190 bilhões, uma respeitável bolsa-juros para os rentistas.

É claro que hoje existe uma pressão interna principalmente nos preços dos serviços. O que não está claro é se ela deriva de um excesso de demanda global ou de um desajuste mais profundo no mercado de trabalho devido à mudança na estrutura da oferta e da demanda de mão de obra produzidas pelo processo civilizatório que estamos vivendo e que não pode ser corrigido apenas pela taxa de juros. Em nenhum momento o PIB brasileiro rodou, nos últimos anos, a uma taxa anual maior do que 5%. O 7,5% de 2010 e os 9,5% de meados do ano são apenas artefatos estatísticos.

São tais dúvidas factuais e a imensa incerteza teórica em que vivemos que recomendam uma política econômica cuidadosa e paciente, que procura fazer a taxa de inflação retornar ao centro da meta no fim de 2012 com menor custo social. Nada justifica, portanto, o "terrorismo" dos "falcões" que propagam a ideia que o "governo jogou a toalha" no combate à inflação.

JOÃO PEREIRA COUTINHO - Carta a Auberon Waugh


Carta a Auberon Waugh
JOÃO PEREIRA COUTINHO 
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/05/11

Mas hoje, com este livro póstumo, posso agradecer-te por teres arruinado toda a minha vida? MEU CARO Auberon,


Estou em Londres, cidade tua, e acabo de encontrar "Kiss Me, Chudleigh: The World According to Auberon Waugh" (Coronet, 366 págs.). Folheio, compro, releio: como antologia dos teus artigos, é talvez a melhor. Porque existe uma tentativa de entender o mundo sarcástico e surreal que foste construindo na imprensa nativa.
Aplaudo os textos, como sempre. E aplaudo a inteligência de William Cook, o organizador fiel, que soube dividir por temas (biografia, pessoas, lugares, livros etc.) a tua descontrolada verve opinativa.
Descansa, não vou falar do livro. Vou falar de ti. Ou de mim. Sem sentimentalismo. Sei que abominas o tom e jamais perdoarias uma falha tão grave quanto essa.
Mas hoje, com este livro póstumo nas mãos, posso agradecer-te, tarde e a más horas, pelo fato de teres arruinado toda a minha vida?
Aconteceu muitos anos atrás, ainda eu usava fraldas na adolescência. Sim, o meu amadurecimento foi relapso. Mas quando te encontrei nas páginas do "Daily Telegraph", cresci de imediato como a Alice no País das Maravilhas.
O teu nome de família ajudava, é certo: já era leitor de Evelyn Waugh, teu pai; mas não do Evelyn que interessava, o iconoclasta perfeito de "Decline and Fall" ou "Vile Bodies". Andava perdido nas piedades de Brideshead, conquistado por aquele típico charme inglês que eleva a alma, mas seca tudo em volta.
Foste tu que me fizeste descer à terra com duas lições magistrais.
A primeira, que não existem lições: a vida é um caos sereno que vamos enfrentando com a ironia possível. E, a segunda, que uma coluna de jornal é tão digna ou indigna como um romance ou um poema.
Foi o fim. Eu, que poderia ter sido médico ou advogado, engenheiro ou astronauta, juntei-me à tribo dos cronistas e montei negócio em dois ou três mil toques por coluna.
Nada disso teria sido possível, confesso, se às duas lições anteriores não tivesses acrescentado uma terceira: não existem temas interessantes ou desinteressantes. Somos nós que conferimos interesse ou desinteresse às palavras que vamos alinhando.
Isso vê-se em tudo que escreveste: na forma como pegavas na realidade mais anódina; como a distorcias a golpes de irrisão; e como a voltavas a servir em prato de luxo, transformando o mundo comum em peça literária digna do cânone.
Quem disse que Jonathan Swift não deixou herdeiros? Deixou, sim, mas não em suporte convencional: o maior escritor inglês do século 20 nasceu, cresceu e morreu em páginas de jornal. Chamava-se Waugh, mas não é o Waugh de quem todos falam. Em matéria de ironia, só perdes para o Altíssimo.
E eu perco para ti. Nada a lamentar: há mais de uma década que me encontras por aí, debitando sobre o mundo. Mas nunca cedi ao pecado capital do colunismo: o pecado da indignação. Ah, tu sabes do que falo: textos de dedo em riste, disparando adjetivos sérios e moralistas sobre a fauna política circundante.
Em 13 anos, nunca levantei a voz. É verdade: nunca escrevi um "é intolerável" na vida. E sobre o ponto de exclamação, esse supremo ultraje, só o uso para efeitos de paródia. Juro, velho amigo! Juro!
Contigo aprendi a cantar no tom certo. Mas sabemos que o tom vale pouco quando não existe uma técnica que o sustente.
Felizmente, tive em ti o professor perfeito. Eu, português e gongórico, com milhares de páginas queirosianas a assombrar-me a pena, levei com o teu exemplo e comecei a limar as frases. A dizer de forma simples o que tencionava dizer simplesmente. A nunca usar três palavras quando duas chegavam. A nunca usar duas quando uma bastava. E a ter na frase curta e no ponto final o marcador autoritário das minhas danças.
Aprendi o tom, aprendi a técnica. Só faltava mesmo o tempero. E ele veio com uma última exigência tua: ser independente de partidos ou partidários; e abusar sempre dos mais fortes, nunca dos mais fracos.
Assim me fiz ao mundo. De armadura posta. E se hoje te agradeço, é também para avisar que não te livrarás de mim. Um dia, espero visitar-te no paraíso para onde partiste em 2001 com típica desfeita. Estou certo que beberemos os vinhos do Douro que tanto amavas, e que agora me acompanham nestas últimas linhas que te envio por celestial correio.
Um abraço, patife.
João

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO - O perdão ao corrupto confesso


O perdão ao corrupto confesso
EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S. Paulo - 03/05/2011

A decisão do Diretório Nacional do PT de aceitar a refiliação de Delúbio Soares, expulso em 2005 por seu envolvimento no escândalo do mensalão, expõe claramente dois procedimentos que ajudam a explicar a escalada eleitoral do partido: primeiro, o compadrio que exime de qualquer culpa companheiro que tenha praticado ilícitos em benefício da companheirada; segundo, a prática do rolo compressor que passa por cima de tudo o que contrarie os interesses comuns da turma, apelando ao recurso de negar evidências por meio da bem orquestrada e incansável repetição da "verdade" que melhor lhe convém. Assim sempre procedeu o capo Lula da Silva. Comportamento que se repetiu agora: o mensalão, garante o chefão, nunca existiu, foi uma tentativa de golpe "das elites". E um dos mais fiéis escudeiros do ex-presidente, o ministro Gilberto Carvalho, teve o caradurismo de declarar em São Paulo, quando representava Dilma Rousseff no 1.º de maio, que, se Delúbio "voltar a errar, o partido, da mesma forma que o recebeu de volta, vai ter que puni-lo de novo". Ou seja, Delúbio precisa entender que, no PT, não se pune o crime praticado a serviço do partido. O que se pune é o erro de deixar-se flagrar na prática do crime.

A reintegração de Delúbio pelo PT é, no mínimo, imprudente e precipitada, uma vez que o ex-tesoureiro é um dos 39 réus do processo que tramita no STF e deverá ser finalmente julgado, sete anos depois dos fatos que o geraram, em 2012. Mas é uma decisão coerente com a anunciada disposição de Lula de provar que o mensalão, como esquema de pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao governo, jamais existiu. No máximo, foi prática de caixa 2, como se isso não constituísse crime. Mas não é exatamente o que o próprio Lula pensava em 2005, quando se queixou de ter sido "traído" - sem mencionar os nomes dos traidores - e afirmou que o PT deveria "pedir desculpas" ao País. Já os próprios deputados, na conclusão da CPI do Mensalão, recomendaram a cassação dos mandatos de 18 colegas, dos quais apenas 3 acabaram sendo punidos pelo plenário da Câmara: Roberto Jefferson, do PTB, que denunciou o esquema, admitindo que seu partido dele se tinha beneficiado; José Dirceu, do PT, apontado como chefe da quadrilha; e Pedro Correa, do PP. Alguns meses depois, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, apresentou sólida denúncia, acolhida pelo STF, contra cerca de 40 indiciados no mensalão, inclusive Delúbio Soares, que permanecem à espera de julgamento.

De todos os dirigentes do PT envolvidos no escândalo do mensalão e seus desdobramentos, apenas Delúbio Soares foi punido pelo partido, com a expulsão. Foi uma espécie de satisfação pública que os petistas se viram obrigados a dar diante das evidências que incriminavam a legenda. E Delúbio, o boi de piranha, comportou-se com fidelidade canina a seus chefes. Admitiu ter manipulado, por iniciativa própria, o que chamou eufemisticamente de "recursos não contabilizados" destinados a financiar campanhas eleitorais do PT, mas negou veementemente o pagamento de propina a parlamentares e também que o esquema era comandado pelo então ministro José Dirceu. Em 2009, depois de quatro anos no ostracismo, Delúbio fez uma tentativa de ser readmitido nos quadros do PT. Mas foi dissuadido por Lula, que temia a repercussão na campanha presidencial de 2010. Agora, o próprio ex-presidente defendeu a reabilitação do companheiro, como recompensa por serviços tão fielmente prestados.

Desde a campanha eleitoral de 2003 Lula tem liderado o PT em tortuoso processo de transformação que passou pela cuidadosa elaboração de um código de valores sob medida para atender a suas conveniências eleitorais. Nas áreas política, social e econômica, teses antes ferozmente combatidas passaram a ser convictamente praticadas e, mais do que isso, anunciadas como suas. Até aqui, tem funcionado. Mas o episódio Delúbio tem uma dimensão emblemática que pode significar um tiro dado por Lula no próprio pé. Afinal, o ex-tesoureiro do PT é corrupto confesso. Diga-me com quem andas...

CELSO MING - A oposição acordou


A oposição acordou 
CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 03/05/2011

Neste 1.º de maio, a oposição finalmente acordou para as vacilações do governo Dilma e colocou a nu uma de suas ambiguidades, a de não saber se ataca a inflação ou se ataca outros problemas da economia.

Essa ambiguidade é reforçada por outra. O governo federal teme "matar a galinha dos ovos de ouro", ou seja, teme prejudicar o crescimento econômico se for mais duro com a inflação.

Embora o discurso da presidente Dilma insista em que a prioridade do governo é o combate à inflação, o miolo da equipe econômica tem entendido que o verdadeiro problema a enfrentar no momento é a tendência à valorização cambial.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, repetidas vezes deu pouca importância à aceleração dos preços. Entendeu que eram provocados por um choque da alta das commodities e que esta tem sua origem na especulação que, por sua vez, advém da enorme liquidez criada pelos grandes bancos centrais mundiais. Por isso, não haveria nada especial que se pudesse fazer para derrubar a inflação. É esperar pela reversão internacional dos preços.

Ou seja, no diagnóstico original do Ministério da Fazenda, a inflação, que agora tende a avançar para além dos 6,5% ao ano, não tem nada a ver com o fato de que o consumo está correndo à frente da oferta (inflação de demanda). Portanto, basta que seja contida por meio de medidas prudenciais (de controle do crédito).

Até a semana passada, o Banco Central comprou de olhos fechados esse diagnóstico equivocado e também errou no tratamento. Foi excessivamente frouxo no enfrentamento da inflação e, dessa maneira, deixou que o salário do trabalhador e o próprio crescimento fossem esmerilhados por forte alta dos preços. No entanto, mantém parte das projeções também equivocadas.

O Banco Central continua repetindo que conseguirá desacelerar o avanço do crédito, hoje superior a 20% em 12 meses, para algo abaixo dos 15%. No entanto, os bancos não estão nem um pouco determinados a se conter nesses limites. Ou seja, as tais medidas prudenciais não estão sendo suficientes para segurar o crédito.

Há mais dois focos graves de inflação que não estão sendo revertidos. O setor de serviços (pouco sujeito às medidas e contenção do crédito) continua cavalgando. E há o fator salário. A temporada de negociações salariais coincidirá com a de pico inflacionário. Como já está acertado que o mínimo será reajustado em cerca de 14% a partir de janeiro, num cenário de forte escassez de mão de obra, esse reajuste será elemento disparador de custos do setor privado e de aceleração da inércia inflacionária.

Nessa matéria, não bastam os discursos. É preciso determinação do governo na eleição do seu alvo primário. Essa hesitação permitiu que a oposição, há meses estilhaçada e em processo de apagamento, recobrisse seu foco e capacidade de questionamento da política econômica.

Mas há outras vacilações do governo que precisam de cobrança. Uma delas é essa disposição a dar créditos do BNDES, redução de impostos e favorecimento de infraestrutura a uma empresa recém-chegada de Taiwan para um investimento de R$ 12 bilhões na produção de aparelhos eletroeletrônicos, sem levar em conta que há milhares de indústrias no Brasil, há anos comendo o pão que o diabo amassou, e que não usufruem de nenhuma dessas vantagens.

MERVAL PEREIRA - Mídias complementares


Mídias complementares
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 03/05/11

A notícia da morte de Osama bin Laden é um excelente exemplo de como as chamadas novas mídias e a mídia tradicional se complementam em vez de umas anularem as outras. Foi uma representante da mídia tradicional - assim entendidos os jornais, as revistas, as televisões e os rádios -, a rede de televisão CNN, quem primeiro informou o fato, que imediatamente foi colocado no noticiário da internet e retransmitido pelo Twitter mundo afora.

Como a notícia só foi divulgada tarde da noite, jornais impressos tiveram papel importante nesse episódio, pois provavelmente muitos cidadãos acordaram sem saber da notícia-bomba, divulgada depois que já haviam ido dormir.

As manifestações de júbilo patriótico em frente à Casa Branca, mesmo antes do anúncio oficial do presidente Barack Obama, foram possíveis por causa do Twitter, que retransmitia a notícia e atuava como instrumento de organização.

A reunião promovida pela Unesco para comemorar o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, que estou acompanhando em Washington, foi realizada ontem no Newseum, um museu dedicado ao jornalismo em suas diversas formas, mas que começou baseado nos jornais e ainda hoje tem neles sua principal marca, como foi possível constatar ontem.

O Newseum exibe todas as primeiras páginas dos principais jornais do mundo e dos EUA, e ontem tinha na calçada da entrada principal as primeiras páginas de jornais de cada estado americano. Nessa coleção podia-se ver refletido o sentimento uniforme de exaltação patriótica, como constatar que os jornais impressos, na repetição de suas manchetes ou forma gráfica, têm limitações que devem ser superadas pela qualidade da informação e pela profundidade das análises.

Na edição de ontem, o que raramente acontece nos últimos anos desde o surgimento das novas mídias e do noticiário 24 horas do rádio e da TV, os jornais foram, para grande parte dos cidadãos, o primeiro informante dessa notícia tão dramaticamente importante.

A maioria dos jornais americanos optou pela manchete informativa, o que se justifica pelo fato de ter sido divulgado tarde da noite: "Bin Laden está morto" (Bin Laden dead) ou no máximo "Bin Laden foi morto" (Bin Laden killed). Uma boa parte deu mais ênfase política à notícia, afirmando de diversas maneiras que "Estados Unidos matam Bin Laden".

O "Idaho Statesman" sofisticou um pouco mais e manchetou: "Comandos americanos matam Bin Laden". O Oklahoman tentou ser mais criativo: "EUA têm o corpo de Bin Laden". E o "New York Post" optou pelo popular: "Pegamos ele". E, em pequenas manchetes abaixo, reforçou a tentativa de refletir o que achava ser o espírito do povo: "Vingança afinal" e "EUA pegaram o bastardo". Um ou outro ainda usaram frase do presidente Obama na manchete: "Foi feita justiça".

Em um dos painéis do seminário, que discutia a importância das chamadas mídias sociais - Facebook, Twitter, Orkut - na divulgação de notícias, houve um consenso: as mídias sociais são meios de informação para os próprios jornalistas e instrumentos para os ativistas se organizarem.

O exemplo das revoluções ainda em curso nos países árabes foi repetido em todos os painéis, à exaustão. Andy Carven, do National Public Radio, que coordena o setor de mídias sociais e ficou famoso por sua atuação nas revoltas de Tunísia e Egito, disse considerar o seu trabalho semelhante ao dos âncoras dos noticiários de TV, pondo as notícias dentro de um contexto que facilita o entendimento e acompanhamento.

Lauren Indvik, editor do Mashable, um agregador de conteúdo de mídias sociais, lembrou que é cada vez menos inusual que uma notícia seja divulgada primeiro pelo Twitter, mas ressaltou que é preciso checar as informações antes de lançá-las na rede.

Um debate paralelo, mas muito relevante, foi o ocorrido em painéis que discutiram as novas formas de censura dos governos autoritários sobre a internet e os meios de relacionamento social. Houve consenso sobre a necessidade de auxiliar os lugares onde a internet não está desenvolvida, como na África, por exemplo.

Quem chamou a atenção para que é preciso dar atenção aos países que não têm acesso à internet foi Oscar Morales Guevara, criador no Facebook de uma página chamada "Um milhão de vozes contra a das Farc" na Colômbia.

No Vietnã, por exemplo, a internet ainda é transmitida por rádio, e Quan Niugyen, que tem um blog em defesa da democracia, diz que uma vantagem desse atraso tecnológico é que é mais difícil para o governo rastrear o usuário.

Ermini Milli e Adnan Hajizada, líderes jovens de movimentos a favor da democracia no Azerbaijão, ficaram 17 meses na prisão por defender seus ideais. Disseram que não há políticas de censura dos novos meios, mas quem é ativo na rede social é perseguido pelo governo.

Representantes de Índia, Haiti, Somália e Ilhas do Pacífico descreveram o baixo índice de acesso aos meios digitais em um painel dedicado ao tema. Shubhranshu Choudhary, um estudante bolsista de jornalismo da Índia pela Fundação John S.Knight, disse que apenas 7% dos cidadãos indianos têm acesso à internet, enquanto o telefone celular é acessível a cerca de 70% da população.

De manhã, Eric Newton, assessor da presidência da mesma fundação, havia remarcado que existem no mundo cinco bilhões de celulares para uma população de sete bilhões de pessoas, o que transforma esse aparelho na mais poderosa arma de comunicação existente hoje. A diferença de acesso na Índia fez nascer uma experiência bem-sucedida, relatada por Choudhary: as pessoas podem usar seu celular para chamar um número que liga diretamente a uma página da internet.

As informações podem ser passadas a voluntários, que as divulgarão. As comunidades rurais usam esse sistema para avisar às áreas urbanas suas necessidades, e receber ajuda. Celulares também permitiram aos cidadãos reagir em horas de crise, como aconteceu no Haiti depois do terremoto.

Michele Montas, que trabalha na missão da ONU naquele país, disse que mensagens de texto foram muito úteis para passar informações sobre a situação e receber auxílio on-line. Na Somália, o celular é parte integrante da vida do cidadão comum, disse Abdikadir Ahmed. Um ponto negativo nas Ilhas do Pacífico, que se beneficiaram muito com a internet, é a ilha de Tokelau, que se transformou num centro do crime cibernético internacional, apesar de só ter 1.400 pessoas habitantes.

ADRIANO PIRES - Nossas hidrelétricas amazônicas


Nossas hidrelétricas amazônicas
ADRIANO PIRES
O Estado de S. Paulo - 03/05/2011

Ontem, todo um açodamento num ano de eleições presidenciais para estruturar o projeto Belo Monte de forma voluntariosa e de qualquer jeito, ao tempo em que artistas internacionais davam palpites sem nenhum embasamento; depois, a revolta nos canteiros de Jirau sob múltiplas queixas; e, agora, um órgão internacional querendo imiscuir-se em decisões soberanas sobre a construção das hidrelétricas na Amazônia.

Em resumo é o que podemos pinçar do movimento contra o direito legítimo e indelével de virmos a explorar nossos recursos naturais na Amazônia brasileira de forma soberana e cuidadosa, pois sabemos que o futuro do País interessa precipuamente aos brasileiros e energia e meio ambiente são de nosso interesse e base para a manutenção de nossa independência.

Salientando que entre os chamados Brics o Brasil é o único que possui independência energética, o que poderia estar por trás desse cenário de agressões à nossa soberania?

Uma das possibilidades estaria ligada à nossa competitividade internacional, dada pela energia elétrica das nossas hidrelétricas ser mais competitiva - resolvido o problema de tributos e encargos -, que nos permitiria alcançar mercados para nossos produtos industrializados, antes dominados por outros países.

Outra possibilidade poderia ser dada pela idílica percepção de que a energia das eólicas e a biomassa poderiam suprir a energia demandada na base da carga do sistema elétrico. Sabendo da sazonalidade de uma e da intermitência da outra, só a ingenuidade levaria a supor que elas poderiam substituir as hidrelétricas, assegurando a energia necessária ao crescimento econômico. Não estaríamos, em momento algum, desconsiderando o desenvolvimento dessas duas fontes e sua complementaridade às hidrelétricas. Mas, como hoje está definido, essas fontes se constituem em energia de reserva.

Com os recentes eventos ocorridos no Japão, as nucleares passarão por um período de rediscussão sobre sua ampliação na matriz energética mundial. Enquanto se aguarda o seu retorno, já que o mundo não pode abrir mão de qualquer forma de energia, vai ocorrer um crescimento das térmicas a gás natural e a carvão, tendo em vista que as térmicas solares ainda precisam de muitos investimentos para se tornarem fonte de geração de energia confiável e economicamente viável.

Pelo que se pode depreender desse cenário, é preciso que sejamos competentes para analisar com serenidade e objetividade a construção das nossas hidrelétricas na Amazônia, bem como das respectivas linhas de transmissão para assegurar o aproveitamento dos mais de 60 mil MW. Mas, para que isso ocorra de forma a usufruir dessa riqueza, é preciso voltar a construir reservatórios compatíveis com as mudanças climáticas e plurianuais que nos permitam contar com a geração nessas hidrelétricas durante todo o ano.

Logicamente estamos falando de hidrelétricas com reservatórios compatíveis à acumulação de volumes consideráveis de água, respeitada a preservação ambiental de maneira consequente, tendo sempre presente o baixo impacto que estariam causando ao meio ambiente. Os atuais reservatórios a fio d"água, como se quer hoje impor, causam prejuízos econômicos que se pode depreender da derivação do grande investimento para uma quantidade de energia assegurada pequena e poucos benefícios ambientais - já que necessariamente as térmicas terão de ser acionadas.

A visão idílica, ingênua, que dá projeção midiática, tem de ser revertida para que o País ofereça preços de energia elétrica competitivos, aproveitando sua vantagem comparativa vis-à-vis a outros países dada pela construção de suas hidrelétricas.

Assim nosso governo deve interpretar a ação dos órgãos contrários ao nosso desenvolvimento com a abrangência que nos inquieta.

VINÍCIUS TORRES FREIRE - Menos quente, mas não esfriou


Menos quente, mas não esfriou
VINÍCIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/05/11

EMPRESÁRIOS da construção civil e do comércio de imóveis dizem que começam a sentir os primeiros sinais de outono na atividade econômica. Muito de leve, como os outonos da maior parte do Brasil: não se sentem mais os calorões do verão, apenas. Mas a gente não ouvia isso pelo menos até fevereiro.
O resultado das vendas do primeiro bimestre na cidade de São Paulo foi conhecido apenas em abril, com queda de 38% (ante janeiro-fevereiro de 2010). Mas, ainda assim, lá por fevereiro, o pessoal desse mercado dizia que não era possível dizer que se tratava de "tendência". Março, diziam então, era um mês ruim para comparações, pois cheio de feriados.
Na semana que passou, numa rodada de conversas com o pessoal do setor, percebe-se a diferença, tanto no ânimo do lado da oferta como no lado da procura. Executivos do setor dizem ver consumidores mais reticentes, mesmo no programa "Minha Casa, Minha Vida".
Considere-se, porém, o contexto dessas evidências anedóticas de "desaceleração". Nos 12 meses encerrados em fevereiro, o número de lançamentos de imóveis havia crescido 20%. Mais ou menos tanto quanto o total de crédito no país (não apenas o imobiliário).
A economia está fria ou está quente? As vendas no comércio de varejo de material de construção vinham rateando no primeiro trimestre do ano. Em abril, deram uma ressuscitada. Ainda assim, no primeiro terço do ano, as vendas cresceram apenas 2,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
O comportamento da indústria de transformação nem sempre é por si só relevante para o acompanhamento do conjunto da atividade econômica. O indicador está ainda mais distorcido devido ao impacto do real forte nas vendas de vários setores. Segundo contas dos economistas do Itaú, o nível da produção industrial em fevereiro era 0,4% inferior ao nível de março de 2010 (do ano passado, atenção).
Sinal de demanda fraca? Ontem saíram os dados da balança comercial do primeiro terço do ano, de janeiro a abril. A importação de matérias-primas e produtos intermediários cresceu mais de 21% no período (sobre 2010). Desaqueceu em abril?
Não. A importação cresceu mais de 22% no mês passado (sobre abril de 2010). Trata-se de uma medida indireta da confiança da indústria no consumo adiante -se compram insumos, é porque acham que vão vender. No mês, a importação de bens de capital subiu mais de 25%. A de bens de consumo, 32%.
A nota mensal sobre a conjuntura econômica de abril dos economistas do banco Itaú tem como título "crescimento econômico desacelera". Os principais indicadores são os já conhecidos. Confiança do consumidor em queda. O volume de novos empréstimos ao consumidor em março (dado mais recente) ainda estava 7,3% abaixo do verificado em novembro de 2010, antes do início da série de medidas administrativas de controle de crédito. O comércio de varejo não cresceu em fevereiro (dado mais recente). Mas o nível de desemprego continua historicamente baixo, baixíssimo.
Em suma, há sinais discretos de perda do ímpeto quase alucinado na economia de 2010. Mas discretos e esparsos, ainda. A novela da inflação e a pendenga dos juros ainda vão continuar por um bom tempo.

MARCO ANTONIO VILLA - É preciso fazer política


É preciso fazer política
MARCO ANTONIO VILLA
O Globo - 03/05/2011

Se o país mantém sua economia em um ritmo razoável, que permite aprovação raspando, com nota cinco; a política vai muito mal. É curioso o descolamento da política em relação à economia. Lembra um pouco, guardadas às devidas proporções, o período do milagre brasileiro, durante o regime militar. E se a ausência da política - devido a repressão - acabou mostrando que sem discussão não há nenhum crescimento sustentável da economia (basta recordar a crise do milagre), o mesmo caminha para acontecer na Presidência Dilma.

A economia dá sinais de que o ciclo iniciado em 2005 deu tudo o que tinha de dar. Caminhamos, caso nada mude, para dar um grande salto para trás. Como em um jogo de ludo, devemos voltar para a "casa" 1994, antes do Plano Real. Gastos públicos sem controle, falta de um projeto econômico e inflação, combinado com taxas espasmódicas de crescimento.

O mercado está descrente. Recebe cada declaração do ministro Guido Mantega com a mesma confiança quando a ministra Zélia Cardoso de Mello dizia, no governo Collor, que tudo na economia estava caminhando bem. E quanto mais o governo insiste que a inflação está sob controle - desmentindo a realidade - maior a desconfiança.

Apesar da falta de rumo na economia, dos sucessivos escândalos - mantendo a média da Presidência anterior, diga-se -, da incompetência administrativa, da inexistência de uma política estratégica e de tantas outras coisas, a presidente Dilma governa absolutamente tranquila. Entregou para os oligarcas, sempre sedentos para saquear o Erário, rendosos cargos; usa e abusa do BNDES, oferecendo, como uma rainha absolutista, fortunas ao grande capital parasitário; soldou uma aliança com as grandes construturas - importantíssimas para financiar os partidos da base governamental, especialmente o PT - danosa ao interesse público, e cooptou as centrais sindicais, que foram adquiridas por um valor baixo, comparado ao que custou o apoio do grande capital.

Se durante o auge econômico do regime militar a repressão impedia a existência da política, hoje o quadro é distinto. A primeira diferença é que o país caminha a passo de tartaruga, a segunda - e mais importante - é que vivemos em um regime de plenas liberdades democráticas. Agora é o abandono da política que não possibilita uma saída para a economia. O mais incrível é que o governo agrega apoio não pela sua competência política ou econômica, mas pela recusa consciente da oposição ser oposição. O mérito, portanto, não é produto da eficiência da presidente. O problema da oposição reside nela própria.

Fernando Henrique Cardoso escreveu um longo ensaio propondo a discussão pública dos rumos da oposição. Como, especialmente, o PSDB, seu partido, recebeu o desafio? Negando-se a discuti-lo. O autoproclamado líder da oposição parlamentar, Aécio Neves, disse: "Vejo o futuro da oposição numa ótica mais otimista." Pela declaração é possível concluir que o senador não leu o ensaio. Ou confundiu o tema com um livro de autoajuda. O mais triste é que ele se julga, desde já, o candidato oposicionista à Presidência em 2014. Como? O que pensa sobre o Brasil? Consegue debater seriamente os principais pontos do ensaio do ex-presidente? A resposta é óbvia: não. Ele é a mais fiel representação do primarismo da oposição brasileira: personalista, vazia de ideias e pouca disposta a combater o governo.

O desafio para qualquer oposição em um regime democrático é ter votos. A oposição brasileira, no segundo turno, teve 44% dos votos válidos. Isso após uma campanha errática e despolitizada. O problema, portanto, não é ter votos. A oposição tem - e muitos. A questão é outra: quer agir como na República Velha, garantir um canal privilegiado com o governo e só no momento eleitoral se apresentar para os eleitores. Essa estratégia pode até dar certo, mas na esfera estadual e onde não existe debate político. No campo federal está fadada ao fracasso.

Em meio a este vazio, os eleitores oposicionistas mais politizados ficam sem saber para onde ir. Não têm representação partidária. Seus representantes no Congresso Nacional estão silenciosos. Como explicar que o senador mais votado do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, até hoje não tenha feito um pronunciamento analítico sobre os rumos da oposição? E como justificar que José Serra, que recebeu 44 milhões de votos, continue em uma espécie de silêncio obsequioso? Se a oposição não tem líderes, como fazer oposição?

Em política não existe vazio. O PT sabe muito bem disso. E vai ocupando todos os espaços na máquina pública e desde já estabelecendo alianças eleitorais para 2012. Age profissionalmente, sem piedade ou sentimento. O que vale é ampliar o poder, custe o que custar. E custa muito, como sabemos. As empresas e os bancos estatais estão entregues aos partidos da base. O PT reservou para si o que é mais lucrativo, e que permita estabelecer a conexão com o grande capital, negócio muito bom para ambos os lados e péssimo para o Brasil.

Para o governo, quanto menos política, melhor. Quer banalizar o debate. Não precisa convencer politicamente ninguém. Para os parlamentares usa o método delubiano. Quem tem de fazer politica é a oposição. Não é possível assistir um governo destruindo o que foi edificado com tanto sacrifício. Não é plausível recusar a construir canais efetivos de participação da sociedade civil nos partidos (que sequer ocorre nos momentos pré-eleitorais). É inadmissível que 44 milhões de eleitores não tenham voz no Congresso Nacional.

DORA KRAMER - Desordem unida


Desordem unida 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 03/05/2011

A movimentação de políticos entre partidos sempre foi intensa e constante, mas nunca provocou tantos abalos como vem ocorrendo desde que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, resolveu sair do DEM.

Em tese não haveria motivo para tanta afobação e repercussão, pois o que se vê não é nada muito diferente do tradicionalíssimo e corriqueiro troca-troca de partidos, prática habitual entre políticos insatisfeitos com as respectivas legendas por quaisquer razões. Muito raramente doutrinárias.

Transposições de posições que se davam de maneira até imperceptível, pois dificilmente ultrapassavam as fronteiras das legendas em jogo, não obstante contribuíssem decisivamente para torná-las irrelevantes.

O que alterou a cena e fez o troca-troca passar de ato trivial para fato essencial foi a decisão tomada em 2007 pela Justiça Eleitoral e corroborada pelo Supremo Tribunal Federal, de que os mandatos pertenciam aos partidos e não aos políticos.

Estava de volta a fidelidade partidária que havia sido derrubada pelo mesmo TSE 23 anos antes, em 1984, quando aceitou que os dissidentes do PDS poderiam abandonar o candidato do partido ao colégio eleitoral de 1985 para formar a Frente Liberal (depois PFL) e votar em Tancredo Neves, candidato vitorioso do PMDB.

A nova composição dos tribunais houve por bem entender que quem mudasse de partido estaria sujeito à perda do respectivo mandato. A menos que houvesse uma justa causa: perseguição política grave, alteração programática importante, fusão ou criação de um novo partido.

A intenção da Justiça obviamente era a de contribuir para o fortalecimento dos fragilizados partidos brasileiros e pôr um fim à liberdade dos trânsfugas que se elegiam por um partido e trocavam de legenda ao sabor de interesses injustificados, discutíveis, quando não francamente escusos.

A decisão foi tomada com o objetivo de ordenar o desordenado, mas não resultou assim. Os partidos e os políticos, no lugar de se adequarem à regra, passaram a se ocupar da invenção de novas formas de burlar a fidelidade partidária por meio de estratagemas como o da criação de legendas com o único objetivo de acomodar a conjugação de interesses contrariados pela decisão judicial.

Fosse outra a mentalidade, simplesmente os insatisfeitos mudariam de partidos abrindo mão daquilo que não lhes era mais de direito (os mandatos), reconhecendo a legitimidade da lei, aderindo à ideia original de fortalecimento sem acrescentar mais artificialismo e desordem ao já suficientemente artificial e desordenado quadro partidário brasileiro.

Depois da queda. A morte do terrorista Osama Bin Laden trouxe pouquíssimas certezas e inúmeras dúvidas ao mundo. De certo mesmo só a importância do fato como desfecho do atentado de 11 de setembro de 2001.

As dúvidas vão desde as mais esquisitas até as mais consistentes. São pertinentes as questões a respeito do efeito concreto da execução de Bin Laden no combate do terrorismo no mundo, da possibilidade e intensidade de retaliações, da capacidade de articulação da Al-Qaeda e redes terroristas similares.

Impossível, contudo, levar a sério a hipótese de a operação de captura ser uma armação do governo americano com vistas a fortalecer o presidente Barack Obama e o "império do Norte". Surpreende que alguém pense que os Estados Unidos iriam colocar sua credibilidade em jogo assim e lembra um pouco as dúvidas sobre a veracidade do desembarque norte-americano na Lua há mais de 40 anos.

Olho por olho. Implicações políticas à parte, o carnaval de rua em comemoração pela morte do chefe terrorista Bin Laden pode até simbolizar um alívio na dor, mas não deixa de ser uma forma incivilizada de manifestação.

Desconfortável de se ver, entre outros motivos, pela desconexão entre o peso das consequências do terror e a alegria meramente vingativa dos festeiros.

JOSÉ SIMÃO - Ueba! Bin Laden era "maudita'!


Ueba! Bin Laden era "maudita'! 
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/05/11

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Que bomba! Mataram o Bin Laden. E jogaram o corpo no mar! Atentado ecológico: jogaram o Bin Laden no mar! Não foi no Golfo do México, né? E como disse o outro: "Rest in pieces"! Rarará!
E eu que achava que ele tava escondido no porão do Habib's! Que semana: o príncipe se casou, o papa foi beatificado e o mau foi assassinado. DISNEY WEEK! Rarará!
E tá certo os Estados Unidos comemorar, mas precisava americano aparecer fantasiado de Capitão América? É o OSAMAFOLIA! Como disse o Sensacionalista: Primeiro de maio vai ser a data oficial da Osamafolia. Mas Elvis garante que Osama não morreu!
"Exame de DNA confirma morte de Osama Bin Laden." E quem fez o exame de DNA? Foi o Ratinho? Eu só confio no Ratinho. Rarará!
E os dados biográficos: Bin Laden não era saudita, era "maudita". Tinha um primo gay chamado MIN RABEN. E foi o criador do Miojo Laden, o terrorista instantâneo!
E a Fox News que cometeu um ato falho: "OBAMA Bin Laden morreu". É o que eles gostariam. Pra festa ficar completa. "Wishful thinking"! Rarará!
E na festa de rua, levantaram o cartaz Obama 1 x 0 Osama! Ponto pro Obama! Yes, I can! Exigiram a certidão de nascimento do Obama e ele rebateu com o atestado de óbito do Osama! Acabou com esses reaças republicanos com cara de caubói véio! Todo republicano tem cara de John Wayne no asilo. E todo democrata tem cara de amendoim! E eu gostava da barba tingida do Bin Laden. Koleston Al Qaeda! Rarará!
Ecos do casamento real. O maior sucesso foi o príncipe dirigindo o conversível.
Se fosse em São Paulo, ele seria parado por um guarda: "Sua alteza está multado por dirigir sem o cinto, com uma das mãos fora do volante e o mais grave, conduzir o veiculo do lado do carona"! Rarará!
E flagraram pela leitura labial um diálogo entre a rainha e o príncipe Charles: "Aí, rainha, tá linda fantasiada de quindim, hein?". "Ah, gostou? E essa tua eterna cara de quem tá com a cueca apertada?" Rarará!
E eu já disse que a fusão PSDB com DEM vai se chamar FHUDEM, Fernando Henrique Unido ao DEM! Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!