terça-feira, fevereiro 01, 2011

AUGUSTO NUNES

O neurônio indomável lançou na visita à Argentina o besteirol em conta-gotas
AUGUSTO NUNES
VEJA ONLINE

Na visita de menos de 7 horas à Argentina, Dilma Rousseff achou pouco emocionar-se apenas na conversa com Cristina Kirchner e no encontro com as Mães da Praça de Maio. Para provar que no peito da mulher mandona bate um coração hipersensível, emocionou-se também ao descobrir que a declaração conjunta das duas presidentes fora lida no Salão dos Pensadores Argentinos. Aquilo merecia um falatório de improviso, resolveu. Primeiro, julgou necessário explicar que o salão da Casa Rosada “é dedicado a escritores e cientistas”. Em seguida, entrou em cena a especialista em não dizer coisa com coisa: “Acho uma simbiose estar aqui. Este é o sentimento da nossa cooperação”.

“Simbiose é uma relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos vivos de espécies diferentes”, avisam todos os dicionários. O que fez o neurônio solitário associar a palavra ao Salão dos Pensadores? E desde quando cooperação é sentimento? Os argentinos afundaram no silêncio dos perplexos. Os brasileiros fingiram ter entendido tudo. Nenhum jornalista da comitiva solicitou à declarante que traduzisse o palavrório impenetrável em língua de gente.

A estreia internacional mostrou que Dilma tem-se esforçado para assimilar a lição ministrada por João Santana. “Para ocupar o espaço de uma rainha”, vive dizendo o marqueteiro do rei, a presidente deve falar de vez em quando, e só abrir a boca para recitar platitudes ou perfumarias decoradas com bastante antecedência. Em Buenos Aires, a candidata que produziu o colossal Discurso sobre o Nada falou pouco mais de seis horas o que Lula fala em menos de cinco minutos. O neurônio solitário reduziu o ritmo, mas continua indomável.

Os jornalistas da comitiva oficial enxergaram na Argentina a estreia do que qualificaram de “estilo contido e discreto”. Se não lhes faltasse coragem para ver as coisas como as coisas são, teriam testemunhado o lançamento internacional do besteirol em conta-gotas.

ARNALDO JABOR

Facebook, o bem e o mal
Arnaldo Jabor 
O Estado de S.Paulo - 01/02/11

Eu estava em Paris, em férias. Claro que fui ver a maravilhosa exposição de Claude Monet no Grand Palais e mergulhei na imensa galeria de auroras, crepúsculos, falésias, jardins, flores, arvoredos, lagos e ninfeias - um cântico de amor à natureza boa e calma que nos protege.

Chego ao hotel e vejo na TV a natureza matando mil brasileiros afogados na lama, com o mesmo destino de ratos ou vermes da terra.

Medo, pena, culpa de estar vivo em Paris, impotência - tudo se abateu sobre mim. Sempre confiamos no Deus brasileiro, como também acreditávamos nos poderes infalíveis do Ocidente, ferido desde o 11 de Setembro.

Era a mesma natureza, vista no êxtase sublime dos quadros de Monet que devastava três cidades no Brasil - era o sublime ao avesso, o terror incompreensível das forças sem controle.

Ferido por esta dor, fui no dia seguinte à exposição de Jean-Michel Basquiat, no Museu de Arte Moderna. Eu, que desconfiava da genialidade do neguinho, tive uma revelação: ali estava retratado o sentimento do mundo atual, o impacto da dor de um "excluído", pela casual união entre o mais miserável e o mais profundo: filho de haitiano, homeless, pele preta, drogado, mas com um talento "picassiano". Ali estava o ódio à feiura do progresso, ali estava um desgraçado pintando não como vítima, mas com os dentes agudos, com olho de profeta, com o desespero dos grafites atacando a normalidade da monumental Manhattan.

Basquiat morreu de overdose aos 28 anos e via o mundo ao avesso de Monet. O sentimento de paz burguesa do impressionista nos acolhe no sonho de beleza do século 19 e a visão de Basquiat nos aterroriza com a caricatura trágica de um futuro terrível já contido num presente sem controle.

Realmente, dá medo. Hoje em dia as coisas têm vida própria e seus criadores não controlam mais os produtos. Somos levados por uma tumultuosa marcha de fatos sem causa aparente, de acontecimentos sem origem, de objetos sem sujeitos. Cada vez temos mais ciência e menos entendimento. Temos um acesso à informação infinita, mas nada se fecha em conclusões coerentes, nada acaba, nada se define. O socialismo não deu certo, o capitalismo global não trouxe paz, tudo que depende da vontade dos homens e de seus sonhos de controle não chega a um final feliz. Pensadores sofrem porque veem que é impossível mudar o curso da vida que se transforma sozinha, pouco se lixando para nós, assim como a lama das encostas, as cinzas dos vulcões, como as marés assassinas.

As teorias políticas não deram certo; Kafka e outros escritores do século 20, como Beckett, sacaram o lance. Esperando Godot é mais profético que 100 anos de esperança política.

Viramos objetos de um "sujeito" imenso, sem nome, sem olho, misterioso, secreto, que talvez só vamos entender depois do tempo esgotado, quando for tarde demais. Não temos mais culpados nítidos pelo Mal. Essa é a sensação dominante.

Mas, eis que, depois de sair do mundo eletrizante de Basquiat, chego ao hotel e vejo na TV a súbita irrupção da revolução na Tunísia, contaminando Egito e outras tiranias. Estavam ali os dentes em faca de Basquiat, os oprimidos se erguendo em revolta por obra e graça do Facebook.

Isso: um garoto nerd de Boston queria ver os peitinhos de meninas em Harvard e aí inventou um troço, ficou bilionário e deflagrou uma mudança histórica no mundo árabe. Isso ninguém previu, nenhum pensador horrorizado pensou neste "bem".

Uma revolução saída da web. A produção material da tecnociência gerando anticorpos contra o futuro sem saída.

Nos noticiários vemos também o Julian Assange sendo investigado pelo WikiLeaks, piração transgressiva que abre buracos nas muralhas protegidas do poder.

E já dá para ver que estamos diante do imprevisível total, mas com alguns sinais no ar. Começa um tempo de progressiva porosidade entre Estado e sociedade, uma época de reis nus, de impotência da razão para resolver impasses históricos. Sem dúvida, as equações de mil incógnitas que a política armou já nos trouxeram de volta o "tempo do trágico", como escreveu Jean-Marie Domenach. Agora, não temos mais a progressiva ascensão de um mal resistível como foi Hitler, por exemplo, mas a explosão do horror no equilíbrio ecológico ou em inesperada guerra nuclear.

Sente-se no ar o desejo inconsciente por uma tragédia qualquer que pareça uma "revelação". Sim. Diante de tantos fatos insolúveis, surge a fome por algo que ponha fim ao "incontrolável", a coisa que o Ocidente mais odeia.

Há o perigo de que toda a teia de aranha dos grandes impasses políticos possa reviver o sonho de um autoritarismo rápido, eficaz, que identifique os "culpados" pelo mal do mundo; pode voltar a saudade por regimes que restaurem certezas, crenças familiares como: futuro, ordem, nação, identidade, povo. Já temos uma fome de irracionalismo religioso, mas é possível também o irracionalismo laico, que é bem legível para paranoicos.

No entanto, a progressiva ligação entre as redes sociais e políticas pode sugerir um cenário melhor.

Suspeito, com otimismo talvez ingênuo, que as coisas que comandam a vida possam produzir antígenos para si mesmas, que contra um "mal" sem sujeito possam surgir, "dialeticamente", alguns "bens" sem dono. Assim como o Osama em 2001 lançou aviões como torpedos, usando a tecnologia contra nós, fenômenos como o Facebook na Tunísia podem ajudar a corroer a estupidez do terrorismo e até inventar soluções para graves perigos contra a natureza.

Lembro de uma frase de Proust: "Para entender uma situação desconhecida, lançamos mão de elementos conhecidos e por causa disso não conseguimos entendê-la". O tempo atual é muito humilhante para os chamados "idiotas da objetividade". Talvez isso seja bom, para acabar com a folga. Seremos obrigados a confiar em que talvez haja uma razão dentro da loucura. Devemos acreditar em uma espécie de "inconsciente histórico" dentro da marcha das coisas, que nos protegerá contra o suicídio.

ALON FEUERWERKER

Difícil execução
ALON FEUERWERKER
CORREIO BRAZILIENSE 01/02/11

O Brasil tem as melhores condições para promover os direitos humanos em escala global. Mas se não estiver acoplada ao princípio da não ingerência, a coisa acaba assumindo ares de armadilha


Uma política de protagonismo global dos direitos humanos é simples de formular, mas executar não é trivial. Dilma Rousseff tem afirmado que o tema vai ganhar relevância na política externa brasileira, mas a vida prática começa a atropelar o cronograma de implantação.
Se o critério for o respeito aos direitos humanos, não haverá muita dúvida de que posição tomar na crise egípcia. Contra o governo e a favor dos movimentos que pedem a derrubada do regime.
Assim seria também se a confusão estivesse acontecendo na Arábia Saudita, na Síria ou alguma das demais nações árabes com reconhecido déficit no respeito aos direitos humanos. Ou no Irã. Ou em Cuba.
A timidez é a marca da posição do Planalto e do Itamaraty estes dias. Mais tímidos até do que a Casa Branca e o Departamento de Estado, que pelo menos se apressaram a pedir uma "transição controlada". O Brasil atrasou-se.
Por um motivo singelo: não é prudente colocar todas as fichas numa única casa do pano verde enquanto a roleta ainda gira.
É a realpolitik. As relações econômicas do Brasil com o mundo árabe vão de vento em popa e a posição mais pragmática pede sensatez, para esperar a definição de quem vai acabar controlando o manche da revolução na terra dos faraós. A típica situação em que tentar não errar talvez valha mais do que buscar acertar antes dos outros.
Os Estados Unidos querem no Egito evitar o surgimento de uma potência regional inimiga. E as realidades da vida acabaram mostrando que só engrossar a onda talvez não seja o mais adequado, diante da hipótese de ascensão política do radicalismo na maior nação árabe.
Os americanos têm cacife para pelo menos tentar interferir, por serem um íntimo aliado da nação egípcia nas últimas décadas. Especialmente no terreno militar.
Por justiça, é o caso de notar que a cautelosa posição americana tem amplo respaldo no mundo árabe, ou pelo menos nas cúpulas. E atende também, pelo visto, às aspirações brasileiras. Para o Brasil, mais importante agora é sustentar uma paz e um equilíbrio político regionais que não esgarcem os elos econômicos.
Pelo menos é o que parece.
Sim, mas e os direitos humanos? No momento, talvez seja o caso de, discretamente, relativizar. O Brasil pode fazer essa operação a um custo político algo baixo, já que ninguém está prestando muita atenção à nossa atitude.
Ainda que, por azar, uma nova cúpula entre os países árabes e sul-americanos venha agendada bem nestes dias. Mas nada que diplomacia competente não possa contornar. Basta recorrer à ferramenta tradicional de só expressar os consensos.
Os americanos não têm essa sorte. Precisam a toda hora dizer o que acham, quem apoiam. Tomar posição. É dura a vida da superpotência.
Os sinais exteriores fazem crer que Dilma busca um ajuste fino no alinhamento brasileiro no Oriente Médio, posição que nos anos recentes andou se afastando do saudável e tradicional centrismo. Metemo-nos um pouco demais em assuntos que não nos dizem respeito diretamente.
Talvez porque a diplomacia brasileira tenha abordado a realidade ali com os parâmetros do senso comum, e concluído que o custo-benefício de se meter seria razoável.
Justiça seja feita, o Brasil errou em excelente companhia quando adotou a centralidade absoluta do tema Israel-Palestina e subestimou o potencial explosivo do déficit de democracia, prosperidade e justiça social nas maiores nações árabes.
Como toda crise é também uma oportunidade, talvez seja o caso de aproveitar a aprender (mais) uma lição com os chineses. Inteligente é fazer negócios com todo mundo e guiar a política externa pelo velho e eficaz princípio da não ingerência.
A não ser, naturalmente, quando a autodeterminação alheia pode afetar a nossa mais do que seria suportável.
O Brasil tem as melhores condições para promover os direitos humanos em escala global. Mas se não estiver acoplada ao princípio da não ingerência, a coisa acaba assumindo ares de armadilha. O risco é ser forçado a defender os direitos humanos em uns casos e não em outros, com a decorrente desmoralização.

JANIO DE FREITAS

Um dia inquietante
JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/02/11

Hoje o Egito amanheceu sob uma tensão que se espraiou por uma grande parte do planeta


A ESPERADA MANIFESTAÇÃO de 1 milhão de egípcios logo mais, convocada durante as últimas 48 horas apesar das múltiplas ações de repressão, tende a fazer de hoje um daqueles dias cruciais na inconvivência entre o poder e o sonho dos comuns.
As hipóteses não são muitas. Na mais corriqueira, os militares -chefes e principais beneficiários internos de mais de meio século de ditadura- ocupam os espaços de protesto e o impedem de alcançar a expressão pretendida. É um processo bem conhecido. A indignação não cessa: a regra é que repita a tentativa, sob prisões a granel, ou se volte para gerar formas violentas de oposição, entre a desordem do vandalismo e o recurso às armas. A ditadura brasileira conheceu esse processo, e até hoje não pode encará-lo nem para a história.
Outra possibilidade está também na regra muitas vezes confirmada. Os interesses depositados na ditadura de Mubarak, os internos e os externos, dão-lhe a determinação de resistência já sinalizada que, tudo faz crer, não é incapaz nem sequer de adotar o morticínio cego e sem limite, para abater o ímpeto opositor. Não há continente que tenha escapado a esse horror.
A superação das forças repressoras pelos manifestantes, por contenção espontânea dos soldados ou de parte deles, está entre as possibilidades de hoje. Leve, ou não, a consequências diretas sobre a persistência de Mubarak.
Mas daí, ou de ocorrências futuras semelhantes, deve-se ir à expectativa do que possam ser as reações externas. E cabem as mais variadas possibilidades nesse capítulo. Não só porque interesses poderosos podem sentir-se em risco, mas também por haver no Oriente Médio braços disponíveis, e muito bem armados, para agir como extensões de corpos alheios.
E quem, a respeito, pensar em Israel, não deve se esquecer da Arábia Saudita e da Jordânia, que tremem ante a perspectiva de um regime democrático no Egito.
Em caso de democratização egípcia, tem sido muito citado o perigo, para Israel, de perder o acordo de paz que obteve com o Egito, sua única conquista diplomática no mundo árabe. Não se nota, porém, razão alguma para que o Egito democrático não mantivesse, ou não refizesse, o acordo de convivência com Israel.
Democratizado, o Egito estaria muito mais afinado com Israel do que com as ditaduras árabes. O que é atestado pela experiência de convívio proveitoso que Israel teve com a Turquia (aliada dos árabes) até o seu recente ataque aos barcos turcos a caminho da Faixa de Gaza.
Hoje o Egito amanheceu sob uma tensão que se espraiou por grande parte do planeta.

NO PROGRAMA
Já houve algumas insinuações, mas talvez ainda convenha dizer que o encontro de Dilma Rousseff com as Mães da Praça de Maio foi por proposta argentina. Aceita como deveria por bons motivos, mas não sua, nem da diplomacia brasileira.

VLADIMIR SAFATLE

A religião como farsa
VLADIMIR SAFATLE
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/02/11

Há algo de patético em parte dos analistas internacionais e nacionais que, diante da revolta no Egito, só conseguem se lembrar do risco do advento de um governo islâmico. Parece que de nada adianta lembrar que o que se ouve na Tunísia e no Egito são palavras de ordem pedindo democracia, fim do arbítrio, liberdade.
Palavras vindas, principalmente, de jovens que não veem futuro em regimes que misturaram ditadura e liberalismo econômico.
Também não adianta lembrar que, na Tunísia, o maior movimento organizado por trás da revolta é um sindicato (União Geral dos Trabalhadores da Tunísia) e, no Egito, o grupo religioso Irmandade Muçulmana é apenas uma dentre as várias organizações presentes nas manifestações.
Organização que não está na origem das manifestações e que sequer tem um líder capaz de capitalizar os protestos.
Na verdade, precisamos desesperadamente da narrativa que consiste em dizer que, no mundo árabe, só pode haver ou regimes teológico-políticos ou "autocracias" amistosas.
Afinal, como justificar que durante 30 anos nós, arautos dos direitos humanos, apoiamos um regime despótico, com eleições de fachada, assassinato de opositores, censura rígida e plutocracia? Só mesmo inventando que, se não fosse isso, teríamos que engolir o fundamentalismo islâmico.
Mas vejam que engraçado.
Se há um regime no mundo árabe que impôs à vida social um código jurídico totalmente religioso, regime onde os direitos das mulheres, das minorias e as liberdades individuais são massacrados, esse é a Arábia Saudita.
Comparado aos sauditas, os iranianos vivem numa democracia escandinava. Mas você nunca ouviu uma liderança ocidental criticar o regime saudita. O problema do Ocidente não é com a junção reacionária entre religião e política. O problema é com a distinção, digna de Carl Schmitt, entre "amigo" e "inimigo".
O que talvez certos governos ocidentais realmente temam é o aparecimento de um governo laico, democrático, de grande participação popular, mas que não está disposto a submeter-se aos interesses econômicos e geoestratégicos das potências que sempre viram aquela região do mundo como seu "protetorado".
No entanto é isso o que realmente pode acontecer no momento. As comparações com a queda da cortina de ferro no Leste europeu são justificadas. Só que, nesse caso, os árabes usam nossos valores para mostrar que ninguém no Ocidente os levava a sério.
Senão, como explicar uma pérola como a fornecida pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Binden: "Não podemos chamar Mubarak de ditador". Bem, Joe, e como você prefere chamá-lo? De grande amigo e estadista com mãos sujas de sangue?

BENJAMIN STEINBRUCH

Mediocridade e desemprego
BENJAMIN STEINBRUCH
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/02/11

Neste início de governo, o Brasil está envolvido por um discurso conservador que pode fazer muito mal


VÃO SAINDO aos poucos as estatísticas econômicas de 2010 sem deixar nenhuma dúvida de que o país viveu um ano excepcional. Depois de algumas décadas, a velocidade do PIB brasileiro voltou a superar 7%, mostrando quanto é confortável o crescimento econômico.
Nada espelha melhor esse conforto do que o emprego. No ano passado, foram criados 2,5 milhões de vagas formais na economia brasileira. Mas o importante não é o número.
Importante é que o país vive um momento de pleno emprego, situação que contrasta com a dos países industrializados -apesar da volta do crescimento, 203 milhões de pessoas continuarão desempregadas no mundo até o fim deste ano, entre elas 78 milhões de jovens.
Não custa lembrar que o objetivo do crescimento econômico é o bem-estar da população. Então nada pode ser mais reconfortante do que observar que o ritmo de expansão da produção brasileira proporciona emprego e renda a quase todos os que se apresentam ao mercado de trabalho.
Não quero encher o leitor de números e sim ressaltar que o país só chegou a esse bom momento em matéria de emprego e renda por razões muito objetivas.
Só foi possível viver esse momento porque o país acreditou na importância de estimular o crédito e o consumo em plena crise global. Mecanismos de concessão de crédito foram criados para sustentar vendas em vários setores, principalmente na indústria automobilística, na eletroeletrônica e na construção civil.
Esse momento só foi possível, também, porque o BNDES desempenhou bem seu papel de estimulador de desenvolvimento econômico em 2009 e 2010. No ano passado, ampliou em 25% seus desembolsos, para um total de R$ 168,4 bilhões.
Só foi possível porque a Petrobras, em setor estratégico, tocou pesados investimentos -fez capitalização de US$ 67 bilhões- e ampliou sua produção e faturamento, a ponto de se pôr em terceiro lugar entre as maiores petroleiras do mundo.
Só foi possível ainda porque o setor privado, olhando a expansão da demanda, acreditou e investiu no aumento da produção.
Foi possível, enfim, porque se criou um marketing favorável ao Brasil, que aliás começou lá fora e se espalhou internamente. A comunidade internacional começou a falar bem do Brasil e os brasileiros passaram a acreditar em seu potencial.
Todo esse introito se destina a observar que o país está, neste início de governo, envolvido por um discurso conservador que pode fazer muito mal aos brasileiros.
Esse discurso dominante tem o poder de adicionar pessimismo e impulsionar decisões radicais que podem corroer o bom momento da economia. Se fosse dar ouvido a esse discurso durante a crise, o país teria recuado para uma posição defensiva e, seguramente, caminhado para um desastre.
Não se trata de negar valor a políticas de austeridade fiscal e monetária -elas são necessárias para controlar a inflação, conter gastos correntes e concentrar recursos em investimentos. Trata-se de evitar radicalismos perniciosos na condução dessas políticas.
Dez em cada dez analistas do mercado financeiro queriam que o Banco Central subisse os juros na primeira reunião do governo Dilma. E o BC fez isso.
Depois, o mercado continuou e continua pedindo mais juros. Mas será que essas elevações são realmente indispensáveis? Será que os juros brasileiros, já altos demais -6% ao ano em termos reais-, não estão na base do torturante problema cambial do país? O risco da predominância do discurso conservador é que ele pode levar a um desaquecimento indesejável da economia, com a volta de todos os problemas que o país enfrentou no passado recente.
A indústria já trabalha em ritmo mais lento em janeiro, o crédito já foi reduzido em todos os setores, do consignado ao de veículos. As taxas de juros no financiamento ao consumidor já deram um salto. O investimento público, inclusive em programas sociais, já sofreu uma freada. E o BNDES está sob pressão para emprestar menos. Essa avalanche radical-conservadora, se continuar, vai acabar por derrubar a confiança dos agentes econômicos. E já sabemos como é o fim desse filme: crescimento medíocre e desemprego.

VINICIUS TORRES FREIRE

Pão, PIB e pobreza no Egito
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/02/11

No norte da África, efeito do "boom" chinês e emergente foi capturado pela elite; aos pobres, restou o pão caro

OS PRIMEIROS RELATOS melhores e locais da revolta no Egito dão conta de uma história muito diferente do conto de fadas "tech" de jovens estudantes trocando mensagens pela internet, "em rede", convocando "smart mobs". Em vez de investigar o que de específico na sociedade e no momento egípcios levou multidões a enfrentar a polícia, observadores ocidentais inventam uma fábula centrada no que entendem, em termos culturais e geracionais, quase uma fábula etnocêntrica: houve uma revolução porque os jovens lidam com gadgets de uma das indústrias de ponta dos Estados Unidos.
Mas esse estudante da revolta egípcia é mais comumente membro de, para nós, exóticas famílias extensas, quase sempre muito pobres, sustentadas por alguns poucos adultos mais bem empregados, e que inclui alguns jovens que concluíram seus estudos, mas não têm emprego, além de uma grande quantidade de "primos" menos instruídos, desempregados ou subempregados. Não se trata de um universitário ocidental clichê, munido de iPhone e dado a ficar teclando em seu quarto.
Esses filhos algo mais educados do grande boom demográfico egípcio veem de perto a miséria dos seus parentes vivendo nas muitas quase-favelas do Cairo, quando eles mesmos não vivem por ali. Essa geração, de resto sem perspectivas pessoais, cresce num período de aumento da desigualdade econômica, coincidente com anos de crescimento mais acelerado da economia egípcia e de aumento forte do custo de vida para os mais pobres: não é muito simplório dizer que falta pão.
Num quadro muito geral da ordem ou desordem das coisas, um dos fatores imediatos da revolta no norte da África é efeito da mundialização acelerada pela China. Ou seja, do aumento do consumo e do preço de matérias-primas em países emergentes, países que se beneficiam também da transferência de unidades produtivas do mundo "rico", setores que não são mais capazes de concorrer com as fábricas do complexo China e cia.
Tal efeito China beneficiou quase todo o mundo pobre, mas de maneira desigual (tanto inter como intranacionalmente). O crescimento econômico se acelerou até na África, mas houve aumento de desigualdade sem redução de pobreza, e a vida de quem vegeta na subsistência, à base de pão ou similar, piorou. Note-se, além do mais, que a inflação da comida causada pela demanda forte foi ainda impulsionada pela especulação com commodities no mercado financeiro mundial e pelos biocombustíveis feitos com grãos.
O Egito é um caso emblemático da combinação do efeito China com inércia social e autoritarismo político. Houve "reformas liberais" precárias e limitadas, combinadas à manutenção de um assistencialismo muito rudimentar. A elite que comanda a autocracia ou vive de seus favores foi capaz de apropriar os frutos da privatização limitada combinados aos benefícios derivados do consumo de China e emergentes. Mas não houve renovação da estrutura econômica. Não há perspectivas para a massa que acaba de ficar adulta e teve um pouco mais de escola. Não há canais políticos para dar voz aos largados na lata do lixo da história do assistencialismo, para os 40% de pobres do país, ainda mais pobres nos últimos dois anos simplesmente porque o pão ficou mais caro.

JOSÉ SIMÃO

Socuerro! O Egito vira Agito!

JOSÉ SIMÃO 

FOLHA DE SÃO PAULO - 01/02/11

E eu vou trocar o Mubarak por 300 camelos! Vamos mandar aquela múmia do Sarney pro Egito?!
BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
E esse calor? BAFO DOS INFERNO! Sensação térmica: "Quero morrer"! A Argentina não serve mais nem pra mandar frente fria?! E tem gente indo mais cedo pro trabalho.
Pra aproveitar o ar-condicionado da firma. Ou então dá aquela entradinha num banco, finge que tem conta, só pra filar o ar-condicionado. E aqui em casa é o ar-condicionado ecológico: um respirando na cara do outro. Um aspira e o outro expira!
E já tem urubu voando com uma asa só, a outra ele usa pra abanar. Rarará! E um amigo meu foi dormir pelado no terraço e perguntou pra mulher: "Querida, se eu aparecer pelado no terraço, o que os vizinhos vão dizer?". "Que eu casei por dinheiro!" Rarará!
E o Egito? O Egito mudou de nome pra AGITO! Agito. Capital, Cairo! A PANELA ESTOUROU! A pirâmide caiu! E o Mubarak? Vocês viram a foto do ditador? Com aquele cabelo tingido negro-corvo? Acho que todo dinheiro da corrupção foi pra tintura do Mubarak! E o site Eramos6 diz que na confusão acharam o corpo de um tal de Ramsés que, pelo jeito, deve ter apanhado bastante, estava todo enfaixado. Rarará!
E saquearam duas múmias do Museu Nacional: a Hebe e o Nelson Rubens. Rarará!
E o único que está obedecendo o toque de recolher é o Mubarak! Passei o fim de semana grudado na CNN, o "BBB" egípcio. O problema é o fuso horário. Qual o fuso horário do Egito? Cinco mil anos! Rarará!
Muito mais animado que esse nosso "Big Bagaça Brasil". Bem, até o Carnaval em Curitiba tá mais animado que o "Big Bródi"! E eu vou trocar o Mubarak por 300 camelos! Vamos mandar aquela múmia do Sarney pro Egito?!
O brasileiro é cordial! Mais uma do Gervásio. Cartaz na empresa em São Bernardo: "Se eu descobrir quem surrupiou os R$ 10 que estavam na minha mesa ontem, vou amassar a cara desse político gatuno no balancim até ficar roxo como um avatar. Conto com todos. Assinado: Gervásio".
O Gervásio tá politizado! Um leitor seguiu a escola do Gervásio e pendurou no clube: "Se eu pegá o jagunço que fica assobiando "Asa Branca" desafinado no vestiário masculino da piscina do Clube Pinheiros, vou enfiá um apito no traseiro dele". A situação está ficando egípcia. Nóis sofre mas, nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

CELSO MING

Trato é trato
Celso Ming 
O Estado de S.Paulo

A presidente Dilma Rousseff cumpriu ontem sua primeira visita de chefe de Estado ao exterior. Na Argentina, encontrou-se com a presidente Cristina Kirchner, assinou contratos e recebeu as mães da Plaza de Mayo.

O Itamaraty bem que se esforça para passar a impressão de que, na condição de pueblos hermanos e tal, as relações Brasil-Argentina são também inabaláveis e tal. Mas as relações comerciais continuam tensas, eivadas de provocações, quebras de acordos e muitas tentativas, por parte dos argentinos, de testar até onde vai a tolerância do Brasil.

A todo momento, seu governo sapeca restrições às exportações brasileiras. Os argentinos amontoam um punhado de lamúrias. Queixam-se de que a balança comercial entre os dois países é amplamente favorável ao Brasil, o que é verdade (veja gráfico). Na falta do que dizer, alegam que as condições entre os dois países são assimétricas, sempre desfavoráveis a eles e que precisam de compensações de maneira a evitar a asfixia do empresário argentino.

Houve um tempo, ao final da década de 90, em que argumentavam que o Brasil mantinha excessivamente desvalorizado o real, o que tornava a competição comercial tremendamente desleal. Durante o governo Carlos Menem, o ministro da Economia Domingo Cavallo chegou a dizer que o Brasil manipulava o câmbio para reduzir o vizinho à mendicância. Mas, hoje, nem essa milonga podem evocar, porque o real está fortemente valorizado não só em relação ao peso argentino, mas também a todas as moedas fortes.

Os industriais argentinos listam outras reclamações. Que o mercado brasileiro é muito maior, o que não é verdade, porque Argentina e Brasil fazem parte da mesma área de livre comércio e a soma dos dois mercados está disponível para os sócios do Mercosul em igualdade de condições.

Chegaram mesmo a afirmar que o BNDES é um fator de assimetria porque concede financiamentos a empresas brasileiras a que as empresas argentinas não têm acesso.

Afirmam também que, ao contrário do que acontece com o empresário brasileiro, não contam com financiamentos externos. E nesse ponto têm razão porque, depois do megacalote da dívida externa argentina, credor nenhum tem boa vontade com eles.

O problema é que os argentinos têm lá seus enroscos em matéria de competitividade, que começam pela própria política econômica do governo. O tabelamento de preços e salários mais o confisco das exportações (retenciones) inibem os investimentos, especialmente em infraestrutura e energia. Esse fato, por sua vez, se soma à manipulação das estatísticas de inflação, que deforma tudo e cria outras inseguranças para quem produz.

Durante seus oito anos de mandato, o presidente Lula foi leniente com a falta de disposição dos argentinos de cumprir contratos. Aguentou pachorrentamente as provocações. Mas Dilma parece ter saído de Brasília em direção a Buenos Aires com outra atitude.

Avisou que, malgrado todas as diferenças, trato é trato e que precisa ser cumprido. Foi um jeito de matar logo no ovo a disposição portenha de seguir aprontando e depois compor longas milongas com a certeza de que serão sempre atendidos.

"Sem atipicidades"
Até o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, passou o recibo de que o governo fez coisas esquisitas na administração das contas públicas. Ele usou um eufemismo. Disse esperar que, em 2011, o governo cumpra a meta cheia "sem tanta atipicidade".

JOSÉ PASTORE


Avanços nas relações do trabalho

José Pastore
O Estado de S. Paulo - 01/02/2011

O que se pode fazer quando um chefe reiteradamente abusa do seu poder e maltrata, ataca, persegue, segrega, desdenha, despreza, desrespeita e humilha os seus colaboradores? Como fazer valer os legítimos direitos dos empregados numa situação de assédio moral ou sexual?
Há dois caminhos: o da justiça e o do entendimento. O primeiro é complexo e demorado: processos, provas, audiências, advogados, etc. O segundo é simples, mas inseguro. As vítimas de assédio que pretendem reclamar têm medo de perder o emprego ou de serem preteridas. Por isso, para a grande maioria dos empregados, o assédio moral ou sexual constitui um pesadelo intransponível.
O bom senso diz que, em lugar de remediar, o ideal é inibir a ocorrência desses fatos. Como fazer isso? O caminho é a negociação direta entre as partes.
Na semana que passou, por ação inteiramente voluntária, dirigentes sindicais dos bancários e representantes dos banqueiros firmaram um histórico acordo que tem por objetivo evitar a ocorrência e a propagação de atos de assédio moral. Tudo foi feito pela via do entendimento. Minutas e mais minutas foram estudadas e negociadas para se chegar a um bom sistema de prevenção de conflitos.
O acordo estabeleceu regras de respeito mútuo no ambiente de trabalho. As partes serão propelidas a seguir essas regras por causa de forças sociais e econômicas que estão por trás delas. Como funcionará?
O funcionário que se sentir atingido terá à sua disposição um canal de denúncia e um ritual de reclamação que exercem uma forte pressão sobre o agressor. O sigilo será mantido para ambos os lados e o banco terá um prazo curto - 60 dias - para agir e corrigir os desvios de conduta, o que na Justiça demoraria anos.
Por trás da pressão social, há também uma poderosa força econômica. A propagação de atos de assédio denigre a imagem dos bancos ante os funcionários e, sobretudo, entre os seus clientes - o que é intolerável em um ambiente crescentemente concorrencial, como é o caso do mercado financeiro.
Essas duas forças estão presentes nas expectativas dos consumidores dos dias de hoje. Pesquisa realizada pelo Instituto Akatu em parceria com o Ethos mostrou que a dimensão da responsabilidade empresarial mais valorizada pela população brasileira cai no campo das relações do trabalho. Mais especificamente, a maioria das pessoas vê com bons olhos as empresas que praticam políticas de respeito à dignidade e à diversidade dos seus empregados, que combatem o trabalho infantil e os demais tipos de discriminação.
Outro estudo, realizado pelo Instituto Norberto Bobbio da Bolsa de Valores de São Paulo, revelou que os empregados têm um alto apreço pelas empresas que cumprem adequadamente com suas responsabilidades sociais, em especial, no campo do trabalho.
A conjugação dessas forças tende a levar as empresas a cultivarem um ambiente de trabalho cada vez mais saudável e guiado pelas normas da ética e das leis. Isso deve ocorrer no caso do acordo dos bancos.
Do lado dos reclamantes, o fato de o acordo exigir a identificação e a tipificação de casos concretos induz os funcionários a reclamarem com um alto senso de responsabilidade, afastando-se os oportunistas que buscam tirar vantagens de qualquer circunstância - o que equivale à litigância de má-fé na esfera judicial.
Essa simetria de direitos e deveres é de fundamental importância para amadurecimento da cooperação e do respeito entre empregados e empregadores.
O acordo firmado merece ser observado. Desde já, porém, ele surge como um grande avanço. Oxalá tal prática se multiplique para outras áreas das relações do trabalho e contribua para reduzir o ambiente de desconfiança que ainda reina na maioria das empresas e para inibir a expansão da grande "indústria de danos morais", que hoje floresce na Justiça do Trabalho do Brasil.

PROFESSOR DE RELAÇÕES DO TRABALHO DA FEA-USP

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Big Mouth
Sônia Racy
O Estado de S. Paulo - 01/02/2011

Andre Esteves, do BTG, incorreu em um erro no início das conversas com Silvio Santos. Na tentativa de convencer o apresentador a vender seu Banco Panamericano deu, involuntariamente, munição extra a SS. Disse que as condições de juros e prazos acertados com Fundo Garantidor de Crédito, no empréstimo de R$ 2,5 bilhões, significavam gigante "economia" na comparação a um empréstimo normal, obtido a taxas de mercado. Chegou a falar em uma diferença de quase R$ 900 milhões.
SS gravou este número. E se apegou às palavras de Esteves para exigir mais e mais, tentando deixar seus outros negócios fora da transação.
Esteves se esqueceu que SS tem perfil completamente oposto ao seu. O banqueiro é absolutamente técnico, frio, objetivo e matemático. Já o apresentador foi mascate, é bom de conversa e sabe pouco, muito pouco, sobre a lógica do mercado financeiro.
Difícil convencê-lo de que os R$ 900 milhões simplesmente não... existem.
Estado de alerta
Servidores temporários do Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Instituto Chico Mendes, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais acordaram aliviados. Tiveram seus contratos de trabalho prorrogados até dezembro deste ano. Graças à MP assinada por Miriam Belchior na sexta-feira.
Como neste caso muitos são admitidos sem prova, teme-se que, a longo prazo, práticas como esta sirvam para burlar concursos públicos, como explica Carlos Ari Sundfeld, da área de Direito Público.
Sine die
José Graziano tinha reunião hoje com integrantes do governo Mubarak no Cairo. Tudo para pedir o voto do Egito para dirigir a FAO (órgão da ONU para agricultura).
Desistiu. O governo local mandou avisar que não haveria ninguém para recebê-lo. O país árabe é considerado peça-chave nesta costura.
Corpo a corpo
Ontem, véspera da posse do sindicalista Marco Maia na presidência da Câmara, a Força Sindical preparou plano de guerra. Acampados no desembarque do aeroporto de Brasília, entre balões e cartazes, militantes abordavam parlamentares para convencê-los a votar pelo salário mínimo de R$ 580.

Assaltante aprendiz
Cidadão foi abordado, anteontem, por assaltante armado. Até aí, nenhuma novidade. O curioso é que o ladrão de meia idade surgiu com um criança em treinamento. O menino agia conforme orientação: "Primeiro abre a pasta", "agora pega o cartão", explicava.
Deve tratar-se de nova modalidade de violência em Sampa.
Centroavante
A homenagem que Lula recebeu na partida do São Bernardo contra o Corinthians, anteontem, pelo Campeonato Paulista, foi além do título sócio vitalício do clube e da camisa com o seu nome.
O time do ABC não escalará mais nenhum jogador com o número 13 às costas. O privilégio é agora exclusividade do ex-presidente.

Direto da SPFW
Entrevista de uma frase só
Ordem dos agentes de Ashton Kutcher: somente três repórteres poderiam se dirigir ao ator no camarim da Colcci, anteontem. Dentre eles, o desta coluna. Mesmo assim, cada jornalista só poderia fazer uma pergunta. Uma. "Convocados" a entrar numa sala, sem água nem banheiro, a espera foi de... três horas e meia.
No ínterim, passaram por lá Alessandra Ambrósio, coestrela da próxima campanha da grife, e Gisele Bündchen. Não quiseram conversa, tinham de se maquiar para o desfile. Do lado de fora, ouvíamos fotógrafos assobiando: estavam posicionados desde às 17h.
Ashton, cercado de seguranças e assessores, chegou finalmente às 21h30 e foi vaiado pelos fotógrafos pelo atraso. Demi Moore correu para ser maquiada. Ele, simpático, aparenta menos que seus 32 anos. Ela, corpo impecável para 48. A pergunta, então:
Ashton, o que você faria sem o Twitter hoje em dia, considera-se um "Twitter dependente"?
(risos) Acredito que as redes sociais são uma excelente maneira de integrar pessoas de diferentes países e culturas. E, como se vê agora (com as recentes manifestações no Egito), uma poderosa ferramenta.
E só. Hora de sair.
JOÃO LUIZ VIEIRA

Na frente
João Carlos Martins e a Orquestra Filarmônica Bachiana do SESI abrem a temporada de concertos do Lincoln Center. Dia 25 de setembro, em NY.
Ao embarcar para Kilimandjaro, pela South African, uma passageira foi obrigada a despachar suas malas diretamente, apesar de ter que voar também pela Kenya Airlines e Precision Air. Resultado: sua bagagem sumiu e ninguém se responsabiliza.
A pré-estreia do filme Cisne Negro é hoje no Cinemark do Shopping Iguatemi.
A mostra de fotos A Divina São Luiz do Paraitinga, de Nana Vieira, abre hoje. No Sesi Vila Leopoldina.
Quem diria. O restaurante Freddy em SP comemora... 76 anos de existência.

ILIMAR FRANCO

Oposição quer CPI
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 01/02/11

O dossiê produzido por petistas sobre a gestão de Furnas vai ser usado pela oposição para pedir a abertura de uma CPI. O deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) vai começar a coletar as assinaturas hoje. Presidente da Eletrobras no governo FHC, Imbassahy tem sido procurado por funcionários da empresa, mas destaca: “O dossiê entregue por Jorge Bittar ao ministro Luiz Sérgio é um subsídio importante para a proposta de CPI”.

PADRINHO. Com a mudança do presidente da República, o governador do Rio, Sérgio Cabral, assumiu uma posição ímpar por manter seu prestígio. Nestes dias, a presidente Dilma Rousseff vai anunciar o jurista que vai substituir Eros Grau no STF. O indicado por Cabral, o ministro Luiz Fux (STJ), será nomeado para a vaga. Fux presidiu, em 2010, a comissão de juristas que propôs mudanças no Código de Processo Civil.

Malas prontas
O governador Raimundo Colombo (SC) pretende trocar o DEM pelo PMDB. Seguirá os passos do prefeito Gilberto Kassab (SP). O partido ficará somente com uma governadora, Rosalba Ciarlini (RN). A oposição está ficando à míngua. 

“É. O seu José acha que todo mundo esqueceu o que ele fez na campanha. O seu José fica tumultuando” — Eduardo Jorge Caldas Pereira,vice do PSDB, numa conversa sobre a sucessão no partido O MINISTRO Edison Lobão (Minas e Energia) afirmou ontem que é “muito provável” que Flávio Decat seja nomeado para presidir Furnas. “Ele tem a minha confiança e a da presidente”, justificou.

A SENADORA Ana Amélia (PP-RS) foi escolhida pelo presidente do PP, Francisco Dornelles (RJ), para ser a vice-líder do partido no Senado.

A SECRETÁRIA de Estado americana Hillary Clinton ligou para o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) no sábado. Conversaram sobre o Haiti.

A maturidade de Dutra
A bancada de senadores do PT estava com reunião marcada ontem para decidir o imbróglio sobre quem começará o rodízio na vice-presidência do Senado: Marta Suplicy (SP) ou José Pimentel (CE). Mas o presidente do PT, José Eduardo Dutra, achou que aquilo não era razoável e mandou os dois se entenderem sozinhos. “Eles têm que ter maturidade. Decide na porrinha”, sugeriu o presidente do partido.

Pragmatismo

Ao lançar candidato à presidência do Senado, o PSOL cumpre papel abdicado por DEM e PSDB. “O PSDB respeitará a proporcionalidade, senão não teria participação na Mesa e nas comissões”, disse o senador Álvaro Dias (PR).

Carandiru

Ao defender a construção de novo prédio, o deputado Sandro Mabel (PR-GO), candidato à presidência da Câmara, comparou o anexo III a um presídio: “É um absurdo a condição dos gabinetes do anexo III. Foi apelidado até de Carandiru”.

Núcleo duro
A presidente Dilma Rousseff já tem seu núcleo duro. Seus três mosqueteiros são: Antonio Palocci (Casa Civil), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e Helena Chagas (Secom). Para esses, mais que para outros, vale a lei do silêncio. 

Bittar: “Não tornei público o documento”
O petista Jorge Bittar explica por que entregou um dossiê, contra a atual gestão de Furnas, para o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais): “Funcionários de Furnas me procuraram. Entreguei um documento feito por eles para o ministro Luiz Sérgio. Fiz isso porque se trata de coisa séria, sobre pessoas que tomaram essa empresa e não executam as melhores práticas Não se trata de mera disputa pelo poder Não tenho nada contra o PMDB” O secretário municipalde Habitação do Rio não gostou da informação de que o Palácio do Planalto está irritado com sua atuação em Furnas, que envolve a substituição da atual diretoria.

MERVAL PEREIRA

Os G-20
Merval Pereira
O GLOBO - 01/02/11

O economista Nouriel Roubini, professor de economia na Universidade de Nova York, que ganhou notoriedade por ter sido talvez o único a antecipar a crise financeira que abalou os mercados mundiais nos últimos anos, tem uma visão pessimista da atuação do G-20, o grupo que reúne as maiores economias do mundo, afirmando que há "um completo desentendimento" no que chama de G-Zero.

No Fórum Econômico Mundial de Davos, Roubini lamentou que não existam hoje no mundo lideranças que possam organizar a ação internacional para enfrentar a crise, que ainda está presente.

Essa, porém, não é a opinião predominante entre os principais executivos e autoridades que andaram na semana passada pelo Fórum de Davos.

O papel do G-20 de coordenar uma resposta efetiva à crise financeira global que estourou em 2008 foi considerado exitoso pela maioria dos presentes que, ao contrário, consideram que o organismo internacional ganhou corpo para enfrentar uma tarefa mais complexa, que representa um desafio até maior: assegurar a estabilidade e uma recuperação econômica sustentável.

Para isso, o G-20 terá que tomar medidas que previnam uma próxima crise sistêmica. Essa foi a conclusão genérica de um painel realizado no Fórum Econômico Mundial em Davos, coordenado pelo jornalista Michael J. Elliott, editor da revista "Time" e que teve a presença, entre outros, de Tony Clement, ministro da Indústria do Canadá; Cui Tiankai, vice-ministro Relações Exteriores da China; e Mari Elka Pangestu, ministro do Comércio da Indonésia.

O desafio mais sensível é a regulação dos mercados financeiros internacionais, uma prioridade já anunciada pelo presidente francês Nicolas Sarkozy, que preside o grupo este ano.

Houve um consenso na mesa de debates: os líderes do G-20 terão que ser cautelosos em relação à regulação dos mercados financeiros, pesando bem os custos dessa regulação e o potencial destrutivo de suas consequências. Tão importante quanto a regulação deve ser a criação de mecanismos que façam com que o sistema seja resistente a futuras crises, como uma rede de proteção para países vulneráveis a choques externos e fuga de capitais.

Há um entendimento generalizado, contrariando a visão de Roubini, apelidado de "Mr. Catástrofe" por seu pessimismo, de que o G-20 representa um passo gigantesco em termos de governança e cooperação internacionais, embora haja críticas quanto à sua representatividade.

Em particular, há a sensação de que a África deveria estar mais representada no grupo, enquanto a Europa está super-representada.

Também as economias emergentes precisam ter papéis mais afirmativos no FMI e no Banco Mundial, a partir de suas presenças no G-20.

Acima de tudo, diz um resumo do debate no Fórum Econômico Mundial, o G-20 tem que evitar ser um " clube exclusivo", encarando os problemas globais que interessem a todos os países, e não apenas aos interesses específicos de seus membros.

De qualquer maneira, o G-20 transformou-se em pouco tempo em um organismo importante e teve um papel fundamental de prevenção na crise financeira de 2008, restaurando um mínimo de senso de estabilidade coordenando uma expansão fiscal sem precedentes de cerca de US$5 trilhões.

O G-20 que reúne as maiores economias do mundo, na definição do embaixador Roberto Abdenur, é mais relevante "e agora se ergue, no complicado esforço de administrar a crise e tentar proceder de maneira consensual a um rearranjo do poder decisório sobre a economia internacional". Na avaliação de Abdenur, porém, o G-20 comercial surgido há vários anos no seio da OMC, no contexto das negociações da Rodada de Doha para o Desenvolvimento, teve sua importância.

Iniciativa de Brasil e Índia, reuniu 20 países em desenvolvimento, irmanados num objetivo comum: a luta contra os subsídios agrícolas praticados pela UE, EUA e muitos outros países desenvolvidos.

Para além disso, congregava o grupo o sentimento de que a agenda agrícola não poderia ser jogada de lado, como havia ocorrido na Rodada Uruguai.

O G-20 se dividiu quando da apresentação, em meados de 2008, de um pacote de conciliação. O Brasil aceitou a iniciativa, Índia e China se opuseram fortemente, pois, ao contrário do Brasil, têm postura defensiva no que se refere a acesso a seus mercados agrícolas, o que resultou no fracasso das negociações.

Embora volta e meia seja anunciada a retomada das negociações da Rodada Doha, e este ano em Davos não foi diferente, Abdenur diz ironicamente que ela está "em estado de coma meio criogênico, à maneira da tripulação da nave do Avatar. Talvez algum dia volte ao planeta Terra, e se reanime. Mas isso, nas presentes circunstâncias, ainda vai demorar".

O outro G-20 é aquele que agora reúne o G-7/8 - que sobrevive, dedicado agora a questões da paz e segurança internacionais - e outros 12 países, todos eles emergentes, entre os quais China e Índia, os mesmos que discordaram do Brasil na rodada do G-20 comercial de 2008.

Agora, esses mesmos países estarão discutindo a agenda do presidente francês Nicolas Sarkozy, que prioriza a regulamentação dos mercados financeiros internacionais e também o mercado de commodities, inclusive o de alimentos, e provavelmente estarão unidos novamente para defender seus interesses específicos.

Esse G-20 já existia há alguns anos, reunindo-se, no nível de ministros das Finanças, à sombra do FMI/Banco Mundial. O embaixador Roberto Abdenur localiza na sua origem uma ideia do então influente ministro canadense, Paul Martin.

Abdenur considera que a "revolução", em termos do reordenamento do sistema decisório, foi a elevação, ainda na Presidência de George W. Bush, do G-20 ao nível de chefes de governo, como uma maneira de encarar os problemas internacionais que estiveram na origem da crise global desatada em fins de 2008.

DORA KRAMER

A falência da elite
Dora Kramer
O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/02/11

Nunca foi tão verdadeiro o bordão da ex-senadora Heloisa Helena sobre o "balcão de negócios" que se instalara na Praça dos Três Poderes e comandava as relações políticas no Brasil.

O que há algum tempo era denúncia de uma personalidade rebelde hoje é voz corrente entre os parlamentares. Amanhã poderá - não se duvide disso - vir a ser prática reconhecida oficialmente, tal a rapidez com que se deteriora o Poder Legislativo.

Há cinco anos a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Câmara foi um ponto fora da curva. Hoje, a escolha de deputado inexpressivo junto ao público para dirigir a Casa é fato aceito, padrão incorporado. Amanhã poderá vir a representar o curso natural das coisas.

Há dois anos causou espanto a quantidade de irregularidades reveladas a partir da eclosão do escândalo dos "atos secretos", mediante os quais a diretoria do Senado fazia e desfazia ao arrepio da lei, do regimento e da transparência.

Hoje ainda não se reduziram os funcionários de confiança, afilhados políticos seguem em seus empregos, não houve punições significativas. Da reforma administrativa prometida só se conhecem os R$ 500 mil pagos à Fundação Getúlio Vargas por um projeto que deu em nada e aumento de salários.

Hoje será eleito pela quarta vez o presidente que, ao assumir o posto pela terceira vez, em 2009, passou um ano como protagonista de uma crise que revelou desvios de conduta em série e só não resultou em renúncia por interferência do então presidente da República.

Sob incrédulo desdém geral e a tolerância desarticulada de suas excelências, José Sarney (PMDB-AP) consagra-se como o mais qualificado entre os 81 senadores. Mal visto pela opinião pública, mas, no dizer dos nobres colegas, o melhor e mais indicado para presidi-los.

Aqui merecem destaque os parlamentares de oposição. Muitos, não todos, clamaram pela regeneração da Casa. Quando viram que não daria resultado, dobraram-se docemente às conveniências corporativas. E isso sem o pretexto do dever de ofício frente às exigências de uma estratégia governista.

Um exemplo: nem um pio sobre a condução da Comissão de Orçamento. É possível que tenha a ver com acerto feito com o então relator Gim Argello (antes da apressada e conveniente renúncia) para o aumento das verbas do fundo partidário? Muito provável.

Amanhã, quando surgirem novas denúncias nenhum senador poderá dizer que a cigana os enganou. Mesmo entre os que chegam agora raros são os neófitos, todos sabem muito bem por onde andam as cobras e, ainda assim, aceitam as regras tais como elas são.

O PSDB reivindica a primeira-secretaria, foco das irregularidades administrativas. É de se observar qual o objetivo do partido ao reivindicar o lugar. Irá enfrentar a corporação? Vai mudar os meios e os modos ou vai compor em troca do posto? Ali, basta não fazer coisa alguma para compactuar.

Argumenta-se que Sarney representa a estabilidade e Marco Maia, na Câmara, o respeito aos interesses da maior bancada, o PT.

Pois é de se registrar que quando a solidez de uma instituição é garantida de um lado pela figura de um político eivado de denúncias, alvo da desconfiança do público e, de outro, pelos arranjos internos de um partido, significa que foram perdidas as melhores referências.

Estaria nas mãos do Congresso recuperá-las, mas, pelo que se vê, não há o menor interesse em se desmentir o velho vaticínio segundo o qual a conformação do novo Parlamento será sempre pior que a do anterior.

Haveria tempo e sustentação na sociedade para a execução de um plano de regeneração, se houvesse vontade. Não havendo, prossegue a democracia brasileira fazendo de conta que é representativa depreciando a si ao considerar que se vê no Parlamento é o chamado "retrato da sociedade", deixando passar mais uma oportunidade de sair da trilha da ladeira abaixo.

Isso sob o olhar algo indignado, mas complacente da elite na melhor acepção do termo: da inteligência aliada ao espírito público, que fenece, mas por incrível que pareça, dela ainda há resíduo no Congresso.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Eu avisei
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/02/11

Deputados e senadores que tomam posse hoje ouvirão amanhã de Dilma Rousseff, no discurso de entrega da mensagem presidencial ao Congresso, um novo apelo em favor da austeridade administrativa e da responsabilidade fiscal. Segundo assessores próximos, a versão preliminar do texto menciona a polêmica em torno do valor do salário mínimo, um dos primeiros embates que ela enfrentará sob a nova legislatura.
Em contraponto a essa "dieta magra", a fala de Dilma enfatizará a necessidade de parceria entre os Poderes e de governar de mãos estendidas ao Congresso.

Em outra 
O tom do discurso de Dilma contrasta com as promessas de campanha dos dois candidatos à presidência da Câmara. Ao longo de janeiro, eles falaram em construir anexos e tornar impositivo o pagamento das emendas parlamentares ao Orçamento.

Q.I. 
Entre as propostas de Sandro Mabel (PR) está a de alterar a Constituição para permitir que o Congresso indique ministros para o TSE.

Palmômetro 
Ontem, na reunião do PMDB, Mabel foi mais aplaudido que o favorito Marco Maia (PT-RS).

Barrado 
O PSB, que abriu as portas de seu encontro para Maia, recusou-se a fazer o mesmo para Mabel.

#prontofalei
 
Maia encerrou sua fala aos peemedebistas com uma brincadeira: avisou que pararia por ali, caso contrário os deputados iriam optar por ele não apenas para os dois próximos anos, mas para os próximos quatro. Henrique Eduardo Alves (RN), com quem o PT assinou acordo de rodízio em 2012, disse: "Péssima ideia".

Calculadora 
A reunião da bancada do PT no Senado que decidiria ontem entre Marta Suplicy (SP) e José Pimentel (CE) para a vice-presidência em 2011 foi cancelada porque, à tarde, apoiadores do cearense não haviam chegado a Brasília. A cúpula do partido prefere Pimentel.

Receptivo 
A Força Sindical colocou assessores no aeroporto de Brasília para abordar os deputados. Entregavam pauta que inclui o fim do fator previdenciário, a jornada de trabalho de 40 horas e o reajuste dos aposentados.

Time 
Michel Temer chamou para assessorar a área de segurança da vice-presidência o delegado Ruy Estanislau de Mello. Ele deixou o Detran-SP no auge da crise que fez o governo paulista rever a vinculação do órgão à Secretaria de Segurança.

Saudosa maloca 
Encerrada a programação matinal em Buenos Aires, a comitiva de Dilma seguiu para o palácio San Martín, onde, à entrada, um grupo batucava. "Deve ser para o Paulo Bernardo", provocou Aloizio Mercadante. "Isso está mais pra samba de paulista", devolveu o colega. Em tempo: o ministro das Comunicações nasceu em Ribeirão Preto.

Escolhido 
Geraldo Alckmin decidiu: o tucano Samuel Moreira será o líder do governo na Assembleia.

De volta...Xico Graziano, ex-secretário estadual do Meio Ambiente, critica o sucessor Bruno Covas pelas demissões na pasta. As dispensas colocariam em risco o programa "Município Verde". Bruno diz que mudanças são normais e não afetam as atividades da secretaria.

...para o futuro 
Bruno foi abordado no Twitter por um mineiro que sugeriu seu nome para vice de Aécio em 2014. O neto de Mario Covas respondeu que, nessa altura, ainda não terá 35 anos, idade mínima para ocupar o posto.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

Tiroteio

"O caso da ata do DEM é como uma certidão de nascimento em que, por erro de digitação, trocou-se o sexo do bebê, e o novo escrivão quer mantê-la pois assim estava escrito."
DO EX-PREFEITO DO RIO CÉSAR MAIA, sobre alteração no estatuto partidário que reduziu poder do conselho político, presidido por Gilberto Kassab.

Contraponto

Febeapá
O deputado federal Edinho Bez (SC) discursava efusivamente ontem para a bancada do PMDB em defesa de sua candidatura à vaga do partido na Mesa Diretora da Câmara. Como há mulheres concorrendo ao cargo, ele tentou martelar a questão de gênero, em voga com a eleição de Dilma Rousseff e a adoção de uma espécie de "cota feminina" no primeiro escalão da República.
-Eu tenho muito respeito pela figura da mulher. Afinal, sou casado com uma mulher. Minha mãe também é uma mulher...