quinta-feira, novembro 10, 2011

RENATA LO PRETE - PAINEL


Eles e ela
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SP - 10/11/11

Não obstante o placar folgado, a apreciação da DRU (Desvinculação de Receitas da União) na Câmara expôs a falta de sintonia entre a trinca petista formada pela ministra Ideli Salvatti, o líder do governo, Cândido Vaccarezza, e o presidente da Casa, Marco Maia.

Na contramão de Ideli, Vaccarezza e Maia defendiam acordo com a oposição para que a DRU fosse prorrogada por dois anos, e não quatro, como exigia -e acabou conseguindo- Dilma Rousseff. A ministra acompanhou o início da votação no gabinete da presidência da Câmara, na madrugada de ontem, sem que o líder do governo fosse até lá conversar com ela.

Escolhidos Quem acompanha o cotidiano da Câmara atesta: o desentrosamento tem feito com que a ministra recorra a "conselheiros informais" na tomada de decisões em temas polêmicos. Pepe Vargas (PT-RS), Odair Cunha (PT-MG) e o líder do PT, Paulo Teixeira (SP), são os "favoritos" de Ideli. Arlindo Chinaglia (PT-SP) também é acionado frequentemente.

Pingos... Difundida como "proposta da oposição", a ideia levada a Dilma de prorrogar a DRU por apenas dois anos foi bem aceita por quase toda a base aliada. Motivo: ninguém, no fundo, está satisfeito com o governo. Interessava a parcela expressiva da Câmara que não fosse dado cheque em branco à presidente até o final do mandato.

...nos 'is' Petistas consultados pelo Planalto na noite de terça sobre a possibilidade de acordo avaliaram que seria vexatório para Dilma ceder à oposição um dia depois de ter reunido os líderes aliados, obtendo deles a garantia de respaldo unânime das bancadas para aprovar a DRU no figurino desejado por ela.

Escala Dilma disse a peemedebistas que, enquanto durar o tratamento quimioterápico do ex-presidente Lula, pretende visitá-lo a cada semana. Sábado está programada uma nova ida da presidente a São Bernardo.

Cartilha De Brasília, José Dirceu tem orientado os pedetistas que se mobilizam na defesa da permanência de Carlos Lupi no Ministério do Trabalho a resistir "contra a mídia". De lá também saíram petardos contra petistas com assento no Planalto. E elogios ao vice, Michel Temer.

Delivery O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-SP), chegou a uma pizzaria de Brasília no domingo à noite dirigindo uma Harley-Davidson V-Rod prata. Depois de alguns minutos, saiu de lá com uma pizza a tiracolo.

Trator O acordo que suprimiu destaques e emendas na votação do Código Florestal ontem em duas comissões do Senado foi alinhavado em reunião que se estendeu até a madrugada na casa de Kátia Abreu (PSD-TO). Após a aprovação, a senadora deixou o Congresso escoltada para escapar de protesto organizado por ambientalistas.

Balanço geral Geraldo Alckmin convocou seu secretariado para reunião no dia 19. Será o segundo encontro dos titulares das 26 pastas no mandato -o primeiro ocorreu no dia 3 de janeiro. O tucano pretende, à ocasião, formalizar mudanças no primeiro escalão, precipitadas pela vacância no Planejamento.

Imobiliária Delúbio Soares faz périplo em busca de apoio institucional ao projeto de seu site de compra e venda de imóveis sediado em Goiânia. O ex-tesoureiro do PT esteve na segunda-feira na direção do Creci-SP. No dia seguinte, participou da posse do novo dirigente da seção goiana do órgão, que congrega os corretores de imóveis.

com LETÍCIA SANDER e FÁBIO ZAMBELI

tiroteio
"O atropelo para aprovar a DRU teve como álibi a urgência da crise. Mas não é o governo que diz que não há crise no Brasil? O pior é que a conta vai ser paga pela área social."
DO DEPUTADO FEDERAL IVAN VALENTE (PSOL-SP), sobre o discurso usado pelos governistas para justificar a prorrogação da vigência da Desvinculação de Receitas da União até 2015.

contraponto
Como queríamos demonstrar

Durante reunião na qual Marco Maia (PT-RS) levou a Dilma a proposta de prorrogar a DRU, em acordo com a oposição, apenas pelos próximos dois anos, um assessor interrompeu a conversa para avisar à presidente que o premiê italiano, Silvio Berlusconi, havia se transformado no quarto governante engolido pela crise europeia.
Dilma, que usara justamente o argumento econômico para exigir a aprovação da DRU por quatro anos, tal como previsto no projeto original, aproveitou a deixa:
-Viu só? Viu só?

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