quarta-feira, novembro 02, 2011

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Obra olímpica com recurso privado custa R$ 3,4 bi a investidores
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 02/11/11

Única obra olímpica prevista para ser toda construída com recurso privado, o Porto Olímpico deve custar R$ 3,4 bilhões a investidores, segundo a Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto), da Prefeitura do Rio. A Caixa estuda participar do projeto através de fundo de investimento imobiliário com recursos do FGTS. A operação reduziria em até 34% o custo da iniciativa privada, segundo o município.

O Porto Olímpico surgiu após o prefeito Eduardo Paes (PMDB) convencer o COI (Comitê Olímpico Internacional) a transferir unidades dos Jogos para a zona portuária.

Foram transferidas vilas de árbitros, mídia e centros de logística. Para isso, o COI exigiu a construção de 10,6 mil quartos e espaço para instalações administrativas.

A empresa que construir as instalações dos Jogos poderá vendê-las como unidades residenciais ou comerciais. A transferência aos donos será após 2016. ªÉ atípico, mas viávelº, diz o presidente da Cdurp, Jorge Arraes.

Apesar do custo alto, a Cdurp calcula retorno de R$ 4 bilhões em vendas de unidades. Haverá, segundo o município, exploração comercial de centro de convenção e hotel. Na Olimpíada, o COI pagará aluguel pelo uso. Concurso da Prefeitura e do Instituto dos Arquitetos do Brasil apontou projeto vencedor, dos arquitetos João Backheuser e Ignácio Riera. O consórcio que assumir a obra pode alterar o modelo.

A escolha do construtor será da Caixa. Ela é administradora do fundo que tem direito sobre terrenos e o potencial construtivo da zona portuária obtido por leilão em junho. O principal diálogo é com a Solace, criada por OAS, Odebrecht e Carioca. Sem o banco, a iniciativa privada terá de comprar títulos imobiliários para aproveitar o potencial construtivo.

CONSULTORIA PARA REVITALIZAR
Com o objetivo de participar como sócia de empreendimentos imobiliários da zona portuária do Rio, a Caixa Econômica Federal contratou a Hines do Brasil para auxiliar na análise das propostas. Oficialmente, a Caixa não confirma as negociações de atuar como sócia nos empreendimentos, inclusive no projeto do Porto Olímpico. "A Caixa, na condição de gestora do Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha, está avaliando diversos modelos de investimento nos projetos da região do porto", afirmou, em nota.

O banco diz buscar adequar a relação de risco e retorno para o FGTS. Por ser uma operação não habitual, a Caixa recorreu à consultoria externa. Não foi informado o valor do contrato. A Hines, fundada em 1957 e que está no Brasil desde 1988, participou de investimentos imobiliários em projetos de revitalização em Milão (Itália) e Barcelona (Espanha). A cidade espanhola é modelo para a revitalização da zona portuária pretendida pela Prefeitura do Rio.

NEVE PARA BRASILEIROS
A argentina Terra Patagônia e a norte-americana Hicks Trans American Partners investirão US$ 60 milhões (cerca de R$ 104 milhões) em um empreendimento em San Martín de los Andes, na Patagônia. Cada uma das empresas arcará com metade do investimento no projeto, que ocupará terreno de 1.050 hectares (mais de 10 milhões de m2) e terá clubes hípico e de golfe, além de 600 lotes para comercialização.

"Os brasileiros conhecem Bariloche, mas não o resto da Patagônia argentina. Esperamos atrair pessoas do Brasil com opções de lazer que não existem no país, como neve e montanhas", afirma o sócio do empreendimento e da Terra Patagônia, Claudio Hirsch. As companhias, que esperam faturar ao menos US$ 300 milhões (cerca de R$ 521 milhões) com a venda dos 600 lotes, estimam que os brasileiros comprem metade das unidades.

O QUE ESTOU LENDO
José Lima de Andrade Neto, presidente da BR Distribuidora

"Além da Crise - 
O Futuro do Capitalismo", de Adjiedj Bakas (ed. Qualitymark) é a leitura de José Lima de Andrade Neto, presidente da BR Distribuidora. Bakas é também o autor, com Rob Creemers, de "A Vida Sem Petróleo", e de "Megatendências Mundiais". No livro que Lima lê, Bakas aponta as tendências pós-crise financeira mundial.

"A análise não se restringe, no entanto, ao mundo empresarial e financeiro, mas abrange também questões sociais, políticas e religiosas, entre outras. A leitura é simples e o conteúdo é, no mínimo, instigante para uma reflexão sobre nosso futuro comum", diz o executivo.

Intuição... 
O otimismo dos empresários brasileiros no terceiro trimestre com relação ao desempenho da economia para os próximos 12 meses subiu dez pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, segundo a Grant Thornton.

...empresarial 
Metade dos empresários brasileiros estão otimistas com relação ao país. O resultado difere da média global, que registrou queda de 28 pontos em relação ao segundo trimestre.

MOTOR NACIONAL
A Sazaki Motors do Brasil investirá R$ 40 milhões para construir uma fábrica de motocicletas em São Caitano, no interior de Pernambuco. A subsidiária da empresa chinesa fabrica desde 2009 em Cajazeiras, na Paraíba. Com a nova unidade, a produção deve passar de cerca de mil motos por mês para 15 mil. A fábrica de Cajazeiras será desativada assim que a nova for concluída.

A previsão é que a produção em Pernambuco seja iniciada em julho de 2012. Hoje, todas as peças usadas na fabricação vêm prontas da China. As motocicletas são apenas montadas na Paraíba. Na nova fábrica, 30% dos componentes serão brasileiros. A empresa espera que, após um ano de operação, 65% das peças sejam produzidas no país. Sete modelos de motocicletas serão fabricados, todos voltados para o público C e D.

DA BOTA
A Clássica Design passará a vender móveis do estúdio italiano Decoma. O lançamento da primeira linha produzida através da parceria será na sexta-feira no Museu Brasileiro da Escultura, em São Paulo. Com as novas peças, a empresa brasileira espera um incremento de 8% em seu faturamento, afirma o presidente da Clássica Design, Vitor Michelini. O mercado brasileiro é hoje responsável por 10% da demanda do Decoma. A expectativa é que esse número suba para 30% em dois anos, segundo o sócio do estúdio no país, Daniel Ribeiro.

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