quarta-feira, outubro 26, 2011

RENATA LO PRETE - PAINEL


Fazendo água
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SP - 26/10/11

Inquérito da Polícia Federal que investiga o socorro ao PanAmericano revela que a cúpula do banco foi alertada sobre a fragilidade de caixa pelo menos nove meses antes de a instituição de Silvio Santos quebrar em consequência de um rombo de mais de R$ 4 bilhões -motivado, principalmente, pela declaração fantasiosa de receitas e carteiras.

O então diretor de crédito, Adalberto Savioli, informou por e-mail, em 25 de fevereiro de 2010, que não estava "conseguindo segurar o número" e que eram necessárias medidas de emergência para regularizar as contas, "senão 2010 será uma tragédia".

Visão Para a PF, outro e-mail reforça as suspeitas de fraude. Em 8 de abril, o então diretor financeiro, Wilson de Aro, relata a impossibilidade de remendar o problema de caixa ("o que eu tinha de fazer eu já fiz") e avisa que "é bem provável" que a auditoria contratada pelo banco (Deloitte) "enxergue" o que estava acontecendo.

Free-shop A polícia descobriu, porém, que, em agosto, quando o BC se debruçava sobre os números inconsistentes do banco, o então presidente do PanAmericano, Rafael Palladino, comprava um apartamento de luxo em Miami. Mais: semanas antes, ele negociava a abertura de uma empresa no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe.

Oxigênio O Planalto considerou malsucedida a tentativa de Orlando Silva emplacar uma "agenda positiva". Para o governo, o ministro não vem aproveitando a sobrevida que lhe foi dada. Chamou a atenção a ausência de governistas de peso em sua defesa ontem na Câmara.

Palpite Integrantes do PC do B discutem abertamente a sucessão de Orlando. Aposta dominante: "Vai ser o Aldo".

Banco Se a situação do ministro se deteriorar mais rápido do que Dilma gostaria, uma das opções avaliadas seria a nomeação de um interino até a reforma ministerial.

Bumerangue Quem conhece Dilma Rousseff adverte: se a Fifa quer mesmo derrubar Orlando, deve parar de cobrá-la em público, como fez ontem indiretamente o secretário-geral, Jérôme Valcke, em entrevista à Folha.

Tecla SAP Do relator da Lei Geral da Copa, Vicente Cândido (PT-SP), rebatendo a entrevista de Valcke: "Quando ele vier à Câmara vai ter de falar em português".

Outro lado O advogado de Orlando Silva, Antônio Carlos de Almeida Castro, procurou ontem a ministra Carmen Lúcia, do STF. "Estou impressionado. Só o que existe neste inquérito são matérias que saíram na imprensa e requerimentos da oposição", reclamou. Ele pediu que a investigação não corresse em sigilo, medida que já havia sido tomada.

Pechincha Cumprida a interinidade na Presidência, Michel Temer foi visto no sábado passado acompanhando a mulher, Marcela, em sessão de compras domésticas na Preçolândia do bairro paulistano de Pinheiros.

Oiê José Serra fez aparição surpresa, no sábado à tarde, em reunião da juventude tucana em São Paulo. Falou da necessidade de o PSDB reagir rápido à ofensiva do PT nas mídias sociais. Disse ainda que as chances de vitória na capital dependem da reedição de uma "ampla aliança". Leia-se, com o PSD de Gilberto Kassab.

Termômetro A tendência do Supremo é considerar constitucional, em julgamento hoje, o exame da OAB.

com LETÍCIA SANDER e FÁBIO ZAMBELI

tiroteio
"Deste jeito, até vendedor de 'churrasquinho de gato' vai ter que comercializar Budweiser durante a Copa do Mundo. E será obrigado a pedir autorização à Fifa em francês."
DO DEPUTADO RUI PALMEIRA (PSDB-AL), sobre o conteúdo da Lei Geral da Copa e a amplitude das exigências feitas pela entidade que organiza a competição ao governo brasileiro.

contraponto
Palavra de mineiro

Em depoimento ao filme "Tancredo - A Travessia", José Sarney (PMDB-AP) narra a articulação para Aureliano Chaves apoiar Tancredo no Colégio Eleitoral, precondição para a aliança entre os dissidentes do PDS e o PMDB.
-Aureliano exigiu uma carta de compromisso do Tancredo, que achávamos que ele não assinaria.
Ele e Ulysses Guimarães levaram o pleito a Tancredo, que na hora concordou:
-Assino, mas só entrego depois do apoio. Em Minas, a gente só escreve carta quando já sabe a resposta.

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