segunda-feira, outubro 17, 2011

FLÁVIO BOLSONARO - O outro lado da moeda


O outro lado da moeda
FLÁVIO BOLSONARO
O Globo - 17/10/2011

Uma polícia para ser boa e funcionar necessita, dentre outras coisas básicas, de controle e salário. Sem isso, todo o resto se reduz a mero discurso.

Como o policial do Rio de Janeiro, seja o militar ou o civil, recebe salário de fome, vamos discutir apenas no campo da teoria, pois, na prática, já sabemos que é impossível haver segurança pública de qualidade com profissionais tão massacrados.

É fato que o mau policial deve ser punido, tanto para desencorajar outros que se desviam, quanto para proteção da sociedade.

O inexplicável é que a regra somente atinja aqueles de menor grau hierárquico - rapidamente punidos com a "pena de morte" administrativa, a exclusão.

Se os registros recentes apontam para um grande número de exclusões administrativas na Polícia Militar, infelizmente, tal processo carece de maior transparência e restringe-se, tão somente, aos níveis hierárquicos inferiores.

O exemplo deve vir de cima - afinal, o parafuso se aperta pela cabeça. Logo, acertada a escolha do novo comandante da Polícia Militar do Rio e, igualmente, com os nomes indicados para o Estado-Maior da Corporação, principalmente, pelo perfil ético e moral pelo qual sempre pautaram suas carreiras.

Contudo, espero que o critério da ficha limpa seja rigorosamente observado quando da escolha de todos os demais nomes que comporão cargos da alta administração e funções de comando.

Que o novo corregedor da Corporação exerça o cargo sabendo diferenciar o que é ser justo de ser justiceiro, que não dose as punições apenas conforme a repercussão dos fatos e, também, não deixe de considerar que mais deve ser cobrado de quem exerce cargo de maior relevância.

Policiais arriscam suas vidas, diuturnamente, com carga horária de trabalho desumana - não importando se é carnaval, réveillon ou Copa do Mundo - na defesa de uma sociedade que ignora seus problemas e sofrimentos.

Gostaria de ver o mesmo afinco e intransigência despendidos para punir a tropa também utilizado para exigir do Governo estadual salários compatíveis com a responsabilidade de ser policial, especialmente no Rio de Janeiro.

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