Bündchen também discrimina os homens
FAUSTO RODRIGUES DE LIMA
FOLHA DE SP - 05/10/11
Para a campanha referida, o marido ideal precisa ser o provedor; caso contrário, não pode ter uma mulher linda e disponível para o sexo
Para gastar todo o dinheiro do marido e conseguir sua compreensão, a mulher brasileira precisa lhe conceder sexo. O ensinamento de uma campanha da lingerie Hope, protagonizada por Gisele Bündchen, causou justa indignação a ponto de a Secretaria de Políticas para as Mulheres pedir sua suspensão.
Essa e outras manifestações sexistas escamoteiam faceta pouca explorada: o homem também é discriminado. Ora, para a campanha referida, o marido ideal precisa ser o provedor; caso contrário, não pode ter uma mulher linda e disponível para o sexo. Como um cão no cio, necessita de sexo a todo momento e a todo custo. Não deve se importar com a satisfação da parceira; basta que ela finja prazer.
Se analisarmos comerciais dirigidos aos homens, veremos que, nessas peças, eles são tratados como crianças abobalhadas. Os de cerveja os perfilam como tipos pouco inteligentes, fazendo (e rindo de) piadas idiotas, e com um só objetivo na vida: sexo. Um recente comercial da Volkswagen mostra um pai com vergonha do filho pois o menino, além de não surfar ou tocar guitarra, ainda não "pegou" uma garota.
Como todo projeto de dominação e preconceito, a discriminação de gênero, embora baseada numa suposta inferioridade feminina, atinge a todos, porque cria regras "naturais" para o comportamento dessa ou daquela pessoa, baseando-se apenas em seu sexo. Adeus, individualidade e diversidade.
No mundo que se convencionou chamar masculino, não há lugar para poesia, para emoções. Sensibilidade é uma capacidade indesejável, ligada a tudo o que é considerado inferior, ou seja, ao feminino.
A educação dirigida aos meninos é completamente diferenciada. Bonecas são brinquedos educativos para as futuras mamães, mas causam horror se manipuladas por meninos. O "instinto materno" é aprendido desde a infância, mas não se ensina o paterno (não à toa, se considera tão natural as mulheres ficarem com os filhos numa separação).
Homem não chora, é autossuficiente, não demonstra fragilidade e não leva desaforo pra casa. Se ele se irrita, agride pessoas, deve ser compreendido, porque, afinal, é apenas um… homem, infantilizado pela família e pela sociedade. Enquanto mulheres dividem com outras medos e frustrações, o homem se fecha. Do ambiente familiar, repleto de emocionalidades, resta a ele fugir. O bar e o álcool são o refúgio viril que a sociedade lhe dá.
É preciso rever certos conceitos. Isso passa pelos meios de comunicação de massa, que reforçam estereótipos e criam outros, à guisa de fazer "piadas inocentes".
Nós, homens do século 21, somos seres pensantes. Não queremos prover ninguém, almejamos unir esforços. Se por acaso nossa renda for insuficiente ou nula, que nos respeitem. Gostamos, sim, de sexo, mas não pensamos nisso 24 horas por dia. Nos interessa o futebol mas também o balé, a música, a arte, a poesia. E choramos, sim.
Por isso, pedimos ao Conar que suspenda a propaganda da Hope e outras ridículas, não só por ofenderem nossas mães, filhas e esposas, mas por nos agredirem profundamente enquanto homens.
FAUSTO RODRIGUES DE LIMA é promotor de Justiça do Distrito Federal e coautor do livro "Violência Doméstica - A Intervenção Criminal e Multidisciplinar"
achei fenomenal este artigo.
ResponderExcluirEle tem toda a razão.
Se não começarmos a fazer nada agora, nunca vamos começar.
Nunca é tarde para dar o primeiro passo.
nunca estivemos em tanto avanço e em tanto retrocesso ao mesmo tempo.é incrível como em pleno século 21 reproduzimos discursos de igualdade entre os sexos quando realmente nos mantemos presos a uma mentalidade tacanha e retrograda.
ResponderExcluirCom razão o disse, entretanto ele mesmo deixa levar pelas aparências femininas quando sentado no seu trono DE ACUSADOR DE “JUSTIÇA” a julgar seus processos de uma mulher contra um homem acatando mentiras das mulheres contra homem sem o mínimo senso de investigar antes de proferir juízo contra o homem como ele já fez comigo em dois processos acatando mentiras por discriminar homem em seus tribunais de vara de violência doméstica no DF. Falei e provo o que disse.
ResponderExcluirConsiderando que Fausto fez vista a processo, que na verdade nem processo julgado foi, e menos ainda tinha relação com o caso em tela, pois foi o tal suspenso, e tentando dar a volta para sair pela tangente da obrigação de analisar as verdades dos fatos quis julgar caso arquivado por suspensão processual e não obtendo resposta para enfeitar a corte com palhaçada e show gratuito a se promover como déspota, alegou que o direito do réu ao silêncio e ainda direito de não produzir provas contra si foi desacata à lei e desrespeito à sua "Ilustríssima" autoridade de promotor de Show em audiência, afirmando o que não sabe ao dizer que sou desajustado e praticante de crime por denunciar na internet o crime que sofri por uma falsificação de laudo de DNA, é mole ou querem mais? Ele afirmou que não acredita que um lab. possa falsificar laudo de DNA como o fez Badan Palhares sobre o caso PC Farias e a farmacêutica Priscilla Rodrigues Ordonez – acusada de fraudar exames de DNA para investigação de paternidade. É um promotor Desatualizado de informações a nivel nacional e mundial. Se quiserem mais vamos assistir às audiências que ele se promove às custas de mentiras por ele acolhidas como verdades em processos póstumos. Infelizmente o sujeito não tem um polígrafo no cérebro, se tivesse quem sabe seria redimido da prevaricação.
ResponderExcluirPosto Não como anônimo covarde, mas mato a cobra e mostro o pau!
ResponderExcluirO pior ainda que o tal moço em referencia ainda por cima invoca a prisão perpétua no Brasil, ja pensaram numa tragédia que será para suas vitimas como eu?
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