sábado, outubro 15, 2011

EDITORIAL FOLHA DE SP - Mais fraca



Mais fraca
EDITORIAL 
FOLHA DE SP - 15/10/11

Economia do país desacelera, mas governo dispõe de alguns mecanismos para manter a atividade; o melhor deles é a redução dos juros

O dinamismo da economia no Brasil vem se revelando mais fraco à medida que passa o ano.

Em janeiro, já era evidente que seria inviável sustentar o ritmo quase febril de 2010 -ano em que a expansão do PIB chegou a 7,5%.

Mesmo assim, naquela ocasião, a expectativa média de bancos e consultorias, de acordo com o levantamento do Banco Central (BC), era de um crescimento ainda firme, da ordem de 4,5% tanto em 2011 como em 2012, o que configuraria uma alta de 9,2% no biênio.

Já a apuração mais recente do BC, do dia 7 deste mês de outubro, indica que os analistas econômicos profissionais passaram a vislumbrar alta mais modesta: 3,5% neste ano e 3,7% no próximo, o que corresponde a 7,3% no biênio.

E é bastante provável que essas estimativas sejam mais uma vez revistas para baixo, à luz dos indicadores frustrantes divulgados nos últimos dias. Destaque para a queda, de julho para agosto, tanto do volume de vendas do comércio varejista como do PIB mensal estimado pelo Banco Central.

As razões do amesquinhamento das perspectivas de crescimento são várias. A política econômica é uma delas: para responder a um relevante repique da inflação, a partir de fins de 2010 foram adotadas diversas medidas visando a moderar o ritmo de expansão da demanda interna.

Embora as autoridades já tenham começado a anular parte dessas medidas (haja vista o corte da taxa de juros determinado pelo BC no final de agosto), o fato é que os efeitos dessa correção ainda não se fizeram sentir de todo.

Um segundo elemento que vem contribuindo para o ritmo decepcionante da atividade econômica é a corrosão de competitividade da produção industrial brasileira, revelada pelo baixo dinamismo das exportações e, sobretudo, pela perda de participação nas vendas no mercado doméstico para as manufaturas importadas.

Muito provavelmente, no entanto, o fator mais importante a enfraquecer o crescimento no Brasil é a deterioração do quadro econômico nos países desenvolvidos.

A crise na Europa e nos EUA é grave. Mesmo que não venham a se confirmar os prognósticos mais pessimistas a respeito dos seus desdobramentos -que apontam para um colapso do crédito e da atividade globais análogo àquele que se seguiu à quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008-, a incerteza deverá permanecer elevada ainda por bastante tempo.

A política econômica brasileira dispõe de margem de manobra para mitigar os efeitos da crise. Num país notório pela taxa de juros exorbitante, seria desejável que o corte da Selic fosse priorizado.

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