Assalto em surdina
RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 12/09/11
RIO DE JANEIRO - Às 23h30 do dia 27 de agosto, um sábado, 12 homens invadiram a agência do banco Itaú na avenida Paulista, em São Paulo, renderam o vigia e, pelas dez horas seguintes, dedicaram-se a saquear 170 cofres particulares numa sala do subsolo. O sistema de alarme, inclusive o que protege os cofres, foi desligado pelos bandidos antes da ação, embora o monitoramento desse sistema fique numa central distante da agência (não se informou onde).
Às 9h30 de domingo, os bandidos deixaram o banco levando milhões de reais em dinheiro e joias, com tempo de sobra para passar o dia lavando o carro ou pegar a macarronada na casa da nonna. Ao tomar conhecimento da tragédia, horas depois, o banco registrou queixa no 78º DP (Jardins). As vítimas só foram saber do assalto na quarta-feira, 31 de agosto, três dias depois, aparentemente porque um cliente descobriu e contou a outros.
Mais cinco dias se passaram até que a Polícia Civil encaminhasse o caso ao Deic (departamento da polícia especializado em roubo), a 5 de setembro. E este também esperou até o dia seguinte para ir ao local do crime e iniciar oficialmente as investigações. Do assalto a esse dia, foram, portanto, nove dias para que incontáveis pistas inevitavelmente deixadas por 12 homens durante 10 horas num recinto ficassem comprometidas.
Sherlock Holmes e seus discípulos Philo Vance, Bulldog Drummond, o Santo, o padre Brown, Ellery Queen, Hercule Poirot, Miss Marple, Charlie Chan, Dick Tracy, Nero Wolfe, Lew Archer e outros especialistas em pegadas e impressões digitais teriam ido ao desespero com essa morosidade geral.
O prejuízo dos 170 clientes varia, no mínimo, de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões por vítima, o que torna esse roubo talvez o maior da história dos bancos no Brasil. E aquele que ninguém parece ter muita pressa para resolver.
JA HOUVE UM ASSALTO IDÊNTICO NO B. ITAÚ DE JAÚ HÁ APROXIMADAMENTE 30 ANOS. FICARAM NO BANCO UMA NOITE INTEIRA. MUITA JOIA, MUITO DOLAR.PRATICA/ NÃO HOUVE INVESTIGAÇÃO. MUITO PREJUIZO E TRISTESA DOS CLIENTES. O QUE MAIS SENTI FOI MEU ANEL DE FORMATURA, DE PLATINA, SAFIRA E BRILHANTES, COMPRADO EM PRESTAÇÃO POR MEU PAI DE UM AMIGO JOALHEIRO DE POÇOS DE CALDAS, QUE AO TERMINAR A OBRA, SE APAIXONOU POR ELA E QUERIA COMPRA-LA PELO DOBRO.
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