quinta-feira, setembro 01, 2011

MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE - Ao tentar reduzir gastos e "normalizar" taxa básica, governo evita erros de 2008

Ao tentar reduzir gastos e "normalizar" taxa básica, governo evita erros de 2008
MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE 
 FOLHA DE SP - 01/09/11

Nos últimos dias, o governo delineou uma importante mudança de direção no mix da política econômica.

Para abrir espaço para a almejada redução das taxas de juros ao longo do tempo, a presidente Dilma anunciou que pretende fazer um forte ajuste fiscal, em linha com o que prometera na sua posse.

É a primeira vez que o governo reconhece tão explicitamente que os escorchantes juros brasileiros têm relação direta com a histórica tendência perdulária do setor público e com sua volumosa dívida indexada à Selic.

Parte da contenção de gastos está em andamento desde o início do ano. Ao fim de 2010, as despesas primárias do governo central cresciam cerca de 11% ao ano em termos reais. Hoje, cresce a 6%.

Mas a melhora nos gastos ainda não foi suficiente para permitir a queda da taxa de juros, ainda esta que tenha sido iniciada ontem. Mesmo com uma alta mais moderado dos gastos, a forte alta dos preços das commodities e outros fatores que resultaram no descompasso entre demanda e oferta impulsionaram a inflação, que deverá ficar acima de 7% em agosto (em doze meses). Portanto, é urgente esforço maior em restringir gasto.



"NORMALIZAR" JUROS

Mas o governo indicou que fará mais. Além de frear gastos para acelerar a queda da inflação, irá restringi-los para dar início à "normalização" dos juros. Há ao menos duas razões para elogiar isso.

Primeiro, as intenções revelam entendimento de que as reformas macroeconômicas iniciadas no governo FHC precisam ser completadas para permitir queda da Selic.

Depois, em linha com o discurso de austeridade em voga no mundo, há a percepção de que a melhor forma de blindar a economia brasileira contra a crise é usar os instrumentos monetários.

Assim, evitaríamos o erro de 2008, quando pudemos reduzir mais os juros em resposta à turbulência global, mas preferimos elevar as despesas e o crédito público.

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