Como nos rincões
REVISTA VEJA
Deputado do PT é acusado de comprar votos de sem-terra, oferecendo transporte, dinheiro, lanche e ató cargos públicos. Isso aconteceu em Brasília
HUGO MARQUES
Em 2004, o senador João Capiberibe e sua mulher, a deputada Janete Capiberibe, ambos eleitos pelo Amapá, tiveram o mandato cassado depois que um processo judicial concluiu que eles compraram o voto de dois eleitores por pouco mais de 20 reais cada um. O deputado federal Roberto Policarpo, do PT de Brasília, encontra-se diante de um problema parecido. Ele está sendo acusado de arregimentar e pagar 4000 reais a um grupo de quarenta trabalhadores semterra em troca de votos. Em 3 de outubro do ano passado, o dia da eleição, a polícia interceptou um ônibus suspeito de transportar ilegalmente eleitores. Os passageiros, que moravam em um acampamento rural nos arredores da capital, confessaram metade do crime. Admitiram ter aceitado a "carona" para ir até as seções de votação, mas disseram que não sabiam que aquilo era proibido. O motorista, que tamb6m alegou inocência, contou que o ônibus fora emprestado por um empresário e que todos ali eram fiéis de uma tal igreja Assembleia União da Fé. A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar o caso. Porém, sem maiores evidências sobre a identidade dos responsáveis ou sobre os beneficiários da fraude, as investigações não evoluíram - até a semana passada, quando começou a surgir a outra metade da história.
Depois de ficar sete dias preso e aguardar por quase um ano um emprego público que não veio, o motorista do ônibus, Francisco Manoel do Carmo, resolveu revelar a parte mais importante da história: ele confessou que recebeu 4000 reais do deputado petista para arregimentar os sem-terra. Com o dinheiro, alugou o ônibus, comprou comida para os eleitores e distribuiu santinhos com o nome, o número e a foto dos candidatos nos quais o grupo deveria votar - o deputado Roberto Policarpo e o governador Agnelo Queiroz, também do PT. "O dinheiro nos foi entregue pela mulher do deputado, no comito dele. Ela tirou um maço de notas de um envelope pardo e o entregou nas mãos da minha mulher: Nos pediram para selecionar e trazer para cá os acampados que tinham título eleitoral de Brasília", conta Francisco, que, além dos 600 reais que embolsou pelo trabalho, afirma ter recebido a garantia do deputado de que, se eleito, seria recompensado com um emprego no governo petista.
A versão do motorista foi confirmada por Edmilson Lopes, um dos coordenadores da campanha do parlamentar. "O deputado me orientou pessoalmente a providenciar o transporte dos sem-terra", diz o ex-assessor. Presidente do PT de Brasília, Roberto Policarpo confirma que Edmilson foi um de seus auxiliares na campanha, mas diz que nem ele nem sua mulher, Maria do Socorro, sabem dos fatos: "Nunca ouvi falar dessa história de ônibus apreendido. Isso só pode ser vingança de alguém, chantagem de quem perdeu o emprego". Até abril deste ano, Edmilson tinha um cargo no governo de Brasília, ganhava 2700 reais e era subordinado à esposa do deputado. Mais um pequeno mas triste e simbólico exemplo de descaso pela ética do partido que chegou ao poder justamente para restaurá-la.
Esse Edimilson é um bandido de carteirinha! Tá na cara que está mentindo! do jeito que é sujo, comprou alguém para mentir também.
ResponderExcluirEle queria ser administrador, Qual a escolaridade dele?
Isso é dor de cotovelo. Policarpo e Socorro são pessoas honestas e todos sabem que Socorro sempre ´lutou na política do DF, independente do Policarpo.