Uma saída
LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO
o globo - 07/08/11
Pode-se até imaginar uma reunião de emergência do comitê central do partido comunista chinês para discutir a crise americana.
– Mas que capitalismo de araque é esse?
(Nota: a palavra usada não foi “araque”)
– Foi para isso que fizemos a Longa Marcha com Mão, sacrificamos milhões de chineses, industrializamos o país na marra, invadimos as lojas 1,90 do mundo com os nossos produtos? Para botar nosso dinheiro na mão de irresponsáveis?
– Há uma real possibilidade de nos darem um calote, se não se entenderem. Será nossa ruína. Onde estão a ética nos negócios e a moral cristã quando precisamos dela?
– Temos que nos defender.
– Há uma saída.
– Qual?
– Você quer dizer...
– Sim. Compramos os Estados Unidos.
– Hmm. Pode dar certo.
– Substituímos o moreno por um presidente permanente e um comitê central. Acabamos com essa frescura de dois partidos, responsáveis pela lambança atual, e instalamos um partido único com plenos poderes. E damos um jeito na economia deles. Não somos o maior exemplo de economia de mercado bem-sucedida no mundo, hoje? Vamos mostrar a esses americanos como se faz capitalismo de verdade.
– Grande. E teremos outra vantagem, comprando os Estados Unidos.
– Sei o que você vai dizer.
A Julia Roberts será nossa.
– O quê?
– Vamos poder imprimir
dólar!
Genial!!!!!!!!!
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