Nem multiplicando por três
GUSTAVO PATU
FOLHA DE SP - 15/08/11
BRASÍLIA - Como os demais escândalos de corrupção das últimas décadas, os recentes muito provavelmente produzirão mais catarse do que vergonha genuína, daquelas capazes de evitar a repetição posterior dos vícios.
Mas pode haver consequências, sim, para a agenda mais consensual do país hoje: a urgente expansão do investimento, público e privado -ou, em português mais claro, das obras e projetos destinados a ampliar a infraestrutura e a capacidade produtiva (embora a retórica do poder brasiliense trate o termo como sinônimo de gasto, porque parece soar melhor).
Apoiada por situação e oposição, direita e esquerda, neoliberais e desenvolvimentistas, a agenda se arrasta entre resultados que mantêm o Brasil na pior posição entre as economias não vitimadas por guerras, fome ou irrelevância.
O segundo governo Lula contou com boa vontade geral na tentativa de deixar para trás a imagem de desperdício e malversação associada às obras públicas. A visão noventista de que o setor privado poderia dar conta sozinho do recado morreu. Acabou também o problema ou a desculpa da falta de dinheiro do Tesouro Nacional.
E, no entanto, o investimento apenas passou de baixíssimo para muito baixo -com o agravante de que os números seriam ainda menores se alguns empresários não multiplicassem por três os valores cobrados do governo, como relata um deles, flagrado em grampo.
As ideias em prática e em estudo para a aceleração das obras se concentram na redução de obstáculos legais, procedimentos de controle, exigências das licitações, rigores do TCU. Daqui para a frente, vai ser mais difícil insistir nessa via.
Afinal, o PAC não falhou apenas na entrega completa de suas promessas publicitárias. Ainda está por ser formatado um modelo para obras que combine em doses mínimas planejamento, gerenciamento, transparência e fiscalização.
Mas pode haver consequências, sim, para a agenda mais consensual do país hoje: a urgente expansão do investimento, público e privado -ou, em português mais claro, das obras e projetos destinados a ampliar a infraestrutura e a capacidade produtiva (embora a retórica do poder brasiliense trate o termo como sinônimo de gasto, porque parece soar melhor).
Apoiada por situação e oposição, direita e esquerda, neoliberais e desenvolvimentistas, a agenda se arrasta entre resultados que mantêm o Brasil na pior posição entre as economias não vitimadas por guerras, fome ou irrelevância.
O segundo governo Lula contou com boa vontade geral na tentativa de deixar para trás a imagem de desperdício e malversação associada às obras públicas. A visão noventista de que o setor privado poderia dar conta sozinho do recado morreu. Acabou também o problema ou a desculpa da falta de dinheiro do Tesouro Nacional.
E, no entanto, o investimento apenas passou de baixíssimo para muito baixo -com o agravante de que os números seriam ainda menores se alguns empresários não multiplicassem por três os valores cobrados do governo, como relata um deles, flagrado em grampo.
As ideias em prática e em estudo para a aceleração das obras se concentram na redução de obstáculos legais, procedimentos de controle, exigências das licitações, rigores do TCU. Daqui para a frente, vai ser mais difícil insistir nessa via.
Afinal, o PAC não falhou apenas na entrega completa de suas promessas publicitárias. Ainda está por ser formatado um modelo para obras que combine em doses mínimas planejamento, gerenciamento, transparência e fiscalização.
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