Fim da linha
EDITORIAL
Folha de S. Paulo - 08/07/2011
Trem-bala segue a caminho de um terceiro adiamento, com as muitas dúvidas que ainda cercam a viabilidade do empreendimento faraônico O terceiro adiamento que se prenuncia para o leilão do trem-bala deveria também ser o derradeiro. Melhor ainda seria pôr um ponto final nessa ideia fixa dos governos petistas.
Um trem de alta velocidade (TAV), que viajaria a 350 km/h entre Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, embora justificável, está longe de ser prioridade. O Brasil tem gargalos logísticos mais graves e urgentes, como portos sucateados, aeroportos apinhados e estradas malconservadas.
O empreendimento, hoje, mais se parece com um delírio de grandeza. Não há projeto executivo de engenharia. Não se definiu com clareza quais serão as estações intermediárias. O cálculo do valor das desapropriações ainda é grosseiro. O custo estimado da obra deu saltos extraordinários.
Com tantas incertezas, não estranha que os consórcios em gestação relutem em apresentar propostas. Diante da alta probabilidade de fiasco, dois leilões já foram postergados, no final de 2010 e em abril passado. É sintomático que, agora, o grupo mais sólido -TAV Brasil, com participação sul-coreana- tome a iniciativa de solicitar o adiamento do certame marcado para segunda-feira.
Grandes empreiteiras nacionais negociam com empresas do setor ferroviário no exterior, mas não se engajaram em consórcio algum. Como de hábito por aqui, almejam ver o governo federal arcar com quase todo o risco e o investimento para pôr o trem-bala nos trilhos.
Não se contentam com os R$ 4 bilhões que o Planalto planeja injetar na aventura, mais R$ 22 bilhões de empréstimo a juros subsidiados do BNDES e até R$ 5 bilhões de fundos de pensão. Já projetam um custo total de R$ 55 bilhões e pretendem que o governo de Dilma Rousseff triplique para R$ 12 bilhões os aportes diretos na estatal do trem-bala, a Etav.
Se depende tanto de inversões e subsídios estatais, parece evidente que o projeto não apresenta viabilidade econômica. A demora do Planalto em demonstrar a racionalidade do trem-bala permite concluir que a tarefa seja impossível e que o TAV se resuma a mais uma obra faraônica para exibir em campanhas eleitorais e alimentar devaneios de superpotência.
No Brasil real, o Ministério dos Transportes dedicou mais energia, sob administrações petistas, a atender os interesses eleitorais e materiais de seus ocupantes. Por seus corredores trafegavam mais políticos envolvidos em maquinações do que engenheiros encarregados de estudos técnicos.
Não foi por outra razão que caíram o ministro Alfredo Nascimento (PR-AM) e seus auxiliares imediatos. Uma boa hora para despedir-se também do trem-bala.
Um trem de alta velocidade (TAV), que viajaria a 350 km/h entre Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, embora justificável, está longe de ser prioridade. O Brasil tem gargalos logísticos mais graves e urgentes, como portos sucateados, aeroportos apinhados e estradas malconservadas.
O empreendimento, hoje, mais se parece com um delírio de grandeza. Não há projeto executivo de engenharia. Não se definiu com clareza quais serão as estações intermediárias. O cálculo do valor das desapropriações ainda é grosseiro. O custo estimado da obra deu saltos extraordinários.
Com tantas incertezas, não estranha que os consórcios em gestação relutem em apresentar propostas. Diante da alta probabilidade de fiasco, dois leilões já foram postergados, no final de 2010 e em abril passado. É sintomático que, agora, o grupo mais sólido -TAV Brasil, com participação sul-coreana- tome a iniciativa de solicitar o adiamento do certame marcado para segunda-feira.
Grandes empreiteiras nacionais negociam com empresas do setor ferroviário no exterior, mas não se engajaram em consórcio algum. Como de hábito por aqui, almejam ver o governo federal arcar com quase todo o risco e o investimento para pôr o trem-bala nos trilhos.
Não se contentam com os R$ 4 bilhões que o Planalto planeja injetar na aventura, mais R$ 22 bilhões de empréstimo a juros subsidiados do BNDES e até R$ 5 bilhões de fundos de pensão. Já projetam um custo total de R$ 55 bilhões e pretendem que o governo de Dilma Rousseff triplique para R$ 12 bilhões os aportes diretos na estatal do trem-bala, a Etav.
Se depende tanto de inversões e subsídios estatais, parece evidente que o projeto não apresenta viabilidade econômica. A demora do Planalto em demonstrar a racionalidade do trem-bala permite concluir que a tarefa seja impossível e que o TAV se resuma a mais uma obra faraônica para exibir em campanhas eleitorais e alimentar devaneios de superpotência.
No Brasil real, o Ministério dos Transportes dedicou mais energia, sob administrações petistas, a atender os interesses eleitorais e materiais de seus ocupantes. Por seus corredores trafegavam mais políticos envolvidos em maquinações do que engenheiros encarregados de estudos técnicos.
Não foi por outra razão que caíram o ministro Alfredo Nascimento (PR-AM) e seus auxiliares imediatos. Uma boa hora para despedir-se também do trem-bala.
A única velocidade do trem bala, é que que vai direto no nosso bolso e passa para a estação da eterna corrupção.
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