quarta-feira, junho 29, 2011

VALDO CRUZ - Falso consenso

Falso consenso 
VALDO CRUZ
FOLHA DE SÃO PAULO - 29/06/11

BRASÍLIA - Somos um país de alguns consensos, mas que nunca se materializam e seguem sendo apenas isso, meros consensos gerais. É o caso da eterna e jamais aprovada reforma tributária.
Não há quem não a defenda como uma necessidade nacional, mas cada um a seu modo, voltada quase exclusivamente para sua demanda particular.
Governos topam, mas sem perda de receita. Empresários e trabalhadores se queixam, com razão, da elevada carga tributária e reclamam dos serviços prestados pelo Estado, nunca considerados satisfatórios. Governantes retrucam dizendo que, sem mais impostos, não têm condições de atender demandas sociais crescentes. Aí a conta simplesmente não fecha.
Ciente deste enrosco, Dilma Rousseff encomendou à sua equipe econômica uma reforma tributária bastante enxuta: fim da guerra fiscal entre Estados, desoneração da folha de pagamento e de investimentos e mais incentivos para pequenos e médios empresários.
Muito mais uma minirreforma tributária, mas talvez a possível, voltada a garantir maior competitividade à nossa economia. Algo que já passou da hora, num mundo cada vez mais acossado pelo avanço dos produtos chineses e seus custos baixíssimos.
Ou seja, agora é quase questão de sobrevivência do crescimento nacional em patamares mais elevados num futuro próximo. Caso contrário, seguiremos patinando.
Até aqui, a negociação está mais centrada na disputa entre governadores e Palácio do Planalto. Os primeiros aproveitando a oportunidade para obter vantagens da União. Faz parte do jogo, mas não pode inviabilizar todo processo.
Os atores envolvidos no debate em curso precisam meditar um pouco mais sobre isso e serem menos imediatistas. Inclusive o Planalto, que já poderia ter encaminhado propostas que dependem apenas dele. Foram promessas da candidata Dilma Rousseff.


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