domingo, junho 12, 2011

ILIMAR FRANCO - O desabafo


O desabafo
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 12/06/11

A conversa entre a presidente Dilma e o ministro Luiz Sérgio, na sexta-feira, foi reveladora de seu ânimo diante dos petistas. Segundo relatos, Dilma disse, entre outras coisas, o seguinte: “É injusto o que eles estão fazendo contigo”; “O problema todo foi criado pelo PT”; “Estou pasma com o nível de atrito na bancada da Câmara”; e, “O pessoal está meio fora de órbita”. Por isso, uma das tarefas recebidas pela nova ministra, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), é costurar os retalhos do PT.

Quem teve juízo desembarcou

O ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP) fez questão, na sexta-feira, de mandar um recado para a presidente Dilma, dizendo que ele não endossava nenhuma conspiração para derrubar o ministro Luiz Sérgio. A presidente gostou de sua atitude. Na solenidade da batalha de Riachuelo, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que já sabia da escolha de Ideli Salvatti para o Ministério de Relações Institucionais, brincou com o presidente da Câmara, Marco Maia (PTRS): “Agora, para ficar no governo, tem que usar saias”. Risos. Maia retrucou: “A gente tem que começar a defender cotas masculinas”. Risos. 

"Sobrevivi ministro” 
— Luiz Sergio, ministro da Pesca e ex-ministro de Relações Institucionais, até ser derrubado do cargo pelos líderes petistas na Câmara

DESCONTRAÇÃO. 
A Esplanada dos Ministérios estava em frenesi, na sexta-feira, atrás de notícias sobre mudanças no governo. No
Palácio, a presidente Dilma improvisou um mesão no almoço. Estavam lá Luiz Sérgio (Pesca), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Gilberto Carvalho (Secretaria- Geral) e Helena Chagas (Secom). Eram risos e piadas por conta da quantidade de mulheres no Planalto. Gilberto Carvalho até brincou: “Acho que agora vou ter de usar tranças”.

Conselheiros 
Alguns petistas estão sugerindo que a nova ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) monte um conselho político
informal, de ministros e parlamentares da base aliada, para ajudá-la na tarefa de articulação política no Congresso.

Ação preventiva 
O governo não descarta taxar as exportações de açúcar para garantir o abastecimento de etanol. O setor terá mais dinheiro para produzir e estocar. A ideia é evitar, em 2012, a pressão sobre os preços do álcool na entressafra.

Aparando arestas
O governo federal quer que os 27 estados façam um acordo sobre a reforma tributária no Conselho de Política Fazendária. Só assim a proposta tem chance de rápida aprovação no Congresso. A Fazenda fecha com secretários estaduais a conta de quem ganha e perde com a reforma. O governo diz que está disposto a bancar parte dos prejuízos. O Nordeste ganha, mas Espírito Santo, Santa Catarina e São Paulo perdem. 

Barganha
Na discussão tributária, o governo pode oferecer a estados obras em aeroportos em troca do fim de certos benefícios, concedidos via
impostos para o desenvolvimento regional. Goiânia, Ilhéus, Cuiabá e Manaus são os piores aeroportos.

Trem-bala

O governo bate o martelo sobre as mudanças no edital do trem-bala esta semana. Uma das reivindicações das empresas é o trem parar no Galeão, no Rio, e, de lá, seguir para a Praça Mauá, por exemplo, de monotrilho suspenso.

 ALGUNS ALIADOS do governo estão preocupados com o estilo trator, conhecido no Senado, da nova ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
 OS GOVERNADORES do Nordeste fecharam posição. Na reforma tributária, vão lutar para que o comércio eletrônico seja tributado no destino. É assim com combustíveis e energia.
● O MINISTRO Carlos Lupi (Trabalho) apresenta amanhã, em Genebra, na ONU, para ministros de 161 países o programa “Brasil Sem Miséria”.

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