sexta-feira, maio 27, 2011

ELIANE CANTANHÊDE - Se vire, Palocci!


Se vire, Palocci!
ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SÃO PAULO - 27/05/11

Em tempo: o suspeito número um de torpedear Mantega no início do governo era... Palocci. Essa obediência cega de Dilma ao script traçado por Lula é uma faca de dois gumes: Lula é um animal político, tem faro, esperteza e assumiu o comando da reação, o que é bom para ela; mas Dilma pediu socorro ao ‘chefe’ já no primeiro embate, demonstrando fraqueza. Em governos fracos, todo mundo se sente perversamente forte.

Particularmente os ‘aliados’.Ou seja, Dilma não se compromete com o passado nem com o presente e muito menos com o futuro de Palocci. Apesar de ser presidente da República e responsável pela indicação dele, pela lisura do governo e pelo cumprimento das promessas de campanha.A presidente não quis se contaminar com uma crise que tratou como ‘dele’, não do governo e muito menos dela.

Quer (se vai conseguir ou não, são outros 500) ficar à distância, aguardando o resultado das investigações e temendo eventuais novas surpresas desagradáveis.Apesar de a declaração ter sido recebida em toda a blogosfera como ‘defesa’, digamos que defender mesmo, no duro, Dilma defendeu o ministro da Fazenda. No caso do chefe da Casa Civil, ela foi protocolar, evasiva, cuidadosa.

Ontem, Dilma saiu do armário para dar sua versão sobre o recuo no kit anti-homofobia, tratar o escândalo do patrimônio destrambelhado de Antonio Palocci como ‘politização’ e dizer que ele ‘dará todas as explicações para os órgãos de controle, inclusive para o Ministério Público, nos próximos dias’.Em 17 de março, o ‘Painel’ da Folha publicou uma declaração da presidente Dilma defendendo Guido Mantega, então sob intenso ‘fogo amigo’: ‘Eu tenho absoluta confiança no Mantega. Ele foi escolhido por mim para ser ministro da Fazenda. (...) Não vou aceitar nenhuma tentativa de diminuir a importância dele no meu governo’.Repare a diferença.

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