segunda-feira, março 14, 2011

ANNA RAMALHO

Começa hoje o governo de dona Dilma
ANNA RAMALHO
JORNAL DO BRASIL - 14/03/11

Lá sei eu como será o nome desta segunda- feira em que lerão esta crônica, mas, aliviada, sei que estamos na Quaresma – o que, na minha religião, é tempo de recolhimento. Chega de bloco, de desfile de escolas, de popozudas e afins. É hora de recolhimento espiritual, mas – também e principalmente – esta segunda- feira, 14 de março, surge como o primeiro dia útil do ano. É hora de os foliões desembarcarem do samba, daqueles felizes mortais que deram uma paradinha para descansar saírem da agradável leseira, para que o Brasil de dona Dilma possa deslanchar finalmente.

Apesar da miss Roriz e sua bolada fortunosa, apesar do salário que o Genoino vai botar no bolso pra posar de aspone daquele ministro enfezado – o Rambo de terra, mar e ar – apesar do último desfalque promovido pela família Martins (do ínclito ex-ministro Franklin) nos cofres públicos. Isso é que é Carnaval, né, não? Hoje, segunda-feira, recomeça o jovem governo da presidente (presidenta, comigo, não!), que botou seu bloco na rua há dois meses. Imagino que Sua Excelência esteja revigorada depois da temporada paradisíaca na praia de Natal, ao lado da filha e do netinho, que certamente está naquela fase fofa de rir com as gengivas à mostra, ter as pernocas cheias de dobrinhas gostosas e aquela disposição insaciável de arrancar colares, puxar óculos e brincos, morder o que estiver ao seu alcance, chorar de agonia pelos dentes que estão despontando – todas aquelas delícias.

Que levam as mães de primeira via gem à loucura, mas que as vovós tiram de letra. Espero que a nossa versão tupiniquim da Dama de Ferro tenha deixado um pouco de lado aquele ar solene, presidencial, do qual ela precisa para compor a persona, e tenha se esbaldado com o Gabriel. O tempo passa tão rápido... Quando ela piscar o olho, o pequeno já estará um aramalho@jb.com.br Anna Ramalho rapazinho, e metade da graça terá ido embora. Desejo de coração que ela possa ter gozado de uma temporada relax, mergulhando no mar tão lindo do Rio Grande do Norte, sem Celso Kamura a postos para ajeitar o topete, comendo do bom e do melhor, sem medo da balança. É uma sortuda essa dona Dilma! Porque, depois de todo este viaparaíso que imagino ela deva ter curtido, não é que a danada ainda tem colinho de mãe e chamego de tia? Morro de inveja, tá? E só disso.

A presidência, o Kamura, as aporrinholas e os rapapés, sinceramente, estou dispensando. Colo de mãe e netinho bebê bastam para mim. Mas sou modesta. E não sou presidente. Portanto, boa sorte, dona Dilma, no governo que a senhora começa hoje. Porque é hoje que o Brasil, afinal, começa a funcionar.

*** Adoro o Roberto Carlos. Tenho até um certo orgulho de ser uma das jornalistas que ele conhece direitinho e respeita. Gosto dele como cantor e como pessoa. Gosto dele mesmo quando erra, como naquele lamentável episódio da biografia escrita com minúcia e que ele mandou incinerar. O Roberto merece todas as homenagens que receber. Achei bárbara a ideia da Bei Beija- Flor de homenagear nosso maior cantor, o mais popular artista brasileiro de todos os tempos. Agora, a Beija-Flor não merecia este campeonato.

Foi um dos mais fracos desfiles da sua história. Não sou bruxa nem vidente, Carnaval passado a escola anunciou que Roberto Carlos seria seu enredo em 2011, me lembro perfeitamente de ter comentado com meu querido amigo Bernardino – mangueirense como eu, mas elevado à décima potência – que a gente já podia dar adeus às ilusões. Com Roberto Carlos e a Beija- Flor juntos não ia ter pra ninguém. Deu no que deu. *** Como cantou o genial e inesquecível Nelson Cavaquinho, o enredo da minha Mangueira que passou tão linda naquele improvável verde e rosa que só combina para ela, “tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor”.

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